sexta-feira, 10 de março de 2023

Resenha Signal To Noise Álbum de Andy Jackson 2014

 

Resenha

Signal To Noise

Álbum de Andy Jackson

2014

CD/LP

No geral, Jackson soube explorar muito bem a sua música dentro de uma variedade mais suave de rock psicodélico

O nome de Andy Jackson não é tão desconhecido assim se você é o tipo de pessoa que se interessa em saber sobre aqueles que estão por trás dos discos do Pink Floyd - além dos músicos, claro -, pois o mesmo trabalhou na engenharia de gravação de todos os álbuns da era-Gilmour - estúdio e ao vivo -, além dos discos solos do guitarrista, On an Island e Live in Gdansk. Usar essa conexão de Jackson com o Pink Floyd foi uma ótima campanha de marketing, afinal, vincular o seu nome junto a uma das maiores bandas da história pode quase sempre ser uma boa ideia, fazendo com que as pessoas tenham a curiosidade de ouvir alguns dos seus discos pelo menos uma vez. Digo quase, pois admito que às vezes se associar a algo dessa maneira, pode trazer para si um excesso de peso, transformado tudo em uma grande responsabilidade de criar obrigatoriamente algo de alto nível. 

Ao ouvir, Signal To Noise, fica bastante evidente que estamos diante não apenas de um ótimo engenheiro de gravação, mas de um músico que aproveitou muito bem o tempo que esteve ao lado principalmente de David Gilmour. Um disco bastante sombrio e atmosférico que mistura muito bem uma sonoridade psicodélica moderna com rock progressivo e alguns toques mais tradicionais, digamos assim, do gênero.  

“The Boy In The Forest” já começa o disco mostrando a citada fusão de música psicodélica/espacial e rock progressivo. Impossível não se lembrar de Pink Floyd aqui, ou mesmo de algo que poderia estar facilmente no disco On an Island. A serenidade com que os vocais deslizam pela música e ela flutua por meio de belos violões, guitarra e slide guitar – tudo tocado por Jackson, já que se trata de um álbum de um homem só - é algo lindo. “One More Push”, se mantendo dentro de uma ótima mistura de progressivo mais moderno com psicodelia, aqui temos uma peça de sonoridade mais minimalista. Andy também acrescento vários ingredientes eletrônicos e percussivos.  

“Invisible Colours”, quando ouvi os primeiros segundos dessa música, sua instrumentação suave e os vocais de Andy, me soou parecido com algo da carreira solo do Mark Knopfler, mas sem perder a influência floydiana com um space rock mais moderno. É uma peça muito suave, bonita e onírica. “Spray Paint”, lenta e melancólica, mais uma vez a entrega musical aqui é de rock progressivo moderno e psicodélico, desta vez dentro de uma vibração soturna. Considero essa uma das peças destaque do disco.   

“Herman At The Fountain”, com quase 10 minutos é a maior faixa do álbum. Sem dúvida é o rock mais espacial de, Signal To Noise. Possui novamente um andamento lento, além de soar bastante temperamental. Obviamente, não podia deixar também de entregar muita psicodelia dentro da sua mistura. Com excelentes camadas de som, conforme avança, vai mostrando-se mais poderosa. “It All Came Crashing Down” é uma peça bastante floydiana em muitos aspectos – eu podia falar isso em todas as músicas do álbum, mas a resenha ficaria muito repetitiva. Tem um início bastante sereno, mas conforme vai se desenvolvendo, vai se transformando gradualmente em um ótimo rock espacial. “Brownian Motion” é a faixa que encerra o disco. Infelizmente, em seu final o disco acaba deixando a qualidade cair um pouco. Apesar de possuir alguns momentos legais de rock espacial, parece que está tentando chegar em algum lugar e não chega a lugar algum, algo que acaba ficando mais evidente quando falamos da última música de um disco.   

No geral, Jackson soube explorar muito bem a sua música dentro de uma variedade mais suave de rock psicodélico. Se você gosta de um tipo de som cuidadosamente sombrio, creio que Signal To Noise seja uma boa pedida. Como ponto negativo, talvez o fato de ser pouco aventureiro e de certa forma bastante linear, Signal To Noise dificilmente atrai o ouvinte para ouvi-lo muitas vezes em um curto espaço de tempo, porém, não deixa de ser um disco que merece ser revisitado de tempos em tempos.  

Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

Frank Zappa History - Obscure Concerts

  Frank Zappa era um gênio; não há como negar esse fato. E como muitos gênios, a inteligência de Zappa veio com uma personalidade que era tã...