domingo, 30 de julho de 2023

Disco Imortal: Iron Maiden – Powerslave (1984)

 Álbum imortal: Iron Maiden – Powerslave (1984)

Registros da EMI, 1984

Um clássico britânico. Além de ser composta pelas composições mais emblemáticas, traz muitos conceitos e histórias em várias de suas canções. 1984 marcou o auge de uma década brilhante para o Iron Maiden, a chegada de Bruce Dickinson nos vocais e Nicko McBrain na bateria comporia uma das formações mais sólidas e já a essa altura -e esse álbum ajudou muito- a banda estava chegando ao a reclamar o trono do heavy metal mundial, não só com grandes ideias musicais solucionadas pelo gênio composicional de Steve Harris, como também chegou a afirmar que o fator intelectual e literário nas letras seria a grande "coisa do Maiden" que finalmente acabou marcando-os.

Vamos por partes, o álbum abre de forma incrível com 'Aces High', música marcada pelo tema bélico da Segunda Guerra Mundial e orgulho britânico ao recriar uma disputa entre caças da Royal Air Force britânica x a Luffwaffe alemã, o que foi um grande triunfo para os ingleses e uma consequência importante para o desfecho da mesma guerra. Na sua versão audiovisual, o tema é antecedido por um discurso de Winston Churchill, que também foi assimilado para a digressão ao vivo. De resto, é uma bomba começar o álbum, com espírito punk, os riffs e batidas de bateria que soam a toda a velocidade fazem a introdução para a entrada de guitarra impecável e alguns solos impressionantes para uma música que não deixa fôlego e nos dá energia pura e combativa.

Em '2 Minutes to Midnight' é feita uma referência clara ao chamado relógio do apocalipse, que é um relógio simbólico inventado por uma revista da Universidade de Chicago para alertar sobre as ameaças de perigo da energia nuclear, presumivelmente nunca Chega à meia-noite, mas os ponteiros estavam mais próximos dela em 1953, após testes nucleares realizados pelos EUA e pela União Soviética na época. A música é um emblema na discografia da banda e obrigatória em seus shows para os demais.

A instrumental 'Losfer Words (Big 'Orra)' aparece muito bem colocada após esses dois hits, o baixo de Steve Harris soa impressionantemente bom e os solos e performances de Adrian Smith e Dave Murray se destacam, além da força da bateria de Nicko McBrain que é simplesmente sólida. Logo em seguida, e muito bem tocada, soa a mal-humorada 'Flash of the Blade'. Até o momento este disco não dá o menor sinal de trégua. O mesmo acontece em 'The Duellists', onde os riffs marcados com a potência do baixo de Harris e os solos bombásticos mais a voz épica de Bruce Dickinson continuam esta estupenda aventura disco.

Com 'Back on the Village' o nível de fúria se mantém nas mesmas rotações por minuto e na ótima 'Powerslave', que aliás dá título ao álbum e continua uma espécie de saga que já havia sido descrita primeiro em 'Revelations' de seu álbum Piece of Mind, onde conta sobre as supostas experiências do mago ocultista Aleister Crowley no Egito. A majestade das pirâmides na viagem da donzela ao Egito deu origem a essas composições e, aliás, à arte do disco, onde o rosto de Eddie é colocado na face de uma gigantesca esfinge. Steve Harris sempre se interessou pelo estudo de culturas e civilizações, e se elas compartilham mistério e misticismo, tanto melhor para o compositor.

Para encerrar vem outra música com referências literárias claras: é 'The Rime of Ancient Mariner', a música mais longa do álbum e sua história na realidade, com mais de treze minutos contando esse conto do escritor inglês Samuel Taylor Coleridge, que fantasticamente tenta transmitir uma mensagem ecológica, o marinheiro em questão que é punido por matar um albatroz num barco e se depara com a mesma morte por lugares cheios de sofrimento e seres estranhos. donzela de ferro, misticismo, literatura clássica, civilizações, alertas de invasões e guerra se reúnem em um único disco perfeitamente complementado por toda a técnica e execução musical imbatível.

Existem outros do Iron Maiden, para muitos o 7º Filho do 7º Filho ,  The Number of the Beast ou o próprio Piece of Mind também são ótimos , mas esse álbum dá aulas marcantes de como fazer uma verdadeira obra de arte complementando boa música e conceitos culturais líquidos.

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