segunda-feira, 31 de março de 2025

Deep Purple – In Rock [1970]

 



Há males que vem para o bem. Essa interpretação é perfeitamente compreensível no que diz respeito à saída do vocalista Rod Evans e do baixista Nick Samper, que na verdade foram despedidos pelos integrantes remanescentes do Deep Purple após registrarem três discos: “Shades Of Deep Purple”“The Book Of Taliesyn” e o auto-intitulado. As coisas não iam muito bem para a banda, que estava sem gravadora e sem grana. A mudança na formação afundaria o conjunto ou o levaria ao estrelato. No fim das contas, a segunda opção era inevitável. Mas é uma proeza de poucos arriscar o que tem para ter a visão para essa “jogada”.

Os novos vocalista e baixista eram, respectivamente, Ian Gillan e Roger Glover. A aposta do guitarrista Ritchie Blackmore, do baterista Ian Paice e do tecladista Jon Lord nesses dois novos membros fora realizada justamente para dar mais peso ao som. E isso se reflete perfeitamente no primeiro disco gravado pela formação, “In Rock”.


As diferenças entre o novo álbum e seus antecessores se tornam ainda mais claras quando se compreende que não houve mais liderança na banda, como anteriormente era de Jon Lord. As inserções de Lord chegavam a sobrepor as guitarras do genioso Blackmore, algo inexplicável para aqueles que conhecem a excentricidade e o egocentrismo do guitarrista. De uma banda com um som classicamente sessentista, datado e com doses de psicodelia, o Deep Purple investiu em uma proposta pesada, bem arranjada, técnica e principalmente: alta.

É incrível pensar que o Purple soava tão afiado com menos de um ano de trabalho. A sensação passada durante a audição de “In Rock” é que o quinteto já trabalhava junto há anos, tamanho o entrosamento dos envolvidos. Não apenas pelas composições, que alternavam entre momentos calmos (Living Wreck), épicos (Child In Time), pesados (Bloodsucker) e rápidos (Speed King), como também pela performance: os riffs técnicos e os solos grandiosos de Ritchie Blackmore, o baixo visceral de Roger Glover, as linhas de bateria pra lá de habilidosas de Ian Paice, as camas de órgão Hammond originais de Jon Lord e os vocais invocados de Ian Gillan. Tudo soa perfeito.


O campo era propício para que o Deep Purple despontasse pelo velho continente – e despontou, mas de forma gradativa e relativamente tímida. Apesar do grande sucesso chegar apenas com o clássico “Machine Head”, lançado dois anos após, “In Rock” é responsável por ser um dos embriões do Heavy Metal. Excelente do começo ao fim.

01. Speed King
02. Bloodsucker
03. Child In Time
04. Flight Of The Rat
05. Into The Fire
06. Living Wreck
07. Hard Lovin' Man

Ian Gillan – vocal
Ritchie Blackmore – guitarra
Roger Glover – baixo
Ian Paice – bateria
Jon Lord – órgão



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