Miley Cyrus há anos vem apresentando uma evolução e amadurecimento musical evidentes, e Plastic Hearts é o ápice disso. Em seu sétimo álbum, a garota que ficou famosa no mundo todo interpretando a personagem Hannah Montana na série pré-adolescente da Disney encontra o seu som.
Lançado no final de novembro, o disco traz Miley finalmente abraçando o seu lado rock and roll, característica que ela já havia mostrado em diversos shows e versões para canções de outros artistas. O álbum traz influências que vão do glam rock ao synthpop, passando de leve por outros gêneros como new wave, rock de arena e country – que está no sangue, já que ela é filha de Billy Ray Cyrus, um dos maiores nomes do country nas últimas décadas. Tudo, é claro, embalado por uma produção exemplar e por um apelo pop onipresente.
Plastic Hearts conta com participações especiais de Dua Lipa, Billy Idol, Joan Jett e Stevie Nicks, além de Chad Smith (o baterista do Red Hot Chili Peppers toca na música que batiza o disco), Andrew Watt (o guitarrista do California Breed e produtor do último álbum de Ozzy Osbourne toca em praticamente todo o trabalho), Taylor Hawkins (o Foo Fighters toca bateria em “Night Crawling”), Mark Ronson (cujo toque de Midas foi fundamental nas carreiras de Amy Winehouse, Adele, Lady Gaga e Bruno Mars) e diversos outros nomes.
Mesmo com tantas participações, o disco soa extremamente autoral. A abertura “WTF Do I Know”, uma das melhores do álbum, traz a sonoridade orgânica que dará o tom em todas faixas. Arranjo brilhante, instrumentação exemplar, refrão fortíssimo. “Plastic Hearts” é uma balada com tempero autobiográfico e que cativa de imediato. “Angels Like You” traz acordes iniciais que remetem a “In My Life”, dos Beatles, e é uma balada predominante acústica que mostra o quanto Miley é uma excelente vocalista.
A participação de Dua Lipa em “Prisoner” referencia o hit “Physical”, de Olivia Newton-John, e é um pop de mão cheia. O dueto entra duas das principais vozes femininas da atualidade é um dos muitos pontos altos do disco. “Night Crawling”, com Billy Idol, é a mais pesado do álbum e musicalmente pode ser definida como uma espécie de eletro rock com sutis elementos de industrial.
Na sequência temos “Midnight Sky”, um dos pontos altos da carreira de Miley até o momento. Um pop maduro onde o registro vocal bastante próprio da vocalista conduz o ouvinte por melodias muito bem construídas. Essa canção ganhou uma versão bônus chamada “Edge of Midnight”, onde é unida à clássica “Edge of Seventeen”, maior hit da carreira solo de Stevie Nicks, com direito à participação da lendária voz do Fleetwood Mac. Uma carta de intenções pra lá de clara e um tributo a uma das maiores influências de Miley Cyrus. Outra artista sempre citada como inspiração por Cyrus, Joan Jett (e a banda que a revelou, The Runaways), marca presença em “Bad Karma”. E é interessante perceber o quanto a voz de Miley se confunde com as de Stevie e Joan, em um entrelace de gerações amarrado de forma perfeita.
A parte final tem como destaque a bela balada “Never Be Me”, com um refrão que não faria feio em qualquer banda de glam metal, enquanto “Golden G String” encerra o disco no mesmo clima. Como bônus, além de “Edge of Midnight”, temos excelentes e pesadas versões para “Heart of Glass” e “Zombie”, clássicos do Blondie e Cranberries, respectivamente, onde fica evidente a força do vocal e a performance sanguínea dessa garota em cima de um palco.
Plastic Hearts é uma ótima surpresa para quem, como eu, não acompanhava com muita dedicação o trabalho de Miley Cyrus. Um disco sólido do início ao fim, com canções cativantes em profusão e que agradará quem é fã de boa música e não apenas de um gênero específico.
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