segunda-feira, 8 de maio de 2023

CRONICA - FREEDOM | Nerosubianco (1968)

 

Em 12 de maio de 1967, a música "A Whiter Shade Of Pale" foi lançada. É o primeiro single do Procol Harum a alcançar o primeiro lugar nas paradas em muitos países. Um tubo planetário, o lento que mata, a coisa perfeita para derrubar as garotas. No meio de Summer Of Love, quantas engravidaram por causa ou graças a essa música? Uma peça psicadélica reconhecível pela sua linha de órgão que se inspira em duas peças de Johann Sebastian Bach ("a sinfonia em fá maior da cantata Ich steh mit einem Fuß im Grabe" e a "Suite para orquestra n.º 3 em ré maior").

Uma grande caixa que não impede que o cantor/pianista/líder Gary Brooke renove o alinhamento chamando dois conhecidos, o guitarrista Robin Trower e o baterista Barrie James Wilson para substituir respetivamente Ray Royer e Bobby Harrison (este último tendo assegurado a bateria em "Lime Street Blues" no lado B após a saída de Bill Eyden).

Não desanimados com essa decepção, os dois cúmplices formarão outro grupo intitulado Freedom, recrutando o baixista/vocalista Steve Shirley e o organista/pianista Mike Lease.

É o cinema que vai permitir ao quarteto dar as primeiras voltas 33. Aliás, em 67 Freedom é abordado pelo cineasta italiano Tinto Brass para compor a banda sonora do seu filme Nerosubianco .

Nerosubianco (também chamado de Atração) é um filme de drama erótico. Conta a história de Bárbara (Anita Sanders) acompanhando o marido Paolo (Nino Segurini), um empresário, a Londres. Este último, como parte de seu trabalho, deixa sua esposa em Hyde Park. A heroína começa a passear, logo percebendo que um homem afro-americano (Terry Carter) a atrai. Ela vê isso como uma oportunidade para uma aventura em um novo mundo e conforme suas observações se misturam com suas fantasias, ela começa a questionar sua própria vida. Enquanto ela é tentada, ela é rapidamente ultrapassada por seu marido, que veio resgatá-la. Em plena liberação de moral, eis um longa-metragem surreal, alucinatório no limite do ensaio, entremeado por sequências chocantes até violentas. O roteirista aproveita para denunciar a segregação racial, o fascismo, a guerra do Vietnã,

O que precisa ser dito é que o filme dá grande importância à música. As canções compostas por Freedom são interpretadas quase na totalidade e não poucos excertos como se pode ouvir em More por exemplo (trilha sonora composta por Pink Floyd). Além disso, os músicos aparecem no filme tocando (em playback) empoleirados em uma árvore, em um salão de cabeleireiro, um salão de beleza, em um parque de diversões… vestidos à moda Swinging London. Inevitavelmente essas cenas são semelhantes aos scopitones (os clipes da época).

Feito em 1967, o filme foi lançado na Itália em fevereiro de 1969, após uma estreia no Festival de Cinema de Cannes no ano anterior. Quanto ao BOF, foi impresso em fevereiro de 1968 na etiqueta Atlantic. Composto por 10 faixas, este vinil é uma joia do pop psicodélico próximo ao Procol Harum, até ao Traffic. O disco abre com um passeio conduzido por um piano melodioso, “Relation” atravessado por metais da época vitoriana e um solo de guitarra blueseiro sob ácido. Encontramos outras baladas como a sonhadora “Childhood Reflection” e a barroca “The Better Side” com sua suntuosa seção de cordas.

De resto deparamo-nos com “We Say No” com ambiente de carrossel, o gótico-groovy “To Be Free ”  , a estratosférica “Born Again” a enviar-se ao planeta Marte, a guitarra percussiva “Decidedly Man” ao som fuzz para a frente, concluindo a tribal "Seeing Is Believing" entre garage, rhythm & blues e martelar no piano.

Mas a atração deste LP, são os 8 minutos do apropriadamente chamado “Atração”. Peça que começa com um órgão vagamente perturbador mas cheio de emoção. O andamento é lento e o espírito é maconheiro. Quando um piano sinfônico chega para introduzir um momento funky/soul para terminar com palmas e “Sim! ".

Se para a Freedom Nerosubianco é a oportunidade de lançar um Lp, para a Atlantic é nem mais nem menos que um BOF distribuído apenas na Itália para a promoção do filme. O major não deseja continuar com o grupo inglês que entretanto viu alguns membros partirem para outros projetos. Charge Freedom para encontrar outro rótulo.

Títulos:
1. Relation     
2. We Say No
3. Attraction  
4. Childhood Reflection       
5. To Be Free
6. The Truth Is Plain To See 
7. The Better Side     
8. Born Again
9. Decidedly Man      
10. Seeing Is Believing

Músicos:
Steve Shirley: Baixo, Vocais
Bobby Harrison: Bateria
Ray Royer: Guitarra
Mike Lease: Teclados

Produção: Jonathan Weston



CRONICA - CHRISTIAN VANDER | Tristan Et Yseult (1974)

É realmente um álbum solo de Christian Vander ou o quarto álbum de Magma de acordo com os fãs? De qualquer forma, este Tristan Et Yseult nunca soou tão kobaiano.

Em 1974 o cineasta Yves Lagrange fez o filme "Tristan Et Iseult" pedindo a Christian Vander para compor uma trilha sonora. O baterista oferece demos. Mas o diretor os usa sem avisar o líder do Magma. Só que Christian Vander não se contenta em ver o longa, a música não gruda nas imagens.

Decepcionado, o baterista relembra a alma do Magma: o baixista Jannick Top, o cantor Klaus Blasquiz e a backing vocal Stella Vander. Além da bateria, Christian Vander cuida das partes do piano.

Deixando de lado a seção de metais, o quarteto se fechou por três tardes em abril de 74 no estúdio de Milão em Paris para gravar o segundo movimento de Theuzs Hamtaahk .

Também intitulado Ẁurdah Ïtah , Tristan Et Yseult segue Mekanïk Destruktïw Kommandöh  publicado em 1973 e que é o terceiro movimento de Theuzs Hamtaahk . Difícil de ver claramente, não é?

No início dos anos 70 o baterista quis compor uma trilogia. Mas diante de constantes mudanças de pessoal e turnês exaustivas, Magma só teve tempo de gravar o terceiro movimento. Os outros dois movimentos estão apenas no estado de modelo ou ensaio.

Ẁurdah Ïtah  é uma suíte em doze estágios. Essas faixas são vinculadas e liberadas sem tempo de inatividade. Assim que Malawëlëkaahm  abre a bola, o tom está definido. Começa com um ritmo guerreiro e ameaçador. No espírito coltraniano, o todo se revela convulsivo, chocante, violento, histérico, tribal, repetitivo, enfadonho, barroco. Em suma, Magma!

Mas esta obra é pontilhada de belas melodias para cair de joelhos. Esta obra é atravessada por passagens perturbadoras, misteriosas, hipnóticas, enfeitiçantes, momentos poderosos e quase espirituais pairando até para fazer chorar.

Liberto da pomposa camisa-de-força através dos metais, liberto dos efeitos grandiloquentes e megalomaníacos, Christian Vander aborda a forma como quer compor: piano/voz. O que torna a música de Magma mais humana.

Esta obra-prima teve que permanecer no estado de modelo porque o baterista ambicionou gravá-la com uma formação mais completa. Mas diante de tanta magnificência para um grupo reduzido, Ẁurdah Ïtah  será lançado em nome de Christian Vander para as edições Barclay em 1974.

Até o momento, este primeiro solo de 33 voltas de Christian Vander é meu álbum favorito do Magma.

Títulos:
1. Malawëlëkaahm
2. Bradïa Da Zïmhn Lëgah
3. Manëh Fur Da Zëss
4. Fur Dï Hël Kobaïa
5. Blüm Tendiwa
6. Ẁohldünt Mën Dëẁëlëss
7. Ẁaïsaht !!!
8. Ẁlas¨k Steuhn Kobaïa
9. Sëhnntëht Dros Ẁurdah Süms
10. A vida os trouxe até lá
11. Ëk Sün Da Zëss
12. De Zeuhl Ündazïr

Músicos:
Christian Vander: Bateria, Piano, Vocal
Stella Vander: Vocal
Jannick Top: Baixo
Klaus Blasquiz: Vocal, Percussão

Produção: Laurent Thibault


THE BEATLES - "Bootleg Recordings" - 1963

 



BEATLES!!!! Cada vez mais vivos e presentes em nossas vidas, atravessando as décadas sempre com muita dignidade, carisma e ainda cooptando gerações e mais gerações de fãs, independente de tribos da qual pertençam.

Por que? São tantas as explicações que fica até difícil escolher uma, pois sempre há um detalhe a mais quando surge um novo pensamento a respeito deste fenômeno que ronda a vida em conjunto dos quatro fabulosos de Liverpool.

Uma das teorias que gosto muito, se baseia na ideia de que a simplicidade das composições tanto na letra como na música é tanta, que eles conseguiram abrir um portal na mente das pessoas criando uma atração, praticamente irresistível.

Tempo e espaço é muito importante nesta questão também, portanto, eles surgiram na época certa e no lugar certo e trabalharam muito e desse modo o reconhecimento e o sucesso mais que merecido, veio na cauda do cometa Beatles.

Todos sem exceção, tinham “cara de bom moço”, se vestiam de modo adequado para os padrões da época, foram muito bem recebidos pela mídia e principalmente pela legião de fãs e ainda por cima, tiveram a sorte de cair nas mãos de Brian Epstein que foi o descobridor e empresário da banda até sua morte em 1967 e de George Martin que era o mais criativo produtor musical da época, obtendo com isso a química perfeita para o sucesso.

É lógico que talento eles tinham de sobra para criar suas composições e principalmente dar vida a elas quando se apresentavam em público e isso é inegável, mas analisando friamente a questão e deixando a simpatia pessoal por um ou outro membro da banda de lado, nenhum deles era um “guitar hero” em seu instrumento de trabalho, mesmo porque a estrutura musical das composições não exigia grandes esforços e também não era esse o objetivo do grupo que nunca produziu uma música para este ou aquele fazer um solo de seu instrumento.

Entretanto, cabe ressaltar que todas elas sempre soaram muito grande, com um apelo emocional muito difícil de segurar até hoje, o que me leva a crer que o que eles produziram lá trás, na década de sessenta, estava muito além de seu tempo e ao que tudo indica, sempre vai estar, pois é música de vanguarda.

Eu já perdi a conta de quantas remasterizações foram feitas na discografia dos Beatles nestas mais de cinco décadas de existência, num claro sinal que este fenômeno está muito longe de acabar e sem medo de errar, posso afirmar que ele não terá fim.

Voltando a minha primeira teoria, acredito que esta compilação de ensaios, intitulada, “Bootleg Recordings 1963”, possa dar crédito que em determinados momentos e situações, a simplificação do ato, o torna gigante, imensurável e até incontrolável.

São audições a partir de ensaios da gravação dos álbuns, “Please, Please me” e “With the Beatles”, ambos lançados em 1963 e algumas gravações de shows da época, onde é possível ouvir a gritaria da mulherada completamente enlouquecida, bem como algumas gravações demo de John Lennon.

É um material histórico e fundamental para os amantes da música, mas principalmente para os mais aficionados da banda, que não são poucos, pois é o registro histórico do início da carreira da banda mais aclamada e bem-sucedida do mundo da música.

Diante deste fato, só nos resta agradecer a alma iluminada que se deu ao trabalho de digitalizar o conteúdo das velhas matrizes de gravação e disponibiliza-las no mundo virtual com qualidade excepcional de áudio.  Muitíssimo Obrigado!!!! 

RECOMENDADÍSSIMO!!!!

Beatles:
John Lennon,
Paul MacCartney
Ringo Star
George Harrinson

Tracks:
CD1
01 -‘There’s A Place’ – Takes 5, 6
02 -‘There’s A Place’ – Take 8
03 ‘There’s A Place’ – Take 9
04 - ‘Do You Want To Known A Secret’ – Track 2, Take 7
05 - ‘A Taste Of Honey’ – Track 2, Take 6.
06 -‘I Saw Her Standing There’ – Take 2
07 - ‘Misery’ – Take 1
08 - ‘Misery’ – Take 7
09 - ‘From Me To You’ – Take 1 & 2
10 - ‘From Me To You’ – Take 5
11 - ‘Thank You Girl’ – Take 1
12 - ‘Thank You Girl’ – Take 5
13 - ‘One After 909′ – Take 1 & 2
14 - ‘Hold Me Tight” – Take 21
15 - ‘Money (That’s What I Want)’ – RM 7 Undubbed
16 - ‘Some Other Guy’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 26th January, 1963
17 - ‘Love Me Do’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 26th January, 1963
18 - ‘Too Much Monkey Business’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 16th March, 1963
19 - ‘I Saw Her Standing There’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 16th March, 1963
20 - ‘Do You Want To Know A Secret’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 25th May, 1963
21 - ‘From Me To You’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 26th May, 1963
22 - ‘I Got To Find My Baby’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 26th January, 1963
23 - ‘Roll Over Beethoven’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 29th June, 1963
24 - ‘A Taste Of Honey’ – Live At BBC For ‘Easy Beat’ / 23rd June, 1963
25 - ‘Love Me Do’ – Live At BBC For ‘Easy Beat’ / 20th October, 1963
26 - ‘Please Please Me’ – Live At BBC For ‘Easy Beat’ / 20th October, 1963
27 - ‘She Loves You’ – Live At BBC For ‘Easy Beat’ / 20th October, 1963
28 - ‘I Want To Hold Your Hand’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 21st December, 1963
29 - ‘Till There Was You’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 21st December, 1963
30 - ‘Roll Over Beethoveen’ – Live At BBC For ‘Saturday Club’ / 21st December, 1963
CD2
01 - ‘You Really Got A Hold On Me’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 4th June, 1963
02 - ‘The Hippy Hippy Shake’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 4th June, 1963
03 - ‘Till There Was You’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ /11th June, 1963
04 - ‘A Shot Of Rhythm And Blues’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 18th June, 1963
05 - ‘A Taste Of Honey’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 18th June, 1963
06 - ‘Money (That’s What I Want)’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 18th June, 1963
07 - ‘Anna’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 25th June, 1963
08 - ‘Love Me Do’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 10th September, 1963
09 - ‘She Loves You’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 24th September, 1963
10 - ‘I’ll Get You’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 10th September, 1963
11 - ‘A Taste Of Honey’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 10th September, 1963
12 - ‘Boys’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 17th September, 1963
13 - ‘Chains’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 17th September, 1963
14 - ‘You Really Got A Hold On Me’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 17th September, 1963
15 - ‘I Saw Her Standing There’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 24th September, 1963
16 - ‘She Loves You’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 10th September, 1963
17 - ‘Twist And Shout’ – Live At BBC For ‘Pop Go The Beatles’ / 24th September, 1963
18 - ‘Do You Want To Know A Secret’ – Live At BBC For ‘Here We Go’ / 12th March, 1963
19 - ‘Please Please Me’ – Live At BBC For ‘Here We Go’ / 12th March, 1963
20 - ‘Long Tall Sally’ – Live At BBC For ‘Side By Side’ / 13th May, 1963
21 - ‘Chains’ – Live At BBC For ‘Side By Side’ / 13th May, 1963
22 - ‘Boys’ – Live At BBC For ‘Side By Side’ / 13th May, 1963
23 - ‘A Taste Of Honey’ – Live At BBC For ‘Side By Side’ / 13th May, 1963
24 - ‘Roll Over Beethoven’ – Live At BBC For ‘From Us To You’ / 26th December, 1963
25 - ‘All My Loving’ – Live At BBC For ‘From Us To You’ / 26th December, 1963
26 - ‘She Loves You’ – Live At BBC For “From Us To You” / 26th December, 1963
27 - ‘Till There Was You’ – Live At BBC For “From Us To You” / 26th December, 1963
28 - ‘Bad To Me’ – Demo
29 - ‘I’m In Love’ – (John demo key of F)
30 - ‘I’m In Love’ – (John demo key of g)







YES - "Progeny: Seven Shows from Seventy-Two" - 2015

 


“Invasão de privacidade”, este deveria ser o nome deste CDbox do Yes, intitulado, “Progeny: Seven Shows from Seventy-Two”, composto por quatorze CD’s, espelhando o que de melhor o Yes soube fazer ao longo dos anos setenta, “MÚSICA”, com letras maiúsculas, para que não paire nenhuma dúvida.

Aliás, uma MÚSICA, simplesmente irresistível, invasora de corações e mentes, viajante, um estímulo cultural sem precedentes, que no meu caso, me persegue há mais de quarenta anos e a história se repete a cada álbum ou bootleg escutado, pois ela está sempre renovada com um novo caminho a ser percorrido.

Espantosamente desta vez a acéfala indústria fonográfica saiu na frente e lançou esta magnífica coleção de shows acontecidos no ano de 1972, entre outubro e novembro, distribuídos pelos USA e o Canada, cobrindo a “Close to The Edge Tour”, apenas lembrando que neste mesmo ano já havia sido lançado o álbum “Fragile” outra super pérola da banda.

O negócio é tão sério em relação ao Yes, que sabiamente, na abertura de seus shows eles usavam um trecho da “Firebird Suite” resultando em uma expectativa devastadora sobre o que viria a seguir e posso assegurar por ter vivido esta experiência que a viagem começava ao apagar das luzes e o início desta abertura, simplesmente inigualável. 

Fazendo um “Brain-Storm” bem sucinto, vamos voltar ao ano de 1969, quando foi lançado o primeiro álbum, “YES” onde não tínhamos ideia completa de qual seria o caminho que esta nova banda iria seguir, mas só pelo fato de incluírem uma música dos “Beatles”, chamada, “Every Little Thing", com uma excelente versão psicodélica, já mostrava algo diferenciado em sua própria música e uma dose elevada de audácia para quem estava começando.

No ano seguinte, eles começavam a ligar as turbinas em direção ao rock progressivo com seu álbum, “Time and Word”, ainda de forma muito tímida, mas demonstrando uma forte personalidade, que veio a eclodir verdadeiramente no ano seguinte com o “Yes Album”, um clássico do rock com lugar de destaque garantido na história do rock.


Agora, lançar dois álbuns com a indiscutível qualidade musical, como “Fragile” e “Close to the Edge”, aclamados pela crítica e principalmente pelos fãs no período de um ano, não é para qualquer, é coisa de gênio e neste momento, inegavelmente a banda dispunha dos melhores músicos e compositores da época.

É certo que falar em melhor banda ou melhor músico daquela época, chega a ser um sacrilégio ou mesmo uma tentativa de suicídio, pois se colocarmos lado a lado, Yes, Genesis, ELP, PFM, Camel, Triumvirat, Jethro Tull, Pink Floyd, Eloy, Kansas e mais um sem número de bandas, vamos todos sair na porrada e não vamos chegar a lugar algum, mesmo porque até mesmo em certos casos a comparação se tornaria impossível, portanto, humildemente peço a licença a todos para considerar que para esta resenha o Yes fosse a melhor banda naquele momento.

Vale lembrar que, logo depois em 1973, não satisfeitos com o que já tinham feito, ainda iriam lançar o que para mim define um dos paradigmas do rock progressivo, “Tales From Topographic Oceans”, obra mais do que prima do rock.

Sei que muitos vão lembrar que este álbum foi o estopim para o primeiro pedido de demissão de Rick Wakeman da banda e bla bla bla, entretanto, há alguns anos atrás o próprio reconheceu seu inestimável valor, pois não poderia ser diferente.

Mesmo depois de sua saída, o álbum “Relayer”, de 1974 com o “bolha d’água” do Patrick Moraz, que sem dúvidas é um excelente tecladista, talvez um dos melhores do mundo, mas infelizmente como nem tudo é perfeito, além de muito pedante, ele é um “chato de galochas”, mas justiça seja feita, saiu-se muito bem neste álbum, tanto nos estúdios, bem como em suas apresentações públicas, transformando-o em um dos maiores feitos do Yes.

Resumindo este imbróglio todo, o Yes é a síntese de parte de uma época, onde o pior músico era excelente, a música era arrebatadora e cativante, com uma inteligência incomum, capaz de proporcionar viagens sem sair do lugar, coisa de louco mesmo, sem explicação lógica. 

Voltando ao álbum, “Progeny: Seven Shows from Seventy-Two”, ele registra as apresentações em sete ocasiões diferentes, entretanto, seu repertório é praticamente o mesmo em todos os shows, o que não tira o mérito deste CDbox, que está com o áudio mais do que perfeito, o que para os fãs da banda fica como mais um documento histórico, portanto amigos, sejam bem rápidos, pois este link deve durar muito pouco tempo. Boa audição a todos!!!

ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!

Yes:
Jon Anderson / vocals
Steve Howe / guitar
Chris Squire / bass
Rick Wakeman / keyboards
Alan White / drums

Track Listing for every show/double disc:
Opening (Excerpt From Firebird Suite)
Siberian Khatru
I've Seen All Good People
  a. Your Move
  b. All Good People
Heart Of The Sunrise
Clap/Mood For A Day
And You And I
  i. Cord Of Life
  ii. Eclipse
  iii. The Preacher The Teacher
  iv. Apocalypse
Close To The Edge
  i. The Solid Time Of Change
  ii. Total Mass Retain
  iii. I Get Up I Get Down
  iv. Seasons Of Man
Excerpts From "The Six Wives Of Henry VIII"
Roundabout
Yours Is No Disgrace



   

JETHRO TULL - We Used to Know - 1970

 



Sem dúvida, o Jethro Tull é uma das bandas de progressivo a qual possui o início de carreira dos mais brilhantes. Trajando roupas desleixadas e vagabundas, parecendo mais um anacronismo de um conto de Charles Dickens, Anderson transmitiu uma antiga aura durante os anos de formação da banda no final dos anos 60 e início dos anos 70, que persistiria em diversas outras formações por décadas a fio emanando sempre muita qualidade e extrema criatividade em suas composições.

O registro a seguir, conta com faixas dos dois primeiros e essenciais discos do Tull lançados entre os anos de 1968 e 1969, This Was e Stand Up respectivamente.


Gravado dias após o lançamento de Benefit, a banda já havia se apresentado em território americano anteriormente e dessa vez se apresentou no Fillmore West na cidade São Francisco em 01 de Maio de 1970.

Aqui também encontramos interessantes versões de 'To Cry You a Song, 'With You There to Help Me' e 'Sossity', até então inéditas para os espectadores americanos, já que o Benefit foi distribuído na América alguns meses depois de seu lançamento original.

A qualidade do Bootleg varia de média para razoável e é dedicada aos fãs mais assíduos da banda e aos colecionadores de registros raros como esse.

TRACKS:

01. Nothing is Easy
02. My God (Flute Solo)
03. To Cry You A Song
04. With You There to Help me/By Kind Permision Of
05. Sossity, You´re a Woman/Reasons For Waiting
06. Dharma For One
07. We Used To Know
08. Guitar Solo/For A Thousand Mothers






CARAVAN - Green Bottles for Marjorie - 2002



O Caravan foi formado em 1968 a partir da dissolução do Wilde Flowers, depois que Robert Wyatt e Hugh Hopper se uniram para formar o Soft Machine. A formação original consistia nos primos David e Richard Sinclair (teclados e baixo respectivamente), os irmãos Jimmy e Pye Hastings (guitarra e sopros respectivamente) e o saudoso Richard Coghlan (bateria), que permaneceu na banda até a sua morte em 2013.

Em seu primeiro álbum lançado já em 68, eles ainda estavam encontrando sua identidade na cena emergente do Rock Progressivo mas, em seu segundo trabalho (estreantes no selo Decca), 'If I Could Do All Over Again, I´d Do It All Over You' (1970), eles estabeleceram seu som e estilo próprios, uma mesclagem de pop, folk e explorações baseadas no jazz. Seu próximo e mais icônico disco, 'In the Land of Grey and Pink' (1971), tornou-se o mais aclamado pela crítica, mas encontrou certa dificuldade comercial em meio a tantos nomes do gênero que já haviam alcançado um enorme sucesso em terras inglesas.

 Frustrado com a falta de retorno, Dave Sinclair deixa a banda para se juntar a Robert Wyatt em seu novo projeto, o que viria a se tornar o Matching Mole (nada comercial). Com isso, o Caravan conta com Steve Miller para seu próximo álbum, 'Waterloo Lily' (1972), que os levou em uma direção mais sombria e de pouco retorno. Contudo, o estilo jazz/blues mais direto de Miller se chocou com o resto da banda e ele logo saiu.

Já no ano seguinte, Dave retorna a banda, já que sua passagem pelo Matching Mole não durou muito e encontra Richard de saída para fundar o genial Hatfield and The North. Para a gravação de 'For Girls Who Grow Plump in the Night', entra o guitarrista e multi-instrumentista, Geoffrey Richardson que permance até os dias atuais.  

 Embora ganhando notoriedade, a banda nunca conseguiu alcançar o sucesso que merecia. A fim de reverter tal situação, saem em uma longa turnê para os EUA no ano de 74. Após o relevante sucesso obtido na América, partiram logo para a gravação de 'Cunning Stunts' (1975) e finalmente a banda foi reconhecida pelos principais meios de comunicação do Reino Unido e EUA. 

Logo após seu lançamento, Dave Sinclair saiu em definitivo e os álbuns posteriores, 'Blind Dog At St. Dunstans' (1976) e 'Better By Far (1977)', não conseguiram expandir o sucesso do disco anterior e a banda deu uma pausa. Um renascimento nos anos 80, resultou em alguns álbuns subseqüentes, mas não conseguiu igualar toda a produção dos anos anteriores. Mas, como parece ser o padrão, a formação original se reuniu para um evento em 1990 que reacendeu o interesse que se converteu em uma nova  turnê. 

O Caravan ainda se encontra na ativa e chegou a lançar uma coletânea em 2014 intitulada por 'The Back Catalogue Songs'.

O registro a seguir é um bootleg oficial lançado em 2002 de qualidade bastante razoável no que se refere ao áudio como um todo. 

Consiste em material registrado pela BBC entre Dezembro de 1968 e Abril de 1972, abrangendo os três primeiros álbuns de estúdio do Caravan.

Minha insistência em publica-lo se deve pelo fato de conter gravações da primeira e brilhante fase da banda, sendo seu disco homônimo de 1968 o melhor deles na minha opinião.

Outra razão é a inclusão de duas releituras da faixa Feelin' Reelin' Squealin' do Soft Machine, lançado em 1967 em forma de single (Love Makes Sweet Music), onde o monstro Kevin Ayers liderava os vocais na época.

Repito que esse registro não possui boa qualidade de áudio sendo dedicado exclusivamente aos colecionadores e intusiastas desse tipo de gravação.


TRACKS:

1. Green Bottles For Marjorie*
2. Place Of My Own*
3. Feelin' Reelin' Squealin'*
4. Ride*
5. Nine Feet Underground**
6. In The Land Of The Grey and Pink**
7. Feelin' Reelin' Squealin'**
8. The Love In Your Eye***

* Top Gear Sessions - 31 de Dezembro de 1968
** Radio One in Concert - 16 de Maio de 1971
*** John Peel Session - 11 de Abril de 1972







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