As capas de discos e o trabalho gráfico são frequentemente citadas por colecionadores como um grande foco de interesse além da música contida nos álbuns. Aquela história de que não podemos julgar um livro pela capa não se aplica muito aos discos, já que muitas vezes os artistas conseguem passar a partir de uma imagem o que está contido nos sulcos dos velhos vinis ou gravado nas mídias dos CDs. Diversas capas de discos se tornariam ícones do rock como Dark Side of The Moon (Pink Floyd), Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (The Beatles) e muitos outros.
Esse trabalho gráfico também pode gerar muita polêmica. Quem não se lembra da capa de Yesterday and Today, dos Beatles, na qual os integrantes estão vestidos como açougueiros, com diversos pedaços de carne e bonecos mutilados sobre seus aventais? A capa foi uma resposta dos britânicos ao costume das gravadoras norte-americanas de cortar músicas, trocar faixas, mudar a sequência e várias outras coisas sem que os artistas fossem consultados. Segundo Lennon, as gravadoras norte-americanas mutilavam os discos e isso gerou a ideia da arte. Mas no fim das contas essa capa foi proibida e, hoje em dia, tornou-se uma raridade. Outro grupo que gerou contovérsia foi o Blind Faith de Eric Clapton, Steve Winwood, Ginger Baker e Rik Grech, com a capa de seu disco de estréia (e único) com a garota pelada brincando com um avião de metal.
Contudo, a banda que mais causou polêmica por causa de suas capas provavelmente foi o Scorpions. Principalmente nos anos 70, suas capas foram proibidas em diversos países por motivos diversos, mas principalmente por causa do frequente apelo sexual que muitas tinham. Essa proibição fez com que seus discos fossem vendidos em diversos países com capas diferentes entre si, o que causa muita confusão naquele fã que está se iniciando na carreira da banda.
As duas capas para Lonesome Crow e a horrível de Fly to the Rainbow.
O primeiro álbum do Scorpions, Lonesome Crow (1972), já teve capas diferentes sendo lançadas no mundo. Mas, nesse caso, a questão não foi por uma possível polêmica causada e sim por questões estéticas mesmo. Essas capas diferentes estão presentes principalmente em seus relançamentos. Já o segundo, Fly to the Rainbow (1974), merecia sim uma capa melhor, porém nunca teve esse privilégio.
In Trance.
Foi no disco seguinte que as polêmicas começaram. In Trance (1975) continha uma linda mulher manuseando uma guitarra. A primeira polêmica ocorreu devido ao fato de um dos seios da moça estar parcialmente à mostra, questão que foi resolvida fazendo com que as sombras da fotografia fossem aumentadas deixando a imagem mais escura. O problema que perdurou foi a percepção de algumas pessoas em achar que a mulher estaria se masturbando com a guitarra. Mas isso não foi argumento suficiente para fazer com que a capa fosse mudada completamente.
As diversas capas para o polêmico disco Virgin Killer.
Para o disco seguinte o Scorpions resolver meter o pé na porta. Vocês querem polêmica? Aqui está! Virgin Killer (1976), causa problemas até hoje. Recentemente, alguns dos maiores provedores de acesso à internet bloquearam o acesso à pagina do disco na Wikipédia por esta apresentar a capa original. Como vocês podem observar, a capa vale toda a polêmica. Trata-se da fotografia de uma pré-adolescente nua sob uma lâmina de vidro que contém uma rachadura estrategicamente posicionada. O nome do álbum, somado ao conteúdo da arte, não poderia acabar em outra coisa mesmo. Fico imaginando hoje em dia, com essa onda politicamente correta, o que essa capa, que inclusive pode sugerir pedofilia, causaria. Muitas foram as explicações e argumentos para que todos aceitassem a arte. Os membros da banda sugeriram que a ideia que queria passar era a de perda da inocência que os jovens estavam passando na época, mas não teve jeito. A primeira solução foi colocar faixas pretas escondendo as “vergonhas” da garota, mas algumas outras edições diferentes foram lançadas. A do escorpião subindo pelas pernas da mulher, que inclusive foi a versão brasileira, é bem legal, mas a que retrata a banda é fraquinha.
Taken By Force com sua pavorosa capa alternativa.
Um pouco cansado das polêmicas sexuais, o Scorpions resolveu adentrar em questões religiosas. Muitos grupos já usaram imagens de cemitérios em suas capas, mas na época isso não era muito comum. A de Taken By Force (1977), com a imagem de um duelo no meio do cemitério católico não foi muito bem assimilada pela população conservadora norte-americana. Muitos dizem que a imagem sugeria a profanação de um local sagrado. Outros se sentiram mal pelo fato de que a Guerra do Vietnã, que havia acabado dois anos antes, poderia estar sendo representada pelas duas crianças atirando uma na outra, e o cemitério representaria a morte, fatalidade que acometeu muitos norte-americanos no país asiático. A capa alternativa de Taken By Force é algo pavoroso. Simplesmente utilizaram a contracapa e trocaram o título das faixas pelo nome da banda e do álbum. Horrível!!! Demorei muito tempo para comprar esse disco até perceber que não conseguiria a capa original.
Lovedrive e o chiclete.
Um seio se transformando em chiclete foi a causa da nova polêmica em Lovedrive (1979). Um casal no banco traseiro de um carro já traz conotações sexuais. O fato do chiclete estar sendo esticado do seio para a mão do rapaz significa que ele estava com a mão no seio da mulher e, o mais óbvio, é o fato de que o local normal de um chiclete mascado seja a boca de alguém. Pronto, está aí a conotação sexual que causou a troca da capa desse disco em alguns países. A expressão do casal é um pouco séria demais, mas se você abrir o encarte vai encontrar a garota com os seios de fora e o rapaz com um belo sorriso no rosto. Uma capa simples, apenas com um escorpião, foi lançada no lugar.
O que o cachorro está olhando?
O disco seguinte, Animal Magnetism (1980), possui uma imagem que, a exemplo do álbum anterior, sugeria sexo (sempre ele!). Porém, dessa vez de forma mais sutil. Um homem tomando cerveja, possivelmente esperando alguma coisa, uma mulher de joelhos a seus pés e um olhar insinuante. Só faltou explicar a função do cachorro. Mesmo com essa insinuação a capa foi mantida. E só a título de curiosidade, o artista que a fez trabalhava havia anos para o Pink Floyd.
Love at Fist Sting.
Após Animal Magnetism veio Blackout (1982). Mas uma cena que poderia ser de tortura não criou problema alguma. Afinal, violência e tortura pode, sexo não. Entretanto, logo no álbum seguinte, Love at First Sting (1984), novamente um casal dando uns amassos e um pedacinho de um seio visto de perfil foram desculpas suficientes para que uma nova capa fosse encomendada. Novamente com uma foto da banda e novamente ridícula.
A duvidosa capa de Savage Amusement e as “sem-sal” Crazy World e Face the Heat.
O Scorpions não precisou mudar a arte de sua capa em Savage Amusement (1988), porém, vamos combinar que essa capa é de gosto bem duvidoso. O mesmo acontece com as insossas artes feitas para Crazy World (1990) e Face the Heat (1993). Contudo, em Pure Instinct (1996), a imagem de uma família sem roupas, presa dentro de uma jaula e com diversos animais os olhando como se estivessem prontos para fazer uma lanchinho, acabou gerando uma nova capa com a banda, dessa vez não tão ruim assim. Na verdade a intenção da banda era mostrar uma inversão de papéis, onde os humanos estariam sendo observados pelos bichos como se os exóticos fossem eles.
Pure Instint.
Após Pure Instinct, as capas do Scorpions não tiveram mais nenhum elemento que pudesse gerar polêmicas. Eye II Eye (1999), Unbreakable (2004), Humanity – Hour I (2007) e o mais recente, Sting in the Tail (2010), são capas “padrão”.
As mais recentes e já sem polêmica alguma.
Para não acabar dessa forma, comentarei sobre a arte elaborada para a coletânea Deadly Sting: The Mercury Years, de 1995, que exibe uma mulher nua no topo de uma colina rodeada por inúmeros escorpiões. Essa fotografia foi feita com uma mulher e dezenas de escorpiões reais; os outros foram acrescentados graficamente. A modelo disse que ficou aterrorizada com os escorpiões vivos que vinham em sua direção. Os animais que aparecem sobre suas pernas estavam mortos. Essa coletânea acabou sendo lançada com a mesma imagem, porém, apenas com os escorpiões, sem a modelo.
Eles poderiam ter tirado só os escorpiões para a capa alternativa dessa coletânea.
Existem diversas outras capas polêmicas na história do rock e da música como um todo. Conhece alguma capa ou história parecida com a dessas apresentadas nesse texto?
As capas de discos e o trabalho gráfico são frequentemente citadas por colecionadores como um grande foco de interesse além da música contida nos álbuns. Aquela história de que não podemos julgar um livro pela capa não se aplica muito aos discos, já que muitas vezes os artistas conseguem passar a partir de uma imagem o que está contido nos sulcos dos velhos vinis ou gravado nas mídias dos CDs. Diversas capas de discos se tornariam ícones do rock como Dark Side of The Moon (Pink Floyd), Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (The Beatles) e muitos outros.
Esse trabalho gráfico também pode gerar muita polêmica. Quem não se lembra da capa de Yesterday and Today, dos Beatles, na qual os integrantes estão vestidos como açougueiros, com diversos pedaços de carne e bonecos mutilados sobre seus aventais? A capa foi uma resposta dos britânicos ao costume das gravadoras norte-americanas de cortar músicas, trocar faixas, mudar a sequência e várias outras coisas sem que os artistas fossem consultados. Segundo Lennon, as gravadoras norte-americanas mutilavam os discos e isso gerou a ideia da arte. Mas no fim das contas essa capa foi proibida e, hoje em dia, tornou-se uma raridade. Outro grupo que gerou contovérsia foi o Blind Faith de Eric Clapton, Steve Winwood, Ginger Baker e Rik Grech, com a capa de seu disco de estréia (e único) com a garota pelada brincando com um avião de metal.
Contudo, a banda que mais causou polêmica por causa de suas capas provavelmente foi o Scorpions. Principalmente nos anos 70, suas capas foram proibidas em diversos países por motivos diversos, mas principalmente por causa do frequente apelo sexual que muitas tinham. Essa proibição fez com que seus discos fossem vendidos em diversos países com capas diferentes entre si, o que causa muita confusão naquele fã que está se iniciando na carreira da banda.
As duas capas para Lonesome Crow e a horrível de Fly to the Rainbow.
O primeiro álbum do Scorpions, Lonesome Crow (1972), já teve capas diferentes sendo lançadas no mundo. Mas, nesse caso, a questão não foi por uma possível polêmica causada e sim por questões estéticas mesmo. Essas capas diferentes estão presentes principalmente em seus relançamentos. Já o segundo, Fly to the Rainbow (1974), merecia sim uma capa melhor, porém nunca teve esse privilégio.
In Trance.
Foi no disco seguinte que as polêmicas começaram. In Trance (1975) continha uma linda mulher manuseando uma guitarra. A primeira polêmica ocorreu devido ao fato de um dos seios da moça estar parcialmente à mostra, questão que foi resolvida fazendo com que as sombras da fotografia fossem aumentadas deixando a imagem mais escura. O problema que perdurou foi a percepção de algumas pessoas em achar que a mulher estaria se masturbando com a guitarra. Mas isso não foi argumento suficiente para fazer com que a capa fosse mudada completamente.
As diversas capas para o polêmico disco Virgin Killer.
Para o disco seguinte o Scorpions resolver meter o pé na porta. Vocês querem polêmica? Aqui está! Virgin Killer (1976), causa problemas até hoje. Recentemente, alguns dos maiores provedores de acesso à internet bloquearam o acesso à pagina do disco na Wikipédia por esta apresentar a capa original. Como vocês podem observar, a capa vale toda a polêmica. Trata-se da fotografia de uma pré-adolescente nua sob uma lâmina de vidro que contém uma rachadura estrategicamente posicionada. O nome do álbum, somado ao conteúdo da arte, não poderia acabar em outra coisa mesmo. Fico imaginando hoje em dia, com essa onda politicamente correta, o que essa capa, que inclusive pode sugerir pedofilia, causaria. Muitas foram as explicações e argumentos para que todos aceitassem a arte. Os membros da banda sugeriram que a ideia que queria passar era a de perda da inocência que os jovens estavam passando na época, mas não teve jeito. A primeira solução foi colocar faixas pretas escondendo as “vergonhas” da garota, mas algumas outras edições diferentes foram lançadas. A do escorpião subindo pelas pernas da mulher, que inclusive foi a versão brasileira, é bem legal, mas a que retrata a banda é fraquinha.
Taken By Force com sua pavorosa capa alternativa.
Um pouco cansado das polêmicas sexuais, o Scorpions resolveu adentrar em questões religiosas. Muitos grupos já usaram imagens de cemitérios em suas capas, mas na época isso não era muito comum. A de Taken By Force (1977), com a imagem de um duelo no meio do cemitério católico não foi muito bem assimilada pela população conservadora norte-americana. Muitos dizem que a imagem sugeria a profanação de um local sagrado. Outros se sentiram mal pelo fato de que a Guerra do Vietnã, que havia acabado dois anos antes, poderia estar sendo representada pelas duas crianças atirando uma na outra, e o cemitério representaria a morte, fatalidade que acometeu muitos norte-americanos no país asiático. A capa alternativa de Taken By Force é algo pavoroso. Simplesmente utilizaram a contracapa e trocaram o título das faixas pelo nome da banda e do álbum. Horrível!!! Demorei muito tempo para comprar esse disco até perceber que não conseguiria a capa original.
Lovedrive e o chiclete.
Um seio se transformando em chiclete foi a causa da nova polêmica em Lovedrive (1979). Um casal no banco traseiro de um carro já traz conotações sexuais. O fato do chiclete estar sendo esticado do seio para a mão do rapaz significa que ele estava com a mão no seio da mulher e, o mais óbvio, é o fato de que o local normal de um chiclete mascado seja a boca de alguém. Pronto, está aí a conotação sexual que causou a troca da capa desse disco em alguns países. A expressão do casal é um pouco séria demais, mas se você abrir o encarte vai encontrar a garota com os seios de fora e o rapaz com um belo sorriso no rosto. Uma capa simples, apenas com um escorpião, foi lançada no lugar.
O que o cachorro está olhando?
O disco seguinte, Animal Magnetism (1980), possui uma imagem que, a exemplo do álbum anterior, sugeria sexo (sempre ele!). Porém, dessa vez de forma mais sutil. Um homem tomando cerveja, possivelmente esperando alguma coisa, uma mulher de joelhos a seus pés e um olhar insinuante. Só faltou explicar a função do cachorro. Mesmo com essa insinuação a capa foi mantida. E só a título de curiosidade, o artista que a fez trabalhava havia anos para o Pink Floyd.
Love at Fist Sting.
Após Animal Magnetism veio Blackout (1982). Mas uma cena que poderia ser de tortura não criou problema alguma. Afinal, violência e tortura pode, sexo não. Entretanto, logo no álbum seguinte, Love at First Sting (1984), novamente um casal dando uns amassos e um pedacinho de um seio visto de perfil foram desculpas suficientes para que uma nova capa fosse encomendada. Novamente com uma foto da banda e novamente ridícula.
A duvidosa capa de Savage Amusement e as “sem-sal” Crazy World e Face the Heat.
O Scorpions não precisou mudar a arte de sua capa em Savage Amusement (1988), porém, vamos combinar que essa capa é de gosto bem duvidoso. O mesmo acontece com as insossas artes feitas para Crazy World (1990) e Face the Heat (1993). Contudo, em Pure Instinct (1996), a imagem de uma família sem roupas, presa dentro de uma jaula e com diversos animais os olhando como se estivessem prontos para fazer uma lanchinho, acabou gerando uma nova capa com a banda, dessa vez não tão ruim assim. Na verdade a intenção da banda era mostrar uma inversão de papéis, onde os humanos estariam sendo observados pelos bichos como se os exóticos fossem eles.
Pure Instint.
Após Pure Instinct, as capas do Scorpions não tiveram mais nenhum elemento que pudesse gerar polêmicas. Eye II Eye (1999), Unbreakable (2004), Humanity – Hour I (2007) e o mais recente, Sting in the Tail (2010), são capas “padrão”.
As mais recentes e já sem polêmica alguma.
Para não acabar dessa forma, comentarei sobre a arte elaborada para a coletânea Deadly Sting: The Mercury Years, de 1995, que exibe uma mulher nua no topo de uma colina rodeada por inúmeros escorpiões. Essa fotografia foi feita com uma mulher e dezenas de escorpiões reais; os outros foram acrescentados graficamente. A modelo disse que ficou aterrorizada com os escorpiões vivos que vinham em sua direção. Os animais que aparecem sobre suas pernas estavam mortos. Essa coletânea acabou sendo lançada com a mesma imagem, porém, apenas com os escorpiões, sem a modelo.
Eles poderiam ter tirado só os escorpiões para a capa alternativa dessa coletânea.
Existem diversas outras capas polêmicas na história do rock e da música como um todo. Conhece alguma capa ou história parecida com a dessas apresentadas nesse texto?
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