O universo de Panda Bear é expandido com um EP que constitui o seu trabalho mais coeso desde Person Pitch.
Em Person Pitch, Panda Bear (nome artístico de Noah Lennox) incluiu uma lista de artistas que o influenciaram. Convivendo com nomes óbvios como Black Dice ou Ariel Pink estavam nomes que hão-de ter erguido algumas sobrancelhas, como Madlib, King Tubby e The Orb. O que têm o hip-hop, o dub e o house em comum? Todos eles são géneros centrados nas baixas frequências do espectro sonoro. A Day with the Homies, o novo EP do membro dos Animal Collective, existe apenas em vinil por este mesmo motivo. Enfatizando as baixas frequências a música ganha uma fisicalidade que não existiria no formato digital.
A primeira coisa que percebemos ao ouvir este disco é o seu minimalismo. Desde Tomboy que não se ouvia a sua música respirar tanto. Este minimalismo é evidente em “Flight” cujo instrumental consiste simplesmente num baixo sintetizado e um sample de bateria. Ao contrário das outras músicas do disco, aqui o foco é a voz de Noah que preenche a canção com harmonias ricas que lembram um quarteto vocal em certos pontos. A melodia das linhas finais “We don’t share at all/Why are we telling them to share it all” é repetida no refrão de “Part of the Math” que começa com uma nota de guitarra que se estende pelo vácuo por uma aparente eternidade. Este riff exemplifica a fisicalidade mencionada acima, pois à medida que a sua reverberação se vai desvanecendo cada repetição do riff com é sentida com intensidade renovada.
As transições ambientais, ausentes em Panda Bear Meets the Grim Reaper, regressam, conferindo a este EP uma certa coesão conceptual. “Shepard Tone” peca por ter os seus vocais ofuscados pelo instrumental numa composição pop que é, de resto, irrepreensível. É impossível não nos sentirmos satisfeitos quando somos sugados pelos acordes orelhudos de “Sunset” e os seus samples que vão buscar timbres a concertinas e flautas numa das músicas mais influenciadas pelo house que o artista já compôs.
A Day with the Homies vai agradar tanto os fãs da música mais orgânica de Panda Bear como os da sua vertente mais eletrónica num EP que nos faz perguntar porque é que o artista não recorre a este formato com maior frequência. Se estamos perante um prelúdio de um novo disco, ainda ninguém sabe mas pouco importa. Os homies estão satisfeitos.
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