O Nome da Cidade
Caetano Veloso
Ôôôôôôô ê boi! ê bus!
Onde será que isso começa
A correnteza sem paragem
O viajar de uma viagem
A outra viagem que não cessa
Cheguei ao nome da cidade
Não à cidade mesma, espessa
Rio que não é rio: imagens
Essa cidade me atravessa
Ôôôôôôô ê boi! ê bus!
Será que tudo me interessa?
Cada coisa é demais e tantas
Quais eram minhas esperanças?
O que é ameaça e o que é promessa?
Ruas voando sobre ruas
Letras demais, tudo mentindo
O Redentor, que horror! Que lindo!
Meninos maus, mulheres nuas
Ôôôôôôô ê boi! ê bus!
A gente chega sem chegar
Não há meada, é só o fio
Será que pra meu próprio rio
Este rio é mais mar que o mar?
Ôôôôôôô ê boi! ê bus!
Sertão, sertão! ê mar!
Ó Paí, Ó
Caetano Veloso
Ó po sol como se põe
E cobre de cobre o mar
Ó o frevo que se compõe
Ó pa lá
Ó pa aqui, ó po meu olho
Ó pa eu te olhando me olhar
Encara a cara da vida
Ói sangue sobre a avenida
Ijexá.
Milhões e cada um é um
Milhões e cada um é só
Ó paí, ó paí, ó
Ó paí, ó
Ó paí, ó paí, ó
Ó paí, ó
Ó po jeito do Ilê
Ói preto no camarote
Ó pa a cobra dando o bote
Cordeiro de Oxumaré
Ói homem sendo mulher
Ó pa a igreja universal
Do guerrilheiro Muzenza
Ói que quenga
Ói que deusa veio do Rio
Saiu da televisão
Ó po poder do negão
Ó pa fila da PM
Ó pos meninos sem casa
Ó pos rapazes sem rua
Ó pa a modéstia da lua
Perdida atrás do farol
Ói que nó.
Ó paí, ó paí, ó
Ó paí, ó
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