Resenha
Chaos - Chaos
Álbum de Saelig Oya
2015
CD/LP
Eu fico literalmente desapontado quando me deparo com discos dessa qualidade que são completamente esquecidos e desconhecidos até mesmo dentro da comunidade de ouvinte a qual ele pertence, sendo exatamente o que eu sinto quando estou diante de um álbum igual a esse. Entre algumas de suas influências na parte musical estão a Porcupine Tree e os seus compatriotas da banda Elora, além dos suecos da Paatos. Em relação aos vocais, além da personalidade própria que HélènePaén possui, há como perceber em alguns pontos um pouco de Bjork e até mesmo lapsos da italiana Elisa – embora essa última talvez seja uma impressão pessoal demais. Seu disco, Chaos – Chaos, é um álbum de seis peças, sendo três cantadas em inglês e as outras três cantadas em francês, onde – entre outros – a banda aborda temas como espaço, tempo e violência. “Visceral”, a forma com que o disco começa já está estampada no nome da sua primeira música. Inicialmente muito atmosférica, os vocais iniciais de Hélène são basicamente sussurrantes, enquanto, aos poucos, a banda vai emergindo de forma completa por meio de uma batida suave e uma guitarra repetitiva, mas apropriada. Então que somente depois de 2 minutos a música explode em uma sonoridade mais forte. Bons fones de ouvidos são essenciais para ver o quão bem as duas guitarras trabalham juntas - não apenas nessa faixa, mas em todo o disco -, enquanto a seção rítmica de forma sólida marca muito bem toda a peça. Um excelente começo de disco. “He Walks”, diferentemente da anterior, aqui a banda opta por um começo mais enérgico de música, porém, quando os primeiros vocais aparecem, a sonoridade cai para uma linha instrumental mais amena, marcada apenas pelo baixo e bateria, tendo a companhia das guitarras apenas um pouco mais a frente. Riffs de guitarra elevam a música para um som mais pesado, sendo que essa troca de atmosfera acontece mais vezes durante a peça. É possível perceber, tanto o uso de teclados, quanto alguns backing vocals - não só aqui, mas em outras partes do disco -, porém, em nenhum dos dois casos é creditado a alguém. “Remember Each Day” começa por meio de um bonito dedilhado de violão e alguns lamentos de guitarra ao fundo, antes dos vocais reconfortantes aparecerem pela primeira vez. Por volta de 1:10 a música ganha alguns ataques instrumentais mais efusivos e que redirecionam a peça para uma linha de rock quase crua, momentos esses que é onde se encontram os seus excelentes refrãos. Assim como aconteceu na faixa anterior, também há uma troca de energia na música e que varia entre refrão enérgico e versos suaves. “Dancing Queen”, novamente, a banda opta em começar a peça por meio de um dedilhado de violão que logo ganha a companhia da voz doce de Hélène. Quando citei a cantora italiana, Elisa, mais acima, é principalmente pelos vocais dessa música. Uma guitarra cheia de sutileza e teclas melancólicas, aos poucos também se juntam à peça, até que por volta dos 2:20 a bateria entra através de batidas suaves. Mais uma faixa belíssima. “La Vieille au pas lent”, vocais sobre uma base atmosférica de teclado, inicia a peça por alguns segundos, antes dos demais instrumentos entrarem, criando assim, uma música de sonoridade enérgica. A peça cai para uma linha suave, onde apenas um arpejo e vocais a mantém viva, então ela repete o mesmo tema enérgico feiro anteriormente antes de ser direcionada por alguns segundos para talvez o momento mais pesado do disco. O ritmo muda completamente entre os 3:10 até por volta dos 4:25, quando a peça regressa para seu tema instrumental central. “Chaos-Chaos", a faixa título também é a maior – passando dos 8 minutos – e a que encerra o disco. Seu início é atmosférico, além de mais uma vez ter uma entrega vocal cheia de melancolia. É uma peça que vai emergindo aos poucos até ganhar a sua primeira forma por meio de batidas médias, linha de baixo simples e guitarras adequadas, então que por volta dos 3:05 ela atinge o seu pico em termo de peso e intensidade vocal antes de regressar novamente para uma atmosfera branda e acalentadora. Novamente, a bateria entra na música, mas agora, diferentemente da passagem anterior, tem como companhia uma linha de baixo mais presente e forte para criar uma seção rítmica sólida. Um riff de guitarra antecipa um solo que me passa um sentimento de bastante angústia. Chaos – Chaos é um disco que conseguiu acertar até mesmo em seu tamanho, sendo uma coleção de 6 faixas, onde juntas, entregam um álbum com pouco menos de 40 minutos, não deixando qualquer espaço para passagens irrelevantes. Chaos – Chaos é cheio de drama e melancolia, mas que de repente pode entregar instrumentais e vocais poderosos. Resumindo, é um disco cheio de intrigas emocionais e sedutoras aliadas a ligações musicais bombásticas e ardentes.
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