sexta-feira, 3 de maio de 2024

Ruth Brown “Rock’N’Roll”


 Foi através de algumas sugestões entusiasmadas que Ahmet Ertegun (o fundador da Atlantic Records) aceitou ir ouvir a voz de que tantos estavam a falar. Mas um acidente levou Ruth Brown a uma cama de hospital por alguns meses, sendo aí mesmo que Ertegun a encontrou e… assinou. Consegui sugerir-lhe que se afastasse do terreno essencialmente feito de baladas mais populares que então cantava para se aproximar do R&B… A viragem fez-se com uma sucessão de singles que Ruth Brown começou a gravar ainda em finais dos anos 40 e que lhe valeriam depois o reconhecimento como “rainha do R&B”. Em 1957 juntou a estas visões uma abordagem claramente pop a uma outra canção, fazendo de Lucky Lips (da autoria da dupla clássica Leiber & Stoller) um êxito que subiu ao número 25 da tabela geral de singles… É claro que era chegada a hora de editar um primeiro álbum.

O LP era um formato já com expressão importante no mercado mas nos terrenos do R&B eram ainda relativamente frequentes as carreiras mais focadas na edição de singles do que na construção de alinhamentos mais longos. O álbum de estreia de Ruth Brown tem na verdade um pouco dos dois mundos. Por um lado sugere (pela duração do formato) uma duração mais longa. Mas ao mesmo tempo foi um disco que resultou em parte da reunião de algumas gravações feitas nos anos anteriores, mais concretamente entre 1949 e 1956, em sessões mais curtas, feitas sem um LP na agenda do momento. Singles já com história como So Long (1949), Sentimental Journey (1950), Teardrops From My Eyes (1950) ou (Mama) He Treats Your Daughter Mean (1953) surgem ao lado de gravações mais recentes.

Ruth Brown chamou-lhe simplesmente Ruth Brown (embora com o subtítulo Rock & Roll) e, apesar da diversidade, este é um disco que acaba por definir um caminho. E é um caminho que nos faz notar como aqui se cruzaram as vivências do jazz – trazidas por músicos como o saxofonista Dick Cary os trompetistas Bobby Hacket, Taft Jordan e Ed ‘Tiger’ Lewis, o baixista George Duvivier, os bateristas Sidney Catlett e Connie Kay ou o pianista John Lewis – e outros instrumentistas mais ligados à emergente nova música popular, do boogie woogie, como era o caso de Will Bradley (trombone) a ao rhythm’n’blues, espaço ao qual estava ligado o pianista Harry Van Walls. É contudo claramente marcada por presenças do jazz esta abordagem feita de pontes que, do rhythm’n’blues por vezes piscam o olho à canção pop… Um disco de visões que lançou pistas que abriu muitos caminhos.

O álbum teve a sua edição original no formato de LP de 12 polegadas em 1957 e conheceu várias reedições em anos seguintes. Em CD é frequente o seu acoplamento com outros discos seus, nomeadamente Miss Rhythm, de 1959.

Da discografia de Ruth Brown vale a pena descobrir álbuns como:
“Miss Rhythm” (1959)
“Lata Date With Ruth Brown” (1959)
“Blues on Broadway” (1989)




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