A voz que eu tenho
Vasco de Lima Couto / Julio Proença *fado esmeraldinha*
Repertório de Carlos do Carmo
A voz que eu tenho como pensamento
Veio de longe, devagar e triste
Veio rasando os areais de vento
Onde a palavra amor ainda existe
Respirou com o povo as madrugadas
Soube do mar e foi beber o mar
E gritou no silencio das estradas
A solidão que eu tenho p’ra vos dar
Cresce-me a voz nesta prisão do encanto
Com a amizade que me faz viver
E sem saber se me entendeis, eu canto
A presença do amor e a dor de o ter
A zanga do fado
Letra e música Daniel Gouveia
Repertório e José da Câmara c/João Ferreira Rosa
O fado chamou-me há pedaço
Puxou-me p’lo braço e desabafou
Disse: mas que treta é esta
Sou bombo de festa, já fado não sou
Pasmei... o fado chorava
Do lenço puxava, um soluço saiu
Queixou-se que o tratavam mal
Como coisa banal, depois prosseguiu
Estou farto de salas imensas
Com luzes intensas, um som que ensurdece
Cegam-me com projetores
Nos espectadores já ninguém me conhece
Que é feito dos velhos retiros
De bairro, tão giros, com fado a rigor?
Levaram-me para o coliseu
Um dia, sei eu, talvez p’ro Jamor
Rodeiam-me de microfones
Vendem-me aos camones como souvenir
Misturam-se com folclore
Harmónio, tambor, p’ra me consumir
Por mim, desde que nasci
Sempre obedeci a uma tradição
Agora, sinto-me esquecido
Roubado, traído, vendido ao balcão
Eu disse: oiça, Sr. Fado
Quem está do seu lado sempre o adorou
Mas diga a quem bem lhe quer
O que se há-de fazer… e o fado cantou
Pede a quem me anda cantando
Que não esqueça como eu era
Que me defenda estilando
Com brio, com raça, gingando
Como em tempos da Severa
Não esqueçam a minha Hermínia
A Berta e o Correeiro
Maria Teresa, a Ercília
A minha querida Lucília
E o grande Marceneiro
Respondi do mesmo tom
Juro-lhe do coração
Que apesar das coisas novas
Cantaremos suas trovas
Respeitando a tradição
Foi-se embora mais feliz
Com um sorriso aliviado
Virou-se além a acenar-me
Foi tão bom vir visitar-me
Até sempre, senhor fado
Adolescência perdida
António Rocha / Raúl Ferrão *fado carriche*
Repertório de António Rocha
Poema da minha vida
Sem velhice nem infância
Adolescência perdida
No mar da minha inconstância
Poema da minha vida
Fogo que perdeu a chama
Caminhada resumida
A sulcos feitos na lama
Sem velhice nem infância
Vão as verdades morrer
No limite da distância
Que há entre mim e o meu ser
Adolescência perdida
Em busca de mundo novo
E da paixão construída
Com gritos vindos do povo
No mar da minha inconstância
Naufraga a causa perdida
A que tu dás importância
Poema da minha vida;
Levas nas mãos amarradas
Vontades amordaçadas
Repertório de António Rocha
Poema da minha vida
Sem velhice nem infância
Adolescência perdida
No mar da minha inconstância
Poema da minha vida
Fogo que perdeu a chama
Caminhada resumida
A sulcos feitos na lama
Sem velhice nem infância
Vão as verdades morrer
No limite da distância
Que há entre mim e o meu ser
Adolescência perdida
Em busca de mundo novo
E da paixão construída
Com gritos vindos do povo
No mar da minha inconstância
Naufraga a causa perdida
A que tu dás importância
Poema da minha vida;
Levas nas mãos amarradas
Vontades amordaçadas
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