sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Baoba Stereo Club + M. Takara – Baoba Stereo Club + M. Takara [EP] (2013)

 

O verão é a época por excelência do ser humano. É a época do riso, dos troncos nus camaleónicos, da cerveja – ou algo mais – ao fim da tarde. E é a época do amor fugaz, do beijo dado sem preocupações presentes e ressentimentos futuros. Desse verão poético e imaginativo faz-se a música dos Baoba Stereo Club, portento de fusão da linguagem jazz com tudo o que vier à rede, aqui auxiliados pelo multi-instrumentista Maurício Takara num EP reeditado em 2015 pela portuguesa A Traineira.

Baoba Stereo Club + M. Takara é fruta da época. No inverno, talvez os seus encantos não nos consigam seduzir; mas mal o nosso rosto sente a primeira aragem quente do ano eis que o EP serpenteia pela cóclea, transmite aquela sensação de alegria que só uma noite tórrida, por entre o amor e o ruído, consegue transmitir. É música que se dança, corpo a corpo, ou é música que se aprecia sentado em bares mais ou menos fumarentos. Eclético e multi-facetado e portador das mais diversas magias, como os bons discos devem ser.

O primeiro ato mágico não poderia ter melhor título: “Abre Caminho”. Porque é isso que o tema faz, através de um motif de piano repetido, ao qual se junta um maravilhoso – e turbulento – som de trompete, como que indicando a faca e o alguidar que se escondem nas vielas de Lisboa durante o Santo António. E isso também é estranho: os Baoba Stereo Club são oriundos de São Paulo. Não teriam como reinventar essa imagem de Lisboa. Mas fizeram-no… Até porque o jazz é uma linguagem universal e cada um vê nele o que bem entende.

É um disco curto para a qualidade que tem; apenas 20 minutos de deleite. Normalmente, dir-se-ia que não precisava de mais, mas a verdade é que esta música deveria ressoar como um verdadeiro amor de verão: durante três meses intensos e em que no final restassem as memórias bonitas e inapagáveis. Como assim não é, somos obrigados a rodá-lo duas, quatro, vinte vezes, deixando que a melancolia punk de “(Adeus) Fidel” e o passo apressado de “Para Moacir” marinem no goto até cansar. O que é impossível. Amar não cansa.


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