Com um brilhozinho nos olhos E a saia rodada Escancaraste a porta do bar Trazias o cabelo aos ombros Passeando de cá para lá Como as ondas do mar Conheço tão bem esses olhos E nunca me enganam O que é que aconteceu diz lá É que hoje fiz um amigo E coisa mais preciosa no mundo não há É que hoje fiz um amigo E coisa mais preciosa no mundo não há
Com um brilhozinho nos olhos Metemos o carro Muito à frente muito à frente dos bois Ou seja fizemos promessas Trocámos retratos Traçámos projectos a dois Trocámos de roupa trocámos de corpo Trocámos de beijos tão bom é tão bom E com um brilhozinho nos olhos Tocámos guitarras Pelo menos a julgar pelo som E com um brilhozinho nos olhos Tocámos guitarras Pelo menos a julgar pelo som
E o que é que foi que ele disse? E o que é que foi que ele disse? Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Passa aí mais um bocadinho Que estou quase a ficar louco Hoje soube-me a tanto Hoje soube-me a tanto Hoje soube-me a tanto Hoje soube-me a tanto Portanto Hoje soube-me a pouco
Com um brilhozinho nos olhos Corremos os estores Pusemos a rádio no on Acendemos a já costumeira Velinha de igreja Pusemos no off o telefone E olha não dá para contar Mas sei que tu sabes Daquilo que sabes que eu sei E com um brilhozinho nos olhos Ficámos parados Depois do que não te contei E com um brilhozinho nos olhos Ficámos parados Depois do que não te contei
Com um brilhozinho nos olhos Dissemos sei lá Tudo o que nos passou pela tola Do estilo: és o number one Dou-te vinte valores És um treze no totobola E às duas por três Bebemos um copo Fizemos o quatro e pintámos o sete E com um brilhozinho nos olhos Ficámos imoveis A dar uma de tête a tête E com um brilhozinho nos olhos Ficámos imoveis A dar uma de tête a tête
E o que é que foi que ele disse? E o que é que foi que ele disse? Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Passa aí mais um bocadinho Que estou quase a ficar louco Hoje soube-me a tanto Hoje soube-me a tanto Hoje soube-me a tanto Hoje soube-me a tanto Portanto Hoje soube-me a pouco
E com um brilhozinho nos olhos Tentámos saber Para lá do que muito se amou Quem eramos nós Quem queriamos ser E quais as esperanças Que a vida roubou E olhei-o de longe E mirei-o de perto Que quem não vê caras Não vê corações E com um brilhozinho nos olhos Guardei um amigo Que é coisa que vale milhões E com um brilhozinho nos olhos Guardei um amigo Que é coisa que vale milhões
E o que é que foi que ele disse? E o que é que foi que ele disse? Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Hoje soube-me a pouco Passa aí mais um bocadinho Que estou quase a ficar louco Hoje soube-me a tanto Hoje soube-me a tanto Hoje soube-me a tanto Hoje soube-me a tanto Portanto Hoje soube-me a pouco
A princípio é simples, anda-se sozinho, passa-se nas ruas bem devagarinho está-se bem no silêncio e no borborinho bebe-se as certezas num copo de vinho e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo diz-se do passado que está moribundo bebe-se o alento num copo sem fundo e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!
E é então que amigos nos oferecem leito, entra-se cansado e sai-se refeito luta-se por tudo o que se leva a peito bebe-se e come-se se alguém nos diz bom proveito e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!
Depois vêm cansaços e o corpo frequeja olha-se para dentro e já pouco sobeja pede-se o descanso por curto que seja, apagam-se dúvidas num mar de cerveja e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!
E enfim duma escolha faz-se um desafio enfrenta-se a vida de fio a pavio navega-se sem mar sem vela ou navio bebe-se a coragem até dum copo vazio e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!
Entretanto o tempo fez cinza da brasa outra maré cheia virá da maré vaza nasce um novo dia e no braço outra asa, brinda-se aos amores com o vinho da casa e vem-nos à memória uma frase batida: hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!
Eu vim de longe, eu vou para longe
do disco “Ser solidário” (LP 1982)
Letra
Quando o avião aqui chegou Quando o mês de maio começou Eu olhei para ti Então entendi Foi um sonho mau que já passou Foi um mau bocado que acabou
Tinha esta viola numa mão Uma flor vermelha na outra mão Tinha um grande amor Marcado pela dor E quando a fronteira me abraçou Foi esta bagagem que encontrou
Eu vim de longe De muito longe O que eu andei pra aqui chegar Eu vou pra longe Pra muito longe Onde nos vamos encontrar Com o que temos pra nos dar
E então olhei à minha volta Vi tanta esperança andar à solta Que não hesitei E os hinos cantei Foram feitos do meu coração Feitos de alegria e de paixão
Quando a nossa festa se estragou E o mês de Novembro se vingou Eu olhei pra ti E então entendi Foi um sonho lindo que acabou Houve aqui alguém que se enganou
Tinha esta viola numa mão Coisas começadas noutra mão Tinha um grande amor Marcado pela dor E quando a espingarda se virou Foi pra esta força que apontou
E então olhei à minha volta Vi tanta mentira andar à solta Que me perguntei Se os hinos que cantei Eram só promessas e ilusões Que nunca passaram de canções
Eu vim de longe De muito longe O que eu andei pra aqui chegar Eu vou pra longe P´ra muito longe Onde nos vamos encontrar Com o que temos pra nos dar
Quando eu finalmente eu quis saber Se ainda vale a pena tanto crer Eu olhei para ti Então eu entendi É um lindo sonho para viver Quando toda a gente assim quiser
Tenho esta viola numa mão Tenho a minha vida noutra mão Tenho um grande amor Marcado pela dor E sempre que Abril aqui passar Dou-lhe este farnel para o ajudar
Eu vim de longe De muito longe O que eu andei pra aqui chegar Eu vou p´ra longe P´ra muito longe Onde nos vamos encontrar Com o que temos pra nos dar
E agora eu olho à minha volta Vejo tanta raiva andar a solta Que já não hesito Os hinos que repito São a parte que eu posso prever Do que a minha gente vai fazer
Eu vim de longe De muito longe O que eu andei prá aqui chegar Eu vou pra longe P´ra muito longe Onde nos vamos encontrar Com o que temos pra nos dar
Uma dos sete filhos de Elsie e Glyndwr, junto às irmãs Marlene, Angela e Avis, e os dois irmãos Lynn e Paul (a irmã Paulene nasceu morta), apesar de galeses não falavam o dialeto do lugar em que viviam, a pequena aldeia de Skewen; a família, embora não muito religiosa, seguia o protestantismo.[3]
Casou-se aos 22 anos com Robert (que tinha então 24 anos), seu primeiro namorado "sério", em 1973, após quatro anos de namoro.[3] O casal adiou a chegada de filhos, privilegiando sua carreira, e quando ela tinha 39 anos ficou grávida, passando então por um aborto que fez os dois desistirem de novas tentativas.[3]
Sua carreira começou com a participação em um concurso local, no qual recebeu por prêmio somente uma libra pelo segundo lugar, mas serviu para incentivar-lhe a seguir cantando - o que ela fez cantando em pubs e clubes na região sul de Gales.[4]
Em 1975 ela lançou seu primeiro single - My! My! Honeycomb - e em 1976 o caçador de talentos Roger Bell a descobriu quando cantava em Swansea, usando o pseudônimoSherene Davis; ela então assinou contrato com a RCA mas a descoberta de nódulos em suas cordas vocais quase põe fim às suas pretensões: ela foi operada e o resultado foi que teve acentuado o timbre já naturalmente rouco de sua voz.[4]
Tyler então gravou seu primeiro single com o novo nome - Lost In France - que foi sucesso nas paradas do Reino Unido, Europa, África do Sul e Austrália, mas a recepção de seu primeiro álbum que se seguiu, The World Starts Tonight, mostrou-se um fracasso, [4] com exceção da Suécia onde foi número 2. Em 1977 lançou o single It's A Heartache um dos maiores sucessos da carreira .[4] Alternou então períodos de baixa até no início dos anos 80 quando gravou Total Eclipse Of The Heart.
Divergências com seus produtores que queriam transformá-la em uma cantora country a fizeram mudar para outra gravadora, a CBS e contratar um novo produtor Jim Steinman, já famoso pelo seu trabalho com Meat Loaf, o resultado foi a épica balada "Total Eclipse of the Heart" com a qual ela tornou-se a única artista galesa a colocar uma música no número 1 no Reino Unido e Estados Unidos ao mesmo tempo. Esta canção foi tirada do álbum Faster Than the Speed of Night que alcançou um Record Guinness por ser o primeiro álbum de uma cantora a debutar direto no número 1 na parada inglesa, neste período ela foi indicada ao Grammy por Melhor Cantora Pop por "Total Eclipse Of The Heart" e a outra indicação era por Melhor Cantora de Rock por Faster Than The Speed Of Night.
Teve ainda outros sucessos como "Holding Out for a Hero" do filme Footloose, "Here She Comes", trilha sonora do filme Metrópolis relançado em 1984 por Giorgio Moroder, pela qual ela recebeu outra indicação ao Grammy de Melhor Cantora de Rock, seguidos pelos discos Secrets Dreams and Forbidden Fire de 1986 e Notes From America de 1988. Em 1987, gravou juntamente com o cantor brasileiro Fábio Junior a canção "Sem Limites pra Sonhar" (na qual canta a parte da letra em inglês). Na década de 1990 trocou a CBS pela BMG e seus discos dessa fase Bitterblue, Angel Heart e Silhouette in Red foram sucesso entre a Europa, África do Sul e o Japão, em 1994 Bonnie recebe os prêmios RSH-Gold e o Echo (o Grammy alemão) na categoria Melhor Cantora Internacional.
Ela retorna em 2004 com uma versão em francês do seu clássico "Total Eclipse of the Heart" agora com o título de "Si Demain (Turn Around)", um dueto com a cantora e atriz francesa Kareen Antonn e volta ao número 1 na França, Bélgica e Polônia.[6]
Em 2006, completou 30 anos de carreira e lançou seu primeiro álbum ao vivo Bonnie Tyler Live o DVD Bonnie On Tour, um CD no Reino Unido Celebrate seguido pelo single "Louise".
Em 2007, Bonnie grava uma versão Disco/Punk de Total Eclipse of the Heart com a banda "Babypinkstar", lança ainda o Greatest Hits From The Heart, que alcança o top 40 no Reino Unido e o top 10 na Irlanda, mais lançamentos incluem duas versões de seu DVD "Bonnie On Tour Live" e "The Complete Bonnie Tyler".
Em 2009 Bonnie é convidada a gravar Total Eclipse com o grupo vocal Only Men Aloud, o álbum chega ao n.1º na "Classic Album Charts" na Inglaterra. Bonnie participa de uma série da televisão britânica "Hollyoaks Later" cantado "Holding Out for a Hero", ainda pode ser ouvida na trilha sonora de "Cappuccino Girls", lançada para divulgação da peça, fazendo uma aparição surpresa na estreia do espetáculo interpretando a faixa título. Em novembro de 2009 Bonnie é homenageada recebendo o prêmio "Angel Award", por sua contribuição em engajamentos sociais.
No ano de 2011, Bonnie retorna à parada francesa com um novo Greatest HitsBest Of 3 - Bonnie Tyler, o qual inclui um cover do grupo Bangles, adaptado para o francês "Amour Eternel".
O ano de 2019 marcou o lançamento do álbum "Between the Earth and the Stars", com participações especiais de Rod Stewart, Cliff Richard e Francis Rossi, e foi seguido por uma turnê internacional.[5]
Em 2021, Bonnie Tyler lança seu mais novo álbum "The Best Is Yet to Come", com músicas inéditas e sua versão para o clássico "I'm Not in Love", da banda 10cc.[5]
Participantes da geração romântica do sertanejo, Bruno & Marrone iniciaram sua carreira ainda na década de 1980. O álbum de estreia dos músicos foi lançado em 1994, mas a dupla alcançou notoriedade nacional aos 15 anos de carreira, com o lançamento do álbum Acústico (2001). Com canções como "Dormi na Praça" e "Vida Vazia", a dupla obteve popularidade com um som mais acústico em comparação aos seus colegas de segmento e pela fusão de gêneros como pop rock, pagode, forró e rock. Com isso, a dupla lançou vários projetos de estúdio e ao vivo, entre eles Sonhos, Planos, Fantasias (2002), Inevitável (2003) e Meu Presente É Você (2005).
No início da década de 2010, com o objetivo de rejuvenescer o som e a popularidade frente a geração do sertanejo universitário, Bruno & Marrone iniciaram uma parceria com Dudu Borges, responsável pela produção do álbum Juras de Amor (2011). A dupla, a partir deste período, passou a trabalhar com maior frequência em registros inéditos gravados ao vivo, como Pela Porta da Frente (2012), Ensaio (2017) e Studio Bar (2019). Neste período, a dupla lançou músicas que foram sucessos nas rádios brasileiras, como "Vidro Fumê", "Na Conta da Loucura" e "Surto de Amor".
Ao longo da carreira, Bruno & Marrone consolidou-se como uma das principais duplas sertanejas da história do Brasil sendo, em cerca de 15 anos, a dupla mais tocada em rádios no Brasil. Com mais de 10 milhões de cópias vendidas, a dupla também foi indicada em várias ocasiões ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Sertaneja, e foi influência para vários artistas sertanejos. Em 2016, Bruno & Marrone promoveu uma turnê conjunta com Chitãozinho & Xororó, o que resultou no álbum Clássico (2016).
História
1986—1997: Formação e primeiros álbuns
Bruno trabalhava na farmácia do pai e sempre manifestou o sonho de ser cantor, e logo após conhecer Leandro & Leonardo, mecânicos na Lubricenter, comentou que estava a procura de alguém para formar uma dupla com ele. Foi aí que Leonardo, durante um show, o apresentou para Marrone e logo de início houve empatia entre os dois. De começo, eles ensaiaram um repertório e começaram a tocar em bares e em barracas de exposição pecuária em Goiânia. Em 1985 consolidaram a dupla.[2]
Nos anos 90, ganharam notoriedade nos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. A dupla tocou quase 10 anos em bares até gravar o primeiro LP em 1993, produzido por Felipe, da dupla Felipe &Falcão, trazendo em seu repertório canções como "Dormi na Praça", "É Nisso Que Dá" (que é um samba) e "Como Ficar Sem Você".[3]
1999—2009: Popularidade nacional
Em 1999, Bruno e Marrone concederam uma entrevista ao jornalista Marcos Maracanã na rádio Líder FM, de Uberlândia. Esta entrevista foi toda gravada por um ouvinte e comercializada através de mídias piratas. A partir desse momento, a dupla estourou nas paradas de sucesso. Nessa mesma época, a canção "Vida Vazia" alcançou a oitava posição das mais tocadas no Brasil. Mas foi em 2001, com o lançamento do CD e DVDAcústico Ao Vivo – o qual se tornou o campeão de vendas daquele ano, superando 1.500.000 cópias – que a dupla passou a figurar nas grandes metrópoles como revelação no mercado fonográfico. A partir daí, o talento de Bruno e Marrone passou a ser conhecido nacionalmente.[4][2]
No início da década de 2010, Bruno & Marrone lançou Sonhando,[6] projeto que não se saiu bem comercialmente como os anteriores.[5] No mesmo período, a dupla procurou Dudu Borges, que vinha da popularidade alcançada produzindo Jorge & Mateus, para produzir Juras de Amor, lançado em 2011.[7] Com o produtor, a dupla lançou "Vidro Fumê" em 2012, parte do álbum Pela Porta da Frente.[8]
Ainda em 2011, Marrone sofreu um acidente de helicóptero,[9] o que fez com que o músico permanecesse fora dos palcos durante um tempo, alegando necessidade de tratamento terapêutico. Neste período, Bruno representou a dupla em shows.[10]
Em 2015, Bruno & Marrone promoveu uma turnê conjunta com Chitãozinho & Xororó. Sob produção de Dudu, foi lançado o álbum Clássico em 2016, que reuniu sucessos das duas duplas.[11]
Em 2017, a dupla lançou um projeto de inéditas chamado Ensaio, que trouxe canções como "Na Conta da Loucura" e "Beijo de Varanda". Foi o primeiro álbum da dupla pela Universal Music Brasil e o primeiro com produção de Eduardo Pepato. Em 2019, a dupla manteve o formato e lançou Studio Bar, que ganhou popularidade pelas canções "Show de Recaída" e "Surto de Amor", esta última com a participação da dupla Jorge & Mateus.[12]
Manhã na minha ruela, sol pela janela O Sr. jeitoso dá tréguas ao berbequim
O galo descansa, ri-se a criança Hoje não há birras, a tudo diz que sim
O casal em guerra do segundo andar Fez as pazes, está lá fora a namorar
Cada dia é um bico d’obra Uma carga de trabalhos, faz-nos falta renovar Baterias, há razões de sobra Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga É dia de folga!
Sem pressa de ar invencível, saia, saltos, rímel Vou descer à rua, pode o trânsito parar
O guarda desfruta, a fiscal não multa Passo e o turista, faz por não atrapalhar
Dona Laura hoje vai ler o jornal Na cozinha está o esposo de avental
Cada dia é um bico d’obra Uma carga de trabalhos, faz-nos falta renovar Baterias, há razões de sobra Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga É dia de folga!
Folga de ser-se quem se é E de fazer tudo porque tem que ser Folga para ao menos uma vez A vida ser como nos apetecer
Cada dia é um bico d’obra Uma carga de trabalhos, faz-nos falta renovar Baterias, há razões de sobra Para a tristeza ir de folga e o fado celebrar
Cada dia é um bico d’obra Uma carga de trabalhos, faz-nos falta renovar Baterias, há razões de sobra Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga É dia de folga
Este é o fado que se empolga No dia de folga! No dia de folga!
Amália Rodrigues
Vou dar de beber à dor
Foi no Domingo passado que passei À casa onde vivia a Mariquinhas Mas está tudo tão mudado Que não vi em nenhum lado As tais janelas que tinham tabuinhas
Do rés-do-chão ao telhado Não vi nada, nada, nada Que pudesse recordar-me a Mariquinhas E há um vidro pegado e azulado Onde via as tabuinhas
Entrei e onde era a sala agora está À secretária um sujeito que é lingrinhas Mas não vi colchas com barra Nem viola nem guitarra Nem espreitadelas furtivas das vizinhas
O tempo cravou a garra Na alma daquela casa Onda às vezes petiscávamos sardinhas Quando em noites de guitarra e de farra Estava alegre a Mariquinhas
As janelas tão garridas que ficavam Com cortinados de chita às pintinhas Perderam de todo a graça porque é hoje uma vidraça Com cercaduras de lata às voltinhas
E lá pra dentro quem passa Hoje é pra ir aos penhores Entregar o usurário, umas coisinhas Pois chega a esta desgraça toda a graça Da casa da Mariquinhas
Pra terem feito da casa o que fizeram Melhor fora que a mandassem prás alminhas Pois ser casa de penhor O que foi viver de amor É ideia que não cabe cá nas minhas
Recordações de calor E das saudades o gosto eu vou procurar esquecer Numas ginjinhas
Pois dar de beber à dor é o melhor Já dizia a Mariquinhas Pois dar de beber à dor é o melhor Já dizia a Mariquinhas