terça-feira, 30 de abril de 2024

Riki Maiocchi: uma pequena lembrança 20 anos após sua morte



No dia 2 de fevereiro de 2004, Riki Maiocchi nos deixou .
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Enrico Maiocchi nasceu em Milão em 1940.  Sua infância não foi muito animada; ficou órfão de pai aos 8 anos e suas relações com o padrasto não eram boas.
O período dos “Teddy Boys” foi contra a tendência; ele está proibido de usar jeans em casa, não tem as chaves de sua casa e na fatídica meia-noite já deve ter voltado para casa.
Então, aos 18 anos, Riki decide fugir da realidade da vida.  Ele se sustenta fazendo vários trabalhos.
Já com vontade de fazer música, começou a procurar outros integrantes para formar uma pequena banda.  Ele começou tocando em salões de dança três vezes por semana.
Em 1964, foi a gravadora EMI – Columbia quem o escreveu.
Seus primeiros 45 anos foram "Sua Verdadeira Personalidade".
No ano seguinte, foi a vez de outro single de 45 rpm, "Non dite a mia madre", versão italiana da música "The House of the Rising Sun" do grupo Animals.  O texto italiano foi escrito pelo próprio Ricki,. um texto transgressor demais para a época, tanto que a música logo foi "aposentada".
A mesma foi regravada pelo próprio Maiocchi e pelo grupo Marcellos Ferial com texto "mais leve" de Mogol, e com novo título "La casa del sole".
Com esta música Marcellos Ferial participou do Cantagiro de 1965; Riki também participa, na seção reservada aos jovens, com a música “Quella che cerca”, cover de “Stop Feeling Sorry For Your self” de Adam Faith, música também regravada por Sandie Shaw.
O verso do disco de 45 rpm é "PSILove you" dos Beatles, acompanhado pela banda Mods (ou seja, os futuros Chameleons).
Os primeiros integrantes do grupo são Riki e Livio, depois entra Gerry e por último os demais.
A princípio o grupo não começa junto; Livio e os demais gravaram por um período sem Ricki que faz parte do grupo "Le Ombre" de Augusto Righetti.  Então, o próprio Maiocchi consegue um emprego como cantor na gravadora "La Voce del Padrone" e decide reunir o grupo.
No início eram chamados de Mods, depois adotaram o nome de Beatnicks e depois de Chameleons.
Depois de uma aparição no "Raduno Beat", foram notados por Miki Del Prete no clube milanês Santa Tecla, que os registrou pelo Kansas.  Seu primeiro álbum com o novo selo é "Ti saluto", seguido de "Sha la la la", cover de "La La La La La" de Paul Clarence, e "I capelloni", cover de "Over and Over" do Dave Clarke Cinco.
Participaram então do Cantagiro de 1966, com a música "Chiedi pergunta".  Devido a problemas internos, Ricki deixou o grupo naquele mesmo ano. Ele retorna para Milão, onde tenta carreira solo.
No período em que Riky permanece “órfão” dos Camaleonti, ele é acompanhado pela banda chamada “Pattuglia azzurra”. Uma banda onde tocam os irmãos Boldi, Massimo na bateria e Fabio na guitarra  . longo.
Por um período foi para Londres, onde conheceu o guitarrista Ritchie Blackmore e seu grupo, com quem tocou em clubes londrinos por um tempo.
Riky continua entusiasmado com seus músicos e decide trazê-los para a Itália.
A nova banda de Maiocchi deu-se a conhecer nos clubes italianos, obtendo enorme sucesso, sucesso que durou até o próprio Blackmore deixar o grupo por problemas pessoais e regressar a Londres.
Riki tenta continuar a colaboração com os músicos restantes, mas não dura muito.  Assim, por decisão do próprio Maiocchi, este grupo também se dissolveu, os três integrantes continuaram a gravar discos com o nome de Trip e se juntaram ao cantor Joe Vescovi.
A gravadora CBS, que acredita em seu talento para cantar, obrigou-o a gravar uma música do casal Mogol-Battisti intitulada "Uno inpiù".  A referida canção faz parte da linha ecológica pacifista denominada “Linha Verde”.
Riki é acompanhado pelo complexo dos generais.  A música está em primeiro lugar nas paradas.
Em 1967, dado o sucesso que alcançou com "Uno inpiù", a CBS fê-lo participar no Festival Saremo desse ano com a canção intitulada "C'è chi Spera".
Com ele, para a dupla na competição de canto, está Marianne Faithfull, que na época estava ligada romanticamente ao cantor dos Rolling Stones, Mick Jagger. Porém, a música não consegue vencer apesar do público demonstrar interesse pela letra, que é muito nova para um festival que mantém a tradição de músicas muito "datadas".
A carreira de Riki continua com seu terceiro single intitulado "Prendi tra le mani la testa", novamente escrito pela dupla Mogol-Battisti. Com esta música Riky participa do Cantagiro de 1967, e a mesma música também concorre entre os discos do Festivalbar.
Essa música também foi gravada por Loredana Bertè, Mino Reitano e Lucio Battisti.  As letras, revolucionárias demais para a época, não geraram grande interesse no álbum.
O final de 1967 é caracterizado pela nova moda musical, que vê canções antigas de décadas anteriores serem revividas e depois cantadas num estilo moderno.
O mesmo acontece com Riki, que contra sua vontade grava a música "Ma l'amore no".  A música não faz sucesso porque é criticada tanto pelos jovens que não aceitam que seu ídolo os "traia" ao tentar músicas que já estão desatualizadas, quanto pelos chamados "matusa" que não aceitam isso. suas músicas podem ser “arruinadas” por cantores do momento.
O lado B é composto por "Another Life", um cover de uma música de Paul Jones, tirada do filme "Privilege".
Riki se apaixona por aquele filme “verdadeiro” que conta a história de como uma estrela musical pode ser usada pelo “sistema”.
Em 1968 ele teve a sorte de conhecer Jimi Hendrix no Piper em Milão durante sua histórica turnê pela Itália.
Naquele ano gravou seus últimos 45 para a CBS intitulados "The King of Solitude".  Apesar do ótimo desempenho de Ricky, o álbum não é muito divulgado, e mesmo nas rádios não goza de muitas execuções; nem preciso dizer que o 45 não consegue vender o suficiente. Depois disso, Maiocchi encerrou seu relacionamento com a CBS. Para ele começou um período de mudanças nas gravadoras, mudou-se para Carosello em 1969 com quem gravou a música "Io sono qui" que tem como verso "Você já viu círculos pretos e brancos?", para a CGD em 1972, com o single de 45 rpm intitulado "Help me", que traz "Mary Jane" no verso.
Posteriormente, mudou-se para a EMI, gravadora onde começou em 1976.  Pela EMI, em 76, foi lançado seu último 45 intitulado "Rock'n roll", produzido por Shel Shapiro, ex-vocalista do grupo Rokes.  Mas também surgem problemas de gravação com a EMI e Riki, agora cansado, decide se aposentar da música.
A partir desse momento, Maiocchi faz muitos trabalhos para ganhar a vida.  Sucesso e popularidade são lembranças para ele.
Nos anos 80, com a maioria dos seus colegas, participou em vários programas que trouxeram os anos 60 de volta aos palcos; em 1983 com “Bandiera Gialla”, em 1988 com “Vinte anos depois”, em 1989 com “Una Rotonda sul Mare”, onde conseguiu chegar à semifinal.
A música "Uno inpiù" foi escolhida como tema do programa "Roxy Bar".

Em 4 de fevereiro de 2004, em Milão, morreu de câncer no hospital onde estava internado.
Ao contrário do nome que escolheu para seu grupo,
Riki Maiocchi é o único Camaleão que nunca mudou de cor para viver.

Uma joia da net



Entrevista por telefone com Riky Maiocchi, dezembro de 1997 )

Eu conhecia Hendrix musicalmente   desde que ele surgiu na Inglaterra.
Lá, sua popularidade foi objeto de estudo de sociólogos e psicólogos, enquanto na Itália circulava uma música completamente diferente.
O público que foi ouvi-lo era, portanto, em grande parte constituído por pessoas intrigadas pela sua música, mas também pelo seu carácter, pela forma como se vestia, pela forma como tinha sido descrito pelos jornais, pelas pessoas que o tinham visto.
É claro que essa foi a imagem oferecida pela mídia.
Pessoalmente ele parecia quase tímido, como quando apareceu no Piper à tarde para pedir desculpas pelo fato do show não poder acontecer porque os instrumentos estavam presos na alfândega do aeroporto.

P:  A turnê foi bem administrada?

R: Na minha opinião, não. Além disso, em Milão, Jimi foi convidado a tocar no Piper, que apesar de ser um local bastante grande comparado ao Piper de Roma, era pequeno. Depois o fizeram se apresentar no Brancaccio, um dos teatros menos representativos da capital.

P:  Como foi seu dia com Hendrix?

R: Eu estava no Piper como espectador esperando pelo primeiro show da tarde.  Hendrix veio ao vestiário e me explicou os motivos pelos quais não pôde jogar. Ele nem sabia que existiam bandas na Itália, só conhecia Mario del Monaco em italiano, mas não tinha ideia de bandas.
Ficamos juntos a tarde toda.  Bebemos, apresentei-o a dois amigos meus (com um dos quais, entre outras coisas, ele teve um caso) e à noite, depois do concerto, encontrámo-nos e fomos à casa de um deles, onde fizemos uma festinha, uma coisa bem tranquila.
Ele me deu um pickguard e três pick-ups, que atualmente acredito estarem nas mãos de Alberto Radius da Fórmula 3, embora não me lembre agora por que motivo... Radius  não estava no Piper. Não me lembro de ter visto muitos músicos, só  Maurizio Arceri e  Milena Cantù  ...
Do concerto lembro-me que Jimi tocou todas as peças que eu conhecia, num total de cerca de duas horas, quase como se pedisse desculpa por não ter tocado à tarde.
Noel Mitch e o técnico também compareceram à festa   .
A senhoria - já não me lembro o nome dela - era uma menina negra, fotomodelo.
Ela me foi apresentada por uma amiga de Bolonha, Ines (Curatolo), que foi quem teve um caso com Jimi.  Lembro que depois que acabou a festa, quando todo mundo começou a sair, ele ficou lá.
Depois da turnê italiana, por acaso o vi outra vez.
Frequentemente ia a Londres, onde naquela época existia um local popular chamado "Revolution", um local com palco equipado para quem quisesse se apresentar.
Naquela noite, Jimi teve uma jam session com Steve Winwood e outros músicos.

(Do livro "5 dias de maio" de R. Bonanzi e M. Comandini)





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