segunda-feira, 3 de julho de 2023

Discografias Comentadas: Motörhead [Parte I]

 

Discografias Comentadas: Motörhead [Parte I]

“We are Motörhead and we play rock ‘n’ roll”.

Esta era a frase com que o líder do Motörhead, “Lemmy”, costumava abrir os seus shows. Se você ama Rock ‘n’ Roll e nunca ouviu falar do Motörhead, você precisa procurar uma orientação melhor. Verdadeira instituição do gênero, este artigo, dividido em 3 partes, vai passear por todos os álbuns de estúdio do grupo além, de maneira resumida, contextualizar cada um de seus lançamentos. Necessário frisar, evidentemente, que as opiniões sobre músicas e álbuns refletem exclusivamente a percepção deste autor.

Ian “Lemmy” Kilmister foi o baixista/vocalista do grupo e, durante toda sua existência, a alma da banda. A história de ambos se confundem e a partir dela que se começará.

Em maio de 1975, Lemmy foi demitido do Hawkwind, após ser preso no Canadá por posse de drogas. Sem grandes perspectivas, ele decide formar um novo grupo, o Motörhead, cujo nome foi inspirado em sua última composição para o Hawkwind. Segundo o próprio Lemmy, ele queria que sua música fosse “rápida e viciante, assim como o MC5”.

Com o guitarrista Larry Wallis e o baterista Lucas Fox, o Motörhead foi contratado pela United Artists e em setembro de 1975 começou as gravações para seu primeiro álbum. Durante este processo de gravação, Fox se revelaria o homem errado para a função, sendo substituído por Phil “Philthy Animal” Taylor, o qual terminaria o disco.

Entretanto, o resultado final da obra desagradou a gravadora United Artists que se recusou a lançar o álbum (trata-se de On Parole, nome sob o qual o disco foi lançado, em 1979). Na sequência, imaginando que uma dupla de guitarristas seria o ideal para o conjunto, ‘Fast’ Eddie Clarke foi recrutado o que culminou com a quase imediata saída de Wallis. Desta forma, como um “Power Trio”, a clássica formação Kilmister/Clarke/Taylor foi reunida.

Com quase nenhum reconhecimento e há poucos minutos de perder Taylor e Clarke, Lemmy conseguiu uma chance de dois dias no Escape Studios, com o produtor Speedy Keen, após uma apresentação no Marquee Club, em Londres, com Ted Carroll, da Chiswick Records. Na oportunidade conquistada, em vez de um single, a banda registrou 11 faixas em 2 dias. Carroll deu-lhes mais alguns dias no Olympic Studios para terminarem os vocais e a banda completou 13 faixas para lançamento de um novo álbum. Primeiramente, a Chiswick lançou o single “Motorhead”, em junho, seguido, então, pelo primeiro álbum da banda. O trabalho artístico da capa apresentava um War-Pig, o rosto com presas que se tornaria um ícone da banda, criado pelo artista Joe Petagno, o qual havia trabalhado com Storm Thorgerson, da Hipgnosis. A mascote do grupo seria batizada como Snaggletooth.


Motörhead [1977]

Lançado em 21 de agosto de 1977, pela Chiswick Records e sob produção de Speedy Keen, Motörhead demonstra uma banda sedenta de sucesso. A abertura, “Motörhead”, já apresenta o característico som do grupo: rápido, simples e pesado com o baixo de Lemmy já presente nos primeiros segundos, em um Rockabilly (com doses extras de peso e de velocidade). “Vibrator” segue na mesma linha da primeira canção enquanto “Lost Johnny” é menos veloz, mais cadenciada e mais pesada, com o baixo de Lemmy mais evidente e um ótimo solo do guitarrista ‘Fast’ Clarke. “Iron Horse – Born To Lose” é um Hard Rock pesadão e bem lento, contando com um solo muito bom da guitarra de Clarke. “White Line Fever” se apresenta como um Blues Metal de primeira qualidade, com destaque para a bateria de ‘Philty Animal’. “Keep Us on the Road” é um Rock mais suave (para os padrões do disco), com um riff bem malemolente, assim como também a ótima “The Watcher”, seguindo este mesmo padrão. Para fechar o álbum, uma versão selvagem para o clássico do Blues, “Train Kept A-Rollin’”. Motörhead teve sua faixa-título lançada como single, sem causar maiores impactos. O disco atingiu a 43ª posição da principal parada britânica e supera a casa de 60 mil cópias vendidas no Reino Unido. Em suma, Motörhead mostra o grupo em busca de uma identidade musical, mas já apresentando um direcionamento com bastante personalidade.


A banda fez uma turnê pelo Reino Unido, em suporte ao Hawkwind, em junho, e depois do final de julho começou a turnê Beyond the Threshold of Pain com o The Count Bishops. Em agosto, Tony Secunda assumiu a gerência da banda, e sua atitude tornou-se tão instável que, em março de 1978, Clarke e Taylor se mandaram e passaram a se apresentarem como ‘The Muggers’, com Speedy Keen e Billy Rath.

Em julho de 1978, a banda voltou para a gerência de Douglas Smith, que conseguiu um contrato para um único single com a Bronze Records. O resultado, “Louie Louie”, foi lançado em setembro daquele ano, alcançando a 68ª posição na parada britânica daquela natureza.

A banda fez uma turnê no Reino Unido para promover o single, gravando para o programa John Peel in session, da BBC Radio 1, em 18 de setembro (essas faixas foram mais tarde lançadas no álbum BBC Live & In-Session, de 2005), e apareceu, pela primeira vez, no famoso programa Top of the Pops, da BBC Television, em 25 de outubro. A Chiswick capitalizou esse novo nível de sucesso ao reeditar o álbum de estreia Motörhead, em vinil branco, através da EMI Records. O sucesso do single levou a banda a estender seu contrato com a Bronze Records, e colocou-a de volta ao estúdio para gravar um novo álbum, desta vez com o produtor Jimmy Miller, no Roundhouse Studios.


Overkill [1979]

Lançado em 24 de março de 1979, através do selo Bronze Records, Overkill é um monólito da música pesada. Produzido por Jimmy Miller (Traffic, The Rolling Stones), o disco é considerado, por parte dos fãs, o melhor trabalho do grupo. A bateria frenética de Phil Taylor e o baixo de Lemmy introduzem a clássica “Overkill”, um verdadeiro hino da banda, em toda sua ferocidade. Destaque-se, também, o trabalho do guitarrista ‘Fast’ Eddie Clarke e os vocais agonizantes de Kilmister. “Stay Clean”, outra canção emblemática, traz um riff um pouco mais cadenciado, num estilo bem rock clássico, mas com o peso que naturalmente o Motörhead impõe a sua sonoridade. A paulada “(I Won’t) Pay Your Price” é seguida por “I’ll Be Your Sister”, outro Rock com a dosagem de peso exata implantada pela seção rítmica. “Capricorn” é outro petardo que apresenta a criatividade de Taylor nas baquetas em uma música com sonoridade sufocante. Outra faixa tradicional do conjunto é “No Class”, perfeita para definir o que é a banda: música direta, sem invenções e com um ótimo ritmo. Pesada e intensa, com a cadência correta, assim é “Damage Case”, contando com um riff excelente e o refrão é excepcional. “Tear Ya Down” possui um riff que remete ao Rock cinquentista, embora com mais poder e vigor. “Metropolis” possui um clima mais sombrio, em ótima atuação vocal de Lemmy, enquanto “Limb From Limb” é um Hard Rock fenomenal, calcado em um riff Bluesy e solos ferozes de Clarke. “Overkill” e “No Class” foram os singles lançados para promoção do disco, conquistando a 39ª e 61ª colocações na parada britânica desta natureza, respectivamente. Já o álbum atingiu a 24ª posição da parada britânica, suplantando a casa de 60 mil cópias vendidas no Reino Unido. Overkill é um dos álbuns mais influentes da história da música mais pesada (está aí o Thrash Metal norte-americano como prova), tanto que a revista alemã Rock Hard o colocou no 340º lugar de sua lista The 500 Greatest Rock & Metal Albums of All Time, de 2005; enquanto a revista britânica Kerrang! trouxe o disco em 46º lugar de sua lista 100 Greatest Heavy Metal Albums of All Time, de 1989.


A turnê ‘Overkill’, pelo Reino Unido, começou em 23 de março de 1979, antes do lançamento do single “No Class” (em junho), que possuía a faixa “Like a Nightmare” no lado B.

A tour Overkill

Durante julho e agosto, com exceção de uma pausa para aparecer no Reading Festival, a banda estava trabalhando em seu próximo álbum, Bomber.


Bomber [1979]

Jimmy Miller retorna ao Roundhouse Studios e ao Olympic Studios, ambos em Londres, para produzir a gravação de Bomber, o qual foi lançado pela Bronze Records em 27 de outubro de 1979. A banda reclamou que não teve tempo para trabalhar as faixas durante seus shows (o que ocorrera em Overkill), além do produtor Jimmy Miller se encontrar totalmente errático, em um ponto de desaparecer completamente do estúdio e ser encontrado adormecido ao volante de seu carro, supostamente cada vez mais sob a influência de heroína. Mesmo assim, Bomber é um dos discos mais amados pelos fãs. Abre o trabalho “Dead Men Tell No Tales”, canção em que é possível sentir a identidade musical do Motörhead. Um riff pesado, direto, embora um pouco mais cadenciado para os padrões da banda. A bateria de Phil Taylor está insana e o baixo de Lemmy dá as cartas. A intensidade do álbum continua pesada na sua segunda canção, “Lawman”, na qual, outra vez, o Motörhead aposta em um ritmo mais cadenciado, mas sem abrir mão de seu peso característico. Outro bom trabalho de Taylor na bateria e os vocais agressivos de Lemmy se casam perfeitamente com o instrumental. Em “Sweet Revenge”, o andamento fica ainda mais lento, embora o peso continue muito presente. O caminhar ‘arrastado’ da canção dá maior destaque ao trabalho de Taylor na bateria enquanto aparece outro inspirado solo da guitarra de Eddie Clarke. Já na quarta faixa do disco, “Sharpshooter”, o conjunto apresenta uma música bastante direta e rápida, capitaneada por um riff muito veloz e um baixo, por parte de Lemmy, bem presente. Em “Poison”, o destaque total é da guitarra de ‘Fast’ Eddie Clarke, brilhando tanto nos solos quanto na base. A marcante introdução de “Stone Dead Forever”, ao baixo de Lemmy Kilmister, é uma das mais conhecidas dentro da discografia do grupo. A canção apresenta um riff simples, mas tão bom quanto contagiante, o ritmo é rápido e intenso; o refrão também se destaca. A música ainda contém um dos melhores solos da guitarra de ‘Fast’ Eddie Clarke. A guitarra está ainda mais pesada em “All The Aces”, abusando de solos que simplesmente ‘cortam’ a canção. Já em “Step Down”, o som se apresenta com uma pegada mais Bluesy, com os vocais feitos pelo próprio Clarke. “Talking Head” é rápida, pesada e muita intensa, bem como a derradeira “Bomber”, contando com a dose corretíssima de peso e transpirando inspiração. A faixa-título foi o único single retirado do disco e conquistou a 34ª posição da principal parada britânica desta natureza. Bomber ficou com a ótima 12ª colocação da parada britânica de discos, superando 60 mil cópias vendidas no país. Bomber é um dos melhores trabalhos do Motörhead e, se não está no mesmo patamar de Overkill, encontra-se em um nível extremamente próximo.


O palco dos shows, nesta fase, contou com um equipamento de iluminação em forma de bombardeiro. Durante a turnê ‘Bomber’, a United Artists reuniu fitas gravadas durante as sessões no Rockfield Studios, do período entre 1975 e 1976, e as lançou como um álbum, On Parole.


On Parole [1979]

Oportunisticamente, a United Artists viu o sucesso do Motörhead e resolveu soltar aquele primeiro material gravado pela banda, ainda com Larry Wallis na guitarra, como um álbum, no final de 1979 (8 de dezembro), e, aquilo que anteriormente não servia, passou a ser útil. As faixas são quase as mesmas que constituíram a estreia oficial do conjunto, Motörhead, mas ainda mais cruas e menos trabalhadas, além da produção deixar a desejar (Fritz Fryer substituiu Dave Edmunds na função). Em geral, faltava a Larry Wallis a agressividade que sobraria em ‘Fast’ Eddie Clark. Quanto às músicas inéditas, “On Parole”, canção de Wallis, é um Rock ‘n’ Roll de base cinquentista, bem como a divertida “City Kids” (também de Wallis), mas ambas sem a pegada do Motörhead. O cover para “Leaving Here”, clássico da Motown, é interessante, com um ritmo mais acelerado. “Folls” é outra música de Wallis, com um jeitão de Rolling Stones e vocais do próprio Wallis (que também canta em “Vibrator”). “Lost Johnny” ainda conta com o baterista original, Lucas Fox, em ação. On Parole atingiu a 65ª posição da principal da parada britânica de discos, mas evidencia ainda uma banda em processo de autoconhecimento, com algumas faixas até intrigantes, mas afastadas da ferocidade que consagraria o conjunto.


Em 8 de maio de 1980, enquanto a banda estava em turnê na Europa, a Bronze Records lançou o EP Ao Vivo, The Golden Years, que vendeu melhor que qualquer um de seus lançamentos anteriores, alcançando o oitavo lugar na parada britânica. A banda, no entanto, preferia o título ‘Flying Tonight’, em referência ao equipamento de iluminação de ‘Bomber’.

Durante os meses de agosto e de setembro de 1980, a banda esteve no Jackson’s Studios, em Rickmansworth, gravando com o produtor Vic Maile. O single “Ace of Spades” foi lançado em 27 de outubro daquele ano, como uma prévia do álbum que surgiria logo depois.


Ace of Spades [1980]

Com uma capa com a banda posando no melhor estilo ‘Velho Oeste’, o disco foi gravado entre 4 de agosto e 15 de setembro de 1980, no Jackson’s Studios, em Rickmansworth, no Reino Unido, sob a produção de Vic Maile (que havia trabalhado com Jimi Hendrix e The Who, por exemplo). Ace of Spades é o marco definitivo de sucesso do Motörhead. O álbum foi lançado em 8 de novembro de 1980, com 12 faixas arrebatadoras. O hino ‘proto-thrash’, “Ace of Spades”, abre o disco em uma das mais brilhantes composições do Motörhead, com o baixo de Lemmy dando um peso absurdo à faixa e ‘Fast’ destroçando nos solos de guitarra. “Love Me Like a Reptile” mantém o pé no acelerador, contando com um riff de guitarra inspirado e ótimos vocais de Kilmister. “Shoot You in the Back” é um pouco menos veloz, mas o peso continua insano, graças ao ótimo riff principal. “Live to Win” traz o baixo de Lemmy ainda mais proeminente, em uma canção que contém um certo balanço em sua intensidade e, novamente, solos arrasadores de Clarke. A deliciosa “Fast and Loose” é praticamente um ‘Blues Metal’, com atuação preciosa de Lemmy nos vocais e um refrão bem legal. O lado A é encerrado pela homenagem “(We Are) The Road Crew”, que celebra os roadies do grupo (e a fase em que Lemmy foi roadie de Jimi Hendrix e da banda The Nice). “Fire, Fire” é uma verdadeira paulada, rápida e furiosa, com Taylor fazendo jus ao apelido ‘Animal’ na bateria. “Jailbait” é mais lenta, mas possui peso e intensidade nas doses precisas, em uma típica construção do Motörhead, com ótimos vocais de Lemmy. O riff inicial de “Dance” é incrível, em uma faixa que faz a fusão do peso do grupo a uma aura rockabilly, de modo cirúrgico. Com pouco mais de 1 minuto e meio, “Bite the Bullet” é uma canção que vai sem rodeios ao ponto, com a sonoridade esperada de uma música assim. Contando com um riff espetacular, a clássica “The Chase Is Better Than the Catch” é um Hard Blues Rock de primeiríssima linha, mas com o inegável DNA do Motörhead, constituindo-se em uma das melhores faixas de toda a discografia do conjunto. Mais uma porrada encerra o disco, “The Hammer”, outra música que antecipa o nascimento do Thrash Metal, com Taylor furioso na bateria. O single “Ace of Spades”, lançado pouco tempo antes do álbum, atingiu o 15º lugar na parada britânica e acabou vendendo bem. O álbum Ace of Spades alcançou a excelente 4ª colocação da principal parada britânica, o ápice entre discos de estúdio da banda, além de bater a casa das 100 mil cópias vendidas no Reino Unido. Além disso, o reconhecimento de sua importância e influência é pleno entre a crítica especializada, com o trabalho sendo listado no livro 1001 Albums You Must Hear Before You DieAce of Spades é um dos melhores álbuns de Rock de todos os tempos.


A Bronze Records comemorou o status de ‘disco de ouro’ de Ace of Spades ao lançar uma edição limitada do álbum em vinil dourado. O Motörhead fez uma aparição no popular programa de TV, Top of the Pops, em novembro daquele ano com “Ace of Spades”, e entre 22 de outubro e 29 de novembro a banda estava em sua turnê ‘Ace Up Your Sleeve’, no Reino Unido, com o apoio dos grupos Girlschool e Vardis.

Para coincidir com o lançamento de Ace of Spades, a Big Beat, que havia herdado o catálogo da Chiswick Records, reuniu quatro faixas não utilizadas nas sessões do Escape Studios em 1977 (para o álbum Motörhead) e as lançou como o EP Beer Drinkers and Hell Raisers, que alcançou a 43ª posição na parada britânica em novembro de 1980.

A banda teve mais sucessos em 1981. O lançamento do EP St. Valentine’s Day Massacre, em colaboração com o Girlschool, que alcançou a 5ª posição na parada britânica de singles em fevereiro; bem como a versão ao vivo da faixa “Motorhead”, que chegou ao sexto lugar da mesma parada em julho.

A canção ao vivo foi retirada de No Sleep ‘to Hammersmith, o extraordinário álbum ao vivo lançado pelo grupo em 27 de junho de 1981 e que alcançou o primeiro lugar na parada de álbuns do Reino Unido em junho. As gravações foram feitas em março de 1981, quando a banda estava em turnê pela Europa, e, na última semana do mês, o grupo realizou a turnê ‘Short Sharp, Pain in the Neck’, no Reino Unido.

De abril a julho, a banda fez uma turnê pela América do Norte, pela primeira vez, como convidados da ‘Blizzard of Ozz’, uma encarnação da banda de Ozzy Osbourne, mas ainda conseguiu aparecer novamente no Top of the Pops, em 9 de julho, para promover o single ao vivo “Motorhead”. A banda começou uma turnê europeia em 20 de novembro, apoiada pelo Tank, e, após a mesma, Clarke produziu o álbum de estreia do Tank, Filth Hounds of Hades, no Ramport Studios, em dezembro e janeiro do ano seguinte.

Entre 26 e 28 de janeiro de 1982, a banda começou a gravar seu novo álbum, produzido no Ramport Studios, antes de se mudar para o Morgan Studios.


Iron Fist [1982]

Gravado entre 26 e 28 de janeiro e durante todo o mês de fevereiro de 1982, no Ramport Studios e no Morgan Studios, Iron Fist seria o último disco com a formação clássica da banda Kilmiste-Clarke-Taylor. ‘Fast’ Eddie Clarke produziria o trabalho, com Will Reid Dick cuidando da parte de engenharia. A Bronze Records lançou o álbum mundialmente, com a Mercury cuidando da emissão na América do Norte, em 17 de abril daquele ano. Vic Maile, o qual produziu Ace of Spades, retornaria para Iron Fist, mas, após poucas gravações e algumas divergências, acabou deixando o projeto, com Clarke assumindo o posto. A faixa-título, “Iron Fist”, é sensacional, com toda a fúria do Motörhead expressada em um riff incrível e um refrão inacreditavelmente empolgante. Os solos de guitarra de Clarke são brutais. “Heart of Stone” mantém o pé no acelerador, com o baixo de Lemmy bastante proeminente e a bateria frenética de Taylor ditando o ritmo. “I’m the Doctor” traz a ótima competência do grupo em fundir Rockabilly com o peso do Metal e vocais diferentes de Lemmy. “Go to Hell” é metal até o osso, contando com um dos riffs mais pesados de toda a discografia do grupo, lembrando mesmo até bandas da NWOBHM. “Loser” já é um pouco mais cadenciada, embora mantenha o peso, com relevância para as grandes abordagens da guitarra de Clarke. “Sex & Outrage” é daquelas clássicas faixas do Motörhead, curta, veloz e insanamente agressiva. “America” abre o lado B com um Hard Blues Rock de alta competência, com um riff quase ‘zeppeliano’ e vocais iluminados de Lemmy. “Shut It Down” é mais uma pancada certeira do disco, com groove acentuado e guitarras muito afiadas. O baixo de Lemmy volta a dar as cartas em “Speedfreak” em mais uma canção veloz e pesada em que o destaque é a seção rítmica. Já em “(Don’t Let ‘Em) Grind Ya Down”, o conjunto desacelera, com um riff principal muito bom e extremamente agressivo, assim como o refrão e um dos melhores solos de Clarke. “(Don’t Need) Religion” é muito Rock ‘n’ Roll, cadenciada e furiosa, com vocais criativos de Lemmy e bom trabalho das guitarras. “Bang to Rights” encerra o álbum com peso e velocidade, em mais uma música curtinha e que vai certeira ao ponto. O single “Iron Fist” foi bem e atingiu o 29º lugar da principal parada britânica desta natureza, enquanto “Go to Hell” acabou não repercutindo. O álbum Iron Fist manteve o sucesso do grupo, alcançando a 6ª posição da principal parada britânica de discos e beliscando, pela primeira vez, a correspondente norte-americana, a Billboard 200, mesmo com a modestíssima 174ª colocação. Em termos de vendas, Iron Fist novamente superou a casa de 60 mil cópias vendidas no Reino Unido. Em suma, mesmo possuindo uma produção extremamente linear, a qualidade de suas composições faz de Iron Fist um álbum essencial dentro da discografia do Motörhead, ocupando a prateleira de cima dentro de seus trabalhos.


A formação continuou na turnê ‘Iron Fist UK’, entre 17 de março e 12 de abril, e durante a primeira turnê da banda na América do Norte de 12 de maio até o último compromisso de Clarke, no New York Palladium, em 14 de maio de 1982. A gota d’água das tensões entre Lemmy e Clarke teve como consequência sua saída da banda durante a gravação do EP Stand By Your Man, uma versão cover do clássico de Tammy Wynette, em colaboração com Wendy O. Williams and the Plasmatics. Clarke sentiu que a música comprometia os princípios da banda, recusando-se a tocar na gravação e se demitindo, posteriormente formando sua própria banda, a Fastway.

Lemmy e Taylor fizeram numerosos telefonemas para encontrar um guitarrista, incluindo um para Brian Robertson, anteriormente no Thin Lizzy, que estava gravando um álbum solo no Canadá. Ele concordou em ajudar e completar a turnê. Robertson assinou um contrato de um álbum, resultando em Another Perfect Day, de 1983, e os dois singles, “Shine” e “I Got Mine”.


Another Perfect Day [1983]

Another Perfect Day foi gravado no Olympic Studios e no Eel Pie Studios, ambos em Londres (Inglaterra), entre os meses de fevereiro e de março de 1983. A produção ficou a cargo de Tony Platt e o disco foi lançado pela Bronze Records em 4 de junho daquele ano. Brian Robertson chegou ao grupo e, como se verá, deixou sua marca. “Back at the Funny Farm” até começa com Taylor espancando a bateria e o baixo indomável de Lemmy, mas a abordagem das guitarras de Robertson remetem imediatamente à sonoridade do Thin Lizzy, embora, o peso e velocidade sejam muito Motörhead. “Shine” dá uma amenizada no peso, apostando em uma sonoridade um pouco mais malemolente, com vocais até (um pouco) mais suaves de Lemmy, em uma construção diferente para os padrões da banda. “Dancing on Your Grave” possui uma musicalidade bem oitentista, flertando com o Hard Rock da época, mesmo com o DNA do Motörhead se fazendo presente. A guitarra de Robertson nesta música é incrível. “Rock It” possui um ritmo acelerado, sendo uma faixa com uma pegada Rockabilly, mas com uma referência Hard, inclusive com passagens mais amenas, deveras interessantes, durante os solos de guitarra de Robertson. “One Track Mind” é uma canção bem diferente para o Motörhead da época, com uma cadência na qual o conjunto não apostava em trabalhos anteriores, mas, mesmo assim, revela-se uma música fascinante, com ótima atuação de Lemmy (tanto nos vocais quanto no baixo) e Robertson preciso nas seis cordas. O lado B é aberto com a faixa-título, “Another Perfect Day”, a qual continua com o aspecto Hard Rock, mas com mais intensidade e rapidez, enquanto a guitarra de Robertson faz misérias! “Marching Off to War” é uma música mais com a cara do Motörhead, bem pesada e veloz, com muita intensidade e vocais agressivos de Lemmy. “I Got Mine” possui uma cara mais setentista, embora a identidade musical do grupo esteja impressa na canção, com relevância para a guitarra de Robertson. “Tales of Glory” é aquela música rápida e pesada do Motörhead, que flerta com o Rock cinquentista, com um sabor muito especial. “Die You Bastard!” encerra o trabalho com uma musicalidade mais padrão do grupo, com muito peso e velocidade, de maneira muito intensa e a guitarra de Robertson quebrando tudo! “Shine” e “I Got Mine” foram lançadas como singles, com elas atingindo, respectivamente, a 59ª e a 46ª posições da principal parada britânica desta natureza. Com uma parte do público torcendo o nariz para o resultado final, Another Perfect Day vendeu menos que seus antecessores e atingiu a 20ª colocação da principal parada de álbuns do Reino Unido, beliscando a humilde 153ª da correspondente norte-americana. No entanto, entende-se que Another Perfect Day é um trabalho diferente dentro da discografia do Motörhead, mas que é extremamente subestimado, pois seu nível de qualidade é bem elevado.




Discografias Comentadas: Motörhead [Parte II]

 Discografias Comentadas: Motörhead [Parte II]

Apresenta-se agora a segunda parte da Discografia Comentada do Motörhead, abrangendo a segunda metade dos anos 80 e os anos 90.

Do final de maio até o início de julho de 1983, a banda realizou a ‘Another Perfect Tour’, seguida por uma turnê americana entre julho e agosto, e outra turnê europeia em outubro e novembro. O guitarrista Brian Robertson começou a causar atrito na banda, resultado de seu modo de vestir no palco, consistindo de shorts e sapatilhas de balé, e com sua recusa em tocar os velhos clássicos que todo público do Motörhead esperava ouvir. Isto levou a um acordo amigável para que Robertson deixasse o grupo, fazendo seu último show com a banda no Berlin Metropol, em 11 de novembro de 1983.

Após a saída de Robertson, a banda recebeu fitas de todo o mundo de potenciais guitarristas. O grupo retornou ao conceito de uma dupla de guitarristas ao contratar os desconhecidos Würzel e Phil Campbell. Logo após gravar “Ace of Spades” para um programa de TV, foi a vez do baterista Phil Taylor sair do conjunto. Pete Gill, ex-Saxon, é contratado para substituí-lo.

A Bronze Records achou que a nova formação não daria conta do recado e optou por lançar uma coletânea. Quando Lemmy descobriu, assumiu o projeto, selecionando faixas, fornecendo comentários no encarte e insistindo que o Motörhead gravasse quatro faixas novas para sair no final de cada lado do álbum.

Durante as sessões, entre 19 e 25 de maio de 1984, no Britannia Row Studios, em Londres, a banda gravou seis faixas, para um single e o álbum. O single “Killed by Death” foi lançado em 1º de setembro, alcançando o 51º lugar na parada britânica daquela natureza, e o álbum duplo, No Remorse, foi lançado em 15 de setembro, atingindo a 14ª posição na parada britânica de álbuns.

A banda esteve envolvida em um processo judicial contra a Bronze Records pelos próximos dois anos, acreditando que seus lançamentos não estavam sendo promovidos corretamente, e a gravadora os baniu do estúdio de gravação. O grupo focou em mais turnês para arrecadar dinheiro, passando por Austrália e Nova Zelândia; Hungria; Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha durante o ano de 1984.

Em 1985, para celebrar o 10º aniversário da banda, dois shows foram organizados no Hammersmith Odeon em 28 e 29 de junho, e um vídeo do segundo show foi feito e lançado como The Birthday Party. O grupo continuou fazendo turnês até o final daquele ano.

De 26 de março a 3 de abril de 1986, a banda excursionou pela Alemanha, Holanda e Dinamarca e em junho, tocou em duas datas, em Bologna e Milão na Itália. O processo judicial com a Bronze Records foi finalmente resolvido em favor da banda. A administração do grupo formou sua própria gravadora, a GWR, e o conjunto voltou aos estúdios.


Orgasmatron [1986]

Depois de mais de 3 anos sem lançar um álbum de estúdio com músicas inéditas, Orgasmatron chegou ao público em 9 de agosto de 1986. A produção ficou por conta de Bill Laswell e Jason Corsaro, com as gravações ocorrendo naquele mesmo ano, no Master Rock Studios, em Londres, na Inglaterra. Com Lemmy nos vocais, Gill na bateria, Campbell na guitarra base e Würzell na guitarra solo, este seria o primeiro disco com o Motörhead como um quarteto. “Deaf Forever” é um Hard Rock cadenciado, mas deveras pesado, abrindo o disco com a típica ferocidade do Motörhead (e um refrão matador!). “Nothing Up My Sleeve” resgata o baixo de Lemmy introduzindo a canção, a qual segue alucinadamente veloz até o fim. “Ain’t My Crime” parece uma continuação de sua antecessora, com peso e rapidez desenfreados, outro refrão inspirado e guitarras afiadas. “Claw” tem uma sonoridade que remete à fase de Overkill, com velocidade e melodia nas medidas corretas e a bateria de Gill bem frenética. “Mean Machine” possui uma fúria e agressividade extremas até mesmo para o Motörhead, sendo quase um Thrash Metal, ou seja, uma verdadeira porrada! “Built for Speed” é mais cadenciada e com uma melodia bem envolvente, contando com um riff ‘a la Judas Priest’, tornando-a uma faixa extremamente atraente. “Ridin’ with the Driver” possui um riff principal eficiente, configurando uma canção simples, curta e bem direta. “Doctor Rock” é um Hard/Heavy divertidíssimo, com um senso melódico contagiante, excepcional refrão e ótima atuação de Lemmy nos vocais. A faixa-título, o clássico “Orgasmatron”, encerra o disco com estilo, em uma composição extremamente cadenciada, mas de peso absurdo. O baixo de Lemmy está dominante e seus vocais são incríveis. “Deaf Forever” foi lançada como single e atingiu a 67ª posição da parada britânica desta natureza. Orgasmatron chegou ao bom 21º lugar da parada britânica de discos, conquistando a 157ª colocação de sua correspondente norte-americana. A revista alemã Rock Hard colocou o álbum no 313º posto de sua lista The 500 Greatest Rock & Metal Albums of All Time, de 2005. Mesmo com clássicos incontestáveis de sua carreira como “Orgasmatron” (faixa que seria regravada pelo Sepultura), “Doctor Rock” e “Deaf Forever”, o álbum não fez sucesso comercial. Orgasmatron sofre, principalmente, com uma produção que poderia ter valorizado bem mais suas músicas.


Em 16 de agosto de 1986, a banda tocou no Monsters of Rock, em Castle Donington. Em setembro, a banda realizou sua turnê ‘Orgasmatron’ na Grã-Bretanha, apoiada pelo Zodiac Mindwarp and the Love Reaction. Em outubro, o Motörhead excursionou pela América e em dezembro estava na Alemanha.

Em 1987, durante as filmagens da comédia Eat the Rich – em que Lemmy estava tendo um papel de protagonista ao lado de atores de comédia bem conhecidos, como Robbie Coltrane e Kathy Burke – Gill deixou a banda e Taylor retornou ao lado de Würzel e Campbell. A banda compôs “Eat the Rich” especialmente para o filme, e sua trilha sonora apresentou faixas de Orgasmatron e do single solo de Würzel, “Bess”. O segundo álbum da banda pela GWR seria lançado depois de um trabalho bem curto no estúdio.


Rock ‘n’ Roll [1987]

Em parceria com Guy Bidmead, o próprio Motörhead produziria Rock ‘N’ Roll, o qual foi gravado no Master Rock Studios e no Redwood Studios, ambos em Londres, na Inglaterra. A GWR Records o lançaria em 5 de setembro de 1987. A bateria frenética de Phil Taylor parece celebrar seu próprio retorno até que o riff infernal de “Rock ‘N’ Roll” apareça. Uma atuação fantástica de Lemmy nos vocais e guitarras diabólicas perfazem uma das melhores composições de toda a discografia do grupo (que baita refrão!). A criatividade continua em alta, com um riff puramente Rock, na verdadeiramente sacana “Eat the Rich”, uma faixa repleta de malícia. “Blackheart” é uma canção de andamento mais rápido, mas sem tanto peso, com um notório coro de vozes no refrão. “Stone Deaf in the U.S.A.” segue a pegada do conjunto, sendo outra música bem rápida, simples e pesada. “Blessing” é uma oração declamada por Michael Palin para abençoar a banda. “The Wolf” é uma verdadeira porrada no queixo, extremamente pesada e rápida, com as guitarras insanas, especialmente durante os solos de Würzel. “Traitor” possui mais groove e uma melodia mais malemolente e, porque não, dançante. “Dogs” é bem mais cadenciada, contendo uma sonoridade interessante e a criativa presença de Taylor na bateria. “All for You” tenta resgatar aquela comum influência do Motörhead em sua música, ou seja, a sonoridade Rockabilly, em uma faixa bem divertida. Para encerrar o disco, “Boogeyman” que, apesar de o nome sugerir, é uma autêntica pancadaria do Motörhead. O único single lançado, “Eat the Rich”, não causou repercussão em termos de paradas de sucesso. Rock ‘N’ Roll ficou com a 34ª colocação da principal parada britânica de álbuns e com a 150ª posição na sua correspondente norte-americana. Enfim, Rock ‘N’ Roll possui dois verdadeiros petardos (“Rock ‘N’ Roll” e “Eat the Rich”), está bem distante de ser um disco ruim, mas, realmente, não está no mesmo patamar das obras que o antecederam.


Em 2 de julho de 1988, o Motörhead foi um dos artistas do Giants of Rock Festival, em Hämeenlinna, na Finlândia. As faixas foram lançadas como o disco ao vivo Nö Sleep at All em 15 de outubro do mesmo ano. Um single para o álbum foi planejado, com a banda querendo “Traitor” como o lado A, mas “Ace of Spades” foi a escolhida. Quando o conjunto notou a mudança, ele se recusou a permitir que o single fosse distribuído para as lojas, sendo retirado e ficando disponível apenas na turnê ‘No Sleep at All’ e através do fã-clube Motörheadbangers.

Enquanto a banda continuou a fazer shows durante 1989 e 1990, o Motörhead mais uma vez se sentiu infeliz com sua carreira, e um processo judicial contra a gravadora GWR seguiu e que não foi resolvido até meados de 1990. Com o processo judicial resolvido, o Motörhead assinou contrato com a Epic/WTG e passou a última metade de 1990 gravando um novo álbum e um single, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Pouco tempo antes das sessões do álbum, o ex-empresário da banda, Doug Smith, lançou a gravação do show de aniversário de 10 anos da banda, muito contra os desejos do grupo, o qual já havia dito a ele (em 1986) que não queria o material viesse a público.

No estúdio eles gravaram quatro músicas com o produtor Ed Stasium, antes de demiti-lo. Quando Lemmy ouviu uma das mixagens de “Going to Brazil”, ele pediu ao produtor que mostrasse as quatro faixas, que ao fazê-lo, Kilmister ouviu claves e pandeiros que Stasium havia adicionado sem seu conhecimento.

Stasium foi demitido e Peter Solley foi contratado como produtor. A história, de acordo com o Stasium, era que o consumo de drogas e álcool de Lemmy excedia em muito as limitações da paciência do produtor, o qual optou por desistir do trabalho.


1916 [1991]

Já eram quase 4 anos desde o último álbum de inéditas do Motörhead e a WTG lançou 1916 em 26 de fevereiro de 1991. Peter Solley substituiu Ed Stasium na produção e as gravações ocorreram durante o ano de 1990. O disco é aberto com o petardo Hard/Heavy chamado “The One to Sing the Blues”, no qual as guitarras estão efervescentes e os vocais de Lemmy são bem agressivos. A rápida e furiosa “I’m So Bad (Baby I Don’t Care)” é uma faixa bem animada, com um refrão criativo e que funciona muito bem. Mais Rock e menos Metal, assim pode ser definida a maliciosa “No Voices in the Sky”, com uma grande atuação de Lemmy nos vocais. A divertidíssima “Going to Brazil” possui aquele flerte com o Rockabilly e é uma música incrível, com ótimo trabalho das guitarras, especialmente nos solos. “Nightmare / The Dreamtime” possui um andamento extremamente arrastado e um clima bastante soturno, quase gótico, com uma sonoridade pouco comum para o Motörhead. “Love Me Forever” é uma balada, a qual acaba funcionando bem, graças ao trabalho das guitarras e uma interpretação peculiar de Lemmy nos vocais. “Angel City” é outra música com uma abordagem bem Rock, com uma pegada bem Stones e alta carga Bluesy. “Make My Day” é uma típica faixa do Motörhead, bem pesada e bastante veloz, com guitarras afiadas e a bateria frenética de Taylor. “R.A.M.O.N.E.S.”, como obviamente seu nome expressa, é um tributo à banda norte-americana e como tal, a sonoridade Punk é ainda mais realçada. “Shut You Down” é outra porrada típica da banda, contando com solos muito legais e inspirados. “1916” é um tributo a todos os jovens soldados que morreram durante a Primeira Guerra Mundial, em uma canção minimalista e introspectiva, com a presença de um violoncelo tocado por James Hoskins. “The One to Sing the Blues” foi o single escolhido para a promoção do trabalho e acabou ficando com a 45ª posição da principal parada britânica desta natureza. 1916 atingiu a 24ª colocação da principal parada britânica de discos, bem como com a 142ª posição da correspondente norte-americana. 1916 foi indicado para o Grammy na categoria Best Metal Performance, em 1992, mas perdeu para Metallica (o chamado ‘Black Album’) do Metallica, lançado aproximadamente seis meses depois. Enfim, 1916 é um ótimo disco, bastante diversificado e uma amostra de que havia versatilidade no Motörhead.


Em seguida, a banda realizou turnês até dezembro de 1991, passando por Reino Unido, Europa continental, Japão, Austrália e Nova Zelândia, Estados Unidos, e Alemanha em dezembro. Em 28 de março de 1992, a banda tocou no que seria o último compromisso de Taylor com o Motörhead, em Irvine Meadows, na Califórnia.

O resto da banda estava querendo que Lemmy se livrasse de seu empresário, Doug Banker, e depois de uma visita não solicitada de Todd Singerman, que insistiu que ele deveria gerenciá-los (apesar de nunca ter empresariado uma banda antes), o grupo se reuniu com Singerman e decidiu contratá-lo, despedindo Banker.

Após anos de fracas vendas e rixas com gravadoras, no final dos anos 80, o Motörhead desfrutou de uma reviravolta incrível em 1992. Depois do sucesso de crítica de 1916, que foi indicado ao Grammy, o Motörhead garantiu um segundo contrato com a gravadora. Além disso, o vocalista e baixista Lemmy havia coescrito quatro canções para o álbum de  Ozzy Osbourne, No More Tears (1991), a convite da esposa e empresária de Ozzy, Sharon Osbourne, incluindo “I Don’t Want to Change the World”, “Hellraiser”, “Desire” e o single de sucesso “Mama, I’m Coming Home”, gerando uma renda muito necessária.

Em meio a isso, a banda gravava um álbum no Music Grinder Studios, na parte leste da cidade de Hollywood, durante os distúrbios que ocorriam em Los Angeles, em 1992. Três bateristas participaram do ‘making of’ do disco: Phil Taylor, que foi demitido porque não aprendeu as linhas de bateria da música “I Ain’t No Nice Guy”; Tommy Aldridge, que gravou a maior parte do material no álbum; e Mikkey Dee, que gravou “Hellraiser”, que, como se apontou, foi uma canção originalmente escrita por Lemmy para o álbum No More Tears, de Ozzy Osbourne.


March ör Die [1992]

Peter Solley retornou para a função de produtor em March ör Die, o qual, conforme foi mencionado, foi gravado no Music Grinder Studios, nos Estados Unidos, entre 1991 e 1992. O lançamento oficial do disco aconteceu em 14 de agosto de 1992 e o trabalho conta com participações especiais de Ozzy Osbourne e Slash. “Stand” é um Hard Rock com melodia mais leve e um certo balanço, em uma sonoridade mais amena e muito acessível, contando com um bom solo de Campbell. “Cat Scratch Fever” é uma versão pesada para a clássica canção de mesmo nome, lançada originalmente por Ted Nugent no álbum Cat Scratch Fever, de 1977. “Bad Religion” é um Hard/Heavy bem cadenciado e com boa dose de peso, muito groove e uma competente  participação da seção rítmica e até efetivamente um teclado proeminente (tocado por Solley). “Jack the Ripper” segue a toada mais Hard Rock do disco, apesar do riff interessante, mas é uma faixa que não chega a deslanchar. “I Ain’t no Nice Guy” é a única música a contar com Taylor na bateria e contém as participações de Ozzy e Slash. Trata-se de uma balada bastante melancólica. “Hellraiser” possui o baixo de Lemmy bem proeminente, guitarras muito pesadas e a bateria de Mikkey Dee ditando o ritmo. O refrão é o ponto alto da canção, a qual fez parte da trilha sonora do filme Hellraiser III: Hell on Earth. “Asylum Choir” segue a proposta de uma musicalidade mais acessível, apostando em um bom riff com cara Hard e um ótimo solo de Würzel. “Too Good to Be True” apresenta um riff inicial bem legal, seguindo a mesma linha da faixa que a precede. “You Better Run” é um grande Blues Metal que também aparece com a participação de Slash, em um dos pontos mais altos do trabalho. “Name in Vain” aproxima-se mais da musicalidade que consagrou o conjunto, sendo mais curta, veloz e bem direta, apesar do interlúdio em sua metade. A faixa-título, “March ör Die”, encerra o trabalho com uma composição exacerbadamente arrastada, embora possua um aspecto soturno que não deixa de ser interessante. “Hellraiser” foi escolhida como single, mas não repercutiu em termos de paradas de sucesso. March ör Die ficou com a 60ª posição da principal parada britânica de discos. Em suma, pode-se dizer que March ör Die é bastante inconsistente e irregular, guardando pouco em comum com a fase clássica do Motörhead e tampouco com a inspiração do álbum anterior.


Lemmy conhecia o baterista Mikkey Dee desde a época em que o King Diamond havia excursionado com o Motörhead. Lemmy já havia convidado a Dee para que se tornasse o baterista do Motörhead anteriormente, mas Dee havia se recusado devido ao seu compromisso com King Diamond. Mas, agora, Dee estava disponível e se encontrou com a banda para tocar.

Lemmy, Wurzel, Dee e Campbell

O primeiro compromisso de Dee com o Motörhead foi em 30 de agosto de 1992, no Saratoga Performing Arts Center. A nova formação então saiu em turnê, tocando com Ozzy Osbourne, Skew Siskin e Exodus. Em 27 de setembro, o grupo tocou no Los Angeles Coliseum, com o Metallica e o Guns N’ Roses. O conjunto excursionou por Argentina e Brasil durante o mês de outubro e realizou a turnê ‘Bombers and Eagles in ’92’, na Europa, com o Saxon, em dezembro.

O Motörhead tocou duas vezes na Arena Obras Sanitarias, em Buenos Aires, em abril de 1993; e excursionou pela Europa entre junho e julho, retornando aos Estados Unidos para tocar em um show no New York Ritz, em 14 de agosto daquele mesmo ano. Um novo produtor foi procurado para o próximo álbum da banda e, eventualmente, Howard Benson, quem produziria os próximos quatro álbuns do conjunto, foi o escolhido.


Bastards [1993]

Bastards foi gravado durante 1993, no A&M Studios e no Prime Time Studios, ambos situados em Hollywood, nos Estados Unidos, com a produção de Howard Benson. A gravadora alemã ZYX Music lançou o disco em 29 de novembro de 1993. Agora com Mikkey Dee na bateria, esqueçam-se daquilo que o Motörhead fez nos 2 álbuns anteriores, pois Bastards é um verdadeiro soco no estômago. “On Your Feet or on Your Knees” é a típica faixa do conjunto, muito veloz, pesada, mas com uma melodia com certa dose de malícia. “Burner” flerta com o Thrash Metal e Dee está um legítimo animal na bateria, construindo, com Lemmy, uma base feroz para as guitarras ‘solarem’. “Death or Glory” mantém o andamento acelerado de Bastards, mas, desta feita, o riff principal possui um aspecto menos agressivo e o refrão é muito bom. “I Am the Sword” possui um riff mais Hard e é um pouco mais cadenciada, mas a agressividade é mantida, com ótima atuação de toda a banda. A fantástica “Born to Raise Hell” é outra das melhores composições do conjunto, um Hard/Heavy malemolente e preciso, contando com um refrão grudento (no melhor sentido!). O ritmo do trabalho é quebrado com a balada predominantemente acústica “Don’t Let Daddy Kiss Me”, a qual se mostra com Lemmy ao violão e letras sobre abuso infantil. “Bad Woman” tem lugar para Benson nos teclados, mas é uma faixa com o toque Rockabilly e uma fúria típica do Motörhead. “Liar” capricha no groove, apresentando-se mais cadenciada, entretanto com o peso muito presente. “Lost in the Ozone” é uma ‘power ballad’, que demonstra um solo de baixo por parte de Lemmy e outro refrão competente. “I’m Your Man” é uma composição bem interessante, possuindo uma melodia que lembra o Aerosmith, mas consideravelmente mais pesada. “We Bring the Shake” possui um riff inicial bem legal, seguindo com certa cadência, mas altamente inspirada e ótimos vocais de Lemmy. “Devils” encerra o trabalho com um Heavy metal tradicional extremamente poderoso e intenso. “Don’t Let Daddy Kiss Me” foi lançada como single, mas não repercutiu em termos de paradas de sucesso. “Born to Raise Hell” foi outro single, mas a faixa foi regravada (com participações especiais de Ice-T e Whitfield Crane) para este lançamento, atingindo a 47ª posição da principal parada britânica. Lemmy acusou a gravadora ZYX Records de promover Bastards apenas no mercado alemão, fato que se comprovou por ter sido o primeiro álbum do Motörhead a não aparecer na principal parada britânica, apesar de conquistar a 28ª colocação da parada alemã. Bastards é o melhor trabalho do grupo na década de 90.


Em fevereiro e março de 1994, o Motörhead percorreu os Estados Unidos com o Black Sabbath e o Morbid Angel. Em abril, a banda retomou sua turnê pelos Estados Unidos até o início de maio, fazendo um compromisso com os Ramones, em 14 de maio, no Estadio Velez, em Buenos Aires, atraindo uma multidão de 50.000 pessoas. A banda visitou o Japão no final de maio e a Europa em junho, agosto e dezembro.

A programação da turnê, para 1995, começa na Europa, no final de abril. Em junho, o grupo fez uma segunda turnê com o Black Sabbath, desta vez apoiado pelo Tiamat.


Sacrifice [1995]

Sacrifice foi gravado em 1994, no Cherokee Studios, em Hollywood, nos Estados Unidos, novamente com produção de Howard Benson, mas com o apoio de Ryan Dorn e do próprio Motörhead. O disco foi lançado em 27 de março de 1995, através do selo Steamhammer, uma subsidiária da SPV. A pedrada “Sacrifice” abre o trabalho, com uma sonoridade bem próxima do Thrash Metal mais cadenciado e um refrão totalmente brutal. “Sex & Death” possui um ritmo bem rápido, sendo uma faixa curta e direta. “Over Your Shoulder” contém mais groove e o baixo de Lemmy está mais evidente, além do bom riff ajudar no peso. “War for War” segue a mesma linha da faixa anterior, abusando de um peso caótico, mas na sonoridade mais cadenciada. “Order/Fade to Black” também é bem pesada, alternando passagens rápidas com outras mais arrastadas, tornando-se uma música bem interessante dentro do disco. “Dog-Face Boy” é um Heavy Metal bem tradicional, lembrando bastante a musicalidade do Judas Priest e contém um bom solo de Würzel. “All Gone to Hell” mantém o clima mais tradicional do Heavy Metal no álbum, pois o riff principal é mais contido, acelerando apenas no refrão. “Make ‘Em Blind” traz Mikkey Dee em um bom trabalho com a bateria em uma faixa caótica e desconstruída para os padrões da banda. O piano de John Paroulo e o saxofone de Bill Bergman trazem uma pegada Boogie para a contagiante “Don’t Waste Your Time”, uma canção realmente empolgante. “In Another Time” é o mais puro Heavy Metal, ou seja, peso e intensidade estão exultantes nesta música. Finaliza o trabalho uma composição bem Rock ‘n’ Roll, “Out of the Sun”, com solos muito eletrizantes das guitarras de Würzel e de Campbell. Sem singles lançados, Sacrifice também não entrou nas duas principais paradas de sucesso, as britânica e norte-americana. A faixa-título chegou a fazer parte da comédia cinematográfica Tromeo and Juliet, na qual Lemmy atua como narrador. Sacrifice é um bom álbum do Motörhead e, mesmo que não brilhe como a fase áurea da banda, também não faz feio.


Durante as sessões de gravação de Sacrifice, ficou claro que Michael ‘Würzel’ Burston não estava tão comprometido e deixou a banda após a gravação. O Motörhead decidiu continuar como uma formação de três homens e uma turnê pela Europa foi realizada ao longo de outubro e nos dois primeiros dias de novembro. Uma turnê de três dias na América do Sul ocorreu na semana seguinte. Lemmy celebrou seu 50º aniversário no final daquele ano, com a banda no Whiskey a Go Go, em Los Angeles; o Metallica tocou no evento com o nome ‘The Lemmy’s’.

Em 1996, o grupo começou uma turnê pelos Estados Unidos, no início de janeiro, e tocou em 30 locais até 15 de fevereiro; uma turnê de sete datas na Europa (em junho e julho), seguida por dois compromissos na América do Sul, em agosto. Uma nova turnê nos Estados Unidos, com as bandas Belladonna e Speedball, começou com dois shows (Los Angeles e Hollywood), no início de outubro de 1996, e que foi concluída em Washington em 4 de dezembro. Durante esse tempo a banda gravou Overnight Sensation.


Overnight Sensation [1996]

Overnight Sensation é o primeiro disco, desde Another Perfect Day, em que o Motörhead gravou como um trio. O álbum foi gravado durante 1996, nos Ocean Studio e Track House Recording Studio, em Hollywood, nos Estados Unidos, e, mais uma vez, com Howard Benson como produtor (desta feita auxiliado por Duane Baron). A Steamhammer lançou o trabalho em 15 de outubro daquele ano. “Civil War” mostra que, apesar da perda de Würzel, o grupo continuava afiado em sua típica identidade musical, mesmo que o guitarrista da banda sueca Swedish Erotica, Magnus Axx, também receba créditos de composição. “Crazy Like a Fox” é outra música que vai diretamente ao ponto, apostando em um refrão bem melódico, sem abrir mão da mesma carga. “I Don’t Believe a Word” tem até uma relativamente longa introdução de baixo por Lemmy, seguindo por um caminho mais cadenciado e mais leve, com vocais mais amenos do vocalista; alternando passagens em que sua voz naturalmente rouca domine. “Eat the Gun” é o popular tirambaço do Motörhead, muito curta, muito veloz e bastante pesada! “Overnight Sensation” é um Hard/Heavy extremamente inspirado, baseado em um riff bem legal, contando com um refrão sinceramente empolgante. “Love Can’t Buy You Money” é um Heavy Metal com a cara dos anos 90, mais cadenciado, porém exacerbadamente pesado, constituindo uma faixa diferente. “Broken” segue a mesma abordagem musical de sua canção antecessora, mostrando-se uma composição que respeitava o momento em que foi criada, mas, simultaneamente, sem soar forçada, pois contém o DNA do Motörhead. Se o leitor gosta de Thrash Metal, vai adorar “Them Not Me”, uma música que se apresenta absurdamente extrema em sua sonoridade. O riff de “Murder Show” é puro Rock ‘n’ Roll, uma faixa muito divertida e com uma melodia envolvente. “Shake the World” possui a bateria de Dee em êxtase, em outra composição cheia de groove e intensidade. Para terminar o álbum, “Listen to Your Heart”, com Lemmy ao violão e uma sonoridade Pop/Rock, leve e descomprometida. “I Don’t Believe a Word” foi escolhida como single, mas também não teve maior sucesso em termos de paradas. Overnight Sensation não conseguiu repercutir nas mais consagradas paradas de sucesso de discos, mas não o impede de ser considerado um bom trabalho – e importante ao definir que Phil Campbell, mesmo solitário, daria conta do recado com as guitarras.


Durante 1997, a banda excursionou extensivamente, começando com a primeira perna da turnê ‘Overnight Sensation’ na Europa, em 12 de janeiro, no London Astoria, onde os músicos convidados foram Todd Campbell, filho de Phil Campbell, em “Ace of Spades” e ninguém menos que ‘Fast’ Eddie Clarke, em “Overkill”. Um show na Academia Brixton, em 25 de outubro, o músico convidado foi Paul Inder, filho de Lemmy, em “Ace of Spades”. Outras quatro datas em outubro, na Rússia, concluíram o ano de 1997.

Lemmy atestou que a turnê estava indo particularmente bem, e, em alguns países como Argentina e Japão, colocando a banda em locais maiores, e os promotores ingleses redescobriram o conjunto. Para Kilmister, o line-up de três peças teve um excelente desempenho e já era hora de gravar outro álbum ao vivo. A banda chegou a fazê-lo, mas terminou outro álbum de estúdio em primeiro lugar.


Snake Bite Love [1998]

Snake Bite Love foi lançado pela gravadora Steamhammer em 10 de março de 1998. A produção foi dividida entre Howard Benson e o próprio conjunto, com as gravações ocorrendo no início daquele ano, no estúdio The Valley, nos Estados Unidos. “Love for Sale” é um Hard/Heavy mais cadenciado e que contém um típico riff do Motörhead, vocais inspirados de Lemmy Kilmister e ótimo solo do guitarrista Campbell. “Dogs of War” capricha no groove e é mais cadenciada, apresentando uma pegada mais noventista. “Snake Bite Love” é muito rápida e direta, embora não seja tão pesada, contando com aquela malemolência sempre bem-vinda na melodia. “Assassin” é pesadíssima e adota um ritmo bem mais lento, além do baixo de Lemmy estar ainda mais evidente. “Take the Blame” é a típica faixa clássica do Motörhead, rápida, direta e pesada. “Dead and Gone” é uma “power ballad” típica do conjunto, com peso em boa dose e muita intensidade. Já em “Night Side”, a banda brinca com passagens mais lentas alternando com outras mais velozes, com Mikkey Dee frenético nas baquetas. “Don’t Lie to Me” apresenta-se com a levada boogie muito saborosa, diferenciando-se dentro do trabalho com criatividade. Mais cadência e uma ferocidade absurda em “Joy of Labour”, faixa em que Campbell brilha mais intensamente. “Desperate for You” tem aquele flerte com o Rockabilly, mas, claro, com o toque Heavy Metal característico. “Better Off Dead” conclui o trabalho em uma música que flerta com o Thrash Metal, graças a um riff infernal de Campbell. Snake Bite Love atingiu a mais que humilde 171ª colocação da principal parada britânica de álbuAssim, termina-se a segunda parte da Discografia Comentada do Motörhead. Na terceira e última parte deste artigo, o foco será em como a banda seguiu no novo milênio até a ns. Apesar de estar longe de ser considerado um álbum ruim, Snake Bite Love soa menos inspirado e mais no automático.


Assim, termina-se a segunda parte da Discografia Comentada do Motörhead. Na terceira e última parte deste artigo, o foco será em como a banda seguiu no novo milênio até a morte de Lemmy.



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