Jethro Tull é o arquétipo do grupo do boom do blues britânico que vai caminhar para o rock progressivo, seguindo os passos do Colosseum, por exemplo.
A combinação foi criada em Blackpool, cidade litorânea ao norte de Liverpool, em meados da década de 1960, levando o nome de um agrônomo inglês dos séculos 17 e 18: Jethro Tull. Reúne músicos de várias formações como o baixista Glenn Cornick e o baterista Clive Bunker mas sobretudo duas cabeças fortes a que tudo se opõe: o flautista/cantor Ian Anderson e o guitarrista Mick Abrahams. Este último jura apenas pelo blues, estilo cantado pelos afro-americanos e que desde o desembarque na Normandia em junho de 1944 só invadiu o pop inglês, trazendo à tona artistas como Alexi Korner, John Mayall, the Yardbirds, Fleetwood Mac mas principalmente os Rolling Stones . Foi, portanto, Mick Abrahams quem influenciou o início de Jethro Tull, que lançou um single, "Sunshine Day", em fevereiro de 1968. sob o nome Jethro Toe (o produtor Derek Lawrence não gosta do nome Jethro Tull). Então, entre junho e agosto do mesmo ano, o quarteto entrou em estúdio para produzir um 33 rpm lançado em outubro de 1968 pelo selo Island.
Intitulado This Was , este disco é um bom álbum de blues rock inglês, pois havia muitos deles na época. Um disco de blues rock porém bastante variado. Há rhythm 'n' blues como "My Sunday Feeling" para uma abertura esmagadora, "Beggar's Farm" mais suave, a instrumental "Dharma For One" ou a pesada "Cat's Squirrel" inspirada em Cream. Você pode ouvir folk blues com gaita e harmonização de vozes em "Some Day The Sun Won't Shine For You" ou o bastringue "A Song For Jeffrey" novamente com gaita, mas que enfrenta uma flauta diabólica em um fundo glissando. Ouvimos blues orquestrado (“Move On Alone”) e stoner blues (“It's Breaking Me Up”). O caso termina com o breve "Rodada".
Mas Ian Anderson não fica atrás onde é de referir que participa activamente na composição. A começar pela sua voz anasalada mas incrivelmente precisa e sobretudo marcante. E claro tem a sua flauta que impressiona, que surpreende, que impõe os ambientes, que tende para o jazz ou mesmo para o sinfônico e isso desde as primeiras notas do LP. Não é à toa que o grupo cobre um título do saxofonista/flautista de jazz Roland Kirk, “Serenade To A Cuckoo”.
Em suma, Jethro Tull oferece-nos um disco de blues aparentemente vulgar mas que esconde belos tesouros dando-nos um vislumbre do futuro.
Mas, obviamente, há um homem a mais. Foi Mick Abrahams quem bateu a porta logo após o lançamento de This Was , que teve algum sucesso de passagem.
Livre da pressão de Mick Abrahams, que saiu para fundar Blodwyn Pig, Ian Anderson e seus acólitos assumirão a tarefa de encontrar um substituto. A chegada de um novo guitarrista será decisiva para o futuro do Jethro Tull.
Títulos:
1. My Sunday Feeling
2. Some Day The Sun Won’t Shine For You
3. Beggar’s Farm
4. Move On Alone
5. Serenade To A Cuckoo
6. Dharma For One
7. It’s Breaking Me Up
8. Cat’s Squirrel
9. A Song For Jeffrey
10. Round
Músicos:
Glenn Cornick: Baixo
Clive Bunker: Bateria
Ian Anderson: Flauta, Gaita, Piano, Guitarra Acústica, Vocal
Mick Abrahams: Guitarra, Vocal
Produção: Jethro Tull, Terry Ellis
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