Resenha
Spectres
Álbum de Blue Öyster Cult
1977
CD/LP
volto aqui para fazer uma resenha sobre um álbum do Blue Öyster Cult. "Spectres" (1977). O sucessor do maravilhoso "Agents Of Fortune" (1976) é o quinto álbum do Blue Öyster Cult. O sucesso que Agentes da Fortuna (em tradução livre) conseguiu fazer foi um ponto de virada para a banda de Nova York. Com isso em mente, a banda planejou fazer um álbum que seria um hard rock mais fechado, com bastante foco em letras e arranjos mais complexos. E o que justamente aconteceu. "Spectres" entrega o que o Culto da Ostra Azul" estava querendo naquele momento. Observando que o progressivo estava no começo da queda, o punk rock estava vindo com uma nova proposta de se fazer música e o hard rock estava voltando ao grande público, aos poucos. O álbum se empenha em trazer um hard rock mais sofisticado, mas sem perder a essência de ser melódico, contagiante e feroz aos ouvintes. O clima da banda nesse momento era de calmaria, mas no fim de produção, o clima começou a piorar, continuando a piorar nos álbuns seguintes. O disco abre com um dos maiores clássicos do quinteto de Nova York, "Godzilla". A música faz um breve resumo de Godzilla, o mostro japonês e a seu filme japonês filmado no Japão (obvio e que é um clássico cultuado nos tempos atuais, especialmente aos seus efeitos práticos e a técnica de stop-motion e por ter uma crítica a urbanização acelerada que o Japão havia naquele tempo. A música resume a primeira aparição do Kaiju, chamada de Gojira (sim, a banda de metal francesa se inspirou na pronuncia japonesa do monstrengo). O clássico começa com uma distorção clássica, que é imediamente, ao menos para a minha pessoa, que a música, que é uma das assinaturas do BÖC. O solo de guitarra é mais distorcido e rápido ao mesmo tempo, lembrando muito o Rush. Observa-se que a música usa muitos efeitos, especialmente quando a vocal repete em vários momentos "Godzilla". Uma abertura clássica para um disco que é maduro. "Golden Age Of Leather" começa de uma forma mais épica, se é assim que posso falar. O riff de guitarra não é marcante, mas é inquietante. A batida de bateria, no início é algo mais na linha de hard-rock, mas na hora do solo de guitarra, notei que o que o ritmo da bateria é algo mais rápido, lembrando o heavy metal e forçando muito a barra, o pop que facilmente, Fleetwood Mac faria nessa época. O andamento da música muda por volta de 4:20 e analisei que os instrumentos se fortaleceram para algo mais na linha do progressivo e seus épicos e com a utilização de vocais femininos, fica mais aparente. Uma faixa normal para o BÖC. Seguimos para "Death Valeu Nights", que é uma postura mais voltada para a balada. O piano, provavelmente elétrico, é o charme para a música. A música inteira é uma balada, o andamento da bateria lembra muito o A-Ha, mas sem ser eletrônica. Uma estranha para uma banda de hard rock, mas é uma faixa interessante por conta da guitarra, que é bem rasgada. "Searchin' For Celine" tem um início que obra duas faixas do BÖC. O piano do início lembrando "Joan Crawford" do "Fire Of Unkown Origin" de 1981 e "This Is Ain't the Summer Of Love" depois do piano marcante. O baixo aparece com mais aparência, diferentemente nas outras faixas. O solo de guitarra é distorcido, como é de praste do Culto da Ostra Azul. Uma faixa surpreendente, na melhor das intenções da palavra. Depôs dessa pedrada, vamos para "Fireworks". "Fogos de Artifício em tradução óbvia e livre começa com riff de guitarra limpo, mas depois vem os pedais de distorção. O baixo some, sem muitas explicações depois de sua aparição tardia. Isso lembra festa de aniversário "o último a entrar e primeiro a sair". A bateria é consistente, como em um álbum do BÖC. O piano elétrico é um levemente apagado. Mas o destaque vai a guitarra pulsante, distorcida e contagiante de Buck Obama, guitarra do Blue Öyster Cult que permanece na banda até nos dia de hoje, mesmo com tantas trocas de formação e sendo um dos donos da banda. "R.U. Ready 2 Rock" é um hard rock pulsante, mas com o toque do piano que confunde qual é o gênero musical da banda (não é uma crítica). A música representa o espírito do Culto da Ostra Azul. Um espírito que respira o rock com letras simples e marcantes com refrões fáceis e frisantes na cabeça e com uma excelência técnica de se tocar instrumentos, focado na guitarra e o piano. A bateria não é original, mas não compromete em nada. O baixo foi deixado de lado, sabemos que está nas faixas, mas mal o percebemos. Erro grave da produção do disco. "Celestial The Queen" começa com uma bateria mais completa, com viradas mais ousadas. O piano elétrico, órgão e guitarra se uniam para fazer um riff feito por três instrumentos mais cheio e arrebatador. O baixo faz sua melhor aparição. Temos ao invés de um solo de.guitarra, temos um solo feito por teclados e sintetizadores, deixando o clima mais simpático Uma faixa deverás divertida. "Goin Through The Motions" flerta de maneira excepcional o que viria ser a New Wave, pop e o hard rock. O foco da música é evidente nos teclados e sintetizadores. A bateria parece ser eletrônica, mas feita de maneira surpreendente na bateria convencional. Uma faixa diferente e arrojada. "I Love The Night" começa com uma guitarra limpa, sem distorção. A bateria é mais calma, o baixo aparece com mais clareza, mas mesmo sem teclado e sintetizador, não aparece de primeira audição. Tive que prestar a atenção para ouvir o instrumento. Uma faixa estranha, mas recomendável para alguém ouvir o Blue Öyster Cult. Fechamos em "Nosferatu" que conta da história do filme de mesmo nome lançado em 1922. A musica e o filme contam a histeria de um corretor de imóveis Hutter precisa vender um castelo cujo proprietário é o excêntrico conde Graf Orlock. O conde, na verdade, é um vampiro milenar que espalha o terror na região de Bremen, na Alemanha e se interessa por Ellen, a mulher de Hutter. A música é a mais longa do disco e mistura bem o hard rock e flerta com o progressivo. A guitarra é mais rasgada (ou distorcida). A bateria tem a sua melhor apresentação do disco. O baixo, infelizmente, não aparece muito. O teclado e sintetizador deixam o clima da música mais misterioso e com uma tensão no ar, assim como o filme. Uma faixa digna de encerrar um álbum excelente, mas com problemas. "Spectres" mostrou a tentativa de virtualizar o Blue Öyster Cult, que fez de maneira positiva na minha opinião. Também fez com que o experimento de introdução de ritmos mais pop, funky e soul funcionam de maneira eficiente. O problema do disco é o baixo que foi esquecido na maior parte do álbum, tendo poucos momentos de pequena glória. Blue Öyster Cult consertaria esses problema nos álbuns seguintes. Se você liga para o baixo, esse álbum não o ideal para ouvir Blue Öyster Cult, e recomendaria seu sucessor "Mirrors" (1979) e até mesmo, seu antecessor "Agents Of Fortune" (1976). "Spectres" é um álbum que recomendaria para alguém que ouviu pouco BÖC, mas daria o avisos a ela sobre o contrabaixo. Definitivamente um dos álbuns mais divertidos do Blue Öyster Cult, não é um dos mais técnicos, mas é excelente da mesma forma.
Sem comentários:
Enviar um comentário