sábado, 25 de janeiro de 2025

POEMAS CANTADOS DE CAETANO VELOSO

O Ciúme

Caetano Veloso


Dorme o Sol à flor do Chico, meio-dia

Tudo esbarra embriagado de seu lume

Dorme Ponte, Pernambuco, Rio, Bahia

Só vigia um ponto negro: o meu ciúme


O ciúme lançou sua flecha preta

E se viu ferido justo na garganta

Quem nem alegre, nem triste, nem poeta

Entre Petrolina e Juazeiro canta


Velho Chico vens de Minas

De onde o oculto do mistério se escondeu

Sei que o levas todo em ti, não me ensinas

E eu sou só eu, só eu, só, eu


Juazeiro, nem te lembras dessa tarde

Petrolina, nem chegaste a perceber

Mas na voz que canta tudo ainda arde

Tudo é perda, tudo quer gritar, cadê?


Tanta gente canta, tanta gente cala

Tantas almas esticadas no curtume

Sobre toda estrada, sobre toda sala

Paira, monstruosa, a sombra do ciúme


Tanta gente canta, tanta gente cala

Tantas almas esticadas no curtume

Sobre toda estrada, sobre toda sala

Paira, monstruosa, a sombra do ciúme


O Conteúdo

Caetano Veloso


Deita numa cama de prego

E cria fama de faquir

Não tentes fugir ao sossego, meu nego

Tu és fraco como um anjo


E sabes voar

Teu gênio alegre

Não fujas daqui

Todos os anos


Passar pela casa dos Novos Baianos

Manos, jogar capitão


Como é bonito o Pão de Açúcar

Visto daquele ângulo

Como é bonito o Pão de Açúcar

Visto daquele ângulo


Como é bonito o Pão de Açúcar

Visto daquele ângulo

Como é bonito o Pão de Açúcar

Visto daquele ângulo


E aquele cara falou

Que é pra ver se eu não brinco

Com o ano de mil novecentos e setenta e cinco

Aquele cara na Bahia me falou

Que eu morreria dentro de três anos

Minha alma e meu corpo disseram: Não!


E por isso eu canto essa canção - Jorge

E por isso eu canto essa canção - Jorge Ben

E por isso eu canto essa canção - Jorge Mautner

E por isso eu canto essa canção - Jorge Salomão


Jorge, Jorge, cadê você, oh Mãe de Deus?

Jorge, hoje, longe, longe, cadê vocês? Ninguém

Tudo vai bem, Jorge?

Tudo vai bem, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo

E o divino conteúdo


A íris do olho de Deus tem muitos arcos

E há muitos barcos no mar

Se fugires - não fujas - te perderás

Pra onde, pra onde, pra onde, para onde

Para onde, para onde, vais, aliás?


Tire o pé da lama

Tendo somente a quem te ama

Pela insistência com que chama

Pela exuberância da chama

É proibido pisar na grama

Pela insistência das folhas na rama


E pela insistência da rima

Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)

Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)

Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)

Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)


Caetano Veloso

Que menino mais dengoso (ah ah ê)

Que menino mais dengoso (ah ah ê)

Que menino mais dengoso (ah ah ê)

Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)

Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)



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