sábado, 3 de fevereiro de 2024

FADOS do FADO...letras de fados

 


A minha padeirinha

Letra e música de Fernando Farinha
Repertório do autor


Padeirinha, padeirinha  
Que me dás pão tão quentinho
Não me dês apenas pão 
Dá-me também teu carinho

Não é com pão que alivias  
As mágoas que me consomem
Repara bem, que na vida
Repara bem, que na vida 
Nem só de pão vive o homem

Ai padeirinha
Pãozinho quente a estalar
Cara linda cor do trigo 
E grão centeio no olhar
Duas cerejas 
São teus lábios de carmim
E teus seios mais parecem 
Duas bolas de Berlim

Se aos olhos meus 
És por graça ou simpatia
O pãozinho mais gostoso 
Que existe na padaria
Mata-me a fome
Tem pena da vida minha
Dá-me ao menos uma bucha 
Do teu amor, padeirinha

Padeirinha, padeirinha 
Por ti, o meu coração
Está mais em brasa que o forno 
Onde tu cozes o pão

Quem me dera, quem me dera 
Como sou também Farinha
Um dia, ser amassado
Um dia, ser amassado 
Por tuas mãos, padeirinha


A minha pronúncia

Alberto Rodrigues / Alfredo Duarte *fado marceneiro*
Intérprete: Argentina Santos

Tenho visto muito bem
Quando canto, alguém sorrir
Duma forma que afinal
Mostra não saber porém
Que a pronúncia é o sentir
Da nossa terra natal

Sem R não se escrevia

A palavra coração 
Onde vibra, tantas vezes
A tristeza e a alegria
Ternas virtudes que são 
Bem próprias dos portugueses

Sem R nem a guitarra

Teria o nome que tem 
Nem se escrevia o valor
De Portugal, nossa amarra
Onde se sente também 
A terna palavra amor

Há muita gente que ri
E tem no riso a denúncia 
Da sua grande fraqueza
Pode crer, ri-se de si
Quem ri da minha pronúncia 
Porque ela é bem portuguesa


A minha rica filhinha

Letra de Silva Tavares
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel.
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*

A minha rica filhinha
Co’a sua saia de roda
Parece uma vassourinha
Varrendo-me a casa toda

Sou pobre por condição 
Mas tenho um grande tesouro
Que não dou por nenhum oiro 
Lançado em circulação
Fiz cofre do coração 
Porque outra coisa não tinha
E essa riqueza, que é minha 
Tão bem, lá dentro, me coube
Que d’ali não há quem roube
A minha rica filhinha

Nunca senti tanto enleio 
Como olhando a minha filha
Fala e pensa à maravilha 
Apenas com palmo e meio
Já mostra certo receio 
De que a não vistam à moda
E ninguém julgue que engoda 
Essa migalha de gente
Toda inchada de contente
Co’a sua saia de roda

A cada passo tropeça 
Por ser a saia comprida
Mas não chora e, de seguida 
Levanta-se e recomeça
Não há nada que não peça 
Pois tudo quer, coitadinha
Deita-se logo à noitinha 
Mas, de manhã até lá
Sempre d’aqui p’ra acolá
Parece uma vassourinha

Ela só, tão pequenina 
Enche-me a vida de luz
E o peso da minha cruz 
Resulta coisa divina
Ladina, muito ladina 
Não pára nem se acomoda
A tudo e todos apoda 
Numa estranha algaravia
E assim passa o santo dia
Varrendo-me a casa toda


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