domingo, 2 de novembro de 2025

BIOGRAFIA DE Arthur Brown

 

Arthur Brown

Arthur Brown (nascido Arthur Wilton Brown em Whitby, 24 de junho de 1942)[4] é músico inglês de rock, conhecido pelo seu estilo extravagante de performance teatral, pelo estilo de seu vocal grave e significante influência em outros músicos como Alice Cooper,[5] Peter Gabriel,[6] Marilyn MansonGeorge Clinton,[7] KissKing Diamond e Bruce Dickinson,[8] entre outros.

História

Após se formar no ensino médio pela Roundhay Grammar School em LeedsYorkshire, Brown estudou na Universidade de Londres e na Universidade de Reading[9] tendo estudado Filosofia e Direito, mas acabou abandonando a graduação para se dedicar à música, formando sua primeira banda, Blues and Brown, enquanto estudava em Reading.[9] Após ser vocalista de inúmeras bandas em Londres, Brown mudou-se para Paris em 1966, onde ele trabalhou suas habilidades teatrais.[9] Durante esse período, ele gravou duas canções para o filme do cineasta Roger Vadim, baseado na novela de Émile ZolaLa Curée.[9] Retornando a Londres entre 1966 e 1967 ele tornou-se membro temporário de uma banda londrina de soul music/ska chamado The Ramong Sound.

The Crazy World of Arthur Brown

Em 1967, Brown formou sua própria banda, The Crazy World of Arthur Brown.[10] A banda incluia Vincent Crane (órgão e piano), Drachen Theaker (bateria), e Nick Greenwood (baixo).

Brown rapidamente ganhou reputação pelas performances chocantes, que incluía o uso de um capacete de metal que pegava fogo, que o levou a acidentes ocasionais, como por exemplo durante sua rápida apresentação no Windsor Festival em 1967, onde ele usava uma peneira na cabeça embebida em metanol. O combustível derramado sobre sua cabeça por acidente, fez a peneira pegar fogo, mas dois espectadores apagaram as chamas, derramando cerveja sobre a cabeça de Brown, evitando qualquer lesão grave.[11] A cabeça em chamas se tornou a marca pessoal de Arthur Brown.

Ocasionalmente, ele também se despe durante as performances, mais notadamente na Itália, onde ficou nu após ter tido fogo nos cabelos, sendo preso e deportado.[12] Ele também usava maquiagens pesadas extremas ao vivo, que mais adiante influenciou bandas como Alice CooperKiss e Marilyn Manson.

Em 1968, seu álbum de estréia, The Crazy World of Arthur Brown tornou-se um hit em ambos os lados do Atlântico. Produzido pelo empresário do The Who Kit Lambert, e com produção executiva de Pete Townshend pela Track Records, o selo começou por Lambert e Chris Stamp, que lançaram também o hit single, "Fire", e continha uma cover para "I Put a Spell on You" de Screaming Jay Hawkins, outro similar showman bizarro. "Fire" vendeu mais de um milhão de cópias, ganhando o disco de ouro.[13] A canção começava com a seguinte frase dita por Brown: "Eu sou o deus do fogo dos infernos e trouxe para você..." Foi sampleado por inúmeros, mais notavelmente pelo hino de rave do The Prodigy, "Fire".

As performances incendiárias de Arthur Brown às vezes causavam problemas, tendo sido dispensando de continuar a turnê com Jimi Hendrix. Em uma turnê, Brown esperava até o pôr do sol, quando sua banda tocaria, e para isso ele tinha um guincho para baixá-lo ao meio do palco por cima, vestindo um terno e um capacete de metal. Partes do traje foram completamente acesos com fluido de isqueiro e foguetes. No devido tempo, Brown criou uma percepção de que ele estava prestes a incendiar o palco, levando alguns organizadores dos concertos a exigir que ele depositasse uma quantia a eles, se não pudesse provar que estava adequadamente seguro contra incêndio incontrolável e danos pelo fogo.

Theaker foi substituído por causa de sua aerofobia em 1968 pelo baterista Carl Palmer (mais tarde baterista do Atomic Rooster e Emerson, Lake & Palmer), para a segunda turnê americana da banda em 1969, com o tecladista Vincent Crane (também canhoto) - mas que retornou logo.[9] Entretanto, Crane e Palmer saíram em junho de 1969 para formar o Atomic Rooster, resultando no fim do Crazy World of Arthur Brown.[9]

Kingdom Come

Desde então, Brown nunca mais gravou uma música que fosse comercialmente de sucesso como "Fire". Ele lançou mais três álbuns com sua nova banda Kingdom Come no começo dos anos 1970.[9][14] Os discos do Kingdom Come eram uma mistura selvagem de rock progressivo e demências teatrais nos shows ao vivo, que causaram algumas controvérsias, como quando Brown simulou uma crucificação com seringas hipodérmicas. O terceiro e último disco do Kingdom Come, Journey (1973), é notável por ser um dos primeiros (isso se não o primeiro) álbuns de rock com uma bateria eletrônica, especialmente na faixa "Time Captives".[12]

Associação com o Hawkwind

Brown tinha um bom número de associações com o Hawkwind. Em 1973, ele era um dos vocalistas quando Robert Calvert estava gravando o álbum Captain Lockheed and the Starfighters, junto com vários membros do Hawkwind.

Em 2001 e 2002, Brown fez várias participações nos concertos do Hawkwind, subsequentemente tendo-o como vocalista da banda. Na Turnê de dezembro de 2002, o Hawkwind tocou várias canções do Kingdom Come com Brown nos vocais.

Brown também fez os vocais em duas faixas do disco do Hawkwind, Take Me to Your Leader, lançado em 2005. Uma delas era a palavra-falada "A Letter to Robert", onde Brown traz uma conversa com Robert Calvert. Brown continuou em associação com o Hawkwind, durante a turnê do quadragésimo aniversário no Reino Unido em 2009.

Outros Trabalhos

Nos anos seguintes, Brown lançou vários álbuns solo e também contribuiu com vocais para a canção "The Tell-Tale Heart", que fazia parte do álbum conceitual Tales of Mystery and Imagination do The Alan Parsons Project, baseado na obra de Edgar Allan Poe. Em 1975 ele teve uma pequena, mas importante participação no filme Tommy, baseado na opera rock da banda The Who, como "O Padre".[9] Durante 1977, ele saiu em turnê com o ex- baterista do Tangerine DreamKlaus Schulze, (pode ser ouvido no disco ao vivo ...Live...), enquanto erm 1979, Brown fez os vocais no álbum de Schulze, Dune.

Nos anos 1980, Brown mudou-se para AustinTexas, e obteve o mestrado em Direito. Em 17 de janeiro de 1987, Brown performou "Fire" em "Flashback", bloco de um programa de televisão chamado Solid Gold.[15] Junto com o ex-membro do Mothers Of Invention de Frank Zappa, o baterista Jimmy Carl Black (também trabalhou como pintor e carpinteiro por um tempo)[9] e lançaram um álbum de estúdio intitulado Brown, Black & Blue, em 1988.

Arthur Brown tocando no Wickerman Festival, 2005

Durante meados dos anos 1990, Brown e seu colega de advocacia Jim Maxwell, fundaram a Healing Songs Therapy, um serviço exclusivo que culmina com Brown criar uma canção para cada cliente sobre seus problemas emocionais.[16]

Brown voltou a Inglaterra em 1996. Em 1997, ele regravou "Fire" com a banda alemã Die Krupps. Em 1998, ele fez uma performance de palavra falada no álbum de Bruce DickinsonThe Chemical Wedding, lendo uma porção de três poemas de William Blake, atuando como Satanás no videoclipe de Bruce Dickinson, "Killing Floor". Ele também apareceu na TV, como convidado da banda Kula Shaker na música "Mystical Machine Gun" em 1999.

Em 2003 sua novas bandas eram o "Giant Pocket Orchestra", e também o "Instant Flight". Em meio disso, ele lançou Vampire Suite (2003), um álbum com Josh Philips and Mark Brzezicki da banda Big Country, lançado pelo selo de Ian Grant, Track Records. Nesse mesmo tempo, Brown teve toda sua discografia relançada pela Sanctuary Records.

Brown reuniu os membros sobreviventes do Kingdom Come (exceto Des Fisher) em 2005, para um único concerto no The Astoria em Londres, performando material do Kingdom Come. Esse show fez com que Brown ganhasse o 'Showman of the Year', prêmio da revista Classic Rock.

Em agosto de 2007, durante um concerto em LewesSussex, Brown colocou fogo em seu próprio cabelo. Tentando apagar as chamas, Phil Rhodes, um membro da banda também pegou fogo. Brown continuou após o fogo foi apagado, ele tinha entretanto perdido alguns pedaços de mechas de cabelo.[17]

Ele atuou como um padre no videoclipe do The Darkness, "Is It Just Me?"

Em 2010, Brown tocou no Glastonbury Festival, e também tocou no Lounge On The Farm (com Lucie Rejchrtova nos teclados). Em 10 de junho de 2011, dias antes de seu aniversário de 69 anos, ele tocou com Ray Davies Meltdown Festival no Queen Elizabeth Hall, Londres. Seis semanas depois, novamente em Londres, tocou no High Voltage Festival; o show foi gravado e lançado (apenas em LP) como The Crazy World of Arthur Brown Live At High Voltage.

Em 2012, Brown e Rick Patten lançaram The Magic Hat, ao lado de uma história em quadrinhos de mesmo título por Matt Howarth - uma curiosa cross-dimensional aventura facilitada por um chapéu em chamas.

Discografia Selecionada

Álbuns de Estúdio

  • 1968 – The Crazy World of Arthur Brown (com o The Crazy World of Arthur Brown)
  • 1971 – Galactic Zoo Dossier (com o Kingdom Come)
  • 1972 – Kingdom Come (com o Kingdom Come)
  • 1973 – Journey (com o Kingdom Come)
  • 1975 – Dance
  • 1977 – Chisholm in My Bosom
  • 1979 – Faster Than the Speed of Light (com Vincent Crane)
  • 1981 – Speak No Tech (re-lançado por Craig Leon em 1984 como The Complete Tapes of Atoya)
  • 1982 – Requiem
  • 1988 – Brown, Black & Blue (com Jimmy Carl Black)
  • 1989 – Strangelands (gravado em 1969) (com o The Crazy World of Arthur Brown)
  • 2000 – Tantric Lover (com o The Crazy World of Arthur Brown)
  • 2003 – Vampire Suite (com o The Crazy World of Arthur Brown)
  • 2007 – The Voice of Love
  • 2012 – The Magic Hat (com Rick Patten; edição limitada de 200 cópias; acompanhando a HQ The Magic Hat por Matt Howarth

Álbuns Ao Vivo

  • 1993 – Order From Chaos (com o The Crazy World of Arthur Brown)
  • 1994 – Jam (gravado em 1970) (com o Kingdom Come)
  • 2002 – The Legboot Album - Arthur Brown on Tour
  • 2011 – The Crazy World of Arthur Brown Live at High Voltage (apenas em vinil, edição limitada de 1000 cópias)

Compilações

  • 1976 – Lost Ears (com o Kingdom Come)
  • 2003 – Fire - The Story of Arthur Brown

Trilha Sonora (Contribuição)n

  • 1966 – The Game Is Over (duas canções)

Outras Contribuições




Worldengine - Dark Matters (2013)

 

Estamos finalizando nossa seleção de ótimos álbuns de rock brasileiro desta semana, e agora vamos falar de uma mistura de rock progressivo, rock alternativo e pós-rock. O álbum conta com a participação de Bruce Soord, líder, vocalista e guitarrista do The Pineapple Thief, em uma das faixas — só isso já deve dar uma ideia do que se trata. Uma peculiaridade deste trabalho, no entanto, é a completa ausência de informações sobre o álbum ou o projeto. Ele foi até removido do Bandcamp e do Spotify. Talvez estejam enfrentando problemas legais? Então, não só não posso mostrar nada, como também não posso fornecer informações detalhadas. De resto, as músicas são cantadas em inglês, como muitos lançamentos brasileiros atuais, embora este já tenha 12 anos. O resultado são ecos do The Pineapple Thief levados a um nível mais lento e sombrio, criando um bom álbum que convido vocês a descobrirem neste breve e direto post.

Artista:  Worldengine
Álbum:  Dark Matters
Ano:  2013
Gênero:  Rock Progressivo / Rock Alternativo / Pós-Rock
Duração:  45:20
Referência:  Rate Your Music
Nacionalidade:  Brasil


"Dark Matters" é o título do álbum da banda brasileira de rock progressivo Worldengine . Este álbum foi lançado em 2013 e contém sete músicas, incluindo "The Absolute Truth" (com participação de Bruce Soord). Apresenta vocais femininos, instrumentação moderna e de boa qualidade, e uma produção excelente em nível internacional. Isso é tudo que posso dizer. Eu diria que se você gosta de Pineapple Thief, definitivamente deveria conferir este álbum.

Quem sabe quantas coisas se perderam no tempo na história da boa música latino-americana, sejam de qualidade ou não, mas em todo caso obras perdidas que são muito difíceis de encontrar, principalmente porque desconhecemos sua existência.

E aqui temos uma delas, resgatada por nós antes que se perdesse para sempre, e que agora qualquer pessoa que desejar pode ouvir.

Você não encontrará nenhuma referência a isso online ou no Spotify, mas pelo menos existe um blog dedicado a resgatar essas obras; você pode decidir depois se gosta delas, isso já é outra história.

Nem sequer temos informações concretas sobre a formação da banda para este álbum, imagine... é tudo o que temos.


Lista de faixas:
1. The Absolute Truth 
2. 12th 
3. The Idiot 
4. Aurora Balloons 
5. The Visitor 
6. An Outsider 
7. In a Slightly Darker Shade... 
8. What Am I Missing Today 

Formação:
Valmor Pedretti Jr., Cristiana Camboim, Lilac Harel, Soumya Sen, Frank Heim, Brenno Di Napoli, Paul Schereier, Christian Mann, Vinícius Möller, Roar Brattas, Andrio Maquenzi, Alex Wilmer, Russell Lee


Juana Molina y Alejandro Franov - A & B (2003)

 

Finalmente temos um álbum experimental e ambiente que muitos de vocês vêm pedindo há algum tempo. Folktrônica, Indietrônica, Neo-Psicodelia? É Ambient Pop, de Juana Molina e Alejandro Franov, ambos já apresentados aqui no blog há algum tempo. Apresentamos aqui um dos álbuns que eles lançaram juntos — e foram vários. Lançado em uma primeira edição de apenas 500 cópias, e creio que nunca foi relançado, aqui está mais uma raridade... e a todos que pediram por ele, minhas desculpas. Está atrasado, mas finalmente chegou!

Artistas: Juana Molina e Alejandro Franov
Álbum: A & B
Ano: 2003
Gênero: Experimental / Indietronica / Ambient / Folk
Duração: 43:21
Nacionalidade: Argentina


Juana Molina é uma cantora, compositora e atriz argentina que, após uma carreira de sucesso na televisão, gravou seu primeiro álbum, intitulado "Rara", em 1996. Seguiram-se mais cinco álbuns, além de algumas colaborações com Alejandro Franov.


Sua música é caracterizada por uma mistura de elementos folk e eletrônicos. David Byrne, ex-vocalista do Talking Heads , ajudou em sua carreira ao convidá-la para fazer turnê como ato de abertura de seus shows.
A e B é uma joia perdida na discografia de Juana Molina. Uma espécie de colaboração com o multi-instrumentista Alejandro Franov. A primeira parte deste material é concebida como uma continuação lógica do terceiro álbum de Juana, Tres Cosas (2002). Seis canções que seguem o caminho traçado em seus trabalhos anteriores, letras simples próximas ao cotidiano, cantadas sutilmente, em meio a sussurros e distorções, acompanhadas por batidas e toques acústicos que beiram o minimalismo.
Se este álbum for apreciado sob essa perspectiva, esta primeira parte agradará aos familiarizados com a música desta artista argentina, mas não chega a se tornar cativante ou memorável como Sálvese quien pueda ou Tres cosas; em vez disso, nos deparamos com lados B, sobras de sua produção anterior. É somente em Kortz e Rusos que o potencial deste álbum começa a se revelar.
Comparações entre Juana e artistas como Björk sempre foram comuns, embora Juana possua um som próprio e distinto. Tratava-se simplesmente de encontrar um terreno comum para superar a diferença entre suas abordagens. Kortz parece ser a resposta de Molina à grandiosa estreia do artista islandês. Mais especificamente, a canção Aeroplane parece ser reinventada nesta faixa, onde Juana canta em russo.
Se as faixas anteriores apenas me satisfizeram, estas duas canções realmente despertaram minhas emoções e me fizeram sorrir. Felizmente, elas são apenas o prelúdio para a segunda parte com Franov, um período de intensa experimentação e obscuridade; aqui estão o que eu chamaria de momentos mais sombrios e misteriosos de uma Juana que sempre foi eloquente e direta.
Após essas magníficas peças, Oberturando e Radar anunciam a continuação experimental e lógica do álbum. Uma paisagem sonora indecifrável que brinca com ritmos e estruturas ao longo de sete minutos, tornando-se uma experiência verdadeiramente imersiva. Río Primero é uma faixa mais animada com letras convencionais e efeitos estéreo, uma passagem vibrante com sutis influências folclóricas, características de Franov.
A segunda parte, como podem ver, é conduzida pelos temas, letras metafóricas e arranjos musicais de Franov. Nesse sentido, Árbol de Pomelos apresenta vocais de apoio de sua compatriota, além de distorções e batidas sobre uma faixa acústica ilustrativa. Dame Sol e Paseando el Mar encerram essa colaboração entre dois artistas ousados, cada um em seu próprio campo. Enquanto Juana conseguiu construir uma carreira como compositora, deixando para trás a fama na televisão, Franov utiliza seus recursos e cria música instrumental a partir de uma perspectiva experimental e grandiosa.
Amarelo
 




Mais um álbum para o blog, espero que gostem... Deixo aqui uma resenha em inglês, caso seja útil para alguém.
Este peculiar álbum representa mais um projeto paralelo para Juana Molina e Alejandro Franov, cuja influência e impacto na quase trilogia de Juana Molina, composta por "Segundo", "Tres Cosas" e "Son", não podem ser subestimados. (A frase "Alguns dos meus sons de teclado foram criados por Franov" pode ser encontrada nas notas de encarte desses discos.) Alejandro Franov é um dos artistas mais importantes do underground musical argentino, um multi-instrumentista completo cuja enorme curiosidade o levou a viajar pelo mundo em busca de sons, de qualquer instrumento étnico, seja uma mbira (piano de polegar africano), uma cítara indiana ou algum raro instrumento de percussão de algum canto do mundo, mas também do próprio ambiente natural em que se encontrava: gravações de campo são utilizadas em toda a já extensa discografia de Franov, cerca de uma dúzia de álbuns desde o final dos anos 90. Um de seus álbuns pode ser encontrado no selo experimental alemão Staubgold, e a maioria dos outros no selo japonês Nature Bliss (um nome bastante apropriado para Franov).
Como explorador sonoro, o versátil argentino também utiliza a música eletrônica de uma maneira muito peculiar, desorientadora, atonal, dissonante, quase como se tivesse vida própria. Uma faixa como "Mantra Del Bicho Feo", do álbum "Segundo" de Molina, é um exemplo perfeito: as ondas sonoras de Franov estão por toda parte, principalmente na ponte da música. Alejandro Franov ocasionalmente adiciona vocais particularmente suaves e melancólicos aqui e ali, em algum lugar entre Caetano Veloso e Robert Wyatt. Por fim, mas não menos importante, ele também é um pianista bastante talentoso; seu último álbum se chama simplesmente "Piano Solo" (com quatro faixas disponíveis para streaming na página do selo no Bandcamp); nele, ele propõe vinhetas elegantes, belas e oníricas inspiradas em uma montanha sagrada argentina chamada Piltriquitron.
A imagem da capa de AooB (dois círculos que se cruzam) ilustra o termo matemático "intersecção" (geralmente marcado com o símbolo ∩). Dois círculos também são usados ​​como símbolo de som estéreo. Uma ilustração simples, porém adequada, do que está acontecendo aqui. O álbum é dividido em dois mini CDs: o primeiro, denominado A, é composto por seis faixas mais próximas do trabalho de Juana Molina, com uma participação ainda maior de Franov; o segundo, denominado B, é composto por cinco faixas onde Franov assume o protagonismo, com Juana como coadjuvante. O objetivo declarado seria descobrir onde e como os dois artistas se interconectam.
O Lado A soa como sobras mais abstratas e experimentais de "Segundo" e "Tres Cosas" de Juana Molina, com canções conduzidas por suas agora identificáveis ​​linhas de violão, como "La Mas Grande" e "La Marca". As composições são geralmente mais despojadas, menos complexas, e há mais experimentação com as vozes de ambos os artistas, como nas intrigantes "Idioma" e "Rusos", com vocais invertidos, e certamente na estranhamente divertida "Kortz", onde Juana parece imitar alguma língua germânica com uma técnica vocal que lembra a norueguesa Sidsel Endresen, enquanto a própria canção emula o trabalho de Yvonne Cornelius em Niobe. Franov contribui com belas linhas de piano. Há, no entanto, uma canção onde, para mim, ambos os artistas se cruzam de forma realmente bela: "Amigo". Uma batida pulsante e amorfa conduz a canção preguiçosamente, com Juana e Alejandro sussurrando harmonicamente, cordas atonais agudas tocadas com arco surgem, tudo soando um pouco como Robert Wyatt em sua versão mais íntima.
O Lado B se aproxima mais do trabalho de Alejandro Franov, o que já era esperado. A longa faixa de abertura, "Oberturano y Radar", com mais de sete minutos, é uma indulgência minimalista eletrônica com toques neoclássicos, à la Pascal Comelade. "Rio Primero" exibe um suave motorik digital, semelhante aos lendários alemães do krautrock, Neu!. Tanto "Arbol De Pomelos" quanto "Dame Un sol" são duetos suaves de canções de ninar folclóricas, com vocais sutis, elementos eletrônicos e guitarras. A bizarra faixa de encerramento, "Pasando El Mar", ilustra sonoramente o estado de devaneio de ambos os músicos, adornado com roncos, grunhidos e murmúrios.
Um álbum bastante agradável, inventivo e, por vezes, bem-humorado, que não se distancia muito dos trabalhos anteriores de ambos os artistas, embora algumas músicas pareçam incompletas, soando mais como rascunhos interessantes do que peças musicais finalizadas. "AooB" vale a pena ouvir (o álbum é difícil de encontrar, mas você pode ouvi-lo abaixo quando quiser), mesmo que seja apenas como uma introdução aos álbuns mais elaborados, desafiadores e experimentais de world music e ambient de Alejandro Franov. O leitor curioso pode acessar este link no Deezer para descobrir um pouco mais sobre este interessante músico. Nota:
6,5 de 10
São João

Lista de faixas:
01. Language
02. Friend
03. The Greatest
04. The Brand
05. Kortz
06. Russians
07. Overture and Radar
08. First River
09. Grapefruit Tree
10. Give Me a Sun
11. Crossing the Sea

Formação:
- Alejandro Franov / Todos os instrumentos
- Juana Molina / Vocais


Destaque

David Bowie - Scary Monsters (1980)

  01.   It's No Game   (4:20) 02.  Up the Hill Backwards  (3:15) 03.  Scary Monsters (And Super Creeps)  (5:13) 04.   Ashes to Ashes   (...