quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Virgo - Virgo (2001)

 

Não, não, eles não são fãs de Milei, mesmo sendo virginianos. Agora, na nossa seção de bom rock brasileiro, vamos relembrar um trabalho refrescante e original, com influências ecléticas e diversas que se entrelaçam magistralmente em uma rica tapeçaria de êxtase sonoro que sempre soa elegante e possivelmente até exótico. Refiro-me à união de André Matos (Angra) com Sascha Paeth (um músico e compositor de metal alemão, que participou de vários projetos). Mas não se confunda, isso não é metal nem nada parecido. O álbum parece uma mistura de Marillion e Queen, com alguns toques de hard rock e a voz típica do metal, além de arranjos sinfônicos. A liberdade criativa, além de apresentar dois membros mais livres, também resultou em um álbum bastante eclético que abrange vários estilos. É rock puro, mas não espere nada próximo do power metal, só para esclarecer...

 

Artista: Virgem
Álbum: Virgo
Ano: 2001
Gênero: Crossover Prog
Duração: 49:24
Nacionalidade: Brasil / Alemanha



Esta semana estamos de volta com muita coisa do Brasil. Agora com algo que os fãs do grupo Angra certamente vão gostar , mas este projeto foi co-liderado pelo "Farinelli" André Matos (se você tiver alguma objeção ao apelido, lembro que o responsável é o nosso cabeçudo Luis).
E não estamos nos referindo a este Farinelli, precisamente; alguns de vocês devem se lembrar dele:


Esse é Farinello e (até onde eu sei) ele nunca cantou rock.

E às vezes, principalmente nas primeiras músicas do álbum, parece que o Sr. Matos está tendo seus testículos espremidos pelos gritos agudos (dos quais não gosto nem um pouco) entre tentar fazer o bigode de Freddie Mercury aparecer e, por outro lado, tentar cumprir o tipo de uivos tão típicos do estilo que ele geralmente incorpora.
 
Embora o comentário a seguir diga que a relação entre os dois músicos continua impecável, mesmo depois da mamúa no campo:
Desde os primeiros dias de André Matos no Angra, sabia-se da estreita amizade entre o renomado vocalista e tecladista brasileiro e o alemão Sascha Paeth, guitarrista do Heavens Gate e produtor, entre outras bandas, da banda italiana Rhapsody. Por vários motivos, a ideia então concebida de fazer um projeto juntos foi adiada até que, com a saída de Matos do Angra, a ideia em desenvolvimento começou a tomar forma. Assim, aos poucos, soube-se que a dupla Matos-Paeth estava trabalhando em um projeto bastante distante do Power Metal, com elementos de rock, pop e até mesmo influências da música americana dos anos 80 e até 70. Assim nasceu "Virgo", nome que surgiu porque ambos os músicos compartilham esse signo. Isso também coincide com o fato de que o símbolo do signo de Virgem forma as letras "MP", de "Matos-Paeth". Com as músicas já desenvolvidas, esta dupla receberia a colaboração de Miro nos teclados, Olaf Reitmeier no baixo e Robert Hunecke-Rizzo na bateria, para levar adiante este projeto musical que, repito, se afasta consideravelmente do metal, mas que mostra o talento composicional e executivo destes dois grandes músicos que, sem medo de explorar outras veias musicais, produziram um trabalho muito interessante, de grande qualidade, sensibilidade e frescor.
O álbum começa com "To Be...", uma faixa bastante variada que mistura nuances marcantes de violão com toques fantásticos de rock e até elementos que, como frequentemente acontece ao longo do álbum, remetem aos gênios imortais do rock clássico, a banda inglesa Queen. Um Matos incrível, como sempre, nos vocais, e uma orquestração linda e suave fazem desta faixa uma excelente obra. Segue-se "Crazy Me", uma faixa muito boa que combina de forma interessante elementos do hard rock com elementos do pop, passando para momentos fantásticos com corais gospel e até toques progressivos. O álbum continua com "Take Me Home", uma excelente faixa que, com uma base sugestivamente simples, exibe elementos melódicos simplesmente notáveis, um Matos incrível e uma atmosfera inegavelmente hipnotizante. O single do álbum, que tem até videoclipe, é uma divertida faixa chamada "Baby Doll", hard rock em sua essência mais pura, com incrustações pop muito interessantes e algumas mudanças de ritmo quase power metal que dão a esta faixa um toque diferente. O álbum continua com uma bela balada, "No Need To Have An Answer", que talvez seja um dos melhores exemplos da voz de Matos, e que possui elementos muito tocantes, como os fantásticos corais gospel e o belo final. A próxima faixa é "Discovery", uma música que irradia frescor (até começa com uma gaita), com um som bem americano e que tende a explorar uma veia inexplorada por muitos músicos, transformando uma música de construção simples em um produto com harmônicos brilhantes.
Este excelente trabalho continua com "Street To Babylon", uma faixa que, apesar de talvez marcar o ponto mais baixo do álbum, mantém um som bastante fresco, com influências pop muito agradáveis ​​e detalhes notáveis ​​no fundo, muito bem trabalhados sem cair em excessos. O álbum continua com "River", uma faixa com forte influência setentista que mistura momentos muito quentes com a guitarra de Paeth e o sólido Matos nos vocais com coros gospel (bem na linha de algumas músicas de Joe Cocker) e a intensidade e o frescor tão característicos deste trabalho. E para aqueles que, apesar da qualidade deste trabalho, ainda sentem falta de uma pequena dose de potência, há "Blowing Away", uma faixa muito fresca que rompe com a temática experimental do álbum, surpreendendo com uma pequena explosão de eletricidade que, apesar de não ser 100% power metal, agrada muito aos ouvidos sedentos por um pouco mais de guitarras e vocais potentes. À medida que nos aproximamos do final do álbum, encontramos "I Want You To Know", uma faixa de hard rock (muito na linha de "Readiness To Sacrifice", de Michael Kiske, mas muito melhor executada) que tem um som muito simples (quase como uma "fogueira"), e é justamente essa simplicidade, acompanhada de momentos brilhantes com a aparição de fantásticos corais gospel, que a torna uma faixa excelente. E o álbum conclui com uma faixa fantástica chamada "Fiction", que, com um ritmo que tem toques notáveis ​​de blues e Matos cantando de forma calorosa e relaxada, se torna um dos momentos mais altos deste trabalho.
É preciso dizer, como última consideração, que muitas vezes as experimentações musicais empreendidas por músicos que se tornaram conhecidos e fizeram nome no Power Metal — incluindo dois grandes nomes como Michael Kiske e Timo Tolkki, por exemplo — não têm sido inteiramente satisfatórias, não apenas para os fãs ávidos por um bom Power Metal e talvez com a mente menos aberta, mas também para muitos dos seguidores que sabem apreciar boa música mesmo que não seja o tipo de que mais gostam. Mas não é o caso. A qualidade composicional e a versatilidade tanto de André Matos quanto de Sascha Paeth não surpreendem, mas são dignas de grande reconhecimento. A qualidade deste trabalho pode não passar no teste dos seguidores mais ferrenhos tanto do Angra quanto do Heavens Gate, já que este álbum contém apenas 1% de Metal de verdade, mas certamente chamará a atenção daqueles que sempre esperam um pouco mais. E esse “algo a mais” está presente neste trabalho, o que pode ser a maneira de alguns fãs abrirem um pouco a mente para outros sons que, embora não sejam o Power que amamos, podem ser muito interessantes.
 


O álbum é muito bom, embora um tanto irregular; tem alguns momentos ótimos e outros um tanto tediosos. É um álbum descontraído e tranquilo, com boas músicas, fáceis de digerir e com um nível composicional considerável, com uma imaginação muito fértil aliada a uma habilidade técnica evidente. Eles acabam criando um álbum que quase qualquer um pode apreciar, dada a ampla gama de estilos que o compõe.
E vamos com o seguinte comentário de terceiros:
O álbum começa com "To Be", onde um violão clássico começa a tocar enquanto Matos canta delicadamente.
Depois de alguns segundos, os instrumentos elétricos parecem enriquecer um pouco mais a composição.
Os teclados criam uma almofada sonora onde os outros instrumentos se encaixam.
As melodias vocais são elegantes.
"Crazy Me" começa com guitarras um pouco mais pesadas e densas, embora durante a música a força da guitarra se disperse um pouco.
Os teclados não desaparecem completamente, embora neste corte tenham menos presença.
"Take Me Home" é uma das faixas mais elegantes do álbum, com belos teclados e uma base rítmica notável.
É uma música calma de andamento médio, mas executada vocalmente de uma forma extraordinária.
Tem o incentivo adicional de ter alguns refrões muito bons.
"Baby Doll" tem algumas melodias muito boas.
Nessa ocasião, Matos torna a voz um pouco mais rouca para dar um pouco mais de raiva à composição.
Os coros desempenham um papel importante.
"No Need to Have an Answer" é uma balada verdadeiramente linda, onde um piano e teclados fazem um trabalho formidável acompanhando a voz magistral de Matos.
Tem um bom coral gospel.
"Discovery" é talvez a música mais contagiante, graças a uma boa seção de instrumentos de sopro.
Os versos têm melodias vocais verdadeiramente sublimes.
"Street of Babylon" é outra das faixas de destaque do álbum.
Seu início calmo não tem nada a ver com o que encontraremos nos refrões melodiosos.
Ótima música.
"River" apresenta um refrão gospel extraordinário que acrescenta um colorido espetacular à composição já notável.
A voz delicada de Matos é infalível nesse tipo de música.
"Blowing Away" é a faixa mais poderosa do álbum, e este álbum tem músicas para praticamente todos os gostos.
As guitarras soam muito afiadas.
Os refrões são formidáveis.
"I want to you know" é uma peça elegante, sublime, colorida e muito cativante.
Os coros se destacam novamente.
A última faixa do álbum é "Fiction", uma ótima faixa de andamento médio com ótimos solos de guitarra lentos.
Em suma, "Virgo" é como uma paleta de cores, pois reúne músicas de diferentes estilos, com uma boa quantidade de nuances para descobrir e onde a voz de Matos é a protagonista absoluta.
Minha pontuação: 8
Sem dúvida, um álbum completamente desconhecido que vai surpreender a muitos... dois grandes músicos que gostam de se embebedar no campo e que também fazem bons discos.
 
 
 
 
Lista de faixas:
1. To Be
2. Crazy Me?
3. Take Me Home
4. Baby Doll
5. No Need To Have An Answer
6. Discovery
7. Street Of Babylon
8. River
9. Blowing Away
10. I Want You To Know
11. Fiction

Formação:
- Andre Matos / vocal
- Sascha Paeth / guitarra
- Olaf Reitmeier / baixo
- Miro / Hammond e teclados
- Robert Hunecke Rizzo / bateria
 


DGM - Endless (2024)

 

E partimos para a Itália, mas não exatamente com uma banda clássica italiana de progressivo, mas sim com a banda italiana de metal progressivo DGM, apresentando seu décimo primeiro álbum de estúdio: "Endless", que chega 4 anos depois do álbum anterior, misturando seu metal progressivo tradicional com sonoridades mais típicas do hard rock clássico, inclusive com uma leve referência ao som das flautas do Kansas e do Jethro Tull, inclusive com um toque de rock progressivo italiano (próximo ao Banco ou PFM). Um álbum conceitual sobre temas existenciais que inclui muitos momentos dinâmicos, muita polenta metálica misturada com seções acústicas, misturando rock progressivo clássico com partes de metal típicas do estilo do DGM. Uma hora de música interessante, recomendada especialmente para metaleiros de mente aberta e fãs de prog sem medo de barulho.

Artista:  DGM
Álbum:  Endless 
Ano:  2024
Gênero:  Metal Progressivo
Duração:  56:27
Referência:  Discogs
Nacionalidade:  Itália


"Endless" é um álbum conceitual que narra o mambo e as divagações de um homem para entender as decisões que moldaram sua vida de merda. Dessa forma, o álbum explora a eterna e estúpida questão: como seria a vida se ele tivesse seguido um caminho diferente? A primeira parte do álbum representa a autorreflexão do protagonista sobre sua situação atual, lidando como um louco com as decisões que o levaram aonde está e se perguntando sobre as vidas que não viveu, enquanto o personagem idiota imagina linhas do tempo alternativas baseadas em decisões hipotéticas, com angústia e arrependimento pelas oportunidades perdidas.

Mas todos nós já passamos por momentos de estupidez, nos questionando sobre os caminhos que não seguimos. Ao explorar a pluralidade de possibilidades, este álbum sabiamente incentiva o autoperdão e a plena consciência de que o caminho à frente é o melhor que poderíamos ter trilhado.

Vários instrumentos, como violinos, flautas e saxofones, estão presentes nas músicas, mas a banda mantém seu estilo contemporâneo e oferece um álbum maduro, divertido e altamente recomendado.

O DGM é uma banda italiana que mantém sua essência desde seus primeiros álbuns e sempre tem muito a oferecer, mesmo que as coisas não tenham ideias inovadoras ou ideias que vão além do conceito conhecido da banda, e todos os álbuns da banda são sólidos e com aquela essência Prog/Power Metal de antigamente que até hoje esses italianos conseguem continuar a empurrar muitas vezes sob sua própria maneira de interpretar esse estilo, então "Life" (2023) manteve essa ideia da banda, e graças a esse álbum foi possível conversar com um dos principais compositores da banda, Simone Mularoni. Que disse ao site que eles estão sempre trabalhando em novas produções, e graças a esse trabalho duro, "Endless" agora está disponível, quase um ano após o lançamento de seu último álbum, mas que, graças às palavras de Simone, este álbum é a segunda parte de seu álbum de 2023, mas a gravadora teve a ideia de dividi-lo em dois. O que teremos na continuação deste álbum? ... Bem, vamos ver.
Quando um álbum é lançado em dois anos diferentes devido a exigências da gravadora por vendas baixas ou à falta de uma maneira melhor de promovê-lo, pode ser desafiador, pois há dois pontos a serem considerados. O primeiro é que, como aconteceu com os álbuns "The Metal Opera" (2001) e "The Metal Opera Pt. II" (2002) do Avantasia, que foram gravados no mesmo ano, mas a pedido da gravadora, foram separados para melhor desenvolvimento promocional. Ambos os álbuns receberam aclamação da crítica, embora muitos se concentrem apenas na primeira parte e a segunda não tenha o mesmo impacto. Isso funcionou perfeitamente na época, porque não havia mídias sociais nem veículos de comunicação que mencionassem o álbum, e era preciso vasculhar revistas para descobrir o que havia acontecido. Então, desse ponto de vista, é interessante ter um para promovê-lo, mas temos a segunda maneira de encarar a questão, que pode afetar fortemente o ouvinte e como você pode entrar no álbum se não ouviu o primeiro e não consegue encontrar a sequência de ideias. A segunda é a que pesa bastante em "Endless", do DGM. Ela começa dentro do mesmo conceito de "Life" (2023), mas agora tem um toque mais hard rock e, aos poucos, o álbum parece mais frio.
Desde quando tudo começa com “Promises” e termina com “...Of Endless Echoes”, as três a quatro primeiras músicas do álbum são progressivas energéticas em muito mais maneiras, seu lado Power Metal é completamente descartado e, em vez disso, aos poucos, seu lado Hard Rock começa a predominar em sua música, algo muito interessante de ver, mas conforme o álbum continua sua jornada da quinta para a sexta música, ele começa a se acalmar nos sentimentos e se concentra muito em ideias mais calmas ou passivas, e parece aquela conexão de variedade musical que poderia ter sido encontrada se o álbum “Life” (2023) tivesse saído como um álbum duplo, porque é assim que os sentimentos funcionam, porque você ouve os dois álbuns seguidos e sente a conexão da música, mas estando em anos diferentes, este segundo álbum parece um álbum muito distante e os sentimentos se perdem muito, e as ideias não podem ser conectadas muito bem em um nível geral. Mas atenção, isso não tem nada a ver com as performances ou com o som de estúdio, porque este é muito alto em geral, e desde "Different Shapes" (2007), a banda sempre apresentou um trabalho de qualidade em termos de capa e som. Mas, como mencionado, desta vez o álbum parece solitário e frio quando você termina de ouvi-lo, e você avança as músicas para ver o que mais existe dentro daquele conceito, e aos poucos você se desanima com o álbum.
"Endless", do DGM, parece um álbum perdido, desprovido de qualquer conexão com o álbum anterior, mesmo que partam do mesmo conceito criativo, mas desta vez pesa muito o fato de o álbum ter sido lançado quase um ano depois.

Sercifer


Mas vamos parar com essa conversa fiada, você pode ouvir um pouco aqui.




E vamos encerrar com o próximo comentário e vamos para o álbum, e se você quiser mais análises, a internet está cheia delas, então você pode pesquisá-las no Google livremente.

A banda italiana DGM está de volta com "Endless", seu décimo segundo álbum de estúdio e o primeiro conceitual, que gira em torno da vida e das escolhas que fazemos nela. Abordei essa banda e seu último lançamento com ouvidos abertos e sem nunca tê-los ouvido antes. O que encontrei foi um álbum magnífico que soa antigo e novo ao mesmo tempo, pois mistura o rock progressivo dos anos setenta com o metal progressivo mais atual.
O resultado é muito interessante, com teclados com sonoridades bem vintage, mas combinados com guitarras de sonoridade muito mais moderna, tudo adornado com outros instrumentos menos convencionais, como flautas, saxofones e violinos. Isso nos oferece uma jornada musical fascinante, com músicas muito diversas. E é louvável, porque eles conseguem garantir que nenhuma das faixas do álbum soe igual à anterior, e que cada uma tenha sua própria personalidade sem sacrificar uma estrutura sonora coesa, o que torna o DGM perfeitamente reconhecível em todas elas.
Poderíamos dizer que, quando nos deparamos com uma peça mais poderosa, a banda não opta por fazer uma faixa genérica de power metal, mas sim por aproximá-la do seu próprio estilo. Com isso, mesmo quando nos lembram de outras bandas em algum momento, sempre o fazem diferenciando-se e trazendo-a para o seu próprio território.
No DGM, encontramos o guitarrista Simone Mularoni, um dos principais compositores. Também a bordo estão Mark Basile nos vocais, Emanuele Casali nos teclados, Andrea Arcangeli no baixo e Fabio Costantino na bateria. Todos eles têm tempo para brilhar em diversas ocasiões em um álbum cheio de puro virtuosismo, solos e ludicidade musical. Se você parar para ouvir atentamente cada faixa, notará que sempre há algo acontecendo nos bastidores, que há camadas com toques constantes de instrumentos que lhe dão muita cor. É uma torrente de som altamente embelezado, perfeito para ouvir repetidamente e descobrir novos detalhes. As guitarras e os teclados são especialmente proeminentes, com duelos em quase todas as faixas que comandam toda a atenção.
O álbum começa com "Promises", que em seus compassos iniciais soa como uma balada acústica, mas logo explode em uma torrente instrumental que ocupa o restante do tempo de execução, definindo o tom e a sonoridade de todo o álbum. Essa introdução é seguida por "The Great Unknown", que é tudo o que se espera da abertura de um álbum. Todos os instrumentos decolam com força, incluindo o violino elétrico, e tem um som vintage muito parecido com o Kansas, mas ao mesmo tempo poderoso e moderno. Há muito virtuosismo musical, com a voz de Basile particularmente brilhante, iniciando um verdadeiro recital de poder e sentimento que nos acompanhará ao longo desta jornada.
A próxima é "The Wake", que tem um início lento, criando uma atmosfera misteriosa, mas as teclas e a flauta logo assumem o controle, conferindo-lhe um som de puro metal progressivo dominado por riffs constantes de guitarra. Devo dizer que me lembrou bandas como Symphony X, mas sonoramente muito no estilo DGM. Em seguida, vem "Solitude", uma composição mais lenta que mistura versos suaves com violões, flauta e teclas dando o tom, mas que ganha vida com mais instrumentos, dando força ao refrão, destacando mais uma vez uma voz cheia de garra e paixão. Tudo com momentos muito progressivos, pausas, mudanças musicais e vários solos.
"From Ashes" é puro power metal progressivo desde o início, começando com potência e velocidade, com solos épicos de guitarra e teclado, e um refrão com refrões para cantar junto com os punhos no ar. E a próxima faixa é "Final Call", um hard rock mid-tempo, no qual encontramos uma grande quantidade de detalhes e embelezamentos, como dedilhados de guitarra aqui e ali. Possui refrões épicos, seções mais lentas com flautas adicionando atmosfera e muitas mudanças, como um momento mais lento no meio que torna a transição subsequente para uma mais poderosa e metálica mais eficaz, com longos solos de guitarra e teclado antes de retornar ao tema principal.
A jornada chega ao fim com "Blank Pages", que, desde as primeiras notas de um piano muito mais encorpado, você sabe que é a grande balada do álbum. E uma balada clássica, com versos suaves e um refrão para cantar junto, cheio de paixão e sentimento. É muito bonita, embora com menos virtuosismo do que nas peças anteriores. E o final vem com "...Of Endless Echoes" e seus 14 minutos, que não parecem longos graças à habilidade dos músicos. Os primeiros três minutos são suaves, então a música se lança em um andamento médio mais poderoso e elétrico, com um refrão um pouco mais lento, mas que realmente se desenvolve com muitos. Em seguida, a potência é intercalada com a lentidão dos solos, que eventualmente aumentam de intensidade, criando um final perfeito que une várias das paisagens sonoras que encontramos ao longo do caminho.
No final das contas, o DGM fez um excelente trabalho com um álbum muito sólido e agradável, e várias músicas que provavelmente acabarão adicionadas a uma de suas playlists pessoais se você for um amante do progressivo. Há algo para todos, desde fãs do prog de várias décadas atrás até o prog mais moderno que está sendo feito hoje. Tudo isso com a ousadia de adicionar instrumentos menos convencionais hoje, que conferem muita personalidade a essa mistura de décadas que esta banda oferece.

Yubal Fernández

 

Você pode ouvir no Spotify:
https://open.spotify.com/intl-es/album/4PTKodT1CFRJquNWhCa6Wf



Lista de faixas:
1. Promises
2. The Great Unknown
3. The Wake
4. Solitude
5. From Ashes
6. Final Call
7. Blank Pages
8. ...Of Endless Echoes

Formação:
- Simone Mularoni / Guitarras, teclados
- Marco Basile / Vocais
- Emanuele Casali / Teclados, flauta
- Fabio Costantino / Bateria
- Andrea Arcangeli / Baixo




Vanessa da Mata - Todas Elas (Deluxe) (2025)

 


Novo álbum de Vanessa da Mata com onze músicas autorais, com participação de João Gomes, Robert Glasper e Jota.pê, nas faixas “Demorou'' e Um Passeio Com Robert Glasper Pelo Brasil” e “Troco Tudo”, respectivamente. “Esse álbum poderia contar a história de várias mulheres. São várias mulheres dentro dele: mulheres que compõem a minha pessoa, as minhas facetas, os meus momentos, os momentos de grandes e boas ilusões e algumas desilusões”, define Vanessa. 

Faixas do álbum:
03. Eu Te Apoio em Sua Fé
04. Troco Tudo
05. É por Isso Que Eu Danço
07. Um Passeio Com Robert Glasper pelo Brasil
11. Demorou




Sandra De Sá - D'Sá (1993)

 


O disco de Sandra de Sá lançado em 1993, intitulado "D'Sá", foi um sucesso de público e crítica, com destaque para as canções "Free Lance" e "Depende de Você", ambas compostas por Sandra e Macau. Além dessas, o álbum trazia releituras de sucessos como "Você" (de Tim Maia), "Anjo Vaidoso" (de Jorge Ben Jor) e "No Morro Não Tem Play" (de Ivo Meirelles), além de um pout-pourri com clássicos de Luiz Gonzaga

Faixas do álbum:
01. Dou a Volta por Cima
02. Perdidamente Apaixonada
03. Eu Assumo Essa Paixão
04. Baião / O Xote das Meninas / Qui Nem Giló
05. Insensatez
06. Free Lance
07. Você
08. No Morro Não Tem Play
09. Nossa História
10. Momento de Emoção
11. Anjo Vaidoso
12. Dança Comigo
13. Desejo
14. Depende de Você



Ney Matogrosso - Pescador de Pérolas (Ao Vivo) (1987)

 


"Pescador de Pérolas" é um álbum ao vivo de Ney Matogrosso, lançado em 1987. O álbum foi gravado ao vivo e apresenta uma seleção de músicas da carreira do cantor, incluindo versões de clássicos como "O Mundo É Um Moinho" e "Mi Par D'Udir Ancora" (da ópera "Os Pescadores de Pérolas"). O álbum também inclui uma faixa chamada "A Lua Girou", onde o cantor explora uma sonoridade mais experimental. 

Faixas do álbum:
01. O Mundo é um Moinho (Ao Vivo)
02. Segredo (Ao Vivo)
03. Tristeza do Jeca (Ao Vivo)
04. Dora (Ao Vivo)
05. A Lua Girou (Ao Vivo)
06. Mi Par D' Udir Ancora (Ao Vivo)
07. Quem Sabe? (Ao Vivo)
08. Dos Cruces (Ao Vivo)
09. Alma Llanera (Ao Vivo)
10. Bésame Mucho (Ao Vivo)
11. Da Cor do Pecado (Ao Vivo)
12. Rio de Janeiro (Isto é o Meu Brasil) (Ao Vivo)
13. Aquarela do Brasil (Ao Vivo)




The Trip - The Trip (1970)

 


Sou abertamente um fã da banda italiana THE TRIP e sem dúvida é uma das mais importantes e essenciais da Itália e de todo o mundo. Essa banda deve e merece ser reverenciada e ser colocada em uma espécie de pedestal de referência no estilo. O The Trip, como muitas bandas na Itália na virada da década de 1960 para a de 1970 ainda respiravam o beat italiano, a sua versão para a música dançante psicodélica, lisérgica. 

O The Trip, no seu gênese, contava com músicos ingleses e, com o beat italiano em alta, a cena psicodélica daquele país, os membros fundadores Arvid "Wegg" Andersen, baixista e vocalista, Billy Gray, vocalista e guitarrista, além do baterista Ian Broad, partiram para a Itália para garantir um lugar ao sol. Foi também um jovem e promissor guitarrista, um cara chamado Ritchie Blackmore, isso em 1966. Essa história por aqui é tabu, beirando a lenda. 

The Trip

Em conversa com o grande Pino Sinnone, baterista italiano que viria a se integrar à banda quando a mesma se instalou em terras italianas, confirmou ao "Luz ao Rock Obscuro" que Ritchie fez parte da banda e fora com os demais músicos para a Itália, juntamente com Riki Maiocchi, que era vocalista do The Chameleons em 1966, e lá ficou por alguns meses, entre setembro e dezembro daquele ano. 

O motivo de Blackmore ter ficado pouco tempo e ter deixado o The Trip foi, segundo Sinnone, que o público não apreciava a música da banda à época e os proprietários das casas de shows não pagavam bem nas suas apresentações, então ele retornou à Inglaterra. Mas ainda segundo o baterista Pino Sinnone, Ritchie e os demais integrantes ingleses da banda adoravam espaguetes e ele, Pino, dava a comida para saciar a fome dos jovens músicos. Essa é que eu chamo de uma história pitoresca e interessante que vale registrar por aqui.


Andy "Weeg" Andersen, Ritchie Blackmore (meio) e Jim Evans

Mas logo o "tempero" italiano se juntou ao The Trip e a história começou a mudar, para melhor, para banda. Entra Joe Vescovi, residente de Savona, um exímio tecladista que seria representativo para a estrutura sonora da banda e a saída de Ian Broad da bateria para a entrada substancial de Pino Sinnone. A formação com Sinnone, Vescovi, Andy Wegg e Gray seria a primeira e histórica formação que gravaria o primeiro e grande álbum de 1970 do The Trip, simplesmente chamado "The Trip", alvo da minha resenha de hoje.



Bandas já surgiam aos montes na Itália e a maioria dessas que se consagraram e ajudaram a edificar o rock progressivo como Le Orme, Premiata Forneria Marconi, Banco del Mutuo Soccorso, entre outros, que gravaram seus primeiros álbuns ainda sobre as vestes da psicodelia e da música popular italiana e o progressivo ainda era uma música que prometia e que estava engatinhando. 

O The Trip também seguiu nessa onda, as cores do hipismo ainda era a tônica na Itália, tendo em seu debut, uma representatividade por trazer a psicodelia "Made in Inglaterra" com a sonoridade característica da música italiana, colocando este álbum em uma posição vanguardista para o rock progressivo italiano.

The Trip em uma apresentação nos seus primórdios 

Embora seja uma banda relativamente conhecida entre os amantes mais passionais do rock progressivo o primeiro álbum da banda é o menos conhecido e cultuado pelos seus fãs, deixando para os clássicos “Caronte” e “Atlantide” o protagonismo de sua história sonora. Contudo fui fisgado pelo underground progressista da sua estréia e me pus a ouvi-lo e consequentemente a escrever sobre ele. A catarse é garantida! 

Um álbum esquecido do The Trip, mas que proporciona satisfação e prazer ao ouvir pelo simples fato da qualidade e corroboração histórica que faço questão de enaltecer: O rock psicodélico é um dos pais do rock progressivo e o The Trip mostra com maestria essa passagem histórica assumindo a paternidade do movimento junto com outras tantas bandas consagradas como Pink Floyd, por exemplo, que com Syd Barrett mostrou o seu  lado lisérgico. 

Um disco transitório, o embrião do rock progressivo que nasceu e deu filhos robustos e saudáveis que  deleitamos como “Caronte” e “Atlantide”, por exemplo. Torna-se essencial a audição deste primeiro álbum do The Trip para conhecermos a história do rock progressivo no seu primórdio e, sobretudo a história da banda. A formação da banda em “The Trip” tinha: Billy Gray na guitarra e vocal, Joe Vescovi no órgão, vocais e arranjos, Arvid “Wegg” Andersen no baixo e vocal e Pino Sinnone na bateria e percussão, onde assinaram um contrato com a RCA em 1970 lançando seu tão esperado trabalho.

The Trip em estúdio (1970)

A faixa inaugural, “Prologo”, mostra um lado bem obscuro e experimentalista e muito lisérgico do The Trip com a predominância do bom e velho órgão, do teclado, do hammond, um símbolo do prog-psicodelismo. Uma bela música instrumental que floresce em uma explosão lisérgica, um acid rock com pitadas proto progressivas.

"Prologo"

“Incubi” mostra um vocal bem executado e competente que seria a tônica para os discos seguintes com destaque para o teclado e batida bem dançante e envolvente e solos viajantes de guitarra.

"Incubi"

“Visioni Dell'aldilа” segue no mesmo ritmo, com o talento de Joe Vescovi, saudoso, no teclado e o vocal embriagante e transcendental. É sem sombra de dúvida a mais psicodélica do álbum. 

"Visioni Dell'aldila"

“Riflessioni” é uma das melhores músicas do álbum, pois mostra com nitidez sonora a característica da música do The Trip com uma levada lenta e com um trabalho excelente de vocal e uma música totalmente progressiva, muito a frente daquele tempo. 

"Riflessioni"

“Una Pietra Colorata” fecha o álbum com chave de ouro com uma música mais para cima, mais pesada, com uma pegada pop, diria radiofônica, bem interessante. 

"Una Pietra Colorata"

Enfim, não é o clássico do The Trip, mas que desenhou a sua história e de toda uma cena progressiva marcando a transição entre o psicodélico e o prog rock e me arrisco a dizer que é o melhor álbum dessa fase da Itália. A música impressionística do The Trip, como era conhecida naquela época, tingiu, como uma obra de arte, a história da música progressiva italiana e a marcou para todo o sempre.

Agradecimento especial ao Pino Sinnone por ter colaborado pela construção dessa resenha. Grazie!





A banda:

Billy Gray na guitarra e vocal
Joe Vescovi no órgão, vocal e arranjos
Arvid "Wegg" Andersen no baixo e vocal
Pino Sinnone na bateria e percussão


Faixas:

1 - Prologo
2 - Incubi
3 - Visioni Dell'aldilà
4 - Riflessioni
5 - Una Pietra Colorata 



"The Trip" (1970)


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