quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Blur - "Parklife" (1994)

 



“Pela própria natureza
 de sermos de uma banda
somos muito competitivos
e queremos estar sempre por cima realmente."
Damon Albarn,
vocalista do Blur

Eu odeio Alex James e Damon Albarn.
Eu espero que eles peguem AIDS e morram”
Noel Gallagher
do Oasis



"Falcão ou Mococa?"
Esta foi a manchete do Jornal da Tarde, em 1979, antes da semifinal do Campeonato Brasileiro entre Internacional e Palmeiras na qual os dois volantes em questão mencionados na chamada, que vinham fazendo uma grande competição, encontrariam-se, num embate decisivo que levaria uma das duas equipes, sensações do campeonato, à final.
Mococa chamara atenção no campeonato com boa saída, bom desarme, é verdade, mas Falcão, o craque do Internacional de Porto Alegre tinha tudo que o outro apresentava e mais um pouco. Era bom defensivamente, na armação, no passe curto, médio, lançamentos, cabeceio, chegada na frente, conclusão, virtude essa última que o fez marcar dois dos três gols do Colorado na fantástica vitória por 3x2 sobre o alviverde paulista e obrigar o jornal a responder a própria pergunta na manchete do dia seguinte: "Falcão, é claro!"
A manchete provocativa de 37 anos atrás sempre me fez lembrar uma pergunta que foi recorrente nos anos 90 e que volta e meia quando se fala nos dois ainda reacende discussões: Blur ou Oasis?
Na verdade uma rivalidade muito mais alimentada pela imprensa no início mas que acabou se consolidando verdadeiramente por conta da personalidade forte do vocalista do Blur e da simplesmente irascível do frontman do Oasis. Bom, para mim, nunca houve a menor dúvida. Uma é inquieta, abusada e ousada e outra acomodadamente pretensiosa repetindo um discurso de grandiosidade tantas vezes que chega quase a convencer muitas pessoas. Uma consegue em um álbum colocar disco-music ("Boys and Girls"), hardcore ("Bank Holyday"); um art-rock ao melhor estilo Talking Heads ("London Loves"); e claro o típico britpop ("Bedhead", "Tracy Jacks") do qual sua música é ainda hoje a melhor representante, enquanto o outro parece estar tocando sempre a mesma música numa homogeneidade desestimulante. O vocal ora é agressivo ("Bank Holyday"), ora é doce ("To The End"), ora é narrado ("Parklife") e por vezes sequer há vocal em vinhetas instrumentais ousadas como no reggae high-tech psicodélico "Lot 105" ou na valsa instrumental meio mambembe, "The Debt Collector" que, esta sim, orgulharia os rapazes de Liverpool dos quais a outra banda tanto se vangloria de ser a única herdeira. Pra ser sincero, no que diz respeito aos vocais, até reconheço que o outro, o bronco e falastrão até tenha melhores recursos técnicos mas no conjunto final, a audácia musical, o atrevimento, a molecagem fazem toda a diferença e só uma delas tem.
Sim, sei que o próprio Damon Albarn, vocalista do Blur declarou que o Oasis seria melhor do que o Blur. Sei, sei. Mas interpreto a declaração muito mais como um sinal de boa vontade dos novos tempos entre as duas bandas, um gesto de generosidade, uma intenção definitiva de trégua do que uma verdade absoluta que, para falar a verdade, bem sinceramente, duvido muito que seja verdadeiramente o pensamento dele. É verdade que hoje em dia sou muito mais simpático ao trabalho da outra banda do que em tempos atrás, já reconheço muito mais méritos e virtudes do que antes e até admito que possam (e até devam), num futuro próximo, ter algum trabalho destacado nesta seção, mas a mim parece que a questão entre as duas tem o mesmo descabimento da quela feita lá em 79 pelo jornal paulista.
Falcão ou Mococa?
Blur, é claro!
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FAIXAS:
1. "Girls & Boys" 4:50
2. "Tracy Jacks" 4:20
3. "End of a Century" 2:46
4. "Parklife" (starring Phil Daniels) 3:05
5. "Bank Holiday" 1:42
6. "Badhead" 3:25
7. "The Debt Collector" (Instrumental) 2:10
8. "Far Out" 1:41
9. "To the End" 4:05
10. "London Loves" 4:15
11. "Trouble in the Message Centre" 4:09
12. "Clover Over Dover" 3:22
13. "Magic America" 3:38
14. "Jubilee" 2:47
15. "This Is a Low" 5:07
16. "Lot 105" 1:17




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