domingo, 1 de junho de 2025
Beat Boys - Beat Boys (LP 1968)
Beat Boys - Abre, Sou Eu (Single 1968)
01 - Abre, Sou Eu (Billy Bond, versão Beat Boys)
02 - Canudinho (Bony Moronie)
Beat & Psychedelic Music In Czechoslovakia, V/A (1965-1972)
Recordando o álbum ''Existir'' dos Madredeus de 1990
Recordando o álbum ''Guitars From Nothing'' dos Dead Combo de 2007.
Recordando o álbum ''Não Me Sigas Na Calçada'' dos Terra Mar de 1991
Recordando o álbum ''Pedras Da Calçada'' do Paulo Gonzo de 1992.
Recordando os CD, Single, Promo de 1996, Se Eu Voltar, Se Eu Fosse Um Dia O Teu Olhar e É Difícil do Pedro Abrunhosa E Os Bandemónio, retirados do álbum ''Tempo''.
Future Islands – The Far Field (2017)

Três anos de depois da explosão mundial com Singles, os Future Islands fazem mais um grande disco, com a sua synth-pop de coração sempre na boca.
Os Future Islands, trio que desde Baltimore anda a fazer música há quase 15 anos, deu um pontapé na porta do mundo em 2014, com a edição do portentoso Singles. Esse disco vinha carregado de boas canções, mas o que fez a diferença foi a presença dos Future Islands no programa de David Letterman. A 3 de Março desse ano, a interpretação de “Seasons (Waiting on you)” tornou impossível que qualquer um dos milhões a ver o programa não se interrogasse: mas quem são estes gajos? Sobretudo quem é Samuel T. Herring, o vocalista maníaco que, do alto do seu vozeirão, dá tudo o que tem e não tem em palco?
A performance televisiva de Herring marcou definitivamente a subida de divisão dos Future Islands. As digressões tornaram-se intermináveis, as salas ficaram maiores, e Singles arrancou com mérito um lugar entre os melhores discos de 2014.
E agora? Depois de tantos anos de trabalho, de esforço, de dedicação, como se sucede ao disco que finalmente mudou tudo?
O resultado deste pós-estrelato é The Far Field, e na verdade nada mudou. A fórmula testada e bem sucedida dos Future Islands continua presente em toda a sua evidência: um baixo extraordinariamente pulsante, uma batida electrónica eficaz, sintetizadores transplantados dos anos 80. E, à frente e por cima disso tudo, a voz magnética, inescapável e incontornável de Herring.
O pano de fundo para este novo disco é exactamente um homem, mais do que uma banda, à procura do seu novo lugar no mundo, depois de aparentemente ter conseguido tudo aquilo que alguma vez desejara. Herring, o letrista pessoalíssimo, explicou à Mojo o sentimento, que deu origem a “Through the roses”. Guiava pelas montanhas Blue Rigde quando se interrogou: “bateu-me nesse momento, esta enorme sensação de solidão. Tinha atingido todos os meus objectivos mas tudo o que encontrei foi a mesma solidão”.
The Far Field é a crónica dessa solidão, desse desencanto, dessa inquietação que não vai embora porque vive sempre dentro de certas pessoas, de certa forma dentro de todos nós, mais ou menos à superfície.
Herring não esconde nada. As suas letras contam tudo, o desgosto amoroso (dois, na verdade, segundo conta, um mais recente e outro de uma vida inteira), a frustração, a desadequação, a solidão e a busca de algo que a minore.
Comparando com Singles, não há diferença de intensidade. Nem a voz impositiva de Herring o permitiria. O que há é talvez menos exuberância e mais amargura.
O que é extraordinário nos Future Islands é que conseguem fazer o aparentemente impossível. A sua música é synth-pop, assente em ritmo electrónico e sintetizador, tudo coisas que associamos normalmente a algo plástico, superficial. E a verdade é que, ouvindo The Far Field, não há aqui nada falso, nada postiço, nada de pose. Sentimos que cada palavra cantada por Herring é real, sentida e vivida, e isso faz toda a diferença. Mais, reclama do ouvinte um enorme respeito que nos conquista.
The Far Field são 12 contos, servidos como sempre por melodias contagiosas e energizantes. Esse é o outro segredo, no fundo muito pouco secreto: a capacidade de construir grandes canções com grandes refrões, que nos façam querer saltar, dançar ou esmurrar alguém. Essa é a maravilha da pop bem feita.
O nível do disco é bastante homogéneo (o único defeito, aliás, é a semelhança entre os temas e o nível de intensidade sem altos em baixos, praticamente sempre no máximo). Destacamos “Ran”, o fantástico primeiro single e apropriado cartão de visita para quem não conhecer o som destes rapazes; “Cave”, com o seu baixo pulsante e ambiente anos 80; e “North Star”, gingante e emocionante.
Um belo disco de uma grande banda, cuja voz merece ser ouvida.
Pharmakon – Contact (2017)

Pharmakon corporiza-se novamente em tensões que se excluem para lá do que é tangível e humanamente possível: restabelece-se à parte dos seus outros registos visceral e possante.
As manifestações artísticas de Margaret Chardiet – Pharmakon – extravasam para lá do que é expectável e esperado, causam-se à intolerância gratuita, reservando-se a um estado desviante no qual o negrume humano e a doença coexistem sincronicamente em par de uma frieza ruidosa em ritmos mecânicos e acidentados.
Pharmakon incita, através de um registo dicotómico no qual o corpo e a mente contrastam, à meta-realização de um sentido sonoro catabático. A transcendência é assumida em ritmos viscerais e desviantes, estruturando-se na plasticidade elástica da sua voz e na aspereza cirúrgica dos lances sonoros industriais. Corporiza-se no som em que se assume, adianta-se a uma terceira consciência sonora distanciada daquela em que se tem e da que é percepcionada. A empatia é procurada através de rudimentos ressonantes e orquestrações repetitivas de conjuntos de notas singulares: industrializa-se em ritmos histéricos e nevróticos.
Em Bestial Burden, lançado em 2014, estrutura-se em torno da aspereza ruidosa e na sua emancipação quase febril em arremessos que enegrecem e distorcem as fragilidades humanas. Antecede-lhe Abandon, lançado um ano antes, que se estabelece com base na repetição sonora – drone layers – que se permitem à resolução e exortação do seu sentido pessoal.
Presentemente, Contact instiga à cissão entre os dois hemisférios – corpo/mente -, dilacerando-os em torno de ritmos exasperantes e abrasivos, permitidos a uma segunda realização acima do som e do próprio sinal sonoro. Os compassos industriais causam-se a uma letargia de natureza indefinida, restam-se ao tímido silêncio pela impossibilidade sonora tangencial da convalescença: permitem-se ao restabelecimento da sanidade num estado intermédio entre tudo e tudo.
Através do distanciamento da experiência pessoal de Chardiet permite-se a emergência da verdadeira expressão empática entre sentidos vários libertos do dano e da pena. Os ritmos maquinais ajeitam-se aos sintagmas repetitivos, confundindo-os, sedando-os energicamente. A resolução faz-se por meio de um sinal exasperado entre gritos acutilantes e desconcertantes e a própria exortação física – qual expurgação – do entre-espaço percorrido entre a emancipação e a retracção.
Dramatiza-se na procura de significados cujo alcance não é imediato e instantâneo: a relação empática nunca se estabelece-se linearmente, antes, fragiliza-se e fustiga-se na alteridade para depois empunhá-la, apelando-a. A tensão é sintomática deste complexo psicológico de procura salvífica e testemunhal: a natureza sensível do material sonoro é distorcida.
Chardiet eleva-se persistentemente, reservando-se à perseverança ruidosa e sinestésica – proíbe-se a definhar: a morte e a apatia são a recondução de um estado febril. «We cannot transcend all of our instincts», mas, ainda assim, insiste, autoflagelando-se até que pela forte alternância entre os dois hemisférios humanos se livre do embuste, do enredo e da mentira e, com isso, se tenha purificada ante a sua própria existência.
Em Contact, Chardiet esgota a voz que lhe é própria, fustiga-a na aspereza viúva do sem-sentido humano. Em «Transmission» os gritos parcamente ouvidos apelam ao desespero, figuram-no. O álbum termina com «No Natural Order» que se assume distante e nervosa como um resemblance contestatário e de contra-prejuízo em causa própria e sem outra tutela que não a sua.
O delírio sónico é discordante, contrastante, áspero, ansioso e desvela o negrume existencial e a agudez das horas-mortas à parte dos corpos e formas orgânicas formuladas sobre juízos estéticos verticais definidos e categorizados.
O artwork apela à empatia: os dedos entrecruzados sobre o rosto vulnerável reproduzem-se entre as várias dimensões corpóreas do toque humano, incitam à dor e ao apego não-piedoso, mas humanamente discorrido em consciência. Esta representação pictórica anatómica revela as representações fantasmagóricas de natureza alegórico-metafórica do resgate que o ser humano faz de si mesmo. Comporta uma realidade não-conciliável, apenas visível que instruí através do carácter primitivo a que o ser humano se deve causar para se consumar na figura do outro.
Os movimentos intencionais distorcem e confundem, ressalvando da necessidade de auto-definição o sentido último de salvação da representação acústica do ritmo visceral – para lá de dentes e gengivas. Expõe-se à possibilidade de auto-engano, confronta-se solitária, assombra-se mediante a contemplação distanciada do estado doente em que se tem: transfere-se emocionalmente para a figura do outro, dele tornando-se cativa, imergindo-se repetitivamente por entre a carne, a cinza e os ossos humanos. Redime-se na procura pela definição: a ênfase recai sobre o estado límbico de idealização contrária do sentido salvífico – imerge-se numa prática oratória à parte, dessacraliza a figura inequívoca de deus, restando-se invariavelmente à íntima concretização do sexo humano fendido para lá dos dias maiores e dos sinais e lances de alcance variado.
Em «Nakedness of Need», música inaugural de Contact, dá-se um assalto à sensibilidade humana através de um desconcerto espaçado, mas, ainda assim, respirado entre ritmos electrónicos possantes e urros frugalmente clamados em causa e inquietação num timbre agudo e agoniado, a excitação deflagra-se: serve-lhe o corpo e a voz de interlúdio à convalescença.
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