quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

BIOGRAFIA DE Andy Summers

 



Andy Summers (nascido Andrew James Somers; Poulton-le-Fylde, 31 de dezembro de 1942) é um compositor e guitarrista inglês, célebre por seu trabalho com o grupo The Police como guitarrista e com o Eric Burdon & The Animals. Foi considerado o 85º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone. Em 2012, iniciou uma parceria com a cantora Fernanda Takai.

Como produtor, Andy foi responsável pelo terceiro disco da cantora brasileira Fernanda Takai, Fundamental, lançado em 2012.


No ano em que a banda The Police comemora 40 anos de sua criação, eis que um dos produtos que poderiam ser dos mais interessantes que chegam ao mercado frustra de tal forma que suscita a pergunta: será que seus ex-integrantes têm algum interesse em comemorar alguma coisa? 

No ano que marca também os dez anos da última e definitiva reunião para uma turnê, os fãs estão se contentando, por enquanto, com a reedição no Brasil e na Europa da autobiografia do guitarrista Andy Summers, “One Train Later” – a edição brasileira é da Editora Neutra, com ótima tradução, ms que manteve o título em inglês. 

O livro é instigante e bem escrito, originalmente lançado em 2006, e sem a necessidade da ajuda de um jornalista ou escritor profissional para dar apoio. 

Se por um lado o texto é bom e flui bem, com bastante humor e  impressões afiadas, a conclusão é decepcionante por conta de tudo o que foi narrado com sinceridade cortante e observações agudas e diretas sobre diversas situações. 

O maior ponto positivo, e que torna a leitura necessária para quem gosta de rock, é mostrar a trajetória de um músico inglês veterano, amigo de gente como Eric Clapton, Eric Burdon e Jimi Handrix, mas que só foi estourar mesmo em 1978, aos 36 anos de idade, ao lado de dois músicos mais jovens (era dez anos mais velho do que Sting e Stewart Copeland, seus companheiros no Police) e com experiências de música e de vida bem diferentes. 

O livro vale pelo período de vida Summers entre 1964 e 1977, quando o guitarrista penou por bandas obscuras e bandas outra famosas, mas em decadência. 

Mesmo com um humor sarcástico e autodepreciativo – ele não poupa amigos, ex-amigos, ex-namoradas e ex - qualquer coisa -, é interessante ver o quanto foi difícil a sua caminhada, principalmente quando ele adentra aos anos 70 casado e pobre, tendo que dar aulas de guitarra para ganhar alguns trocados na Califórnia. 

Chega a ser comovente seus relatos dos anos de penúria, mesmo tendo tocado em uma versão de The Animals, com o então amigo Eric Burdon, e com o Soft Machine, de Kevin Ayers. 

Ao mesmo tempo, ainda que com momentos depressivos, serve de inspiração a forma como perseverou na música em busca do sonho do estrelato – ou, ao menos, de uma forma de viver dignamente de música, ainda que em bandas de menor expressão ou como apoio a astros. 

Quando se esperava que a coisa iria mudar, assumindo o posto de guitarrista de Neil Sedaka e depois de Kevin Ayers (ex-Soft Machine, curiosamente o músico que ajudou na demissão de Summers desta banda), nada acontecia, para sua exasperação e frustração. 

Foram precisos maia alguns anos de vacas magérrimas  em Los Angeles e Londres para que houvesse uma luz pequenina no final do túnel. 

Enquanto isso, reconhecido como ótimo guitarrista por músicos amigos e empresários, como Eric Clapton e Robert Fripp (King Crimson), aproveitou para estudar ao máximo e criar o próprio estilo. 

Culto e inteligente, apaixonado por literatura e religiões orientais, além da música brasileira, agregou muita informação aos seus trabalhos e frequentemente era o farol intelectual das bandas com as quais tocou. 

Ao contrário do que todo mundo pensa, a formação do Police não representou a grande mudança para Summers, ao menos no começo. Ele, Copeland e Sting finalmente resolveram se juntar em 1977 após alguns desencontros, mas tiveram de ralar muito para conseguir contratos e  gravar os primeiros álbuns, enquanto tocavam em espeluncas e para pouca gente em plena efervescência punk. 

O estilo de tocar guitarra ficou mais refinado, mas bem mais contido no Police por conta da ideia de aderir ao movimento punk. Ainda que o som do trio fosse rápido e veloz, rapidamente as canções autorais de Sting mostravam um lado melódico e pop de alta qualidade. 

Foi então que o som da banda se delineou com as assobiáveis “Roxanne” e “Can’t Stand Losing You”, que deram a partida para o estrelato ao trio. 

E o que deveria ser o auge do livro acaba decepcionando. Summers, parecendo ter pressa de terminar o livro, passa de forma superficial sobre os anos mais importantes de sua tardia carreira de sucesso, preferindo dar detalhes curiosos, mas irrelevantes, sobre o dia a dia das turnês americanas do que destrinchar os motivos que catapultaram o Police ao sucesso absoluto após o terceiro álbum, “Zenyatta Mondata”. 

Por conta disso, apenas esbarra na questão da separação do trio, ao final de 1983, após seis anos de convivência. O guitarrista relata os momentos de tensão crescente, mas não a explica. 

The Police em 1980: da esq. para a dir., Andy Summers, Sting e Stewart Copeland. 

Reclama da falta de espaço e da dominação artística de Sting, o principal compositor – Summers reconhece o inegável talento do colega baixista e vocalista para compor, e que suas canções eram melhores, mas se ressente da falta de espaço para emplacar suas músicas e para fazer seus amados solos de guitarra de inspiração jazzística. 

De forma melancólica, a prosa boa e interessante do guitarrista fica seca e desidratada ao mencionar de forma sucinta as atitudes de Sting em direção a uma carreira solo e o consequente fim da banda, ao mesmo tempo que narra sem paixão a retomada do casamento após quatro anos de divórcio. E o livro termina  em 1986, justamente neste ponto. 

Ainda está por ser escrita a boa e definitiva história do Police, que certamente foi uma das grandes bandas pop da história, rivalizando em alguns pontos com a trajetória dos Beatles e dos Rolling Stones. 

“One Train Later” diverte, mas não encanta, acabando por frustrar ao final. Os 40 anos de criação do Police merecem bem mais do que isso. 





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