Uma das mais bem sucedidas bandas de hard rock dos anos 80, o Ratt teve um início de carreira meteórico, passando rapidamente dos bares paras as arenas lotadas e discos de ouro. Contudo, como muitas bandas do estilo, os anos 90 foiram um período difícil, com poucos lançamentos e muitas mudanças de formação. Ainda assim, a banda continuou na ativa e em 2010 lançou um dos melhores discos de sua carreira. Nesta discografia comentada iremos analisar todos os lançamentos da banda, com seus altos e baixos:
O EP de estreia da banda mostra um som cru e pesado, além de uma produção nada rebuscada. Entretanto, a energia que transborda das músicas é impressionante, misturando o peso e os solos de guitarra do Judas Priest com a pegada mais animada e festiva do Van Halen ou do Aerosmith. Todas as músicas se destacam, mas é impossível não citar “You Think You’re Tough”, que ganharia um clipe hilário anos depois, quando o disco foi relançado pela Atlantic, e o cover de “Walkin the Dog”, gravada anteriormente pelo Aerosmith.
O primeiro full lenght da banda explodiu nas paradas principalmente devido a uma música: “Round and Round”, que ganhou um clipe bastante exibido na recém-nascida MTV e se tornou obrigatória não apenas nos shows da banda, mas em qualquer coletânea do estilo. Mas isso nem de longe significa que o restante do álbum seja ruim. Pelo contrário, Out of the Cellar é um dos melhores discos de hard rock/heavy metal lançados nos Estados Unidos, mesclando perfeitamente o melhor dos dois estilos. Enquanto “Lack of Communication” e “The Morning After” evocam o estilo do Judas Priest e outras bandas européias, “Back For More” e “Scene of the Crime” têm a malícia e groove típicos do hard rock californiano. Item obrigatório para quem curte esses estilos.
O sucessor de Out of the Cellar manteve a banda em alta. Apesar de ter uma produção um pouco mais polida, a fórmula das músicas continuava a mesma, assim como a qualidade geral do trabalho. Riffs espetaculares como os de “You’re in Love” e “Never Use Love” demonstravam todo o talento do joven Warren DeMartini, que acabaria se tornando um dos melhores guitarristas de sua geração. Além disso, há o groove de “Lay It Down”, os refrões de “Got Me On The Line” e “You Should Know By Now” e diversos outros destaques ao longo do disco. Tudo embalado pela voz característica de Stephen Pearcy, que apesar de não ser um vocalista extremamente técnico, tem um timbre perfeito para o som criado pela banda.
Depois de dois discos espetaculares, onde misturaram o melhor do hard rock com o heavy metal, o Ratt deixou um pouco do peso de lado em Dancing Undercover, investindo no lado mais pop e comercial do estilo. Mesmo assim, ótimas músicas podem ser encontradas no disco, como a rápida e pesada “Body Talk”, a pegajosa “Dance” e a topicamente Ratt ‘n’ Roll “It Doesn’t Matter”. Outra pérola escondida neste disco é a faixa que o encerra, “Enough Is Enough”, que poderia ter tido mais destaque na carreira da banda. No geral, Dancing Undercover é um disco que não decepciona, mas não alcança a qualidade de seus dois (três, considerando o EP) antecessores.
Reach For the Sky [1988]
Se no disco anterior o Ratt havia amansado um pouco seu som, neste o estilo clássico da banda deu as caras novamente. Por ser mais direto e agressivo, a gravadora até pediu para que a banda gravasse algo mais comercial para lançar como single após o fim das gravações, e assim nasceu “Way Cool Jr”, a música mais conhecida do disco. Entretanto, músicas como “Don’t Bite the Hand That Feeds”, “Chain Reaction” e “I Want a Woman” representam melhor o espírito do disco, mais próximo do som de Out of the Cellar e Invasion of Your Privacy.
Detonator [1990]
Após o fracasso em obter um hit no disco anterior, a gravadora Atlantic decidiu intervir no Ratt. A primeira atitude foi escalar o hitmaker Desmond Child para trabalhar com a banda, na esperança que ele pudesse repetir o sucesso obtido com Bon Jovi e Aerosmith. O resultado foi um disco mais acessível, mas totalmente compatível com a sonoridade da banda, semelhante ao que o Mötley Crüe fez no disco Dr. Feelgood, que os catapultou ao estrelato até fora do cenário hard rock/heavy metal. Entretanto, as similaridades com estes grupos terminam por aqui. Apesar da qualidade das músicas, o disco não obteve o resultado esperado em vendas, não conseguindo entrar no topo das paradas e frustrando a gravadora e a banda, que decidiu se separar ao fim da turnê (que contou com a participação de Michael Schenker nas guirarras, devido à internação do guirarrista Robbin Crosby para tratar seu vício em heroína). Mesmo assim, a qualidade de músicas como “Loving You Is a Dirty Job”, “Hard Times” e “Top Secret” é inegável, assim como a da melhor balada escrita pela banda, “One Step Away”.
Collage [1997]
Após sete anos, o Ratt retomou as atividades, sem o guitarrista Robbin Crosby, ainda com problemas de saúde, e o baixista Juan Croucier, substituído por Robbie Crane. Entretanto, ao invés de lançar material inédito com essa formação, a banda optou por lançar uma coletânea de músicas raras e inéditas. O resultado, Collage, foi irregular. Enquanto “Dr. Rock” e a versão original de “Top Secret” seguem a cartilha do Ratt ‘n’ roll, outras músicas soam mais setentistas e até bluesy. Há ainda uma versão dançante de “Loving You”. Definitivamente, este não é o melhor disco para conhecer a banda, mas há alguns bons momentos nele.
Não confunda este com o EP homônimo, lançado em 1983. Depois de retomar as atividades e lançar a coletanêa de out-takes e músicas antigas inéditas, o Ratt finalmente lançava um disco completo com a nova formação, com o quarteto Stephen Pearcy, Warren DeMartini, Bobby Blotzer e o novato Robbie Crane. A ausência de um segundo guitarrista influenciou bastante o som da banda neste lançamento, visto que os tradicionais duetos de guitarra simplesmente inexistem. A sonoridade também é bastante diferente do material clássico da banda, com mais influência de blues e do hard rock setentista, com um toque mais minimalista nos arranjos e riffs. Ainda assim, é um disco pesado e até mais agressivo que os últimos discos da banda.
Infestation [2010]
Onze anos depois do lançamento de seu último disco, o Ratt voltou a ser um quinteto com o retorno do vocalista Stephen Pearcy, ausente de 2000 a 2007, e a entrada do guitarrista Carlos Cavazo, ex-Quiet Riot. O resultado, Infestation, foi um dos melhores discos da banda. Unindo o som tradicional dos dois primeiros discos com uma produção pesada e moderna, o Ratt compôs um dos melhores discos de hard rock dos últimos anos. Desde a abertura, com “Eat Me Up Alive” ao encerramento com “Don’t Let Go”, tudo soa 100% Ratt ‘n’ roll. Riffs pesados e contagiantes, excelentes vocais de Pearcy, cozinha precisa e solos marcantes… Tudo que se espera de um disco de hard rock pode ser encontado em Infestation. Destaque para o single “Best of Me”, a viciante “A Little Too Much” e a pesada “Lost Weekend”, todas dignas de estarem em um disco da banda.
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