sexta-feira, 28 de julho de 2023

Porridge Radio – Every Bad (2020)

 

Bela surpresa dos Porridge Radio, com um disco intenso e visceral.

Parece que se tornou um sintoma deste que vos escreve – todos os anos arranjo uma paixoneta nova, uma banda que aparece do nada e conquista espaço de ouvido e por ali fica a deambular, qual rebuçado a ser absorvido aos poucos na boca. A escolha de 2019 foram os Big Thief, agora para 2020 recaiu nestes Porridge Radio, banda de Brighton que tem em Every Bad o seu segundo álbum, arrebatador logo à primeira audição. As semelhanças não se ficam por aí – tal como nos Big Thief com Adrianne Lenker à cabeça, nos Porridge Radio é uma senhora que lidera as “operações”, Dana Margolin de seu nome. Sendo que, importante realçar pela importância que a própria lhe dá, o género é algo que lhe é completamente irrelevante.

À primeira pergunta que alguém me faz quando os sugiro “Mas isso é estilo quê?” respondo com um encolher de ombros e um “Experimenta e percebe por ti.” Não só porque acho que os rótulos não servem nenhum propósito, mas também porque neste caso é bastante difícil encaixá-los numa caixinha, a diversidade é algo que estimula e tanto temos momentos de pop clássica como rock mais visceral à la Savages, momentos de noise rock sonicyouthescos e outros de pós punk . Acho que é justo dizer que há um apercebimento por parte de Margolin que tanto os gritos como os suspiros têm um poder potencialmente demolidor, e como tal utiliza cada um no seu devido momento para expressar o que lhe vai na alma. O que, no caso, vai de um “I’m wasting my life” (“Long”) a um “I’m bored to death, let’s argue” (“Born Confused”) ou ainda “Please make me feel feel safe” (“Pop Song”).

Porridge Radio - Every Bad
Porridge Radio

Não tenho quaisquer dúvidas que é um disco guturalmente fresco, remexendo em estruturas musicais conhecidas mas conseguindo um brilhante resultado da amálgama criada, pelo que importa mesmo ouvir. São 41 minutos que passam num instante e que em novas audições sobressaem novos recantos que passaram despercebidos à primeira e à segunda e isto, meus amigos, é uma das variáveis mais importantes de se fazer música.

“Thank you for leaving me, thank you for making me happy” é mais uma das frases que Margolin repete até à exaustão na música de arranque “Born Confused”. Pois bem, obrigado Porridge Radio por nos fazerem contentes com a vossa música. Experimentem e percebam por vocês.



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