Resenha
Remember The Future
Álbum de Nektar
1973
CD/LP
Um dos mais aclamados discos da banda, mas que eu confesso que não me pegou inicialmente, portanto, caso você também não goste inicialmente desse álbum, não o abandone, pois você, assim como eu, poderá ir descobrindo mesmo que aos poucos toda a sua beleza. É um álbum de composição excelente, vocais muito bons, inserções muitas vezes brilhantes de conteúdos sinfônicos bem construídos, tanto a guitarra quanto as teclas – principalmente os órgãos - fluem muito bem e há várias melodias de caráteres notáveis. Antes de começar a ouvir Remember The Future, é importante estar ciente de que você não vai estar diante de um disco genuinamente progressivo – como acontece, por exemplo, com o seu antecessor -, pois aqui, por exemplo, também há muito hard rock. Em momento algum, a banda vai entregar passagens instrumentais intrincadas ou arranjos pomposos e cheios de frenesi, ou mesmos os próprios solos, que são muito mais na linha do hard rock do que progressivo, porém, de qualquer forma, a música encontrada é de muita qualidade. “Remember the Future Part 1”, uma sonoridade atmosférica vai crescendo aos poucos, mas logo, uma grande surpresa, uma guitarra funk inicia isoladamente a música, algo completamente impensável caso estejamos falando de um disco de rock progressivo, mas é bom deixar claro, que a banda apresenta por meio desse segmento um excelente trabalho instrumental até chegar na próxima seção. Quando os vocais regressam, a peça se direciona para algumas linhas mais dramáticas e lentas – permanecendo assim até se tornar mais rápida novamente. Um dos momentos mais pesados da música, acontece por volta dos onze minutos e meio e dura cerca de um minuto – que inclui um ótimo uso de órgão -, então os vocais regressam e fazem uma marcação junto da banda até que a peça começa a ir silenciando, entregando quase um final falso – que só não acontece devido a guitarra que permanece na superfície. Aos poucos, a música vai regressando, criando uma atmosfera bastante tensa, enérgica, psicodélica e progressiva até começar a ficar mais serena, entregando um ambiente para que aconteça o início da parte dois. “Remember the Future Part 2” começa por meio de uma guitarra melódica isoladamente antes que os demais instrumentos se juntem a ela, criando uma progressão que vai crescendo até explodir em um som mais enérgico e dramático, não demorando para a peça voltar para uma sonoridade amena. Novamente, a música ganha um ritmo mais agitado e os primeiros versos surgem. Aqui a faixa está dentro de um segmento mais agitado, com bons vocais, linhas de guitarra adequadas e cozinha sólida. Por volta dos 7:45, há uma mudança que direciona a música para uma linha com muito mais suingado. A peça então torna a ficar, instrumentalmente, melódica de novo, enquanto os vocais evocativos também entregam muito drama. A linha com mais suingado então retorna, mas de forma mais tímida, com ênfase muito mais no baixo e bateria, porém, com alguns espasmos de mudança de ritmo no meio, sendo que na terceira vez em que o suingado se fixa na faixa, agora há também a utilização de guitarra funkeada, deixando a música muito mais intensa, até mesmo com alguns toques também de hard rock influenciado no Captain Beyond antes de se encaminhar para o seu final. Impressionante, como mesmo me agradando em tantos pontos, a música desse disco não consegue me pegar de cheio como teoricamente era pra acontecer. Após ouvi-lo algumas vezes enquanto fazia essa resenha, já foi o bastante para eu poder engavetar ele novamente por muito tempo. De qualquer forma, a qualidade é indiscutível, interessante e com o desenvolvimento de cada segmento musical feito com nítida sabedoria.
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