Depois da fortuna, como é que se lida com o fiasco? No caso de EVACIGANA, faz-se o primeiro disco. Os polos do som da banda alargam-se. Se outrora o rock piscava o olho à pop, agora a relação é assumida e feliz. Mas não se pense que um dos noivos se aprumou muito… As canções simplificaram-se, mas a meiguice e acessibilidade das mesmas encontra-se bem embrulhada por um papel rugoso e áspero.
Oiça-se, por exemplo, o início vertiginoso de “Dobra”, tema que abre o álbum. Um choque epiléptico de guitarras e bateria, num riff punk que nos arrasta desenfreadamente e implode num apaziguador verso shoegaze, até se transformar num refrão orelhudo e pegajoso, que teima em descolar.
Em contraste, “Anáguas”, o primeiro single do disco, é pop que se desdobra numa colorida sequência de guitarras cintilantes, conduzidas por uma secção rítmica a pulsar, num jogo de espaços permanente onde as duas vozes guiam as melodias a um auge de euforia caleidoscópica. É no meio destas contradições e aparente desconforto, que ao longo dos dez temas que compõem Fiasco, os EVACIGANA continuam a vincar ainda mais a sua peculiar identidade e colorida paleta sonora.
“Fiasco” é editado a 24 de Março de 2023, foi misturado por Guilherme Gonçalves (Keep Razors Sharp, Cabrita, The Legendary Tigerman) e masterizado por Clara Araújo na Arda Recorders.
Vai ser apresentado ao vivo no dia 14 de Março na Galeria Zé dos Bois em Lisboa (abertura de PILE) e dia 23 de Março no Spacy Bar/ Disco nas Caldas da Rainha (com HETTA).