Se há uma consistência no Cosmos Factory é mudar o estilo musical enquanto permanece na esfera do rock progressivo. Passando do rock ácido cósmico para o eletro psyche que brinca com as emoções, feito de aromas carmesim para terminar com rock espacial com molho King Crimson.
Com Metal Reflection impresso pela Express em 1977, a mudança foi radical! Com excepção de duas peças que tentam em vão agarrar-se ao prog, Cosmos Factory oferece-nos um Lp que se divide entre o funk metalóide e o synth-pop com sonoridades industriais próximas do Kraftwerk e David Bowie, mas ainda assim com mais rock. Os dois gêneros às vezes combinam maravilhosamente.
O órgão retrô que ouvimos no Lp homônimo (1973) e A Journey With The Cosmos Factory (1975) se foi. Terminei esta guitarra sob influência de Robert Fripp que se estendeu em Black Hole (1976). Exceto talvez na balada sonhadora e nebulosa “Rainy Day Dreams”. Momento raro que nos leva de volta ao passado. Sai também o japonês, agora o quarteto canta em inglês provavelmente na esperança de atingir o público internacional.
Porém, o baixista Toshikazu Taki, o tecladista Tsutomu Izumi, o guitarrista Hisashi Mizutani e o baterista Kazuo Okamoto não caíram na simplicidade. Mesmo que pareça mais direto, com a ajuda do percussionista Kuni Toyoda, eles tiveram o cuidado de complicar seu setlist com alguns truques impressionantes.
No lado funky temos a abertura futurista “Down The Highway” que cheira a urgência, a exótica “Violent Heat” onde o baixo impressiona atravessado por uma flauta jazzística suingante. Sem falar no heavy jazz desenfreado, “Sexy Cats” com seu sax abrasivo e esse solo de violão que te leva na cara. Um título precursor disso seria King Crimson nos anos 80.
Do lado do synthpop há o folk cósmico sombrio “Shades Of Time” tocando as emoções, a revigorante e cativante “A Glass Of Happiness” onde retorna este órgão retrô rasgado por uma guitarra hard rock e um sintetizador esmagador. Concluímos com a faixa homônima, pedaços de heavy metal estratosférico embebidos em querosene e assombrados pelo fantasma de Hendrix.
De resto deparamo-nos com o galopante instrumental punk “Strato-Dynamite” bem como com a sinfónica e dramática “White Moon” conduzida por um piano melodioso com um cravo desesperado à espreita.
Nunca tendo alcançado o sucesso, Metal Reflection será o último esforço da Cosmos Factory, que se desfez pouco depois. Todos serão esquecidos. Continua sendo um grupo que se tornou cult.
Títulos:
1. Down The Highway
2. Shades Of Time
3. Violent Heat
4. Rainy Day Dreams
5. Um copo de felicidade
6. Sexy Cats
7. Strato-Dynamite
8. White Moon
9. Metal Reflection
Músicos:
Toshikazu Taki: baixo, voz
Kazuo Okamoto: bateria
Hisashi Mizutani: guitarra, voz
Tsutomu Izumi: teclado, voz
Produção: Fábrica Cosmos
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