quarta-feira, 15 de março de 2023

Resenha The End Is Beautiful Álbum de Echolyn 2005

 

Resenha

The End Is Beautiful

Álbum de Echolyn

2005

CD/LP

Uma coleção maravilhosa de peças divertidas, criativas, enérgicas e complexas

Nem havia sido um disco bastante ambicioso e sem dúvida alguma, um dos maiores – para muitos o maior - feitos da banda, logo, era comum ficar na expectativa de um disco novo e no que eles estavam planejando para o seu público. Enquanto Mei teve um único épico que consumiu todo o disco, The End is Beautiful divide a experiência em oito músicas muito bem trabalhadas, sendo cada uma dessas peças claramente diferente uma da outra, além de bastante consistentes. Echolyn é aquele tipo de banda que sabe que a mesma receita pode ser usada de várias formas, entregando como resultado final, sabores diferentes, sendo essa uma das suas principais características e que os diferenciam das demais bandas de rock progressivo moderno. Mais uma vez, a banda entrega um rock progressivo surpreendente, tanto na sua parte lírica, quanto em seu trabalho instrumental bastante rico.  

“Georgia Pine” começa por meio de uma bateria bastante simples, tanto que me veio o Green Day em mente – e não estou exagerando. Mas logo em seguida, a banda entra em uma passagem que parece ter sido extraída do Mei, seguindo de partes que fazem um claro aceno para a música do Spock’s Beard, enquanto os teclados evocam algumas notas altas, uma espécie de Emerson, Lake & Palmer, porém, tocando de uma maneira mais contida. Em determinado ponto, eu considero essa música uma espécie de versão mais pesada e rápida, além de mais movimentada e obviamente mais curta de Mei. Eles não poderiam ter uma melhor maneira de começar o álbum.  

“Heavy Blue Miles” tem seu início por meio de um piano forte junto ao bumbo, enquanto os demais instrumentos vão emergindo até que a peça de fato começa. Então que o órgão fica bastante evidente, antes da música entrar em uma linha jazzística mais lenta. Mesmo sendo um dos destaques do disco, onde muitas coisas acontecem de uma forma bastante coesa, sempre que a escuto, fico com aquela sensação de que ela poderia ter se desenvolvido mais, principalmente se eles tivessem explorado mais o uso de metais – saxofone, trompete e trombone.  

“Lovesick Morning”, com um pouco mais de 10 minutos é a faixa mais longa do álbum. É uma música que começa de forma bem descontraída, mas conforme avança, vai se transformando em algo muito mais intenso e não volta mais nenhuma vez para a serenidade que eles entregaram no início. É interessante quando em uma mesma música, é possível perceber traços de Tears for Fears, Dave Matthews Band, Spock’s Bead e Beatles. Novamente, a banda faz o uso de metais, mas diferentemente da anterior, aqui tudo soa de forma muito mais precisa e pontual. A parte final da peça é maravilhosa, construída com uma poderosa gama de instrumentos, encerrando a música muito diferente de como ela começou. Só acho que terminar em fade-out não foi a melhor escolha.  

“Make Me Sway” pode ser considerada talvez a peça mais eletricamente envolvente que a banda já compôs. O trabalho de órgão é excelente, enquanto a guitarra é cheia de vigor – ficando um pouco mais “leve” nos refrãos. A seção rítmica é sólida, principalmente o baixo que entrega algumas linhas realmente envolvente. Os vocais aqui estão mordazes. A banda consegue soar em uma combinação entre Flower Kings e Nine Inch Nails – embora eu nem seja muito familiarizado com essa segunda e posso estar escrevendo bobagem.  

“The End Is Beautiful”, a faixa título começa por meio de um órgão solitário, mas que logo em seguida ganha a companha dos demais instrumentos, o órgão ainda fica em bastante evidência antes da peça cair em uma linha jazzísticas com excelente seção rítmica - destacando novamente o baixo, dessa vez, lembrando um pouco Dave Meros, logo, quem for fã de Spock’s Beard vai perceber isso com mais facilidade. Perto dos três minutos e meio, a música fica mais lenta em uma harmonia belíssima. No geral, é uma peça bastante variada e muito bem trabalhada, inclusive em relação aos versos e aos refrãos que são fascinantes. Aquele tipo de som que é impossível ouvir apenas uma vez. 

“So Ready” é uma música com tendências bastante funk e muito groove, principalmente por parte das linhas de baixo e mais alguns uso de metais, além sons mais distintos e bem acentuados de clavinete. Possui algo tão alto astral e divertido, que admito ser difícil de definir. Apenas escute e se delicie com o que vai se deparar. “Arc Of Descent (Dancing In A Motel Just West Of Lincoln)” logo em seus primeiros segundos, indica que estaremos diante de uma peça mais sombria e assustadora. Tendo o suicídio como assunto iminente, o título dela vem de uma frase que foi dita lá em “Lovesick Morning”, dando de certa forma uma dica de que o disco tem um conceito, mesmo que estejamos falando de um conceito vago. A banda entrega arranjos complexos, algumas excelentes harmonias vocais e um desempenho perfeito de todos os músicos. “Misery, Not Memory” encerra o disco muito bem. Inicia por meio de órgão e bateria bastante enérgicos. Aqui vai ser possível encontrar uma boa variedade de estilos, tais como, rangtime, blues, rock e até mesmo um pouco de bluegrass. Existe uma grande complexidade na música, fazendo com que seja criado uma peça de rock progressivo bastante rica em detalhes. Também há momentos jazzísticos que são bem divertidos. São pouco mais de 9 minutos de uma música extremamente bem construída. The End Is Beautiful chega ao fim de forma incrível.  

Echolyn é uma banda que em cada disco, mostra o quanto eles conseguem criar o seu próprio som e podem soar originais, entregando uma coleção maravilhosa de peças divertidas, criativas, enérgicas e complexas, usando para isso, todos os ingredientes necessários para dar vida à um excelente disco de rock progressivo.  

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  Ken Little..........................Voz Danny Martin...................Bajo, coros Norman Wagner ..............Guitarras Rick Macowski.......