Após sete canções de antecipação do álbum “MDID (Música De Intervenção Divina)” — “WUOW”, “NADA ME FALTA”, “FAX”, “AZTECA”, “SACA LÁ”, “CABARET” e “DAKAR” —, é agora desvendado o trabalho na íntegra, composto por 25 temas de Mário Cotrim a solo.
O álbum “MDID”, revelado no quinto dia do quinto mês do ano, o quinto projeto de Mário Cotrim vê a luz do dia depois do músico de Telheiras eclodir em “The Big Banger Theory” (2014), se descobrir em “Mixtakes” (2016) a partir da sua revolucionária Think Music, se reinventar em “#FFFFFF” (2019), e se reafirmar — ao lado de benji price — com “SYSTEM” (2020).
Editado em data simbólica, o produto entre dia e mês resulta numa obra composta por 25 faixas, com uma produção executiva tripartida — entre o próprio autor e os 2LO (dupla formada por Gonçalo Lemos e Leonardo Pimenta) — e produtores que vão desde Migz em grande parte do álbum, Fumaxa (em “DAKAR”, lançado recentemente e que logo atingiu posições cimeiras nas plataformas digitais), Rubik (na anterior e em “FASE”), Charlie Beats (em “SÁBADO”), Osémio Boémio (em “CABARET”), Reis (em “KAMIKAZE”) ou Lazuli (em “TUGA”).
À imagem e semelhança das sete peças até então desvendadas, a obra final confirma a tendência dos seus vislumbres isoladamente antecipados: como visionário que é, e cada vez mais aliado à sua dimensão de fé, o artista responsável por hinos maiores do hip hop nacional como “Xamã”, “Mortalhas”, “Água de Côco”, “À Vontade” (com Fínix MG), “Tou Bem” (com Lhast) ou “TRIBUNAL” (com benji price) continua a acumular hits no seu reportório sem, no entanto, se desviar do caminho há muito por ele traçado.
A viagem de ProfJam destaca-se, por isso, sobretudo pela imprevisibilidade de cada paragem, e “MDID” não foge à regra nem à rota. Mais uma vez, o MC que se apropriou em sede própria das iniciais com que assina e, a partir delas, mudou o paradigma do rap nacional com outras duas iniciais (TM) — ao lado de gente como benji price e Nelson Monteiro (co-fundadores da label), Fínix MG, Mike El Nite, YUZI, prettieboy Johnson, Sippinpurpp, LON3R JOHNY, L-ALI e xtinto —, sobe a um novo patamar mais para se desafiar do que para ver a vista lá de cima.
Num trabalho que prima pela ausência de vertigens na hora de saltar a pés juntos em águas por navegar, a visão artística do autor sobressai pela (aparente) facilidade com que ProfJam sai de órbita e reflete diferentes movimentações à volta de um espectro tão alargado quanto as suas capacidades o permitem. Novas abordagens, diferentes estéticas e as mesmas motivações culminam num disco ambicioso como nenhum outro até então na sua carreira.
Agora, oito anos depois da apresentação da sua primeira mixtape, o rapper voltou a casa para fechar um ciclo com MDID: o novo disco de Mário Cotrim chegou ao público pela primeira vez na véspera do dia oficial do lançamento, numa listening party organizada à saída da estação de metro de Telheiras, no Jardim Francisco Caldeira Cabral, precisamente no mesmo sítio onde aconteceu o concerto (com o à época estreante Slow J a abrir) dedicado a The Big Banger Theory, já em 2015.
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