Bruno: Para mim, foi em Powerslave que o Iron Maiden começou a ficar chato. Apesar de Steve Harris sempre declarar que o rock progressivo é sua maior influência, não acho que o gênero caia bem junto ao metal enérgico que a banda vinha produzindo. As duas faixas de abertura são excelentes e dão a impressão de que o Iron viria com o seu melhor disco, mas dali para frente a coisa cai muito. Não consigo engolir de jeito nenhum a faixa-título e nem a chatíssima “Rime of the Ancient Mariner”.
Davi: Outro clássico da donzela. A primeira metade da década de 1980 foi um grande período para o heavy metal e o Iron Maiden é um grupo emblemático. Foi durante essa turnê que o Maiden pisou pela primeira vez no Brasil, para a histórica apresentação na primeira edição do festival Rock in Rio. Contando com clássicos como “Aces High”, “2 Minutes to Midnight” e a fantástica “Rime of the Ancient Mariner”, trata-se de um disco indispensável na coleção dos amantes do som pesado. Como eu gostaria de ver esses caras entregando álbuns desse nível novamente…
Diogo: Em 1984, o Iron Maiden estava tinindo. Consolidado internacionalmente e com status de headliner, o quinteto entrou no Compass Point Studios, nas Bahamas, e saiu de lá com uma obra maiúscula. A produção de Martin Birch é um espetáculo à parte, ajudando a banda a mostrar quão afiada e entrosada estava, resultado de centenas de shows pelos palcos do Hemisfério Norte. “Aces High” é uma das melhores aberturas entre os álbuns do grupo e soando como metralhadoras antiaéreas prontas a derrubar o oponente. “2 Minutes to Midnight” é outro petardo, que inclusive não soa datado até hoje, enquanto a instrumental “Losfer Words (Big ‘Orra)” e “The Duellists” mostram um grupo investindo no peso ancorado por uma boa dose de técnica. “Flash of the Blade” é uma das músicas mais subestimadas da banda, e a faixa-título é dotada de um dos riffs mais monumentais do catálogo do Iron Maiden, além de um belo solo de guitarra. Agora, um aparte: “Rime of the Ancient Mariner” é uma boa canção, mas não faz jus à toda pagação de pau que recebe por parte dos fãs. Convenhamos: o Iron Maiden sempre se deu melhor, pelo menos em seus anos verdadeiramente gloriosos, em músicas mais compactas, entre quatro e seis minutos. Obviamente há exceções, como “Phantom of the Opera” e “Hallowed Be Thy Name”, mas julgo outras, como “To Tame a Land”, “Alexander the Great” e “Seventh Son of a Seventh Son” como superestimadas.
Fernando: Talvez o disco mais aclamado do Iron Maiden. Reconheço isso mesmo não o considerando o meu favorito dessa que é a minha banda favorita. Contém uma das duas faixas mais icônicas do grupo: “Aces High” (a outra seria, ao meu ver, “The Trooper”). É impossível não lembrar da maravilha que é o solo da faixa-título. É de chorar de emoção. Porém, gostaria de citar uma canção que não é lembrada pela maioria dos fãs, mas que acho sensacional; e não há explicações por não ser considerada um clássico: “Flash of the Blade”. Aos que não se lembram direito da música, peço que a ouçam agora!!!
José Leonardo: Como já disse, o Iron é a unica banda de heavy metal tradicional a qual curto bastante. E este disco é, na minha opinião, um de seus melhores trabalhos. Em Powerslave a banda chegou no seu apogeu musical. O grupo estava super afiado, Bruce com sua voz tinindo e as composições mais complexas e trabalhadas. Clássico! Destaque para “Powerslave”, “Rime of the Ancient Mariner” e “Aces High”.
Leonardo: O disco que colocou o Iron Maiden no topo do heavy metal nos anos 1980. Da sensacional arte da capa, passando pela extensa turnê, que trouxe a banda ao Brasil pela primeira vez, tudo contribuiu para sua ascensão. Mas nada disso seria possível com um disco fraco, e Powerslave foi mais um álbum fortíssimo na carreira do grupo, para muitos o auge de sua trajetória. “Aces High”, “2 Minutes to Midnight”, “Powerslave”… Os clássicos se sucedem… Mas o grande destaque é mesmo “Rime of the Ancient Mariner”, a música longa que, de tão sensacional, parece não ter mais do que cinco minutos…
Mairon: Depois da saída de Paul Di’Anno, Bruce Dickinson entrou e mudou a cara do Iron Maiden lentamente, saindo da pesada cena punk para canções inspiradas no rock progressivo, culminando no belíssimo Powerslave, um dos melhores discos da carreira da banda. Destaque total para a épica “Rime of the Ancient Mariner”, com 13 minutos insaciáveis da mais perfeita criação do quinteto britânico, que acabou repetindo a fórmula do “Em, C e D” em diversas outras canções de sua carreira após este álbum. Outras pérolas são a rápida “Back in the Village”, a linda instrumental “Losfer Words (Big ‘Orra)” e a clássica “Aces High”. Disco obrigatório para quem quer conhecer o Iron Maiden, e o primeiro de uma série de três álbuns impecáveis lançados pelo grupo.
Maurício: O ápice do Iron Maiden.
Ulisses: Um dos melhores discos já lançados pelo Maiden. Nele, o quinteto britânico criou uma surpreendente coleção de clássicos. “Aces High” talvez seja a melhor faixa de abertura de todos os álbuns da donzela, e a banda entregou mais petardos: “2 Minutes to Midnight”, a épica “Rime of the Ancient Mariner” e a ótima faixa-título. Powerslaveé o disco que eu indicaria a quem desejasse conhecer o Iron Maiden.
Minutemen – Double Nickels on the Dime (51 pontos)
André: Não consegui encontrar uma definição exata para o estilo da banda, mas até me surpreendi com as composições. Pena é o fato das faixas serem muito curtas: quando se acostuma com uma já vem o encerramento. O baixista e vocalista Mike Watt é muito bom, para mim, o melhor integrante. Não é um disco que eu ouviria todos os dias, mas acredito que não me incomodaria com este tocando ao fundo de uma mesa de bar.
Bernardo: Obra-prima dos anos 1980. Viagem sem volta em uma orgia sonora de punk, country, spoken word e jazz, em um dos álbuns mais sem barreiras já gravados na história do rock.
Bruno: A habilidade técnica nunca foi para mim um requisito básico em uma banda. Ainda mais dentro do rock ‘n’ roll. É claro que, quando temos um músico que sabe usar seu talento e virtuosismo a favor das composições, é um deleite. Mas muitas vezes não é isso que acontece. O punk rock é um gênero bastante execrado por alguns fãs de música justamente por essa simplicidade na hora de tocar. Mas há algumas exceções. O Minutemen é uma delas. Dois terços do trio californiano são compostos por músicos de altíssimo nível: o baixista Mike Watt e o guitarrista D. Boon. Apesar de fazer parte da cena hardcore da costa oeste norte-americana, inclusive abrindo shows do Black Flag, o punk rock está mais presente na atitude “do it yourself”, em composições curtas e letras de cunho social, já que o seu som agregava um caldeirão de estilos que unia surf music, funk, jazz, pós-punk, country e psicodelia. Double Nickels on the Dime é o melhor de tudo que a banda sabia fazer. Mais de 40 músicas com um minuto e meio, dois minutos de duração. Se você acha que nunca ouviu a banda, “Corona”, que foi a abertura do seriado “Jackass”, vai te mostrar que está errado. Infelizmente, D. Boon morreria alguns anos mais tarde, vítima de um acidente de van. Uma das perdas mais precoces da história da música e um desperdício enorme de talento.
Davi: Resumirei em três palavras: chato pra caralho!
Diogo: Double Nickels on the Dime é produto de uma época em que, por mais que discordem alguns dos participantes desta série, se produziam sim obras com uma boa dose de complexidade, mas seguindo parâmetros diferentes daqueles da década anterior. Os músicos são bons e muito daquilo que ouvi é agradável, soando como uma grande colagem de estilos, mas com personalidade. Não vou citar possíveis destaques, pois, em um álbum que beira os 80 minutos e com 45 músicas, fica bem difícil memorizar alguma coisa tendo ouvido tão pouco. Lembro apenas que a boa “Corona” é a música-tema da série norte-americana de humor negro “Jackass”, e que o cover para “Dr. Wu” (Steely Dan) é legalzinho. Sua colocação nesta lista é contestável sob meus parâmetros, mas aceitável tendo em vista o contexto da época e o fato de se tratar de um material com boa dose de ousadia e criatividade. No meu aparelho de som, porém, trata-se ainda de um visitante de passagem, sem fixar residência.
Fernando: Confesso que ouvi apenas uma vez, en passant, para pode ter uma ideia do que escrever aqui. Não consegui pensar em nada proveitoso para afirmar, a não ser que o som me pareceu muito magrinho.
José Leonardo: Conhecia só de nome, fui ouvir e digo que: definitivamente não é a minha praia…
Leonardo: Sobre uma base punk, a banda desenvolve um emaranhado de estilos, como o country e o jazz. Funciona às vezes, mas nem sempre, e o resultado final acaba sendo parecido com o de uma coletânea de artistas diferentes.
Mairon: Não acredito que perdi 80 minutos da minha vida para ouvir 45 músicas sem sentido. O que se extrai deste disco é que são bons músicos, fazendo um som bem diferente do esperado para o punk rock, como atesta a bela passagem de violão clássico “Cohesion” ou o dedilhado de “Do You Want New Wave or Do You Want the Truth”, ou até o swing de “One Reporter’s Opinion”. O problema é que quando você acha que a música vai engrenar, acaba. Além de experimentações ousadas e nada atraentes, como a tosca “You Need the Glory”, a voz do vocalista é muito chata. Desconhecia a banda, ouvi por obrigação da série e nunca mais ouvirei, se Steve Howe quiser. Aberração esta porcaria estar presente e não entrar o clássico The Works (Queen). Só “Radio Ga Ga” e “I Want to Break Free” são muito melhores, mais importantes e essenciais para caracterizar o ano de 1984 do que essa MERD@!
Maurício: 1984 foi um ano impressionante para o “rock alternativo” norte-americano, incluindo o melhor disco do Hüsker Dü, Zen Arcade. O Minutemen, uma das bandas mais prolíficas da época, atingiu seu ápice em Double Nickels on the Dime. Disco duplo com 45 músicas, a grande maioria com menos de dois minutos, impressiona a capacidade de concisão da banda em colocar tantos elementos – hardcore, jazz, funk, country, etc. – no mesmo caldo, tudo de forma harmoniosa e coesa. Um monumento do rock alternativo.
Ulisses: “Puta que o pariu, 45 faixas?!”. Foi a primeira coisa que pensei. Mas como elas geralmente não passam de um minuto e meio, o disco fica lá rodando por pouco mais de uma hora e o tempo passa voando. A cozinha de George Hurley e Mike Watt (que baixista incrível!) é excelente, trazendo dinamismo e criatividade que pulam na frente do ouvinte. Difícil citar destaques no meio de tantas composições boas, mas “Viet Nam”, “The Big Foist”, “The Glory of Man” e “Untitled Song for Latin America” foram as que mais me chamaram a atenção. Mas continuo achando que dava pra cortar o tracklist pela metade.
Prince and the Revolution – Purple Rain (47 pontos)
André: A verdade é que nunca fui chegado em qualquer um dos trabalhos de Prince. Pesquisei e vi que esta é uma trilha sonora. Ouvi e achei razoável. Porém, Purple Rain possui uma riqueza instrumental notável. Pena que as composições não me soaram tão boas. Quem sabe na próxima.
Bernardo: Quem seria o único capaz de tirar o patrão da primeira posição? A resposta é o rei do synth-funk oitentista, em sua melhor forma, eternizando músicas como a faixa-título e a polêmica e obscena “Darling Nikki”. Uma pena Prince, no geral, ser tão subestimado.
Bruno: Dadas as devidas proporções, Prince talvez seja o sucessor de Michael Jackson como ícone pop que mistura som dançante com música black. Confesso que não me agradou, mas acho que é um disco bastante representativo da época.
Davi: Pra mim, o disco do ano. Gostaria muito de tê-lo visto na primeira posição, o que não ocorreu. Se por um lado o filme é mais sonso do que o Eduardo Suplicy; de outro, o disco é absolutamente cativante, com uma sonoridade que passa pelo rock, pelo rhythm ‘n’ blues, pelo dance… Tudo isso sem perder a veia pop. O solo de guitarra da clássica “Purple Rain” é de cair de joelhos. “Let’s Go Crazy” e “When Doves Cry” são clássicos do gênero. Prince é um dos artistas mais talentosos do universo pop. Excelente showman, excelente guitarrista e excelente cantor. Feliz de ver o rapaz aparecendo por aqui.
Diogo: Quantas vezes um disco verdadeiramente pop, com tal repercussão, revelou profundidade e complexidade tão grande quanto Purple Rain? Transitando entre rock, rhythm ‘n’ blues, funk, new wave e até heavy metal, mas mesmo assim soando totalmente único, Prince concebeu uma obra quase atemporal, que ainda soa mais moderna do que muita coisa sendo feita hoje em dia, mas que mesmo assim conversa com o passado e insere-se em sua época. Muito comenta-se a respeito da capacidade de Prince como instrumentista, mas a verdade é que sua criatividade vai muito além disso, oferecendo canções pouco convencionais e mesmo assim cativantes, caso de “Darling Nikki” e “When Doves Cry”. Apesar de todas as músicas serem dignas de elogios e apresentarem experiências sonoras estimulantes, a faixa-título, que soa até um pouco mais ortodoxa, é o grande destaque, grandiosa como uma power ballad deve ser, e com um solo de guitarra para ouvir de joelhos. O excelente 1999 (1982) já merecia ter dado as caras na série, mas fico feliz que ao menos uma obra do genial músico marque presença por aqui. Quem sabe The Gold Experience, lançado no bem mais inóspito ano de 1995, tenha uma pequena chance.
Fernando: Não sei se existe algo que possa representar melhor aquela imagem pomposa que temos dos anos 1980 quanto o videoclipe de “Purple Rain”. Lembro de ouvir uma discussão em um grupo de pessoas sobre o pop da década. Uns diziam que Michael Jackson era o melhor, outros que Madonna. Os mais “antenados/descolados”, porém, diziam que Prince era o cara. Conheço muito pouco para opinar, mas sei de suas diversas qualidades, principalmente como multi-instrumentista. Preciso ouvir mais…
José Leonardo: Respeito o cara, considero-o um músico talentoso, mas nunca fez muito a minha cabeça. Acho que deste disco só conheço a faixa-título e “Let’s Get Crazy”.
Leonardo: Outro disco daquela lista de álbums que representam bem a música pop dos anos 1980. Misturando funk, rhythm ‘n’ blues e new wave, Prince mostrou toda a sua genialidade mais uma vez, como já havia feito no disco anterior, 1999. Álbum perfeito para animar qualquer festa.
Mairon: Afinal, os consultores vão se decidir do que gostam? Colocam esse pop insosso aqui e tiram a rainha pop Madonna da lista. Nem vou citar o descaso com Frank Zappa (de novo), Elomar (de novo) e Triumph (de novo), muito menos o desconhecimento do Gunesh ou a implicância com o Venom, mas colocaram outra merd@ na lista de melhores de 1984. Para ver como vocês são tão contraditórios: na lista anterior colocaram War (1983), e agora nada de The Unforgettable Fire, o disco dito como revolucionário do U2. Whitesnake, Van Halen, W.A.S.P., R.E.M…. Tanto disco bom e logo isso? Todos eles (e muitos outros), mesmo não estando na minha lista, poderiam ocupar fácil uma das dez posições nesse ano, e não Purple Rain. Aguentar a duplinha alegre “I Would Die 4 U” e “Baby I’m a Star” é uma experiência torturante! DECEPCIONANTE, CONSULTORES, DECEPCIONANTE!
Maurício: Prince é um dos maiores “swingmen” de todos os tempos e Purple Rainrepresenta com maestria sua mistura usualmente farofeira de música negra. Além da faixa-título, “When Doves Cry” está entre as cinco melhores canções que já compôs.
Ulisses: Não sou muito chegado em Prince, tendo apenas ouvido, na minha vida inteira, a faixa-título deste registro. Purple Rain, o disco, é muito bem acabado, contando com requintes de funk, rock, pop, soul e rhythm ‘n’ blues. Não é o tipo de álbum que faz a minha cabeça (pelo menos por enquanto – tenho a irritante característica de, algumas vezes, não gostar ou conseguir captar um disco logo na primeira audição), mas entendo perfeitamente sua colocação aqui. Merecido.
Bruce Springsteen – Born in the USA (42 pontos)
André: Nunca havia escutado este disco. Já havia me manifestado sobre Nebraska(1982), afirmando que Bruce estava me agradando aos poucos, e logo na abertura, com a faixa “Born in the USA”, ele me fisgou completamente. Adoro esse tipo de rock recheado de teclados típicos da new wave, se assemelhando muito ao AOR que gosto tanto. Mas isso não ofuscou as guitarras, que continuam a aparecer muito bem no disco todo, dando aquela pegada country típica em “Darlington County” ou aquela mais clássica de “No Surrender”. O disco foi feito especialmente para os anos 1980 e seus muitos sintetizadores tão em voga na época, e posso dizer que cumpriu muito bem o seu propósito.
Bernardo: Doze músicas, sete singles. Essa é só uma pista que indica a qualidade deste disco do patrão, mais uma de suas grandes obras, com um arrasa quarteirão de faixa-título abrindo o álbum que logo se tornou um hino, assim como um de seus maiores sucessos, “Dancing in the Dark”, com sua levada contagiante. Patrão estava em fase iluminada.
Bruno: Após o belíssimo The River (1980), Springsteen se aproximou de uma sonoridade mais acessível, quase pop, mas sem perder o vigor das canções e o paredão sonoro característico do chefe. Apesar de talvez ser o maior hit da sua carreira, a faixa-título é a mais fraca do álbum, e exatamente por ser um grande sucesso, acaba ofuscando as demais músicas, muito melhores e mais cativantes. Talvez o último grande álbum do Boss em muito tempo.
Davi: Grande álbum do Boss. Foi a minha porta de entrada ao trabalho desse grande artista. Trabalho que é divisor de águas na sua carreira, Born in the USA conseguiu reconhecimento global, emplacando varias faixas nas rádios e fazendo com que seu sucesso fosse muito além da terra do Tio Sam. Canções como “Glory Days” e “Dancing in the Dark”, além da faixa-titulo, fizeram minha infância mais feliz.
Diogo: Da abertura com a mal interpretada faixa-título até o encerramento com a nostálgica e reflexiva “My Hometown”, Born in the USA exala energia a cada segundo, mostrando que o fato de ter consolidado Bruce Springsteen como um astro de nível mundial, emplacando sete de suas 12 músicas no top 10 da Billboard, foi mais que justificado, foi merecido. Talvez como nunca, a E Street Band estava na ponta dos cascos, oferecendo performances irrepreensíveis, com muito sangue no olho. O maior sucesso do álbum, “Dancing in the Dark”, marcou a primeira aparição mais proeminente de sintetizadores em suas músicas e é o grande êxito de sua carreira conforme as paradas, gerando ainda um videoclipe marcante, dirigido por Brian DePalma e com a participação da futura estrela da série “Friends” Courteney Cox. Todo esse reconhecimento não faria sentido sem conteúdo, e quanto a isso Bruce não decepcionou nem um pouco, entregando aquele que julgo seu melhor álbum desde o perfeito Born to Run (1975). Considerando quão importante este disco é em minha vida – só não ocupou o primeiro posto de minha lista pois Ride the Lightning merece semelhante espaço –, prefiro não me estender para não cair no sentimentalismo (como falar de “Cover Me” e “Glory Days” de outra maneira?), mas enfatizo que as duas grandes canções do álbum não estão entre aquelas lançadas em single. Falo de “Bobby Jean”, sincera dedicatória ao guitarrista Steve Van Zandt, que estava deixando o grupo, e daquela que fez minha maior alegria no show ocorrido na edição passada do festival Rock in Rio, “Downbound Train”. Esqueça grupos góticos britânicos e delírios sobre ninfas pálidas, “Downbound Train” é a tradução perfeita da melancolia sob um olhar masculino. O segmento em que apenas o órgão de Danny Federici e o vocal de Springsteen são ouvidos é assombroso. Ó, me estendi demais. Chega!
Fernando: Pelo pouco que entendo do patrão, este é o ultimo da lista de discos indispensáveis em sua carreira. Foi o álbum que me apresentou o artista, e de uma maneira bastante acidental, já que o adquiri depois de tê-lo encontrado na prateleira de uma grande loja de departamentos por atrativos 9,90 reais. Tive a alegria de presenciar Bruce Springsteen tocando-o na íntegra na última edição do festival Rock in Rio, de um lugar no público bastante privilegiado. Claro que a faixa-título se destaca, mas citaria “Glory Days” como outra preferida.
José Leonardo: Como já disse anteriormente: conheço pouquíssima coisa do Boss, por isso abstenho-me de comentar. Deste disco ouvi apenas a faixa-título e “Dancing in the Dark”, acho. Sei que preciso conhecer mais sua obra e vou me redimir, pois pretendo comprar o box The Album Collection Vol. 1, 1973–1984 (2014).
Leonardo: Mais do que do rock, os anos 1980 foram os anos da música pop, em todas as suas facetas. E nesse contexto, alguns discos representam com bastante clareza a música pop dos anos 1980. Entre eles, é impossível não citar álbums como Thriller(1982), de Michael Jackson, Like a Prayer (1989), da Madonna, e este Born in the USA, de Bruce Springsteen. Transitando entre melodias deliciosamente comerciais e rocks mais suaves, Bruce nos presenteou com um conjunto de canções agradabilíssimas, grudentas e inesquecíveis, que catapultaram sua carreira a níveis estratosféricos. Nivel este, de onde ele nunca mais desceu…
Mairon: O Boss de novo nas listas, que surpresa. Ironias à parte, Born in the USA é o grande clássico de Bruce, mas já entrou naquela linha “encheu o saco”. Depois deNebraska (1982), Bruce nunca mais conseguiu fazer um álbum que me agradasse do início ao fim. Gosto de várias faixas, como a própria “Born in the USA”, “Glory Days” ou “My Hometown”, e considero que o disco é sim um bom representante para a lista de 1984, ainda mais perto de algumas atrocidades que entraram, mas há algum tempo que deixei de ouvi-lo. A última vez foi com a passagem de Bruce na edição do ano passado do festival Rock in Rio, e depois nada, até esta publicação. Ouvi novamente e não tive nada para acrescentar. Espero que este seja o último disco desse senhor a aparecer por aqui.
Maurício: Um dos favoritos da crítica e muito lembrado por sua capa icônica, a faixa-título e “Dancing in the Dark”, especialmente, não é dos meus preferidos dentro da discografia de Springsteen, que pra mim sofre já da pasteurização da época.
Ulisses: Born in the USA explica a obsessão de certas pessoas por Springsteen. Não ouso falar mal de um disco que traz um tracklist tão bom. A tríade “Darlington County”, “Working on the Highway” e “Downbound Train” é demais!
The Replacements – Let It Be (39 pontos)
André: A banda parece que é daquelas que atiram tanto para o rock alternativo (estilo que desgosto) quanto para aquilo que viria a ser o poppy punk (estilo que desgosto mais ainda). Melhor eu parar por aqui…
Bernardo: Mistura angustiada de agressividade, melodia e peso, o Replacements saiu do hardcore diretamente para galgar um estilo personalíssimo, sendo esta sua obra prima. Uma das bandas mais singulares e únicas da história do rock.
Bruno: Uma das primeiras bandas do chamado “rock alternativo”, rótulo usado para classificar grupos que não se limitavam a nenhum gênero em específico, e que se tornariam mais populares do final da década de 1980 em diante. O Replacements começou como uma banda de hardcore tosquíssima e aos poucos foi moldando seu som, incorporando influências de rockabilly, pop e rock inglês, criando uma identidade fortíssima. Em uma época cujo cenário era dominado por heavy metal, hardcore punk e pop dançante, as composições fortes de Paul Westerberg surgiram como uma alternativa para quem não conseguia se encaixar em nenhum desses nichos, e influenciaria meio mundo dali para frente.
Davi: O título deste LP é claramente roubado do disco dos Beatles. Quando questionado sobre a menção ao quarteto inglês, Paul Westerberg explicou que queriam demonstrar que nada é sagrado e que os Beatles eram apenas uma boa banda de rock ‘n’ roll. Diria que essa sentença se encaixa ao Replacements. Banda bacana, divertida, mas longe de causar o furor que os quatro rapazes de Liverpool conseguiram: esteticamente, musicalmente e criativamente. Embora a versão de “Black Diamond” (Kiss) seja horripilante (ainda estou em dúvida se o cara realmente tocou bateria nessa música ou se eles gravaram com aquele bonequinho da Duracell, sem contar a alteração da letra), o LP é interessante e vale uma audição.
Diogo: Nos momentos em que a banda soa mais distante daquilo que se convencionou esperar como punk rock encontram-se os melhores momentos de Let It Be, caso do balanço de “I Will Dare” e de “Sixteen Blue”, que merecia ter sido coverizada por alguma banda pós-punk britânica – imaginei isso tão logo a ouvi. “Unsatisfied” é outro destaque muito positivo: uma balada com muito mais sentimento que a maioria daquelas que habitualmente se encontram por aí. Alguns momentos mais convencionais também agradam, como é o caso de “Seen Your Video”. Para muitos, a inclusão de Let It Be nesta edição da série pode parecer surpreendente, mas tendo ouvido-o previamente e conhecendo minimamente o gosto de alguns colegas, não fiquei admirado. Bom disco, música feita com coração, cérebro e bagos em doses equilibradas.
Fernando: Achei o Replacements mais agradável que o Minutemen. Pelo menos o baixo dá um corpo maior à música. Identifiquei alguma coisa de The Smiths no som. Pergunta aos especialistas: é isso mesmo?
José Leonardo: Já tinha tinha ouvido falar, mas não conhecia a banda; fui ouvir e digo que: legalzinho, mas nada de excepcional…
Leonardo: É triste quando a melhor música de um disco é um cover, ainda que do Kiss. Pós-punk cansativo até a alma…
Mairon: Este disco me colocou definitivamente na cabeça de que estamos tratando dos anos 1980, ou seja, canções mais acessíveis, quadradas e sem nenhum momento de inspiração instrumental. “We’re Comin’ Out” é a música que mais se destacou, principalmente por apresentar a veia punk que eu esperava no grupo, assim como “Seen Your Video” (mais pela parte instrumental) e a versão de “Black Diamond” (Kiss), uma das obras-primas dos cabeludos mascarados e na qual o The Replacements até que não fez tão feio, até podar vergonhosamente o belíssimo final da canção, mostrando que o solo de Ace, só Ace pode fazer. Até baladinha sem sal (“Sixteen Blue”) Let It Be tem. Aturar o piano ridículo de “Androgynous” foi uma das piores experiências que esta série me fez passar. Espero nunca mais ter que ouvi-lo. É uma pena que esta bomba tirou um álbum que contém pérolas do pop como “Like a Virgin”, “Into the Groove” e “Material Girl”. Terrível.
Maurício: Clássico tardio, Let It Be é um deleite de melodias bem construídas e angústia adolescente.
Ulisses: Nunca havia ouvido The Replacements. Let It Be entrega um alt-rock/punk bem acabado, com melodias memoráveis, cujo destaque, para mim, foram as baladas: a sincera “Unsatisfied”, o piano impecável de “Androgynous” e a ótima “Sixteen Blue”. Vale a audição.
Mercyful Fate – Don’t Break the Oath (37 pontos)
André: Caralho, que guitarras são essas? Só a primeira música, “A Dangerous Meeting”, já supera Melissa (1983) inteiro. Não conhecia este álbum e sempre dei preferência ao King Diamond, mas posso garantir que este disco é, até agora, o melhor que eu ouvi dos dinamarqueses. “The Oath” e “Welcome Princess of Hell” são estapafurdiamente maravilhosas. Por que não me avisaram antes que este disco era tão foda?
Bernardo: Como não gosto da voz de King Diamond, me abstenho de comentar.
Bruno: Como já deixei claro na última edição, Mercyful Fate não faz minha cabeça. Passo.
Davi: Depois do fantástico Melissa, o grupo de King Diamond voltou com mais um belo trabalho. Nele que foi lançado o megaclássico “Come to the Sabbath”, faixa obrigatória no show dos rapazes desde sempre. É dele também as não menos clássicas “A Dangerous Meeting” e “Nightmare”. Contando com os falsetes inconfundíveis de King Diamond e com os trabalhos de guitarra mortais da dupla Hank Shermann e Michael Denner, o grupo dinamarquês mostrou que é possível fazer um álbum com letras satânicas sem ser bobo. Existe até uma história dando conta que “Desecration of Souls” teria nascido em um cemitério. Será?
Diogo: Na edição anterior desta série, comentei sobre quão difícil é definir qual é o melhor álbum do Mercyful Fate, se Melissa ou este Don’t Break the Oath. Não importa: felizes somos nós que podemos contar com ambos, verdadeiras profusões de ideias e mais ideias colocadas em disco; riffs de guitarra que serviriam para dar corpo a vários álbuns, organizados de maneira complexa e ao mesmo tempo dinâmica, fazendo da audição uma experiência das mais recompensadoras. Um fator no qual posso afirmar que Don’t Break the Oath é melhor que seu antecessor é a variedade, proporcionando desde um festival de riffs cortantes, como “A Dangerous Meeting”, até uma canção com um pouco mais de groove, caso de “Gypsy”, mostrando que não apenas Hank Shermann e Michael Denner eram fantásticos guitarristas, mas Timi Hansen (baixo) e Kim Ruzz (bateria) também formavam uma cozinha competente – ouçam também a introdução da estupenda “Nightmare”. Outro elemento saliente neste disco é a aura mais macabra, cortesia de King Diamond e suas ideias e vocalizações, algo especialmente ouvido em “The Oath” e no clássico “Come to the Sabbath”. É realmente uma pena que o grupo tenha encerrado atividades temporariamente após a turnê para este álbum, mas ao menos a carreira solo de King renderia muito ainda na década de 1980. A banda voltou tempos depois, mas lá se vão 15 anos desde o último lançamento de estúdio, 9 (1999). Fazem falta, muita falta.
Fernando: A exemplo do Metallica, o Mercyful Fate conseguiu evoluir, em menores proporções, claro, com Don’t Break the Oath. Se no debut tínhamos faixas fortes, elas eram, no entanto, parelhas em nível de qualidade. Neste segundo álbum eles conseguiram fazer com que todas as faixas fossem de alto nível também, mas há claros destaques, como “A Dangerous Meeting”, com seu riff absurdo, e “Come to the Sabbath”, que fecha o disco com aquele clima de missa negra que é quase palpável. Isso sem contar a qualidade dos músicos e suas composições. Quebras e alternâncias dentro das músicas sem perder fluência é um grande mérito do Mercyful Fate. É realmente uma pena que uma parcela de ouvintes simplesmente não deem uma chance à banda por conta da voz de King Diamond.
José Leonardo: O único disco do Mercyful Fate que conheço é seu álbum de estreia,Melissa. Fui ouvi-lo mais atentamente e percebi que este é um trabalho muito bom, no mesmo nível que o anterior. Gostei bastante de “The Oath”, “Come to the Sabbath” e “A Dangerous Meeting”.
Leonardo: Antes de falar sobre a música, é impossível não citar a espetacular capa deste disco, na minha modesta opinião a melhor arte de um álbum de heavy metal de todos os tempos. E, felizmente, a música não fica atrás. O vocal de King Diamond pode ser de difícil assimilação em um primeiro momento, mas o instrumental, principalmente as linhas de guitarra de Michael Denner e Hank Shermann, é sensacional. Heavy metal com classe, melodias marcantes e uma aura maléfica que só o Mercyful Fate conseguia criar.
Mairon: Se a estreia do Mercyful Fate me foi até satisfatória na lista de melhores de 1983, o mesmo posso dizer sobre Don’t Break the Oath. Gostei do que ouvi, e não posso deixar de citar “Nightmare”, fantástica canção repleta de variações e com uma interpretação sobrenatural de King Diamond, que cada vez cresce mais no meu conceito como um dos maiores vocalistas do metal. Outros pontos positivos vão para a lindinha instrumental “To One Far Away” e para o trabalho instrumental da longa “The Oath”, com destaque exclusivo para as guitarras. Não é um LP que eu vá ouvir constantemente, mas já me coça os dedos começar a coleção da banda. Porém, preferia mais ver Crusader (Saxon) por aqui do que este álbum.
Maurício: Hank Shermann e Michael Denner são uma das melhores duplas de guitarristas da história do metal tradicional, o que confere ao Mercyful Fate um lugar de destaque entre seus pares, apesar dos vocais de King Diamond. Um passo além do já ótimo Melissa.
Ulisses: Guitarras duplas destilando riffs e solos neoclássicos e criando arranjos elaboradíssimos, enquanto um vocalista profano ensina a criar rituais satânicos em uma atmosfera sinistra. Sequência natural de Melissa, Don’t Break the Oath é cheio de bons momentos, como os pedais duplos de “Desecration of Souls”, o corinho aos três e poucos minutos de “The Oath” e o groove assustador de “Gypsy”, mostrando que Don’t Break the Oath é outro disco essencial dos dinamarqueses. Logo na faixa de abertura, a clássica “A Dangerous Meeting”, King pergunta: “Who will be the first to fall in trance?”, e a partir daí o ouvinte já sabe o que esperar.
Marillion – Fugazi (35 pontos)
André: Sei muito bem que The Wall (1979), do Pink Floyd, criou uma verdadeira parede entre os anos 1970 e 1980 que impediu que muitos proggers atravessassem de um lado para o outro, praticamente ignorando tudo de bom que viria do progressivo nos anos seguintes. Eu fui um dos que conseguiram atravessar essa parede e pude curtir Fugazi com tudo de novo que as bandas da época absorveram, desde algumas melodias pop até uma energia proveniente do metal sem perder o zelo em suas composições. Minhas preferidas são “Assassing”, com um trabalho perfeito de guitarras e teclados e uma influência da música oriental, “She Chameleon”, com um órgão dando um clima de velório a uma música bem dor de corno por parte de Fish, e “Fugazi”, a melhor do disco, com muitas variações e um baixo com presença marcante dando todo o fundo musical para uma música forte. Lamento que tanta gente ignore o Marillion por puro preconceito.
Bernardo: Nunca pensei que dava para fazer algo tão chato e pouco divertido com algo que tem “Fugazi” no nome.
Bruno: Insípido, chato, cansativo, datado, sem graça. Como alguém pode gostar disso?
Davi: Segundo trabalho do grupo progressivo. Essa é uma daquelas bandas que pegou fama de chata, mas, para ser sincero, tem alguns discos dos quais gosto bastante. Nessa época ainda não tinham aquela pegada mais comercial que apareceria em álbuns seguintes. Isso pode ser bom ou ruim, dependendo do seu universo musical. Contando com ótimos músicos, o grupo entregou um álbum inspirado e com uma audição bem satisfatória. Seu grande sucesso, contudo, só apareceria no álbum seguinte. Esqueça um pouco a choradeira da galera e procure dar uma escutada nos discos da fase Fish. Acho bem legal!
Diogo: Ao contrário de tanta gente, eu gosto do Marillion. Só acho que poderíamos ter aguardado mais algumas semanas para emplacar a banda nesta série, pois Misplaced Childhood (1985) é mais digno de cravar o nome do quinteto por aqui – mas creio que ele aparecerá de qualquer maneira. Apesar dessa ressalva, Fugazi é, sim, um bom disco. Datadíssimo até o osso, com timbres que entregam a época em que foi gravado como poucos outros registros do estilo, mas ao mesmo tempo interessante em sua identidade, com tudo soando muito claro e destacando o trabalho do tecladista Mark Kelly. “Assassing” é uma das minhas músicas favoritas da banda, e a lúgubre “She Chameleon”, “Incubus” e a faixa-título são destaques.
Fernando: Certamente teremos algum comentário do tipo “blá blá blá… cópia do Genesis… blá blá blá… o progressivo já tava morto”. Pura bobagem. O Marillion utiliza e não tem vergonha de mostrar suas influências, mas o faz de uma maneira totalmente pessoal. Ouça “Assassing” e duvido não gostar. O estilo já não era o queridinho da mídia na época, mas como já nos demonstrou o colaborador Marco Gaspari em
um de seus memoráveis artigos, o progressivo ainda estava vivo na época e tenho certeza que muito disso se deve ao Marillion.
José Leonardo: Estranho este disco ter entrado nesta lista. Gosto muito da banda. Sim, podem me crucificar! Conheci o grupo em 1983 quando do lançamento de seu primeiro disco por aqui, que considero superior a este em questão. Apesar do som não ser nenhuma novidade, gostei do revival meio que setentista da banda. Para mim foi uma surpresa, pois fugia do synth pop enjoado e chato que rolava na época; e os medalhões do prog, ou haviam encerrado suas atividades ou estavam lançando discos inexpressivos. Este álbum marca a estreia do baterista Ian Mosley (ex-Steve Hackett e ex-Trace), que estabilizaria a formação até a saída do vocalista Fish, em 1988. Antes de Mosley passaram pela banda Andy Ward (ex-Camel), Jonathan Mover (futuro GTR) e John Martyr. O restante dos músicos, Steve Rothery (guitarra), Pete Trewavas (baixo) e Mark Kelly (teclados), são competentes, e os destaques deste disco são “Assassing”, com um toque oriental, “She Chameleon”, com um órgão soturno, e as ótimas “Incubus” e “Fugazi”. Como disse um crítico à época: “Quem não tem bom Genesis, caça com Marillion”.
Leonardo: O acento pop do rock progressivo do Marillion me atrai mais do que a sonoridade das bandas mais ortodoxas do estilo. Fugazi é suave, de fácil audição, com melodias agradáveis e um vocalista fora de série. Mas não me empolga como vertentes mais viscerais do rock ‘n’ roll…
Mairon: Nunca consegui gostar de Marillion. Fui ouvir este álbum com a melhor das intenções, mas os teclados à la Yahoo com as batidas Polegar/Dominó e a tentativa de imitar Peter Gabriel por parte de Fish causaram uma impressão pior que a que eu já tinha sobre essa banda. Chega a ser aberração classificarem isso como progressivo. Não consigo destacar nenhuma canção decente deste chatíssimo disco. Passo longe, e é lamentável que isso tenha tirado The Works ou Like a Virgin dos dez mais. VERGONHA!
Maurício: Sem comentário.
Ulisses: Progressivo britânico que traz alguns momentos legais e um instrumental preciso, mas que, ainda assim, não me empolgou. Passo.
Scorpions – Love at First Sting (33 pontos)
André: O melhor disco de 1984 é tomado por diversos clássicos atemporais do rock mais radiofônico. Muitos torcem o nariz para essa fase da banda, mas eu duvido que não exista viva alma que não tenha cantado “Rock You Like a Hurricane”, “Big City Nights” e “Still Loving You”. Mas ainda o disco contém “Bad Boys Running Wild”, “Coming Home” e “Crossfire” que apesar de costumeiramente mais ignoradas, são excelentes músicas. Sim, o Scorpions quis ir para os charts mundiais. E o fez com um disco magnífico. Klaus Meine nasceu com a voz perfeita para o estilo. O sempre esquecido baixista Francis Buchholz dedilhando maravilhosamente seu instrumento, nas baladas ou nos rocks, com uma imposição impressionante e que me espanta que somente a guitarra de Rudolf Schenker seja notada por muitos. Basicamente, é um disco fundamental na carreira dos escorpiões ao demonstrar que a dupla de compositores formada por Meine e Schenker é afiadíssima tanto no peso do metal quanto nas melodias do hard rock e do pop.
Bernardo: Tocou até enjoar: o arrasa quarteirão de riff contagiante “Rock You Like a Hurricane” e a balada mela cueca “Still Loving You”, com toda a sua pompa dramática, se tornaram a trilha sonora favorita de todo tiozão que foi jovem nos anos 1980.
Bruno: Após o pesadíssimo Blackout (1982), que chegava a flertar com o heavy metal, o grupo alemão resolveu tirar o pé do acelerador e lançou Love at First Sting, com um som mais polido e acessível. Segue a cartilha do bom e velho hard rock de arena: peso na medida, melodias abundantes, refrãos grudentos e baladas de sucesso. Apesar disso, não o colocaria na minha lista, levando em conta que havia coisas muito mais interessantes sendo feitas na época.
Davi: Outro disco que foi marcante para mim. E outro disco que os brasileiros tiveram a oportunidade de conferir de perto na edição histórica do primeiro festival Rock in Rio. LP que ouvi até cansar. “Bad Boys Running Wild”, “Rock You Like a Hurricane”, “Coming Home”, “Big City Nights” e “Still Loving You” são faixas que perdi as contas de quantas vezes rolaram no meu toca-discos. Os fãs mais antigos costumam torcer o nariz por Love at First Sting conter uma pegada mais comercial, mas a verdade é que este LP é um clássico e é extremamente bem feito. Pesados e comerciais, os caras conseguiram cruzar as barreiras do FM e até emplacaram música em trilha de novela aqui no Brasil. Bons tempos.
Diogo: Meus sentimentos dividem-se ao ver Love at First Sting nesta edição da série. Por um lado, acho uma pena que a inclusão da banda não tenha ocorrido anteriormente, com álbuns que julgo melhores, especialmente sob a condução da guitarra de Uli Jon Roth – apesar de saber que também tenho culpa nisso. Por outro lado, fico feliz que o Scorpions finalmente receba o devido reconhecimento. Não se enganem: Love at First Sting é ótimo e muito representativo; mostra uma banda com a faca nos dentes e consciente de que podia conquistar ainda mais espaço. Com um álbum muito bem pensado e recheado de composições de qualidade, o sucesso chegou merecidamente, em uma época em que a convivência pacífica entre peso e melodias fáceis era meio caminho andado, e disso o Scorpions entendia bem. Aliando riffs e vocalizações marcantes, “Bad Boys Running Wild”, “Rock You Like a Hurricane” e “Big City Nights” são grandes êxitos e levantam plateias desde então, assim como “Coming Home” e “The Same Thrill” são perfeitas para quem gosta de um pouco mais de heavy metal. A balada “Still Loving You” pode até ter tocado ao ponto de enjoar, mas seria burrice não reconhecer seus méritos. Não sei se o Scorpions ainda vai dar as caras nesta série, mas, como disse, fico feliz que tenham ao menos uma vez demarcado território.
Fernando: Pode um disco que tenha os hinos “Rock You Like a Hurricane” e Still Loving You” ser ruim? Claro que não! E ainda por cima o álbum apresenta uma joia heavy metal chamada “Coming Home”.
José Leonardo: Bom disco, nada de excepcional. Do pouco que conheço da banda, prefiro a fase setentista, com o guitarrista Uli Jon Roth.
Leonardo: Depois de uma fase mais pesada e progressiva nos anos 1970, os alemães do Scorpions adotaram uma sonoridade mais comercial na década seguinte, aproximando seu som do hard rock tão em alta nos Estados Unidos na época. E seBlackout (1982) já havia sido um belíssimo disco, Love at First Sting foi o mais perto que a banda chegou da perfeição nessa proposta. O repertório é tão impressionante que chega a parecer uma coletânea, dada a quantidade de hits. Sim, “Rock You Like a Hurricane” e “Still Loving You” tocaram até o limite da saturação, mas há como negar a qualidade dessas músicas? E o que dizer de “Big City Nights”, “Bad Boys Running Wild”, “Coming Home”… Quer saber, vou até parar de escrever e pegar o disco para ouvir. E se eu fosse você, faria o mesmo…
Mairon: Quando era para ter entrado, o Scorpions sequer figurava nas listas individuais de melhores (isso no período entre 1974 e 1978, quando Uli Jon Roth comandou as guitarras do grupo). É com o melhor álbum da fase Jabs que finalmente os alemães pintam por aqui. Love at First Sting contém o maior sucesso radiofônico criado pela turma do vocalista Klaus Meine, “Still Loving You”, balada melosa, terrivelmente reproduzida pela dupla sertaneja Cleiton & Camargo como “Meu Anjo Azul”, e que deu a fórmula para o sucesso do grupo mundo afora. Mas além desse clássico, contém outros grandes hits dos alemães, como a dupla “Bad Boys Running Wild” e “Rock You Like a Hurricane”, essenciais nas apresentações do grupo a partir de então, ou ainda “Big City Nights”, outro grande sucesso que levanta as plateias por onde o Scorpions passa. Não à toa essas canções se destacaram, já que são as melhores dentre as nove que compõem o LP. Das outras cinco, gosto bastante de “The Same Thrill”, rápida e grudenta como todo bom hard deve ser, e “Coming Home”, tendo uma bela introdução acústica e a pancadaria comendo solta depois, sendo também uma das melhores do disco e da fase Jabs. Perto de tanta porcaria que entrou nesta lista, Love at First Sting até que não cai nada mal, mas há discos melhores tanto do Scorpions quanto em 1984. Aproveito para perguntar aos especialistas: É só eu que acho o riff de “Wasted Years” (Iron Maiden) uma cópia melhorada do riff de “Crossfire”?
Maurício: Sem comentário.
Ulisses: Responsável por consolidar o Scorpions no hall das melhores bandas do mundo, Love at First Sting nos apresenta um tracklist invejável, liderado pelos hits “Rock You Like a Hurricane” (de refrão simples, mas muito grudento) e a balada que todo mundo conhece, “Still Loving You”. O disco inteiro é redondinho, bem produzido, pesado e melódico na medida certa, com a banda tocando a todo vapor, criando petardos do nível de “Coming Home” – pra mim, a melhor do álbum.
Dio – The Last in Line (32 pontos)
André: Outro petardo do mestre Dio, que não deixou a peteca cair e lançou um ótimo disco cheio de músicas empolgantes. Apesar de não possuir a mesma pompa do álbum de estreia, The Last in Line explora melhor os teclados do estreante Claude Schnell, dando uma injeção de novidade muito bem vinda à banda. As melhores músicas são “The Last in Line” (a melhor do disco), “I Speed at Night” (porrada esquecida por muitos) e a inesquecível “Mystery”, na mesma linha mais comercial tal como “Rainbow in the Dark”, do disco anterior. Gosto da discografia de Dio justamente pela sua regularidade, sempre lançando álbuns no mínimo bons (também gosto do criticado Angry Machines, de 1996) e tendo seus muitos clássicos à disposição enquanto esteve vivo.
Bernardo: “We Rock” tornou-se obrigatória nos shows de Dio. A faixa-título e “I Speed at Night” são os outros destaques.
Bruno: Conheci a carreira solo de Dio através de seu disco de estreia, Holy Diver(1983), e fiquei fascinado pelo som. Quando li que The Last In Line era do mesmo nível, fui correndo atrás e a decepção foi grande. Apesar de estar longe de ser ruim,The Last in Line não tem o mesmo impacto que seu predecessor e as composições são bem menos inspiradas. Apesar disso, é o último trabalho relevante da carreira solo do baixinho.
Davi: Sucessor do clássico Holy Diver. Não é tão bom quanto seu antecessor, mas chega perto. Contando com a guitarra de Vivian Campbell e a bateria de Vinny Appice, o baixinho entregava mais um trabalho empolgante e recheado de clássicos, como “We Rock” e “Egypt (The Chains Are On)”, além da inesquecível faixa-título. Imperdível!
Diogo: É quase unanimidade o fato de Holy Diver ser o melhor álbum do Dio, masThe Last in Line também é uma excelente obra, que prima pelo equilíbrio de qualidade entre suas faixas e segue uma fórmula semelhante a seu antecessor. Legítima continuação natural, o disco alterna canções mais rápidas e cadenciadas de maneira a não se tornar cansativo nem repetitivo. Entre as primeiras há “We Rock”, “I Speed at Night” e “Evil Eyes”, enquanto “Breathless”, “Mystery”, “Eat Your Heart Out” e, especialmente, “One Night in the City”, integram o segundo grupo. Além das citadas, existem também aquelas músicas de atmosfera mais épica que Ronnie nunca deixou de incluir em seus álbuns. Nesse caso, a magnífica faixa-título e a igualmente ótima “Egypt (The Chains Are On)” fazem as honras, cravando não apenas o nome do baixinho, mas o do guitarrista Vivian Campbell, do baterista Vinny Appice e do baixista Jimmy Bain no rol dos grandes músicos da época e do gênero. Em 1984 a concorrência foi gigantesca, mas mesmo assim o Dio saiu-se muito bem.
Fernando: Apesar de dividir as atenções entre os fãs de Dio com Holy Diver, acho este álbum inferior ao disco de estreia do grupo que levava seu nome. A faixa-título é daquelas músicas que nos fazem ter orgulho de gostar de heavy metal. Claro que a velocidade de “We Rock” e a melodia de “Egypt (The Chains Are On)” também são ótimos destaques.
José Leonardo: O único disco de Dio que possuo é seu álbum de estreia, Holy Diver. Deste em questão conhecia apenas “The Last in Line”. Fui ouvi-lo mais atentamente e percebi que se trata de um trabalho muito bom, no mesmo nível que o anterior. Está na lista de futuras aquisições.
Leonardo: Mantendo o time o estilo adotado em Holy Diver, Ronnie James Dio retornou em 1984 com mais um álbum espetacular. Ainda que eu ache o disco de estreia levemente superior, a qualidade apresentada em The Last in Line é inegável. Do metal mais direto de “We Rock” aos climas épicos da faixa-título e de “Egypt (The Chains Are On)”, passando pela pegada hard rock de “One Night in the City”, tudo no disco beira a perfeição. Ainda assim, a estrela do guitarrista Vivian Campbell é a que mais brilha, com riffs, bases e solos supreendentes.
Mairon: Nem o próprio Dio acredita que conseguiu repetir sua entrada na lista de melhores da Consultoria. The Last in Line quase entrou na minha lista final, e foi por bem pouco mesmo. Apesar da farofada começar a rolar, principalmente em “We Rock” e “Mystery”, é inegável que ouvir a faixa-título, com uma introdução maravilhosa e um solo igualmente maravilhoso do guitarrista Vivian Campbell, que estava tocando como nunca, é sempre bom. As faixas mais velozes, no caso “Evil Eyes” e “I Speed at Night”, são as que mais exaltam as qualidades técnicas de Campbell. O grande destaque vai para a épica “Egypt (The Chains Are On)”, com seu andamento arrastado lembrando as clássicas “Heaven and Hell” e “The Sign of the Southern Cross”, e Dio colocando a garganta para fora de forma soberana. Os momentos mais cadenciados também são bons, e aqui estão “One Night in the City”, “Breathless” e “Eat Your Heart Out”. Um bom álbum, que me deixou bem feliz em vê-lo por aqui.
Maurício: Sem comentário.
Ulisses: Sem mexer na fórmula atingida em Holy Diver, Dio lançou mais um disco clássico e essencial em qualquer coleção, mantendo o nível lá em cima. O que já era rápido continuou rápido (“We Rock” e “I Speed at Night”), e o que já era épico continou épico (“Egypt (The Chains Are On)” e a delícia da faixa-título). Outros destaques incluem a midtempo “One Night in the City”, a rápida e direta “Evil Eyes” e a radiofônica “Mystery”. The Last in Line não consegue superar seu antecessor (spoilers: nenhum disco na carreira solo de Dio consegue), mas também é um petardo.
Listas individuais
André Kaminski - Scorpions – Love at First Sting
- Metallica – Ride the Lightning
- Marillion – Fugazi
- After Dinner – After Dinner
- Titãs – Titãs
- Dokken – Tooth and Nail
- Dio – The Last in Line
- TKO – In Your Face
- Iron Maiden – Powerslave
- Camel – Stationary Traveler
Bernardo Brum - The Replacements – Let It Be
- Minutemen – Double Nickels on the Dime
- Violent Femmes – Hallowed Ground
- Nick Cave and the Bad Seeds – From Her to Eternity
- Hüsker Dü – Zen Arcade
- Black Flag – My War
- Prince and the Revolution – Purple Rain
- The Smiths – The Smiths
- Bruce Springsteen – Born in the USA
- Butthole Surfers – Psychic… Powerless… Another Man’s Sac
Bruno Marise - Metallica – Ride the Lightning
- Ratos de Porão – Crucificados Pelo Sistema
- Minutemen – Double Nickels on the Dime
- The Replacements – Let It Be
- Poison Idea – Record Collectors Are Pretentious Assholes
- Meat Puppets – Meat Puppets II
- Ramones – Too Tough to Die
- Bruce Springsteen – Born in the USA
- Black Flag – Slip It In
- Stevie Ray Vaughan & Double Trouble – Couldn’t Stand the Weather
Davi Pascale - Prince and the Revolution – Purple Rain
- Bruce Springsteen – Born in the USA
- Metallica – Ride the Lightning
- Van Halen – 1984
- Bryan Adams – Reckless
- Scorpions – Love at First Sting
- Kiss – Animalize
- The Pretenders – Learning to Crawl
- Deep Purple – Perfect Strangers
- Twisted Sister – Stay Hungry
Diogo Bizotto - Metallica – Ride the Lightning
- Bruce Springsteen – Born in the USA
- Whitesnake – Slide It In
- Running Wild – Gates to Purgatory
- Prince and the Revolution – Purple Rain
- Iron Maiden – Powerslave
- Mercyful Fate – Don’t Break the Oath
- Queensrÿche – The Warning
- Bryan Adams – Reckless
- Van Halen – 1984
Fernando Bueno - Iron Maiden – Powerslave
- Metallica – Ride the Lightning
- Mercyful Fate – Don’t Break the Oath
- Manowar – Hail to England
- Yngwie Malmsteen – Rising Force
- Marillion – Fugazi
- Pretty Maids – Red, Hot and Heavy
- Tank – Honour and Blood
- Whitesnake – Slide It In
- Dio – The Last in Line
José Leonardo Aronna - Iron Maiden – Powerslave
- Deep Purple – Perfect Strangers
- Roger Waters – The Pros and Cons of Hitch Hiking
- Marillion – Fugazi
- David Gilmour – About Face
- Steve Hackett – Til We Have Faces
- Nick Cave and the Bad Seeds – From Her to Eternity
- The Cure – The Top
- Mike Oldfield – Discovery
- Lou Reed – New Sensations
Leonardo Castro - Metallica – Ride the Lightning
- Manowar – Hail to England
- W.A.S.P. – W.A.S.P.
- Ratt – Out of the Cellar
- Mercyful Fate – Don’t Break the Oath
- Metal Church – Metal Church
- Iron Maiden – Powerslave
- Judas Priest – Defenders of the Faith
- Omen – Battle Cry
- Anthrax – Fistful of Metal
Mairon Machado - Triumph – Thunder Seven
- Frank Zappa – Them or Us
- Venom – At War With Satan
- Queen – The Works
- Gunesh – Looking at the Earth
- Madonna – Like a Virgin
- Elomar – Auto da Catingueira
- Metallica – Ride the Lightning
- Roger Waters – The Pros and Cons of Hitch Hiking
- Iron Maiden – Powerslave
Maurício Angelo - Metallica – Ride the Lightning
- Minutemen – Double Nickels on the Dime
- Violent Femmes – Hallowed Ground
- Leonard Cohen – Various Positions
- The Smiths – The Smiths
- Hüsker Dü – Zen Arcade
- Prince and the Revolution – Purple Rain
- Iron Maiden – Powerslave
- The Replacements – Let It Be
- Cocteau Twins – Treasure
Ulisses Macedo - Dio – The Last in Line
- Tina Turner – Private Dancer
- Metal Church – Metal Church
- Deep Purple – Perfect Strangers
- David Gilmour – About Face
- Stevie Ray Vaughan & Double Trouble – Couldn’t Stand the Weather
- Mercyful Fate – Don’t Break the Oath
- Judas Priest – Defenders of the Faith
- Iron Maiden – Powerslave
- Manowar – Hail to England