terça-feira, 2 de maio de 2023

Larry McKenna – World On a String (2023)

Larry McKennaLarry McKenna não é realmente uma celebridade. Ele provavelmente nunca será. Ele toca sax tenor na Filadélfia e arredores. Ele aparentemente não fala muito - embora ele claramente tenha um senso de humor travesso. Ele sai em seu jogo. É possível passar de carro por sua casa de subúrbio, vagamente sabendo que ali mora um saxofonista, dos bons, e seguir em frente. Uma espécie de metáfora para McKenna e sua carreira.
Para um pequeno grupo, principalmente músicos, McKenna não é um músico comum. Alguns dirão que ele é indiscutivelmente o melhor do mundo no que faz, não apenas na Filadélfia. E o que ele faz é tocar lindamente e liricamente, destilando a história moderna do saxofone tenor, pelo menos desde Lester Young, em belíssimas sonoridades.

MUSICA&SOM

Ele não gravou tanto quanto, digamos, Stan Getz, cujo som ele às vezes se lembra, ou fez apresentações ao vivo na Cidade do México e tentou falar espanhol (como Getz fez uma vez). Se você o ouviu ao vivo, pode ter sido em um festival paroquial católico no sul da Filadélfia. Ou então, em um festival Woody Herman Tribute Band em Los Angeles, já que ele é um ex-aluno do Herd. McKenna voou sob esse tipo de radar estranhamente fragmentado por muitos anos. Ele foi chamado de “natural”, educado no show, não na sala de aula. Isto mostra.

Mais cedo ou mais tarde, muitos grandes músicos de bop - McKenna também é indiscutivelmente - gravaram com cordas. Esses passeios não são do agrado de todos. De alguma forma, as cordas aqui, todos músicos talentosos, alguns associados à Temple University, onde Larry lecionou, não são uma reflexão tardia, mas uma extensão harmônica da maneira de tocar de McKenna. São nove músicas, incluindo “Samba de Else”, um original de McKenna, para adicionar a Harold Arlen, Vernon Duke, Yip Harburg, Henry Mancini, Cole Porter, Jimmy van Heusen e Johnny Burke, Johnny Mandel e Edgar Sampson, entre outros .

Para completar, McKenna e Jack Saint Clair, também tenor, fizeram os arranjos. Eles sabiam o que queriam. Não há espaço desperdiçado, nenhum movimento desperdiçado e nenhuma nota desperdiçada. McKenna faz todas as mudanças bonitas, com resultados espetaculares. Polido, de bom gosto, meditativo, musical, lindo e em alguns lugares, ironicamente moderno. Dexter Gordon até espreita ocasionalmente. É esse tipo de pensamento criativo.

World on a String abre apropriadamente, com McKenna navegando por um duplo tempo descontraído com um toque de 52d Street aqui e ali. Segue-se uma incrível “But Beautiful”, tons de Gordon Jenkins, uma versão tão ansiosa quanto se pode ouvir, com cordas e piano entrelaçados com bom gosto. “Samantha” é uma bossa, gênero que às vezes significa clichê-tempo. Não aqui, onde prevalece a sinceridade, não o cinismo. Para fugir da insanidade com a qual nos cercamos, escolha “Emily” ou “Dreamsville”. Ambos o levarão, sem ajuda, a um lugar muito melhor.

Em “Savoy”, McKenna é acompanhado no tenor por Saint Clair, que mais do que se mantém. Joe Plowman também consegue algum espaço no baixo, e com cordas, o conjunto balança muito bem. A verdadeira dorminhoca é “Somewhere in the Night”, também conhecida como tema da série de TV “Naked City” (1960-1963), que foi pouco gravada desde 1965. Alguns podem se lembrar de Maynard Ferguson fazendo um arranjo de big band, em Come Blow Your Horn (Cameo, 1963) e talvez seja daí que esta versão se originou. É um prazer ouvir o gráfico de Milt Raskin e Billy May ser resgatado da obscuridade. A gravação fecha com um original de McKenna, “Samba de Else” e “What is There to Say?



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