Se bem que sejam frequentemente apontados álbuns como “Aftermath” (1966), “Beggars Banquet” (1968), “Let It Bleed” (1969) ou “Sticky Fingers” (1971) entre as listas de maiores clássicos dos Rolling Stones, e de não ser invulgar haver elogios (mais do que justificados) ao desconcertante “Their Satanic Majesties Request” e até mesmo ao seu antecessor “Between The Buttons” (ambos de 1967), a verdade é que um olhar sobre o percurso da banda na segunda metade dos anos 60 e aurora dos 70 não se pode contar sem os singles que nesta fase o grupo editou. E, já agora, vale a pena sublinhar que datam desta etapa alguns dos clássicos maiores de toda a obra dos Rolling Stones como, por exemplo, “Let’s Spend The Night Together”, “Ruby Tuesday”, “Jumpin’ Jack Flash”, “Sympathy For The Devil”, “Honky Tonk Woman” ou “Brown Sugar”, isto sem esquecer outras pérolas não menos marcantes desta fase como “Paint It Black”, “She’s a Rainbow”, “2.000 Light Years From Home” ou “Street Fighting Man”.
Este período começa por revelar uma etapa criativamente marcada sobretudo pelas visões desafiantes do então timoneiro Brian Jones, muitas delas em sintonia com transformações em curso por aqueles dias, alinhavando o rumo dos Rolling Stones ao lado de nomes como os Beatles ou os emergentes Pink Floyd, entre outros, na construção de uma pop caleidoscópica, desafiante, marcada pelos ares da cultura psicadélica. Depois do clímax deste segmento, alcançado no álbum “Their Satanic Majesties Request”, do qual saem singles tão diferentes como o festivo e garrido “She’s a Rainbow”, o exploratório e ambiental “2.000 Light Years From Home” ou o sonhador “In Another Land” (com voz de Bill Wyman e o som de alguém a ressonar a dada altura), o percurso dos Stones é confrontado com uma etapa na qual a presença de Brian Jones se torna irregular, depois errática, acabando com o seu afastamento, que antecede a sua trágica morte, em 1969. O início desta etapa, que musicalmente assume novos azimutes, foi captada em filme por Jean-Luc Godard em “One Plus One” e escutou-se em “Beggars Banquet”, o último a contar com a presença criativa de Brian Jones, já que no seguinte “Let It Bleed” a sua passagem pelo estúdio é já pontual… Estes dois discos abrem contudo a fase mais marcante de toda a obra dos Rolling Stones, com continuidade direta em “Sticky Fingers” (com o novo guitarrista, Mick Taylor, em 1971) e, já fora do âmbito desta caixa, em “Exile On Main Street” (1972). Estes quatro álbuns, assentes num reencontro com as raízes dos blues e rhythm’n’blues dos primeiros tempos de vida da banda, acrescentando outras pistas (como por exemplo a country) que traduzem o acumular de novas vivências entretanto experimentadas e assimiladas, acabariam por fixar definitivamente o núcleo fulcral da linguagem rock’n’roll dos Rolling Stones.

É precisamente sobre este incrível acervo de memórias então fixadas a 45 rotações que incide a segunda caixa antológica de singles que, depois de um primeiro lançamento dedicado aos lançamentos entre 1963 e 1966 apresentado em 2023, eis que surge agora “7″ Singles 1966-1971” que, tal como a anterior, apresenta reproduções dos singles originalmente editados neste intervalo de tempo, replicando também as capas com que então chegaram às lojas de discos. O alinhamento recupera as edições britânicas originais de “Paint It Black/Long Long While” (1966), “Mother’s Little Helper/Lady Jane” (1966), “Have You Seen Your Mother, Baby, Standing In The Shadow?/Who’s Driving Your Plane” (1966), “Let’s Spend The Night Together/Ruby Tuesday” (1967), “We Love You/Dandelion” (1967), “She’s A Rainbow/2.000 Light Years From Home” (1967), “In Another Land/The Lantern” (1967), “Jumpin’ Jack Flash”/“Child Of The Moon” (1968), “Honky Tonk Women (mono mix)”/“You Can’t Always Get What You Want” (1969) e “Brown Sugar”/“Wild Horses” (1971), todas correspondendo a títulos lançados no intervalo 1966-71. A estes juntam-se “I Don’t Know Why (aka Don’t Know Why I Love You)”/“Try A Little Harder” (1975), “Out Of Time”/”Jiving Sister Fanny” (1975) e “Honky Tonk Women (stereo mix)”/“Sympathy For The Devil” (1976), de edição posterior mas com gravações desta fase. A caixa apresenta ainda o EP de 1971 “Street Fighting Man”, que inclui “Surprise Surprise” e “Everybody Needs Somebody To Love” e as edições norte-americanas “Paint It, Black”/“Stupid Girl” (1966) e “Street Fighting Man”/“No Expectations” (1968), acrescentando como extra o novo single “Sympathy For The Devil (The Neptunes Remix)”/”Sympathy For The Devil (Fat Boy Slim Remix)”. São ao todo 18 discos de sete polegadas, fabricados pela Third Man em Detroit, num pack conjunto que ainda apresenta um livro de 32 páginas com liner notes de Nigel Williamson e um set de reproduções de fotos da época.
“7″ Singles 1966-1971”, caixa de 18 singles em vinil, está disponível num lançamento UMC/Polydor.
Sem comentários:
Enviar um comentário