quinta-feira, 13 de julho de 2023

Resenha 66 Álbum de O Terno 2012

 

Resenha

66

Álbum de O Terno

2012

CD/LP

O Terno é um trio paulistano formado em 2009 por três amigos. De início, faziam covers de Os Mutantes, The Beatles e The Links, mas viram que esse hobby entre amigos poderia virar algo mais grandioso. O que justamente aconteceu. "66" foi feito com ajuda de financiamento coletivo via Cartase, (o que ocorreu também com o segundo álbum do trio, que é auto intitulado com o nome da banda) uma plataforma de financiamento coletivo online. O álbum, de início, foi disponibilizado em dois formatos, CD e download, que era disponibilizado de forma gratuita no antigo site d o trio, hoje esses site não existe mais. Em 2014, o álbum ganhou uma versão em LP. Resumindo nesse pequeno que irei destrinchar ao logo dessa resenha, "66" transforma O Terno no Rush brasileiro? Não, o máximo de que poderia ser o Rush brasileiro seriam duas bandas: Engenheiros do Havaí e Paralamas do Sucesso, no qual, Paralamas sola facilmente Engenheiros. Se a ideia era se tornar um Rush ou Cream se deram mal pois, fizeram algo que mistura bem a brasilidade da música junto com um rock de primeira qualidade que criou um som bem original.

O disco abre com a faixa título do álbum, "66". A faixa mostra como o trio paulistano mistura o rock clássico na famosa moda do Beat, junto com um vocal poderoso de Martim Bernardes e junto a um ritmo eletrizante que é acompanhado a um órgão marcante e uma guitarra bem polida e limpa. O andamento fica mais caótico, mas organizado com um solo de guitarra esplêndido que harmoniza com a proposta da música de mostrar: o que O Terno?Uma boa faixa de abertura. "Morto" é clássico do trio, mistura uma estética melancólica que é acompanhada pelo órgão massivamente majestoso. A bateria da faixa, para o kit que o baterista Gabriel Basile tem, é bastante completa de fazer andamento que combinam com a estética. O baixo também é presente na faixa, mesmo sendo tocado com palheta, já que baixo sendo tocado junto com palheta, não tem o costume ter uma presença forte em músicas, principalmente se for como solo. A guitarra é apagada afinal, os instrumentos que acompanham a faixa, preenchem muito bem a faixa. A faixa é a mais longa e uma das melhores do disco. "Eu Não Preciso de Ninguém" começa com uma guitarra mais inchada e que tem uma distorção bem agradável. A faixa faz uma psicodelia de uma forma bastante rápida, técnica e satisfatória para o ouvinte. O baixo é bastante groovado. A bateria é novamente completa para o som e charmosa. O solo de guitarra é simples, mas cativante e na hora do solo, entram os órgãos tocando por Tim Bernardes, vocalista, guitarrista, principal compositor e líder do trio. "Enterrei Vivo" é de início puma faixa mais calma em comparação com outras faixas, tendo um início com assovios dos membros do trio. Mas com entrada de efeitos sonoros de distorção, transformar a faixa em uma mistura aleatório de eletrônica, tropicália, blues e hard-rock. A guitarra é bem distorcida. Na maior parte do tempo não é limpa e até mesmo, suja. A bateria não tem tanto destaque, mas não compromete a estrutura da música. O baixo é bem tocado, mas não chama tanto a atenção. Uma faixa bem diferenciada. "Zé, Assassino Compulsivo". Tem um início bem caótico. Um exemplo que dou para a faixa é o início de "Workin' Them Angela" do Rush, que faz parte do álbum "Snakes & Arrows" (2007). A letra da faixa é bem macabra, narrando a história de um assassino, que é compulsivo em matar. A psicodelia dessa faixa é mais presente do que nunca, com uso de órgãos e sintetizadores, fazendo imersões com o ouvinte, ao menos, comigo isso aconteceu. A bateria volta a ter algum destaque, principalmente no uso mais massivo nos pratos de impacto. A guitarra é um pouco mais limpa comparando com a faixa anterior. O baixo não agrega em nada na música, mas tenta ser um pouco mais presente no refrão e é competente em seu papel. "Quem É Quem" tem um início bem reggae, lembrando os tempos de Bob Marley e The Police. Na faixa, temos adição de saxofone, deixando o clima da música mais profundo para o ouvinte se sentir mais imersivo. A música faz uma movimento interessante, misturando rap sendo feito com instrumentos de.rock, sendo o resultado bastante satisfatório para quem vós lhe escreve. A bateria é ousada em não usar muito a caixa e usando mais os tons. A guitarra e baixo não ousama em quase nada, mas juntos com a bateria fazem uma sinergia única. Realmente não dá para explicar o resultado dessa junção, resumindo, isso é O Terno.
"Modão de Pinheiros" a princípio, para ser uma moda de caipira a julgar pelo nome e de início é... Não, começamos a ouvir saxofone, que reaparece no final da faixa. A música começa um riffaço de guitarra um pouco abafado acompanhado pelo baixo gorduroso e a bateria tecnicamente simples e preenchendo o ambiente. O ritmo da música faz realmente parecer um modão e dos bons. A música faz uma sátira dos modões de violão com a vida urbana e "elitizado" com a cidade de São Paulo. "Purquá Mecê" tem um início bem distorcido, remetendo a psicodelia. A faixa mantém o instrumental bem abafado, justamente o contrário do vocal, que é bem limpo. A música continua com a presença do saxofone e tem adição de violão. A bateria é glamourosa. O baixo tem mais protagonismo, tem até mesmo um solo de no máximo de 7 segundos. A guitarra é o destaque, assim como o solo beeeem distorcido. "Compromisso" tem um riff condensado de efeitos de distorção de guitarra. A bateria é mais barulhenta e mais caótica em utilizar mais pratos e a caixa. O baixo não tem muito destaque, nem se quer, tem uma distorção que o alimente um pouco de luz. A guitarra é o charme real da faixa. Bem distorcida e abusando e muito, dos efeitos de distorção. Uma boa mistura de psicodelia e hard-rock. Por fim, temos "Tudo Por Ti". Temos um início bem rápido de órgão e o retorno eletrizante do saxofone. A bateria remete ao jazz fusiona. A guitarra é levemente abusiva com os efeitos de distorção. O baixo de início não tem muito destaque, mas aos poucos do tempo da faixa, ganha gradativamente um pequeno destaque. Uma excelente faixa de abertura. Para a proposta do O Terno, "66" não é a salvação do rock, afinal, o rock nunca morreu, só não está mais em tanta evidência como anos 1980 e 1990 no Brasil e no mundo. Afinal, pessoas que dizem isso, não pesquisam sobre novas bandas que surgem a todo momento não só no Brasil, mas em qualquer país do mundo. O Terno mostra que qualquer banda pode chegar ao lugar onde eles chegaram, o que basta para isso é desenvolver um som que seja o mais único e original possível, mesmo sua banda fazer covers. Uma das grandes estreias e álbuns da música brasileira do século 21. Como eu já disse, nunca O Terno será o Rush paulistano, pois não fazem algo progressivo, o que semelha eles ao trio canadense é logicamente a quantidade de músicos participantes da banda. E ainda bem não quiseram fazer o trio de Rush brasileiro, pois não combinaria em nada com a banda. "66" é testemunha que a música brasileira não morreu e vivemos de músicas que, para muitos, não podem ser consideradas músicas. Discordo dessa afirmação anterior. O rock, MPB não atrai tanto os público mais jovem como o funk, sertanejo atrai pois não está mais em evidência como era há 30 e 40 anos atrás e viraram gêneros de nicho e o público em geral, acha que rock e metal são a mesma coisa, obviamente estando enganados. "66" é um disco coeso, que por ter simplicidade, chama a atenção do ouvinte por temas engraçados, macabras e cativantes. Isso seria melhorado dois anos depois com o lançamento do segundo álbum do trio, o auto intitulado "O Terno (2014) que trazia hits, mas isso é uma outra história.


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