01 – cachaça, rock banchá
02 – eu sentí o cão
03 – paola
04 – adeus vitrines
05 – de porrada em porrada
06 – o problema é o lixo, né?
07 – belzebu, satã tinhoso
08 – bom guru
09 – a boneca do meu sonho
10 – sacana’s blues
“Japão, Sec. XVILegendário marginal japonês, figura altamente subversiva, roubava dos ricos e distribuia aos pobres. Preso, foi condenado a ser fervido até a morte, em praça pública, juntamente com seu filho ainda impúbere. Para aliviar seu filho da morte lenta e dolorosa, ergueu-o nos braços e sustentou-o acima de sua cabeça. Goemon, suportou o calor do óleo que ia fervendo. Esperou até o limite, para só então, mergulhar o filho, pisoteando-o violentamente, dando-lhe a morte instantianea. as autoridades da época, para calar a revolta popular, divulgaram que Goemon ante o insuportável medo da morte, usou seu filho como escada, na desesperada e covarde tentativa de proteger sua própria vida.
Goemon Brasil: …Meu rock, é a poética da realidade feia e agressiva… É pra dançar, ao som da crise, que faz a relação humana entrar em decomposição…
Um marginal, ele próprio, produto híbrido de uma cultura milenar, com esta miscelânea euro-africana digerida com muita coca-cola. Um artista visceral, canta e assina as dez faixas de um LP dilacerante.
Uma obra prima de reflexão do universo marginal, embalada por um som moderno, aliciante que desconcerta em sua contundência.
Cercado de músicos monstruosamente competentes, abre um leque de ritmos – funk, blues, new-wave, soul – numa fusão genial. Algo novo! Pulsante e inteligente, que soa rock o tempo todo…
Violento e viril.
Claustrofóbico, polémico – Goemon sugere insidioso em suas obras, um beco – sem? Com saída…Somente, através de uma revolução anárquica.
em BELZEBÚ SATÃ TINHOSO, canta a analogia entre o cristianismo e a ditadura. A fugacidade e a inútil vaidade de falsos ídolos, em BOM GURU.
A lute de classes na sociedade de consumo, no moólogo provocante de um assaltante estuprador eventual, em frente à um delegado, em EU SENTÍ O CÃO
A intolerância e o preconceito em PAOLA, um travestí romântico.
A incapacidade de comunicação homem-mulher, no drama de um cara que prefere amar uma boneca inflável, abordada com grande sutileza, em A BONECA DE MEU SONHO
Parafraseando um ex-ministro da educação, faz um retrato drameatico desta juventude-clone, criada pelo sistema, situando como vítima Mark Chapman, o algoz de John Lennon, num trocadilho no mínimo original, na lacinante O PROBLEMA É O LIXO, NÉ?
A força e a arrogância do verdadeiro marginal, um bêbado que manda o mundo às favas, na sublime ADEUS VITRINE.
E assim vai. Num desfilar de obras chapantes, emolduradas em inspiradas melodias, algumas de rara beleza.
Sua poesia de linguajar raivoso e explícito aliado a um humor cáustico e cortante, resulta em uma poética sutil e brilhante em sua criatividade.
Fere dogmas e valores falidos do sistema, sem usar o artifício de gracinhas pseudo-intelectuais, utilizando de extrema habilidade, os próprios cânones ditatoriais e fascistas que regem nossa sociedade.
Dono de uma voz possante, domina um tipo de emissão incomum, que vem do baixo ventre, ora grave rascante, ora aguda ou gutural – Goemon destila seu inconformismo out sider, criando climas arrepiantes: de ódio, medo, ironia e paixão.
Jamais o português soou assim no rock! Sonoro e fluente.
que grande ironia…Goemon é um quase-sansei, filho de japonês com uma nissei. neto de uma nobre com um plebeu – por parte de pai e de um aristocrata falido e sonhador com uma grande batalhadora – por parte de mãe.
espero …o rock nacional jamais será o mesmo, após GOEMON
Seu disco foi lançado pela extinta gravadora MPA da rua augusta de são paulo. foi gravado no estúdio VICE-VERSA fundado pelo grande maestro Rogério Duprat.
Tem Arranjos e Teclados por Glauco Sajebin;
Baixo por André Gomez;
Guitarra por André Fonseca (do genial grupo PATIFE BAND);
Bateria por Paulo Farat
A foto da capa é de Oscar Bastos, mas a concepção é do próprio Goemon.
Bônus:
Levemente Perverso Demo – 1993
Não apenas por motivo de “Completismo” (quem é realmente fanático por colecionar música sabe do que eu estou falando), aquí está mais uma pérola perdida do lixão do ódio e da malemolência nipo/new wave RPM do inferno brazuca internacional.
Destilando meu delicioso despreso pela humanidade, Rui Mifune, por nós e pela velha rua augusta conhecido por Goemon, mostra que ainda tinha muito mais à dizer com mais apenas quatro músicas registradas apenas em cassete.
Essa coisinha engraçadinha que as pessoas costumavam chamar de “fita demo”.
01 – meu porno-filme
02 – junkies – vida bagaço
03 – superstar
04 – harumy tchans
Ficha Tecnica:
Vocal: Goemon
Guitarra Líder: Renato Luiz Consorte
Baixo: Alex Theodoro Mifune
Guitarra Base: Max Theodoro Mifune
Bateria: Paulo Mello
Backing Vocal: Alex Theodoro Mifune
Felix Theodoro Mifune e Goemon
Arranjo – Renato Luiz Consorte e Goemon
Tecnico de Gravação – Ezequias Aureliano
Gravado no Estúdio Guidon – 24 canais
Um rock anti-convencional e muito doido e bizarro e também muito criativo, letras que falam sobre o lixo, drogas, cachaça, travestis, bonecas infláveis e tudo relativo ao submundo de uma megalópole como São Paulo.
Goemon -De porrada em porrada
Sem comentários:
Enviar um comentário