Beck "Mutations" 1998

 

Minha impressão inicial de Beck foi que ele era outro artista de estúdio lo-fi inteligente, atualizando o passado do folk e do rock com influências do electro e do hip hop. Seu “Loser” era um hino para a geração mais preguiçosa, mas seu estilo de cantar indiferente não o levaria longe. Na verdade, seus vocais continuam sendo sua maior fraqueza, mas com o tempo ele provou ser um mestre em assimilar influências de várias fontes e criar algo idiossincraticamente moderno. Embora não seja desprovido de magia de estúdio, “Mutations” é definitivamente uma coleção baseada em músicas. A abertura "Cold Brains" é uma canção folclórica drogada embelezada por sons eletrônicos, um glockenspiel vibrante e um solo de gaita desolado. "Nobody's Fault But My Own" é uma balada folk ácida com uma cítara proeminente dando-lhe um forte toque dos anos 60 - um dos melhores dele. O produtor do Radiohead, Nigel Godrich, prova mais uma vez um mestre da atmosfera e o vocal de Beck, embora discreto, transmite bem a emoção. "Lazy Flies", ao estilo Kinks, é seguida pela country "Canceled Check", com guitarra pedal steel antiga e trompas de Nova Orleans. "We Live Again", "Dead Melodies" e "Sing It Again" são baladas com um toque mais country. "Bottle of Blues" é um número relativamente otimista e caprichoso dos anos 60, mais uma vez uma reminiscência dos Kinks, enquanto "Static" e "O Maria" soam como o trabalho de um jazzista Syd Barrett. As faixas bônus "Diamond Bollocks" e "Runners Dial Zero" não são ruins, mas meio que não pertencem aqui, a primeira sendo uma peça barulhenta e confusa e a última uma balada lo-fi bêbada. Isso nos deixa com “Tropicalia”, o primeiro single do álbum. Tem uma batida contagiante de bossa nova, trombone brincalhão e bipes eletrônicos engraçados, nos convidando a não levar isso muito a sério e entrar na diversão. O que não podemos deixar de fazer...