As estrelas do seu bar local usam ácido para ganhar uma nova compreensão do tempo, estendendo suas músicas tradicionais aos confins do infinito, mantendo um senso de groove o tempo todo, porque neste mundo transitório, somente o que é eterno carrega algum significado.
UFO 2: Navegando entre tempestades estelares e blues cósmico
Quando a poeira da estreia ainda não tinha baixado, o UFO decidiu que era hora de ir mais longe. De cruzar a estratosfera rochosa e lançar-se sem paraquedas no mundo denso e caótico de Space Rock. Assim nasceu UFO 2 , um álbum que não pede licença nem dá explicações, apenas te agarra pelo pescoço e te joga em órbitas descontroladas em meio a atmosferas densas, efeitos inebriantes e riffs que soam como sinais de outro sistema solar.
Já na primeira audição percebe-se uma clara intenção de renovação. Há uma busca, um desejo de ir além, de experimentar novas formas e expandir sua performance sem abrir mão da força do hard rock que os define. Músicas como "Star Storm" e "Flying" se tornam exemplos vivos dessa ambição, peças onde a vertigem e a psicodelia se entrelaçam para oferecer uma experiência que transcende a simples canção: aqui falamos de viagens. De saltos interestelares. De catarse eletrificada. O resultado é um álbum com identidade própria, um corpo que vibra em outra frequência, mais alta, mais selvagem, mais cósmica. A voz de Phil Mogg se torna uma bússola e um grito xamânico, enquanto a guitarra de Mick Bolton corta as camadas do som com a ponta de um cometa. A banda não apenas toca, ela parece estar invocando. Cada efeito, cada eco, cada acorde prolongado tem a intenção de distorcer a realidade por um instante. E cara, ele consegue.
✦ Maturidade ou mutação? O segundo passo do disco voador
O que é apresentado aqui não é simplesmente uma continuação: é uma transfiguração. UFO 2 não só supera as expectativas do primeiro álbum; destrói-os e constrói um novo templo sônico sobre suas ruínas. A abordagem deles é versátil, como um navio que não tem medo de mudar de curso: há momentos de blues ofuscado pelas estrelas, outros em que o hard rock se veste de ácido e passagens em que o proto-metal nos saúda de um canto nebuloso. Está tudo lá. Tudo se funde.
O álbum soa como uma fórmula nova, mesmo em sua natureza desenfreada. É verdade que há passagens irregulares, momentos em que a performance parece oscilar como um satélite mal calibrado... mas mesmo aí, há beleza. Porque o que este álbum oferece é risco, e o risco — quando assumido honestamente e sem rede de segurança — sempre deixa sua marca. Alguns dirão que há excesso, que as jams são apenas fumaça e espelhos, que a proposta está transbordando pretensão. Mas não podemos esquecer que no coração da adoração muitas vezes bate o que é incompreendido. E UFO 2, para quem tem ouvidos com antenas alargadas, oferece uma experiência com “ciência”, com alma, com aquele gosto estranho que uma boa viagem deixa . Maturidade total? Ainda não. Decolagem gloriosa? Definitivamente. Este álbum não pousa: ele continua flutuando. Trabalho de culto? Bem, isso é com você, Starwalker. De minha parte, aprecio-o com toda a honra que merece.
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