O Ciúme
Caetano Veloso
Dorme o Sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme Ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
E se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre, nem triste, nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só eu, só eu, só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer gritar, cadê?
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme
O Conteúdo
Caetano Veloso
Deita numa cama de prego
E cria fama de faquir
Não tentes fugir ao sossego, meu nego
Tu és fraco como um anjo
E sabes voar
Teu gênio alegre
Não fujas daqui
Todos os anos
Passar pela casa dos Novos Baianos
Manos, jogar capitão
Como é bonito o Pão de Açúcar
Visto daquele ângulo
Como é bonito o Pão de Açúcar
Visto daquele ângulo
Como é bonito o Pão de Açúcar
Visto daquele ângulo
Como é bonito o Pão de Açúcar
Visto daquele ângulo
E aquele cara falou
Que é pra ver se eu não brinco
Com o ano de mil novecentos e setenta e cinco
Aquele cara na Bahia me falou
Que eu morreria dentro de três anos
Minha alma e meu corpo disseram: Não!
E por isso eu canto essa canção - Jorge
E por isso eu canto essa canção - Jorge Ben
E por isso eu canto essa canção - Jorge Mautner
E por isso eu canto essa canção - Jorge Salomão
Jorge, Jorge, cadê você, oh Mãe de Deus?
Jorge, hoje, longe, longe, cadê vocês? Ninguém
Tudo vai bem, Jorge?
Tudo vai bem, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo
E o divino conteúdo
A íris do olho de Deus tem muitos arcos
E há muitos barcos no mar
Se fugires - não fujas - te perderás
Pra onde, pra onde, pra onde, para onde
Para onde, para onde, vais, aliás?
Tire o pé da lama
Tendo somente a quem te ama
Pela insistência com que chama
Pela exuberância da chama
É proibido pisar na grama
Pela insistência das folhas na rama
E pela insistência da rima
Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)
Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)
Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)
Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)
Caetano Veloso
Que menino mais dengoso (ah ah ê)
Que menino mais dengoso (ah ah ê)
Que menino mais dengoso (ah ah ê)
Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)
Cria fama e deita-te na cama (ah ah ê)
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