sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Deafheaven - Lonely People With Power (2025)

O Deafheaven sempre esteve um tanto distante da cena black metal que o originou, não apenas musicalmente, mas também espiritualmente. Na mente do verdadeiro purista do kvlt, seu som texturizado, inspirado no shoegaze, significa abertura de espírito em um gênero no qual o oposto costuma ser o objetivo.

Contudo, após uma guinada tímida para o dreampop etéreo em Infinite Granite (2021), os californianos deram outra guinada de 180 graus, a ponto de muitas faixas aqui lembrarem pioneiros escandinavos dos anos 90, como Darkthrone ou Enslaved, em sua intensidade. A feroz Doberman, um dos destaques do início do álbum, prepara o terreno com seus riffs de tremolo frenéticos e uma avalanche de blast beats.

Também retornam os vocais torturados e estridentes de George Clarke, que ele usa para transmitir poderosamente a tese central do disco: solidão, narcisismo e autopreservação influenciam a forma como pessoas poderosas, em todos os aspectos da vida, exercem poder. Como ele mesmo diz na faixa de destaque do álbum, Magnolia, "Eu me apropriei de tudo que era considerado mania suicida".

Até aqui, tudo bem metal. Mas o melodismo exuberante dos trabalhos anteriores ainda está presente, principalmente em faixas de desenvolvimento lento como Amethyst. Tudo o que o Deafheaven faz – as mudanças de acordes poderosas, as mudanças dinâmicas arrebatadoras – é voltado para envolver o ouvinte. Lonely People With Power é o álbum mais completo sonoramente da banda, provavelmente o mais pesado e possivelmente o melhor.

Ouça: Doberman, Magnolia, Revelator.


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