Já se passaram quase 7 anos desde que a cantora Aretha Franklin lutou com 9 álbuns para a Columbia que, devo admitir, foram fracassos comerciais. Em 1966, a Columbia não renovou o contrato. Entre sua voz considerada muito negra em uma época em que a América está longe de acabar com a segregação racial e suas canções muito voltadas para o jazz, a gravadora esqueceu suas raízes gospel para aquela que ainda é apelidada de rainha do soul. Mas o produtor Jerry Wexler acredita no potencial do nativo de Memphis. Esta última teve Aretha Franklin assinada com a Atlantic em novembro de 66 e a cercou de excelentes músicos como os saxofonistas King Curtis, Charles Chalmers e Willie Bridges, os guitarristas Jimmy Johnson e Chips Moman, os bateristas Roger Hawkins e Gene Chrisman, o tecladista Spooner Oldham, do baixista Tommy Cogbill,
Em março de 1967, a formação lançou I Never Loved A Man the Way I Love You, que seria um ponto de virada na carreira de Aretha Franklin. Este 10º LP detém dois títulos. A começar por "I Never Loved A Man (The Way I Love You)", editada um mês antes como single para acender o estopim de uma bomba que se revelará mais do que explosiva. Esta música, contando uma relação amorosa tóxica e apaixonada, é uma balada de blues com aromas de soul e gospel. Estamos longe do Lp distribuído pela Columbia como Songs of Faith , Soul Sister e Take It Like You Give Itcertamente notável, mas pode carecer de originalidade. Deve-se dizer que Jerry Wexler teve o cuidado de se livrar de orquestras intrusivas, mas acima de tudo obsoletas. Aqui Aretha Franklin com sua voz quente, poderosa, generosa, desesperada, apaixonada, valendo-se de suas raízes sulistas, vai direto ao ponto com seu piano que impõe o ritmo. A magia opera e os músicos ao seu redor só precisam seguir.
A outra faixa e não menos importante, é o cover de Otis Redding, “Respect” na abertura. Este último proclama sua necessidade de respeito por parte das mulheres. Pobre rapaz, ele é quase digno de pena. Aretha Franklin que tem o peito vai inverter os papéis, quase para devolver os golpes se for preciso. Certamente não é ela que vai se deixar espancar por um bastardo como Ike Turner. Em versão arrebatadora e para um rhythm & blues bem marcado, a diva do soul vai transformar esta peça num hino feminista.
O resto será do mesmo calibre feito de metais com uma pitada de jazz, uma guitarra bluesy, ritmos imparáveis e coros gospel com Aretha Franklin como chefe. Assim desfilam baladas soul como a indiferente "Drown in My Own Tears" e "Dr. Feelgood", a suave mid-tempo "Soul Serenade", a exótica "Don't Let Me Lose This Dream", a nostálgica "Baby, Baby , Baby” e “Do Right Woman, Do Right Man”, bem como a dramática “A Change Is Gonna Come” na conclusão.
No meio estão títulos mais dançantes como o cover de Sam Cooke, “Good Times” e o revigorante “Save Me” um pouco funky.
O sucesso estará lá. No entanto, Aretha Franklin está longe de ter oferecido o melhor.
Títulos:
1. Respect
2. Drown In My Own Tears
3. I Never Loved A Man (The Way I Love You)
4. Soul Serenade
5. Don’t Let Me Lose This Dream
6. Baby, Baby, Baby
7. Dr. Feelgood
8. Good Times
9. Do Right Woman — Do Right Man
10. Save Me
11. A Change Is Gonna Come
Músicos:
Aretha Franklin: Piano, vocais
Jimmy Johnson:
Chips de guitarra Moman: Guitarra
Tommy Cogbill: Baixo
Dewey Oldham: Teclados
King Curtis: Saxofone tenor
Charles Chalmers: Saxofone tenor
Willie Bridges: Saxofone barítono
Melvin Lastie: Trompete
Gene Chrisman: Bateria
Carolyn Franklin: Backing Vocals
Tom Dowd: Engenheiro de som
Produção: Jerry Wexler
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