terça-feira, 15 de agosto de 2023

DE Under Review Copy (António Variações)

 

ANTÓNIO VARIAÇÕES

Em 1978, muito antes da edição do seu primeiro single, grava uma maqueta com algumas canções, que apresenta à editora Valentim de Carvalho, com a qual virá a assinar contrato. Contudo, terá de esperar quase quatro anos para poder lançar o seu primeiro disco. A descrição dos arranjos pretendidos para a sua música, que define "entre Braga e Nova Iorque", cria alguma confusão no pessoal da editora. Além disso, a maior parte dos temas apresentados em maqueta não passam de esboços de música e letra, gravados numa cassete caseira apenas com a voz do cantor. Durante o período de espera, é posto em contacto com dois A&R da companhia, Mário Martins e Nuno Rodrigues, cada qual com ideias diametralmente opostas quanto ao caminho que Variações deveria tomar; o primeiro apontava essencialmente um repertório folclórico, o que não chegou a acontecer, enquanto o segundo preferiu dirigi-lo para áreas mais próximas do rock. Em 1980, o jornalista Luís Vitta, que cortava o cabelo na barbearia onde António trabalhava, leva os seus colegas do programa da Rádio Re­nascença "Meia de Rock", Rui Pêgo e António Duarte, a contactar com o músico, que ainda não vislumbrava a edição do primeiro disco. Com uma equipa de gravação, Rui Pêgo vai a casa de Variações, toda pintada de verde, e grava dois ou três temas, entre os quais "Toma o Comprimido", que depois toca no programa. Tímido, Variações quase pede desculpa à equipa da RR pelo "incómodo" de lá terem ido a casa! Em Fevereiro de 1981, apresenta-se pela primeira vez em público na televisão, no programa de Júlio Isidro "O Passeio dos Alegres", transmitido em directo dos estúdios da RTP no Lumiar, como António & Variações (Variações sendo então o nome do grupo que o acompanhava). Vestido de aspirina, enquanto lança Smarties ao público e às câmaras, canta, "Toma o Comprimido", tema que grava num estúdio em Campo de 0urique depois de ter conhecido Júlio Isidro na bar­bearia. A cassete com a gravação regressa a casa com o próprio Variações e, como a RTP não guardou o registo em vídeo da actuação e o tema nunca foi gravado nem editado em disco, dela apenas resta a memória de alguns e umas fotografias (na posse de Júlio Isidro). Depois da estreia na televisão, António Variações participa nalgumas emissões do programa da Rádio Comercial, "Febre de Sábado de Manhã", apresentado por Isidro e transmitido em directo do Cinema Nimas aos sábados de manhã. A primeira destas participações decorre pouco depois da apresentação na TV, interpretando de novo o mesmo tema. Em 1982, depois de uma intervenção do irmão Jaime, advogado de profissão, junto da editora, relembrando a existência de um contrato ainda não concretizado e ameaçando a companhia de acção legal caso não sejam tomadas medidas, a Valentim de Carvalho reúne-se com António Variações e, depois de ouvir novas maquetas do cantor, conclui que está na altura de gravar. Já sob o nome António Variações (porque "é uma palavra que sugere elasticidade, liberdade", comenta em entrevista a O País), edita finalmente o primeiro single, um duplo lado-A com "Povo Que Lavas no Rio", uma versão para um fado de Pedro Homem de Mello e Joaquim Campos imortalizado por Amália Rodrigues, de quem se tomara um ex-libris, e "Estou Além", um original próprio. Embora o nome impresso no disco seja o de Nuno Rodrigues, A&R do cantor, é a Ricardo Camacho que se deve a produção do tema. O sacrilégio de ousar regravar "Povo Que Lavas no Rio" cai mal em alguns circulos, mas "Estou Além" obtém a popularidade de rádio que escapa ao outro tema. "Se tivesse nascido em Nova Iorque seria um rocker, mas como nas­ci no Minho prefiro ser um folclorista que também ensaia o rock" afirmará nalgumas entrevistas, por ocasião da promoção do single. Em Junho de 1983 edita, e dedica a Amália Rodrigues, o seu primeiro álbum, "Anjo-da-Guarda", na contracapa do qual inscreve "A Amália que sempre me deu e fez sentir a importância de uma verdadeira identidade". O disco encerra, aliás, com a canção "Voz Amália de Nós", que prossegue a sua homenagem à fadista de quem era grande admirador. O álbum é o resultado de um ano de gravações tumultuosas: iniciadas em 1982 com Vítor Rua e Tóli César Machado, dos colegas de editora GNR, como arranjadores e produtores, as sessões de estúdio são interrompidas pelos desentendimentos que originam a saída do Rua dos GNR, levando a editora a programar para o final de 1982 a edição de um mini-álbum com os cinco temas que haviam ficado prontos. Contudo, essa edição nunca é publicada e as sessões são retomadas mais tarde, agora sob a supervisão de José Moz Carrapa, que termina o álbum (e ao qual é creditada na capa a produção). Anjo-da-Guarda acabará por ser uma "manta de retalhos"; aos cinco temas gravados em 1982 com Tóli e Rua junta-se «Estou Além», do single de estreia, e quatro temas orientados por Caparra. O álbum é muitíssimo bem recebido pela imprensa, que aponta a inovação e originalidade do som apresentado, bem como a presença do cantor, e a rádio (e o grande público) elegem António Variações como um dos grandes nomes do momento. Um estranho caso de popularidade transforma, de repente, o exótico barbeiro numa estrela popular à escala nacional. [Enciclopédia da Música Ligeira Portuguesa]

DISCOGRAFIA

 
POVO QUE LAVAS NO RIO [7"Single, EMI-VC, 1982]

 
POVO QUE LAVAS NO RIO [12"Maxi, EMI-VC, 1982]

 
É P'RA MANHà[7"Single, EMI-VC, 1983]

É P'RA MANHà[12"Maxi, EMI-VC, 1983]

 
ANJO DA GUARDA [LP, EMI-VC, 1983]

 
DAR E RECEBER [LP, EMI-VC, 1984]

 
O MELHOR DE ANTÓNIO VARIAÇÕES [CD, EMI-VC, 1997]

 
O CORPO É QUE PAGA [CD Single, EMI-VC, 1997]

 
É P'RA MANH [CD Single, EMI-VC, 1997]

 
A HISTÓRIA DE ANTÓNIO VARIAÇÕES [CD, EMI-VC, 2006]

 
BD POP-ROCK PORTUGUÊS [CD, Tugaland, 2011]

COMPILAÇÕES

 
MÚSICA NOVA, MÚSICA NOSSA [LP, Vadeca, 1982]

 
O MELHOR DO POP ROCK PORTUGUÊS 1980-1984 [CD, EMI-VC, 2003]

 
O MELHOR DO POP ROCK PORTUGUÊS 1979-1985 [CD, EMI-VC, 2004]

 
FEBRE DE SÁBADO DE MANHà[3xCD, EMI, 2006]

 
O MELHOR DO POP ROCK PORTUGUÊS 1980-1989 [CD, Farol, 2007]

 
LUSO POP [CD, iPlay, 2008]



Crítica ao disco de VAK - 'Budo' (2018)

 VAK - 'Budo'

(22 de junho de 2018, Century Media)

VAK - Budo

Hoje é a vez da banda francesa e seu álbum "Budo", lançado no início de setembro do ano passado 2018 pela gravadora Soleil Zeuhl. Escalação do VAKatualmente concentra-se no quarteto da cantora Aurélie Saintecroix, do tecladista Alexandre Michaan, do guitarrista-baixista Joël Crouzet e do baterista Vladimir Mejstelman. Este é o segundo trabalho completo deste grupo cujo álbum de estreia, intitulado “Aedividea” e editado em 2015, teve o grupo a operar com o formato sexteto. Agora Crouzet amplia suas funções acrescentando a função de guitarrista à que já exercia como baixista; Além disso, abrindo mão do flautista permanente que o grupo tinha na época, agora o quarteto nuclear é ocasionalmente acompanhado pela flautista Nora Froger (na faixa #3) e pelo saxofonista Michaël Havard (na faixa #1). O último item do álbum conta com a participação do guitarrista Hyder Aga. A concisão da conformação atual do VAK torna seu som um pouco menos cheio do que o exposto em suas gravações anteriores, mas também é um impulso apropriado para desenvolver novos recursos de exuberância sonora e atmosferas envolventes dentro de seu jeito particular de revitalizar a rua. Zeuhl. De facto, nota-se, em linhas gerais, que o canto se destaca mais nos enquadramentos melódicos desenhados para cada peça, assim como um renovado vigor no trabalho do duo rítmico e uma presença mais acabada na presença dos teclados. . A palavra que dá título ao álbum refere-se ao conhecimento técnico das artes marciais japonesas contemporâneas, bem como ao conjunto de padrões éticos para seus praticantes. Michaan assumiu o design gráfico do álbum enquanto o engenheiro de som Udi Koomran cuidava da masterização do material recém-gravado. Bom, agora vamos ver os detalhes do repertório contido no “Budo”, ok?

Com quase 27 minutos e meio de duração e composta por três partes (a terceira ainda leva o título autônomo de 'Un Grand Sommeil Noir'), a peça de mesmo nome se expande em primeira instância através de um groove marcante cuja graça essencial é perfeitamente exibida pelo pulso imaculado da bateria e as cores fornecidas pelo baixo. O piano elétrico é o elemento cúmplice da bateria enquanto o canto feminino acrescenta um colorido especial ao desenvolvimento temático, não tanto para projetar uma luminosidade mas sim para enfatizar a combinação de feitiçaria e mistério que se projeta para a peça em questão. Pouco antes de chegar à fronteira do sétimo minuto, o bloco instrumental dá uma guinada para uma atmosfera de expectativa sustentada por uma complexa parcimônia rítmica. é como se os músicos estivessem repensando as coisas e, com certeza, quando eles recuperam um ritmo chamativo, você percebe um aumento nas vibrações neuróticas, bem como um humor um pouco mais obscurantista. Brilha ainda mais o papel que os teclados têm agora, encarregando-se de dar vazão e expandir todos os espaços potenciais de turbulência neurótica em que a nova energia sonora do conjunto semeia suas sementes expressionistas; as contribuições dos saxofones alto e sopranino também são de grande apoio, e o grupo tem motivação suficiente para motivar uma sólida reconstrução do paradigma ESKATON e do padrão dos primeiros discos ZAO. Em torno da fronteira de 17 minutos e meio, tudo se detém para um interlúdio sereno de piano elétrico e vocais onde o reflexivo substitui o neurótico. O que se faz aqui é preparar, a um ritmo razoavelmente lento, o terreno para a abertura da terceira e última parte de 'Budo', cuja atmosfera é centrada num drama lento que parece típico de um destino trágico que se assume com integridade e caráter calmo. Os acordes esparsos do piano elétrico direcionam a arquitetura harmônica desta seção com seu pulso de ferro conciso, de forma que em algum momento a bateria realiza um breve solo no estilo free-jazz antes de aterrissar em uma saída final. O piano segue, deixando que o sopro crepuscular deixe os últimos vestígios de seus afluentes passarem rumo ao mar do nada. Que grande peça de abertura para o álbum! a um ritmo razoavelmente lento, o terreno para a abertura da terceira e última parte de 'Budo', cuja atmosfera é centrada num drama lento que parece típico de um destino trágico que se assume com integridade e caráter sereno. Os acordes esparsos do piano elétrico direcionam a arquitetura harmônica desta seção com seu pulso de ferro conciso, de forma que em algum momento a bateria realiza um breve solo no estilo free-jazz antes de aterrissar em uma saída final. O piano segue, deixando que o sopro crepuscular deixe os últimos vestígios de seus afluentes passarem rumo ao mar do nada. Que grande peça de abertura para o álbum! a um ritmo razoavelmente lento, o terreno para a abertura da terceira e última parte de 'Budo', cuja atmosfera é centrada num drama lento que parece típico de um destino trágico que se assume com integridade e serenidade. Os acordes esparsos do piano elétrico direcionam a arquitetura harmônica desta seção com seu pulso de ferro conciso, de forma que em algum momento a bateria executa um breve solo no estilo free-jazz antes de aterrissar em uma saída final. O piano segue, deixando que o sopro crepuscular deixe os últimos vestígios de seus afluentes passarem rumo ao mar do nada. Que grande peça de abertura para o álbum! cuja atmosfera é centrada num drama parcimonioso que parece típico de um destino trágico que se assume com integridade e caráter sereno. Os acordes esparsos do piano elétrico direcionam a arquitetura harmônica desta seção com seu pulso de ferro conciso, de forma que em algum momento a bateria executa um breve solo no estilo free-jazz antes de aterrissar em uma saída final. O piano segue, deixando que o sopro crepuscular deixe os últimos vestígios de seus afluentes passarem rumo ao mar do nada. Que grande peça de abertura para o álbum! cuja atmosfera é centrada num drama parcimonioso que parece típico de um destino trágico que se assume com integridade e caráter sereno. Os acordes esparsos do piano elétrico direcionam a arquitetura harmônica desta seção com seu pulso de ferro conciso, de forma que em algum momento a bateria executa um breve solo no estilo free-jazz antes de aterrissar em uma saída final. O piano segue, deixando que o sopro crepuscular deixe os últimos vestígios de seus afluentes passarem rumo ao mar do nada. Que grande peça de abertura para o álbum! O piano segue, deixando que o sopro crepuscular deixe os últimos vestígios de seus afluentes passarem rumo ao mar do nada. Que grande peça de abertura para o álbum! O piano segue, deixando que o sopro crepuscular deixe os últimos vestígios de seus afluentes passarem rumo ao mar do nada. Que grande peça de abertura para o álbum!

'Hquark' também é uma música prolixo com seus 23 minutos e segundos de duração: também é explicitamente dividida em várias partes, desta vez, quatro. A primeira parte revela-se como uma confusão sombria onde a imponente atmosfera acinzentada exibe abertamente os seus ares de inquietação e ansiedade. O caráter desconexo das interações instrumentais reforça essa aura fantasmagórica. Já para a segunda parte, o grupo muda drasticamente de estratégia para oferecer uma série de jogos estruturados com diversos grooves jazz-progressivos que se sucedem; Do jeito que está, agora o aterrorizante deixou de ser objeto de contemplação para se tornar o impulso para uma majestosa celebração organizada por um coven de visionários do lado negro do Universo. Quando a folia sinistra se desmembra, prepara-se a chegada da terceira e mais curta parte da peça. Este refugia-se durante a maior parte do seu desenvolvimento temático sob um nimbo contemplativo mas nos seus últimos momentos dirige-se para um crescendo que retoma os ares extrovertidos da parte anterior, conduzindo-os finalmente a um clímax psicodélico avassalador. A quarta e última parte volta à estratégia de começar as coisas com um teor descontraído e sóbrio, enquanto o sombrio deixa de ser aterrador para se tornar sugestivo. Eis um novo momento para a elaboração de grooves e cadências de inspiração jazzística (refere-nos não só aos primeiros discos do ZAO como também ao primeiro disco do POTEMKINE), e isso significa que o grupo está pronto para criar mais um fabuloso crescendo.

Os últimos 8 minutos do repertório são ocupados por 'Au Fond Des Creuses' (IV: Mejstelman)'. Esta música recebe muitos dos momentos mais joviais das duas monumentais peças anteriores em seu próprio espírito particular, o que a torna o item menos sombrio do álbum. As contribuições da flauta e do próprio canto feminino realçam o clima predominantemente lírico que emana das molduras do teclado; o mais denso propriamente dito está nas mãos da dupla rítmica, tanto no tom distorcido do baixo quanto nas variações de groove desenvolvidas pela bateria. Para o último minuto, o dueto etéreo de piano elétrico e voz nos dá um retrato sonoro da melancolia. Bem, isso é tudo o que ele nos oferece em "Budo", um álbum que reafirma o VAK como uma entidade importante para a preservação do que há de mais vanguardista no rock progressivo da atualidade. Este grupo faz parte do destacamento da linha da frente para a nova geração do Zeuhl francês e este álbum deixou-nos a desejar: esperemos que o grupo não demore a publicar os seus próximos trabalhos, entretanto, declaramos "Budo" como um dos as obras progressistas mais notáveis ​​que a Europa deu ao mundo no último ano de 2018.


- Amostras de 'Budo':


Crítica ao disco de The Wrong Object - 'Into the Herd' (2019)

 The Wrong Object - 'Into the Herd'

(22 de fevereiro de 2019, Off Records/Moonjune Records)


As pessoas do 
 The Wrong Object têm estado muito ocupadas, o fabuloso coletivo belga formado por Michel Delville [guitarra e sintetizador], Marti Melià [sax tenor, baixo e clarinete], François Lourtie [sax tenor e soprano], Antoine Guenet [teclados], Pierre Mottet [baixo] e Laurent Delchambre [bateria, percussão e samples]. Dizemos isso porque este grupo, um dos mais notáveis ​​do mundo dentro do jazz-progressivo avançado, muito nos agradou com "Zappa / Jawaka", seu álbum tributo a FRANK ZAPPA do final do recém-encerrado ano de 2018, e dá-nos agora "Into The Herd", o seu novo álbum com material próprio. A verdade é que este grupo tem feito bastante falta desde aquela ocasião em que lançaram o seu maravilhoso álbum “After The Exhibition” (2016). Pois bem, este novo álbum não fica muito atrás do que dizemos, e de facto, pode dizer-se que tem a seu favor a circunstância de estar empenhado num esquema sonoro mais robusto, o que favorece a valorização do esquema sempre sólido do trabalho de grupo. Ou seja, se naquele álbum de 2016, o grupo criou um equilíbrio perfeito entre beleza, densidade e vigor, agora neste novo álbum há uma certa predominância de vigor, mas não para tirar espaço dos outros dois fatores e sim para dar um novo impulso à beleza, assim como para atiçar novas chamas de densidade. Com a produção da Off Records e o apoio da MoonJune Records, este sexteto liderado por Delville lançará oficialmente este álbum no dia 22 de fevereiro, mas neste blog damos a conhecer aos nossos leitores neste momento.

Com pouco menos de 4 ¼ minutos, a peça de abertura homônima inicialmente exibe um groove poderoso e extrovertido cuja cadência é sentida particularmente aguda pela fusão robusta de baixo e teclado. Depois de um tempo, o groove torna-se lento à maneira de uma parcimônia misteriosa que coloca o desenvolvimento temático em algum lugar entre o obscurantismo travesso e a densidade misteriosa. Os saxofones desenvolvem uma força de caráter crucial quando se trata de fortalecer a atmosfera central da peça. Segue-se 'A Mercy', uma música muito, muito imponente que nos remete tanto à tradição dos WEATHER REPORT (palco dos seus três primeiros discos) como ao modelo mais actual dos LED BIB, com alguns toques de Soft-Machinero ao longo. o caminho Na hora de mostrar o violão, seu solo parece se concentrar em uma remodelação canterburiana do paradigma hendrixiano; o seguinte solo de piano elétrico segue um padrão Canterburiano mais “puriusta”, para dizer de alguma forma. Essa música é o pano de fundo perfeito para quando a melancolia mostra sua face mais forte... e ressaltamos que sua dominância sonora é linda e esquematizada com maestria. Com a dupla de 'Rumble Buzz' e 'Another Thing', o conjunto prepara-se para alargar de forma sólida e decisiva o espectro expressivo do seu génio colectivo dentro do esquema de trabalho proposto para este álbum. Assim, o primeiro dos temas mencionados centra-se num andamento a 5/4, primeiro com uma vigorosa expressão de alegria, depois com um humor mais comedido que flerta abertamente com o outono sem libertar totalmente o seu inerente brilho. Temos aqui um híbrido entre a faceta parcimoniosa dos momentos mais elegantes do jazz-rock zappiano e o elemento mais circunspecto de SOFT MACHINE (71-73). Uma terceira seção ainda mais parcimoniosa em 6/8 nos leva a uma dimensão mais cinzenta do padrão jazz-progressivo enquanto prepara o terreno para a coda retomar a folia de abertura.

Por sua vez, a aparentemente vulgar faixa-título 'Another Thing' exibe uma combinação peculiar do padrão NUCLEUS e do modelo Crimsonian (fase 70-71), baseada principalmente na priorização do ácido e do tempo. Depois de uma bela entrada dos saxofones ao anunciarem o motivo central, o desenvolvimento temático mantém a sua riqueza enquanto os músicos soltam os seus respectivos tributos dentro do sublime e explosivo pagamento do grupo. Na alternância entre momentos de musculatura aberta e momentos de esbelteza etérea, cria-se uma perpétua luminosidade em diálogo por todos os instrumentos participantes. O último duelo de saxofones irradia uma neurastenia incandescente que é marca registrada da casa. Duas grandes canções como o topo de um pinheiro, 'Rumble Buzz' e 'Another Thing'!! Sem dúvida, sua sequência expõe um apogeu totalizante e decisivo para o repertório de “Into The Herd”. 'Filmic' fica a meio caminho do repertório de “Into The Herd” e o faz para estabelecer uma calorosa amostra de interconexão entre a majestade do tema #2 e a vigorosa compostura do tema #3: calor não isento de suas boas doses de extravagância progressiva , ambos baseados em uma engenhosa fusão do padrão Canterbury (NUCLEUS, SOFT MACHINE post-72) e o ZAPPA da primeira metade dos anos 70. A sexta música do álbum é a mais longa do mesmo com seus 9 minutos de duração e se chama 'Mango Juice'. Sua primeira ação amplia generosamente a explicação de seu temperamento lacônico que é encapsulado por uma atmosfera sombria, a mesma que assume até certas nuances sombrias, sim, com uma sutileza conveniente. Já em uma segunda instância, o bloco sonoro se torna mais cáustico e rude já que se posiciona em um rolamento psicodélico. A terceira e última seção muda para uma jovialidade animada com base em um delicioso tema 7/8 que presta mais uma homenagem à herança de Canterbury. 'Many Lives' herda um pouco da exuberância cordial da parte final da música anterior, mas a cobre com uma serenidade envolvente: sim, o bloco sonoro ainda parece robusto, mas é perceptível que agora a espiritualidade que emerge é mais graciosa. O inusitado compasso sobre o qual é construído ajuda muito a preservar o requinte dos eflúvios melódicos tão habilmente construídos para a ocasião. 'Ship Of Fools', indo na contramão da peça anterior, caminha para um vigor rock explícito e sólido: É uma música muito viva onde o virtuosismo da logística performativa é usado com precisão no tratamento dos aspectos mais complexos da composição e dos solos de ambos os saxofones. A virada inesperada para o misterioso na fase do epílogo sob a orientação da guitarra (que belo solo!) é um detalhe muito fino.

Ele é o encarregado de fechar o álbum 'Psithurism', uma peça cujo espírito comemorativo é maravilhosamente encapsulado em um swing extremamente complexo sob uma abordagem eclética de punk jazz e psicodelia progressiva. A engenharia musical projetada para esta estupenda peça, com menos de quatro minutos de duração, é o arremate perfeito para um excelente repertório. "Into The Herd" é um álbum maravilhoso que confirma pela enésima vez THE WRONG OBJECT como um conjunto musical que sempre sabe se colocar além de qualquer rebanho: os senhores Delville, Melià, Lourtie, Guenet, Mottet e Delchambre completaram um trabalho de grande linhagem para a cena jazz-progressiva deste ano de 2019. 500% recomendado!!


- Amostras de 'Into the Herd':


Sueli Costa - 1975

 


1 - Retrato
Sueli Costa - Cecília Meireles
2 - Dentro de mim mora um anjo
Sueli Costa - Cacaso
3 - Encouraçado
Sueli Costa - Tite de Lemos
4 - Demoníaca
Sueli Costa - Vitor Martins
5 - Aldebarã
Sueli Costa - Tite de Lemos
6 - Coração ateu
Sueli Costa
7 - Noturno n.0
Sueli Costa - Tite de Lemos
8 - Poeira e solidão
Sueli Costa
9 - Nunca
Lupicínio Rodrigues
10 - Vamos dançar
Sueli Costa - João Medeiros

Músicos
Jandovy de Almeida - Arlindo Figueiredo Penteado - José Botelho - Wagner Tiso - Maria Léa Magalhães - George Kiszely - Paulinho Braga - Renato Sbragia - Novelli - Peter Dauelsberg - Watson Clis - Ana Bezerra de Mello Devos - Toninho Horta - Jorge Kundert Ranevsky (Iura) - Jandovy de Almeida - George Kiszely - Antônio Cândido Sobrinho - Arlindo Figueiredo Penteado - Nivaldo Ornelas - Braz Limongi - Tavito

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Sueli Costa, uma das maiores compositoras brasileiras, nasceu no Rio de Janeiro, em 1943 e falesceu em 4 de março de 2023. Iniciou a carreira nos anos 1960, compondo para o teatro. O primeiro registro em disco de uma de susa composições se deu em 1967, na voz de Nara Leão. Ao longo de mais de 50 anos de carreira foi gravada por artistas como Maria BethâniaElis ReginaSimoneNana CaymmiOlívia ByingtonNey Matogrosso, entre outros. 

Este é o seu disco de estreia, cantando as suas composições com ilustres parcerias, com arranjos primorosos de Wagner Tiso e Paulo Moura, além das contribuições de instrumentistas fundamentais para a história da música brasileira. O canto singelo cercado pela predominância de climas desalentados, entre tantas leituras dos impactos da vida concreta na subjetividade dos indivíduos desse período histórico, denotam registros de um tempo torpe e o peso de quem já enfrentava mais de uma década de ditadura barra pesada.





ROCK ART


 

MUSICA AFRICANA

 Yami Aloelela - Casa (2019)



Yami Aloelela é um músico e compositor angolano. Nascido no ano de 1969 conta já com cerca de experienza como músico, vinte e cinco como músico profissional.
Conta nesta recolha de entrevista a importância que no seu caminho assumimos o Hot Clube de Portugal, como escola/instituição, as colaborações ou participações nos Festivais RTP da Canção a compantar intérpretes como Anabela ou Adelaide Ferreira, que lhe permitirão desde os 20 anos de idade viver da atividade musical, do trabalho que nos anos de 1990 se foi intensificando com vários músicos de origem cabo-verdiana radicados em Lisboa e que o incentivaria a reencontrar, também, as suas raízes e a traçar, anos mais tarde, o seu percurso a solo Ivan Lins, Anna Maria Jopek, Rhani Krija, Paulino Vieira, Celina Pereira, Tito Paris, Bana, entre outros.
Yami é filho de um minhoto e de uma africana, originária da região interior de Angola, nasceu em Luanda e reflecte que quando assume o seu percurso a solo assume também o seu espaço de origem e as várias facetas culturais no geral, linguísticas e linguísticas em particular, que ele encerra como, a título de exemplo: a fonética ou musicalidade do quimbundo. Neste registo sonoro expresso de igual modo a sua posição perante o crescendo e desenvolvimento das novas tecnologias de informação, mas também de produção do som e da música e a lei da cópia privada, entre outros tópicos.
Acrescenta ao seu legado fonográfico, nos vários discos em que colaborou de outros músicos, o seu trabalho em nome próprio, sendo o primeiro editado no ano de 2007. "Beijo de Luz" marca o seu segundo registo solo.

Don Santo - Am Black (2019)





Destaque

Antonella Ruggiero – Sospesa (1999)

Continuamos com a discografia solo de uma das mais belas vozes femininas dos últimos trinta anos, Antonella Ruggiero. “Sospesa” é o título d...