Resenha
The Tipping Point
Álbum de Tears for Fears
2022
CD/LP
Após a gravação do bom álbum "Everybody Loves A Happy Ending", o duo britânico embarcou em várias turnês mundo afora, inclusive, vindo aqui no Brasil várias vezes. A última vez que eles vieram foi para o Rock In Rio 2017. Desde 2013, TFF estava trabalhando em um novo álbum. A antiga gravadora do duo, a Universal Music recusou esse novo álbum e pediu a banda, participação de outros artistas. Mas em 2019, com uma turnê junto com Hall & Oates, a esposa de Roland Orzaball morreu devido a um câncer e Orzaball (sendo o líder do duo) decidiu jogar esse novo álbum para o lixo. A pandemia, mesmo tenha sido um período deprimente, angustiante, artistas aproveitaram esse tempo para apresentar novos trabalhos, e isso aconteceu com Tears For Fears. Deixando a Universal e indo para a Concord Records e com Orzaball se recuperando depois da morte de sua esposa, TFF se preparou para um novo álbum, que por mim, nunca lançaria. Sempre presumi que "Everybody Loves A Happy Ending" seria o fim de álbuns de estúdio do duo, mas ainda bem que eu estava enganado. O disco abre com "No Small Thing". A música tem um apelo folk, pop e synth. O violão e a voz de Orzaball deixam a música mais profunda e emocionante para o ouvinte. A levada dos instrumentos e a voz de Curt Smith deixam a faixa mais emocionante. A bateria e o sintetizador são dois elementos nos quais, deixam a faixa mais pesada. Mas mesmo falando sobre a liberdade sendo o tema principal, dá para sentir um peso melancólico, assim como o álbum de estreia do duo, "The Hurtling". Um início muito perspicaz. "The Tipping Point" começa de uma forma bem synth pop, mas com a elevação da bateria e os vocais deixam a faixa pesada. O tema da faixa é o fantasma. Uma entrevista de Orzaball a emissora estadunidense CBS, ele conta que viu o fantasma da esposa no início da pandemia e esse fantasma o encarou, mas logo se retirou. Uma das melhores faixas do álbum. "Long Long Long Time" é uma faixa com um apelo mais pop e flerta muito com o house. O destaque vai para o trabalho de teclados e sintetizadores. Uma faixa beirando ao genérico. "Break The Man" é uma faixa que mistura bem o folk, pop e o synth, principalmente com o pop. O violão tocado por Orzaball é um dos destaques, junto com os sintetizadores e a bateria. Uma boa faixa. "My Demons" é uma faixa com um andamento mais rápido e claramente, é uma faixa pop. Isso é tão óbvio quando se ouve a bateria eletrônica ou programada. Mas isso é um ponto positivo, que combina bastante com a temática da faixa, que fala sobre os demônios do eu lírico. Os teclados e sintetizadores são impactantes e arrebatadores. Os efeitos sonoros que são adicionados a faixa são combinatórios. Uma faixa que prometia nada e entregou tudo. "Rivers Of Mercy" é a faixa mais longa, contendo mais de 6 minutos e meio. A faixa tem um início com efeitos sonoros de sirenes de carros de polícia. No início da instrumental, temos piano e acordeão, mas logo se somem e começa uma bateria programada e o vocal de Orzaball deixa a atmosfera da música mais emocionante. É uma faixa que poderia ser mais pesada? Sim, mas poderia estragar a música. Uma faixa excelente. "Please Bê Happy" tem começo que lembra muito momentos antes de um concerto de música erudita mas feita com elementos de sintetizadores. A voz de Smith deixa o clima mais deprimente, mas no melhor do sentido da palavra. A bateria tem uma grande influência de jazz. A faixa tem de trompetes no refrão até saxofone. Uma faixa emocionante e melancólica. "Master Plan" é uma faixa com bastante influencia de post-punk, mas misturado com synth pop. A bateria é bastante referenciada por Joy Divison. Os teclados e sintetizadores ajudam na construção da faixa, acompanhando os vocais. Uma boa faixa. "End of Night" é uma faixa com bastante influencia de post-pun, mas com um toque de música eletrônica. É boa mistura. Os teclados e sintetizadores são impactantes e ajudam na atmosfera da música. A bateria, pelo que eu chuto, não é programada. No máximo, é eletrônica. Uma faixa esplêndida. "Stay" é a música que encerra o álbum. Inicia-se com um violão e o vocal de Orzaball. Depois um conjunto de cordas se aproxima lentamente e a bateria que é programada e ao mesmo tempo, eletrônica. A faixa é um apanhado de pop, New wave, parecendo por um termo que ninguém ouviu falar e que vou inventar, o pop industrial. Uma faixa esquisita. "The Tipping Point" pode ser realmente o último álbum do Tears For Fears. Uma espera de quase 18 anos que valeu a pena, e muito. As letras são melancólicas, assim como no início da banda. Os instrumentais das músicas são bem trabalhados. Um dos melhores álbuns do ano passado.
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