
Não, não, eles não são fãs de Milei, mesmo sendo virginianos. Agora, na nossa seção de bom rock brasileiro, vamos relembrar um trabalho refrescante e original, com influências ecléticas e diversas que se entrelaçam magistralmente em uma rica tapeçaria de êxtase sonoro que sempre soa elegante e possivelmente até exótico. Refiro-me à união de André Matos (Angra) com Sascha Paeth (um músico e compositor de metal alemão, que participou de vários projetos). Mas não se confunda, isso não é metal nem nada parecido. O álbum parece uma mistura de Marillion e Queen, com alguns toques de hard rock e a voz típica do metal, além de arranjos sinfônicos. A liberdade criativa, além de apresentar dois membros mais livres, também resultou em um álbum bastante eclético que abrange vários estilos. É rock puro, mas não espere nada próximo do power metal, só para esclarecer...
Esta semana estamos de volta com muita coisa do Brasil. Agora com algo que os fãs do grupo Angra certamente vão gostar , mas este projeto foi co-liderado pelo "Farinelli" André Matos (se você tiver alguma objeção ao apelido, lembro que o responsável é o nosso cabeçudo Luis).
E não estamos nos referindo a este Farinelli, precisamente; alguns de vocês devem se lembrar dele:
Esse é Farinello e (até onde eu sei) ele nunca cantou rock.
Desde os primeiros dias de André Matos no Angra, sabia-se da estreita amizade entre o renomado vocalista e tecladista brasileiro e o alemão Sascha Paeth, guitarrista do Heavens Gate e produtor, entre outras bandas, da banda italiana Rhapsody. Por vários motivos, a ideia então concebida de fazer um projeto juntos foi adiada até que, com a saída de Matos do Angra, a ideia em desenvolvimento começou a tomar forma. Assim, aos poucos, soube-se que a dupla Matos-Paeth estava trabalhando em um projeto bastante distante do Power Metal, com elementos de rock, pop e até mesmo influências da música americana dos anos 80 e até 70. Assim nasceu "Virgo", nome que surgiu porque ambos os músicos compartilham esse signo. Isso também coincide com o fato de que o símbolo do signo de Virgem forma as letras "MP", de "Matos-Paeth". Com as músicas já desenvolvidas, esta dupla receberia a colaboração de Miro nos teclados, Olaf Reitmeier no baixo e Robert Hunecke-Rizzo na bateria, para levar adiante este projeto musical que, repito, se afasta consideravelmente do metal, mas que mostra o talento composicional e executivo destes dois grandes músicos que, sem medo de explorar outras veias musicais, produziram um trabalho muito interessante, de grande qualidade, sensibilidade e frescor.O álbum começa com "To Be...", uma faixa bastante variada que mistura nuances marcantes de violão com toques fantásticos de rock e até elementos que, como frequentemente acontece ao longo do álbum, remetem aos gênios imortais do rock clássico, a banda inglesa Queen. Um Matos incrível, como sempre, nos vocais, e uma orquestração linda e suave fazem desta faixa uma excelente obra. Segue-se "Crazy Me", uma faixa muito boa que combina de forma interessante elementos do hard rock com elementos do pop, passando para momentos fantásticos com corais gospel e até toques progressivos. O álbum continua com "Take Me Home", uma excelente faixa que, com uma base sugestivamente simples, exibe elementos melódicos simplesmente notáveis, um Matos incrível e uma atmosfera inegavelmente hipnotizante. O single do álbum, que tem até videoclipe, é uma divertida faixa chamada "Baby Doll", hard rock em sua essência mais pura, com incrustações pop muito interessantes e algumas mudanças de ritmo quase power metal que dão a esta faixa um toque diferente. O álbum continua com uma bela balada, "No Need To Have An Answer", que talvez seja um dos melhores exemplos da voz de Matos, e que possui elementos muito tocantes, como os fantásticos corais gospel e o belo final. A próxima faixa é "Discovery", uma música que irradia frescor (até começa com uma gaita), com um som bem americano e que tende a explorar uma veia inexplorada por muitos músicos, transformando uma música de construção simples em um produto com harmônicos brilhantes.Este excelente trabalho continua com "Street To Babylon", uma faixa que, apesar de talvez marcar o ponto mais baixo do álbum, mantém um som bastante fresco, com influências pop muito agradáveis e detalhes notáveis no fundo, muito bem trabalhados sem cair em excessos. O álbum continua com "River", uma faixa com forte influência setentista que mistura momentos muito quentes com a guitarra de Paeth e o sólido Matos nos vocais com coros gospel (bem na linha de algumas músicas de Joe Cocker) e a intensidade e o frescor tão característicos deste trabalho. E para aqueles que, apesar da qualidade deste trabalho, ainda sentem falta de uma pequena dose de potência, há "Blowing Away", uma faixa muito fresca que rompe com a temática experimental do álbum, surpreendendo com uma pequena explosão de eletricidade que, apesar de não ser 100% power metal, agrada muito aos ouvidos sedentos por um pouco mais de guitarras e vocais potentes. À medida que nos aproximamos do final do álbum, encontramos "I Want You To Know", uma faixa de hard rock (muito na linha de "Readiness To Sacrifice", de Michael Kiske, mas muito melhor executada) que tem um som muito simples (quase como uma "fogueira"), e é justamente essa simplicidade, acompanhada de momentos brilhantes com a aparição de fantásticos corais gospel, que a torna uma faixa excelente. E o álbum conclui com uma faixa fantástica chamada "Fiction", que, com um ritmo que tem toques notáveis de blues e Matos cantando de forma calorosa e relaxada, se torna um dos momentos mais altos deste trabalho.É preciso dizer, como última consideração, que muitas vezes as experimentações musicais empreendidas por músicos que se tornaram conhecidos e fizeram nome no Power Metal — incluindo dois grandes nomes como Michael Kiske e Timo Tolkki, por exemplo — não têm sido inteiramente satisfatórias, não apenas para os fãs ávidos por um bom Power Metal e talvez com a mente menos aberta, mas também para muitos dos seguidores que sabem apreciar boa música mesmo que não seja o tipo de que mais gostam. Mas não é o caso. A qualidade composicional e a versatilidade tanto de André Matos quanto de Sascha Paeth não surpreendem, mas são dignas de grande reconhecimento. A qualidade deste trabalho pode não passar no teste dos seguidores mais ferrenhos tanto do Angra quanto do Heavens Gate, já que este álbum contém apenas 1% de Metal de verdade, mas certamente chamará a atenção daqueles que sempre esperam um pouco mais. E esse “algo a mais” está presente neste trabalho, o que pode ser a maneira de alguns fãs abrirem um pouco a mente para outros sons que, embora não sejam o Power que amamos, podem ser muito interessantes.
O álbum começa com "To Be", onde um violão clássico começa a tocar enquanto Matos canta delicadamente.Depois de alguns segundos, os instrumentos elétricos parecem enriquecer um pouco mais a composição.Os teclados criam uma almofada sonora onde os outros instrumentos se encaixam.As melodias vocais são elegantes."Crazy Me" começa com guitarras um pouco mais pesadas e densas, embora durante a música a força da guitarra se disperse um pouco.Os teclados não desaparecem completamente, embora neste corte tenham menos presença."Take Me Home" é uma das faixas mais elegantes do álbum, com belos teclados e uma base rítmica notável.É uma música calma de andamento médio, mas executada vocalmente de uma forma extraordinária.Tem o incentivo adicional de ter alguns refrões muito bons."Baby Doll" tem algumas melodias muito boas.Nessa ocasião, Matos torna a voz um pouco mais rouca para dar um pouco mais de raiva à composição.Os coros desempenham um papel importante."No Need to Have an Answer" é uma balada verdadeiramente linda, onde um piano e teclados fazem um trabalho formidável acompanhando a voz magistral de Matos.Tem um bom coral gospel."Discovery" é talvez a música mais contagiante, graças a uma boa seção de instrumentos de sopro.Os versos têm melodias vocais verdadeiramente sublimes."Street of Babylon" é outra das faixas de destaque do álbum.Seu início calmo não tem nada a ver com o que encontraremos nos refrões melodiosos.Ótima música."River" apresenta um refrão gospel extraordinário que acrescenta um colorido espetacular à composição já notável.A voz delicada de Matos é infalível nesse tipo de música."Blowing Away" é a faixa mais poderosa do álbum, e este álbum tem músicas para praticamente todos os gostos.As guitarras soam muito afiadas.Os refrões são formidáveis."I want to you know" é uma peça elegante, sublime, colorida e muito cativante.Os coros se destacam novamente.A última faixa do álbum é "Fiction", uma ótima faixa de andamento médio com ótimos solos de guitarra lentos.Em suma, "Virgo" é como uma paleta de cores, pois reúne músicas de diferentes estilos, com uma boa quantidade de nuances para descobrir e onde a voz de Matos é a protagonista absoluta.Minha pontuação: 8
1. To Be
2. Crazy Me?
3. Take Me Home
4. Baby Doll
5. No Need To Have An Answer
6. Discovery
7. Street Of Babylon
8. River
9. Blowing Away
10. I Want You To Know
11. Fiction
- Andre Matos / vocal
- Sascha Paeth / guitarra
- Olaf Reitmeier / baixo
- Miro / Hammond e teclados
- Robert Hunecke Rizzo / bateria

Sem comentários:
Enviar um comentário