... o último álbum do Spirit, lançado apenas algumas semanas antes de sua morte prematura.
A música em si não é tão importante quanto o fato de que California finalmente parecia ter encontrado a paz após muitos anos de lutas pessoais e falta de reconhecimento por suas inspiradoras habilidades como compositor, e por sua incrível conexão com a guitarra. Este álbum demonstra a facilidade com que ele conseguia pegar uma guitarra e fazê-la cantar da maneira que quisesse. Se você tiver a oportunidade de assistir a alguma apresentação ao vivo do Spirit, verá que ele tocava quase sem esforço, mas conseguia criar solos que ainda impressionam e inspiram guitarristas hoje em dia. Suas letras idealistas parecem deslocadas hoje; aliás, elas já pareciam deslocadas quando ele escreveu muitas delas nos anos 80 e 90. Mas ele nunca foi escravo da moda, preferindo trilhar seu próprio caminho e deixar que o resto de nós o acompanhasse, ou não.
Este álbum reúne a maior parte da formação original da banda, com exceção de Jay Ferguson, que saiu há algum tempo. O DJ Steve "Liberty" Loria, do sul da Califórnia, assume o baixo, e Rachel Andes contribui com vocais belíssimos e viscerais. A banda demonstra a sua importância na comunidade musical com participações especiais do guitarrista do The Doors, Robby Krieger, e de Spencer Davis.
Como o título sugere, este é um disco predominantemente voltado para o blues, com uma mistura de composições originais de Randy e alguns clássicos do gênero, como "Gimme Some Lovin'", do Spencer Davis Group; "Crossroads", de Robert Johnson; e "Sugar Mama", de Howlin' Wolf, entre outros. O trabalho de guitarra de California é tão vibrante e preciso quanto tudo o que ele fez desde os primórdios do Spirit, confirmando que, apesar dos anos de dificuldades, ele não perdeu nada em termos de habilidade.
Os últimos vinte minutos, aproximadamente, apresentam uma coleção de gravações ao vivo dos primórdios da banda, evidenciando a forte influência do jazz trazida por John Locke e Ed Cassidy ao grupo. Há também um poema em homenagem a John Lennon, escrito por California após o brutal assassinato do músico. Tudo isso é um ótimo bônus para um álbum já substancial.
Não se trata de um clássico essencial que fãs de rock progressivo, jazz ou mesmo blues precisem ter em suas coleções. Mas é um belo retrato de um homem idealista, humilde e extremamente talentoso, que nos foi tirado quando ainda tinha muita música para produzir. Por isso, merece reconhecimento e certamente será bem-vindo na coleção de qualquer pessoa que ainda guarde um pouco do espírito hippie.
(Descanse em) paz Randy.
Álbum de estúdio, lançado em 1996.
Lista de músicas/faixas:
1. California Blues (3:48)
2. Look Over Yonder (2:35)
3. The River (4:22)
4. Call On Me (2:58)
5. Crossroads (5:46)
6. Song for Clyde (5:40)
7. Pawn Shop Blues (2:48)
8. Sugar Mama (3:18)
9. House [ao vivo] (6:12)
10. Gimme Some Lovin' (3:36)
11. We Believe (3:40)
12. One World/Like a Dog/Poem for John Lennon/Shoes Back On/Tell Everyone/Soundtrack For A Moth. [Ao vivo] (22:46)
Formação / Músicos
- Randy California / guitarra, vocais
- Ed Cassidy / bateria, percussão
- Matt Andes / guitarra slide
- Steve (Liberty) Loria / baixo
- Rachel Andes / vocais
- John Locke / teclados
+ Robby Krieger / guitarra em Sugar Mama
+ Spencer Davis / guitarra, vocais em Gimme Some Lovin'
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