Em outubro de 1996, Slash saiu do Guns N' Roses após anos de desavenças pessoais e profissionais com Axl Rose. Seu posto foi assumido por Robin Finck, guitarrista do Nine Inch Nails, e o Guns seguiu com inúmeros mudanças de formação até o retorno do cabeludo e seu chapéu, em 2015.
O período de Slash fora do Guns foi muito produtivo e rendeu três bandas: o Slash's Snakepit (que gravou dois discos), o Velvet Revolver (que também lançou dois álbuns) e a parceria com Myles Kennedy & The Conspirators (que rendeu até agora três discos). E ainda temos o álbum solo que Slash lançou em 2010, repleto de participações especiais. Vamos falar aqui do primeiro de todos esses discos, lançado em 1995 quando ele ainda fazia parte do Guns N' Roses oficialmente: It's Five O'Clock Somewhere, estreia do Slash's Snakepit.
A banda nasceu em 1994 como um projeto paralelo que contava com os companheiros de GNR Matt Sorum na bateria e Gilby Clarke na guitarra, além do vocalista Eric Dover (Jellyfish) e do baixista Mike Inez (Alice in Chains). As quatorze faixas do álbum foram escritas originalmente para o então próximo disco do Guns, sucessor do álbum de covers The Spaghetti Incident? (1993), mas acabaram não sendo aproveitadas devido aos graves problemas internos que acabariam reduzindo a anteriormente maior força do hard rock norte-americano a apenas seu vocalista, Axl Rose. Além disso, segundo Matt Sorum, Axl não achou que as músicas fossem boas o suficiente para entrarem em um ábum do Guns N' Roses.
It's Five O'Clock Somewhere foi lançado em 14 de fevereiro de 1995 pela Geffen Records, com produção de Slash e Mike Clink (que assinou todos os discos do GNR de Appetite for Destruction até The Spaghetti Incident?). O álbum foi bastante elogiado pela crítica, que exaltou o trabalho por ignorar o então extremamente popular rock alternativo que dominava a cena mainstream norte-americana. Foram mais de 1 milhão de cópias vendidas apenas nos EUA e a posição 70 no Billboard 200, mesmo com a pouco promoção da Geffen, preocupada com um possível ciúme do sempre temperamental Axl. Durante a turnê de divulgação, Duff e Matt foram substituídos por James Lomenzo e Brian Tichy, respectivamente baixista e baterista do Pride & Glory de Zakk Wylde. O disco também contou com as participações do tecladista e pianista Dizzy Reed (outro vindo do Guns), do gaitista Teddy Andreadis (que participou de discos de Carole King, Chuck Berry, Alice Cooper e outros) e do percussionista brasileiro Paulinho da Costa (que tocou com Michael Jackson, Madonna, Prince e mais inúmeros músicos).
Eric Dover possui um timbre similar ao de Axl, só que com um registro mais grave, o que facilita imaginar como essas canções soariam se fossem gravadas com a voz de Rose (vale lembrar que o restante da banda estava aqui - até mesmo o produtor! -, com exceção do vocalista). A abertura com a classuda “Neither I Can” remete direto ao hard rock clássico dos anos 1970. O tempero country de “Beggars & Hangers-On” faz da música uma das melhores do disco, e não por acaso ela acabou sendo lançada como single, assim como “Good To Be Alive”, essa um hard cadenciado e com ecos zeppelianos. Outros destaques estão em “Monkey Chow”, “Some City Ward” (parceria com Izzy Stradlin, mais um do universo Guns), na instrumental “Jizz Da Pit”, na balada “Lower”, na estradeira “Be the Ball” e no encerramento com “Back and Forth Again”.
A banda se separaria após a turnê de lançamento, e Slash retomaria o Snakepit em 1999 com outra formação e gravaria o segundo álbum, Ain’t Life Grand, que chegou às lojas em outubro de 2000.
It's Five O'Clock Somewhere acaba meio esquecido na discografia de Slash, mas soa como um de seus trabalhos mais autênticos e verdadeiros. Ainda que a produção escorregue em alguns momentos e o número de faixas poderia ser menor, trata-se de um disco com várias canções marcantes e que acabou eternizando o que poderia ter sido o sexto álbum do Guns N’ Roses.
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