A chave esquecida
António José / Manuel Viegas
Repertório de Ada de Castro
Quantas vezes já de madrugada
E cansada das horas contar
Eu ouvia os teus passos na escada
Logo corria pra te abraçar
Meus tormentos calavas com beijos
Nesse tempo ainda era tua
Mas agora tens mais uma chave
De outra porta que há na mesma rua
A minha chave que tens esquecida num bolso qualquer
Vai deitar fora, que entre as outras chaves só faz confusão
É muito fácil mudar de novo a fechadura
Nem a chave que tens abre a porta do meu coração
Eu não quero perder o costume
De morar onde sempre morei
E fingir que não tive ciúme
Nas poucas vezes que os encontrei
E sorri ao ver-te embaraçado
Com surpresa também vi depois
O remorso a bailar nos teus olhos
Por vingança sorri para os dois
A chegada dos navios
Ary dos Santos / Martinho d’Assunção
Repertório de Maria da Fé
Chegam heróis e jovens de mãos dadas
Chegam rapazes loiros como o estio
E partem as palavras censuradas
No penacho de fumo do navio
Chegam esperanças, medos e ciladas
Em que a aventura nos embosca o cio
E partem as angústias exiladas
No penacho de fumo do navio
Ao ritmo dos guindastes, estremecemos
Portos abertos ao que nos deslumbra
Somos apenas o que não sabemos
Barcos de sol rumados à penumbra
Piratas d'abordagem que trazemos
A latejar nas veias, que se cumpra
A palavra que nós nunca dissemos
Rosa de sangue a rebentar de sombra
A cidade
Ary dos Santos / Nuno Nazareth Fernandes
Repertório de Maria Armanda
Em Lisboa, não morro mas espero
O Tejo, a água, a ponte, e o rossio
Em Lisboa, não morro mas espero
Um pouco menos Tejo e menos frio
Em Lisboa, vendendo a minha fruta
De azeite e mel e ódio de saudade
É dentro de mim próprio que eu tropeço
Num degrau de ternura da cidade
Em Lisboa, gaivota que navega
No Terreiro do Paço, por acaso
Encontro a dimensão da minha entrega
No aterro onde me encontro a curto prazo
Limoeiro limão do mar da Palha
Palha pobre de tédio, rio surpresa
Desta Lisboa de água que não falha
Quando do céu azul sobra tristeza
Lisboa meu amor, minha aventura
Em cada beco só uma saída
Alfama meu mirante de lonjura
Má fama que a nós todos dá guarida
Mas nesta angústia que eu canto
Lisboa não vem ao caso
Repertório de Maria Armanda
Em Lisboa, não morro mas espero
O Tejo, a água, a ponte, e o rossio
Em Lisboa, não morro mas espero
Um pouco menos Tejo e menos frio
Em Lisboa, vendendo a minha fruta
De azeite e mel e ódio de saudade
É dentro de mim próprio que eu tropeço
Num degrau de ternura da cidade
Em Lisboa, gaivota que navega
No Terreiro do Paço, por acaso
Encontro a dimensão da minha entrega
No aterro onde me encontro a curto prazo
Limoeiro limão do mar da Palha
Palha pobre de tédio, rio surpresa
Desta Lisboa de água que não falha
Quando do céu azul sobra tristeza
Lisboa meu amor, minha aventura
Em cada beco só uma saída
Alfama meu mirante de lonjura
Má fama que a nós todos dá guarida
Mas nesta angústia que eu canto
Lisboa não vem ao caso
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