Alguém se lembra de Harnakis? Bem, aqui estão os membros desse bravo grupo que experimentou, em tempos que não eram muito favoráveis para o rock progressivo. Os catalães Scaladei já estão em seu segundo álbum, "Escola de Alma Pura". Antes era o auto-produzido "The Swings of Things". Agora como assinatura da gravadora 5 Lunas, juntamente com Omni e Onza, que está claramente comprometida com esses tipos de música. É formado por uma formação atípica, Santi Calero (guitarras), Sam Calero (baixo) e Enric Pascual (voz, bateria, teclados).
A abertura com "Tall and Proud" (6'04) é uma exibição espetacular de teclados trágicos na mais pura tradição do Genesis. Se o tecladista é baterista e cantor... ele tem dificuldade ao vivo!!! Eles se conectam com o neo-prog dos anos 80-90 com muito boa percepção e domínio do assunto. Não muito longe do QI. A forma torturada de cantar é muito apropriada para esse estilo, que já sabemos que não é a alegria do jardim.
Está ligada a "Yama Uba" (7'58), com uma atmosfera gabrielana e Mellotron predominante. Guitarra com um certo ar de Howe e desenvolvimento sinistro, ainda inspirada nas de Peter Nicholls. Nada a objetar. Soam como uma fábula e sabem como lidar com passagens intrincadas típicas do gênero. Pitadas de hard rock e a sempre dominante “Mello” trazem “Taking Blows” (3'36), em conversa instrumental impressionante, cheia de tensão. A cinemática é um forte nesta banda. Novamente se encadeia a "Nothing Can Take You" (4'47), com um certo travo a Triana, sem chegar ao rock flamenco. O onipresente Mellotron ganha um halo escandinavo que combina muito bem com eles. Enquanto o piano toca de novo as tessituras andaluzas, sem a atingir. Proposta curiosa. Com um final quase câmara. Percebo também essa sutil influência de Jesús de la Rosa no piano de abertura de "Reach the Top" (4'48). É intuído, sem atingir o explícito. Ritmo de baixo galopante sobre linhas de sintetizador e um fundo melotrônico o constroem, sobre texturas Gaudianas. Longos temas já não nos abandonam (com uma pequena exceção).
"Gleaming Way" (8'52) e sua abordagem rock quase Downer. Com uma conta instrumental requintada, novamente com toques subliminares andaluzes, é outra maravilha. Neo-prog andaluz?...."Midnight" (1'54) é como um precioso interlúdio entre canções, acústica Howe e teclados de cordas. O que nos levará a "Don't Want Dream it Over" (6'46), em luxuosa solenidade e elegância neo-symph-rock. Numa reta final triunfal, liga-se a "Sakura Essence" (7'08). Relembrando dias inesquecíveis de Dracma, Galadriel ou Numen.
O ponto culminante vem com "School of Pure Soul" (17'13). Um manifesto neoprogressivo que capta todas as virtudes e essências dessa forma de rock progressivo. Que vem perdendo força nos últimos anos, devido a propostas mais duras ou supostamente "modernas" (mas duvidosamente prog). Scaladei segura a bandeira com força e dignidade. Nada mal.
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