quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Keren Ann mostra sofisticação silenciosa

 

Keren AnnKeren Ann tem uma voz que parece ter sido feita para música suave francesa. Ele flutua ternamente sobre suas composições soberbamente elaboradas de uma forma que até Norah Jones invejaria. Poliglota fluente em 4 idiomas, ela confere à sua música uma vibração inteligente e cosmopolita.

Ao longo de 6 álbuns, ela se tornou uma compositora muito procurada e continua sendo a artista underground a ser consultada quando você quer impressionar seus amigos.

Cidadã multinacional desde cedo, Keren Ann Zeidel mudou-se para Paris (onde a sua mãe cresceu) aos 11 anos, depois de viver na Holanda e em Israel. Sempre com gostos ecléticos, ela segue dicas de composição de Bob Dylan, Leonard Cohen e do colaborador de Nancy Sinatra, Lee Hazlewood.

O artista trabalhava como compositor contratado enquanto servia mesas. Um de seus grandes créditos como compositor foi o álbum de sucesso de Henri Salvador, Chambre avec vue . Ela escreveu músicas para si mesma também, mas só as lançou depois de ver as músicas que escreveu para outras pessoas se tornarem sucessos.

Biografia Luka PhilipsenLa Biographie de Luka Philipsen 

Em seu álbum de estreia de 2000, La Biographie de Luka Philipsen , ela mistura Jazz, Folk, Rock e Eletrônica com um efeito deslumbrante. É o tipo de álbum sofisticado que você poderia colocar como fundo em um coquetel. O álbum foi co-escrito e arranjado por Benjamin Biolay . E sim, recebeu o nome daquele Luka, da música de Suzanne Vega, junto com o sobrenome da família da avó. A cantora francesa conta com Vega como uma de suas influências.

Aqui está um single do álbum chamado “Sur le Fil”.

 

La DispariçãoLa Disparition   

Em 2002, ela se juntou a Biolay novamente para seu sombrio segundo álbum, La Disparition . Cheia de baladas folk e pop sentimentais, a produção despojada permite que sua voz delicada brilhe. Muitas das músicas têm um toque pop retrô como este single, “Ailleurs” (a palavra francesa para “em outro lugar”).

 

Seus vocais mal chegam ao nível de um sussurro em “Au Coin du Monde”.

 

 

Começando com seu terceiro álbum, Not Going Anywhere, seus álbuns começaram a apresentar cada vez menos francês. Seu quarto álbum, Nolita de 2004 , foi uma ode bilíngue à sua nova casa adotiva, a cidade de Nova York. Keren Ann de 2007 e seu último trabalho, 101 , são exclusivamente em inglês.

Keren Ann continua a ser respeitada, colaboradora e compositora. Ela co-escreveu o álbum de 2010 de Emmanuelle Seigner. Ela também representa metade da dupla Lady & Bird, com o cantor indie islandês Bardi Bardi Johannsson. Sua música tem seguidores globais e suas canções têm sido frequentemente usadas em programas de TV e comerciais.

Embora esta jetsetter global possa ter vindo de França - pelo menos em termos linguísticos - ela deu aos fãs de música franceses um arquivo de belos álbuns que podemos sempre desfrutar.


“We're Only In It For The Money” (Verve, 1968), The Mother Of Invention

 


Frank Zappa (1941-1994) foi um dos artistas mais anárquicos, rebeldes, criativos e inteligentes da história do rock. Produzia compulsivamente, conhecia muito de música. Suas influências iam desde a vanguarda da música erudita ao jazz, passando evidentemente pelo rock. Era ao mesmo tempo criativo e louco. Ficou famoso pelos seus experimentalismos que beiravam a loucura. Apesar de toda a maluquice, por incrível que pareça, tinha aversão às drogas. Fazia mil loucuras sem usar absolutamente nada. E mais, proibia que sua banda, a Mothers Of Invention, usasse qualquer tipo de droga. Achava que isso atrapalharia os ensaios, as turnês e o processo criativo dos álbuns. Zappa era extremamente profissional.

Polêmico, Zappa detestava hippies. Chegou a esculhambar a cultura hippie ao perceber que ela havia se tornado mais um produto de consumo para encher o bolso do sistema. Acreditava que muitos astros do rock entraram na psicodélica mais por causa da grana do que por ideologia, e nesse aspecto, ele não poupava nem os Beatles. O recado dele ficou claro quando em 1968 lançou com a Mothers Of Invention, o anárquico álbum We're Only In It For The Money (algo como "Nós Estamos Nessa Por Dinheiro"), terceiro álbum da banda.

O álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band.
Quando os Beatles lançaram Sgt.Peppers Lonely Hearts Club Band, em junho de 1967, Zappa e a Mothers Of Invention estavam envolvidos na concepção de um novo álbum. Ao perceber o impacto que o álbum dos Beatles estava causando sobre a contracultura a qual ele tinha pavor, Zappa decidiu mudar o conceito do novo álbum da Mothers Of Invention. O novo conceito seria satirizar a cultura hippie, Sgt.Peppers Lonely Hearts Club Band, e de quebra, a hipocrisia da sociedade norte-americana. Além de satirizar o “hippismo”, ele queria provar que podia fazer um disco psicodélico e anárquico sem usar substância alguma... e conseguiu.

Lançado em 4 de março de 1968, We're Only In It For The Money é uma tremenda loucura sonora, o que não difere muito dos álbuns anteriores, Freak Out (1966), e Absolutely Free (1967). Mas We're Only In It For The Money era louco e sua provocação tinha endereço certo. A começar pela capa, uma sátira a Sgt.Peppers Lonely Hearts Club Band, a cargo do designer gráfico Cal Schenkel. Porém, na época de lançamento, temendo maiores problemas, a gravadora Verve sugeriu que a imagem satírica ao álbum dos Beatles fosse colocada na parte interna da capa dupla de We're Only In It For The Money, e que a fotografia da banda que ilustraria a parte interna, fosse posta na parte frontal da capa. Quem não teria achado graça algum do deboche de Zappa e sua turma foi Paul McCartney que chegou a ameaçar a banda. Por algum tempo, a capa de We're Only In It For The Money saiu conforme o sugerido pela Verve, mas depois houve a inversão das imagens, e o álbum passou a exibir na capa a imagem da banda satirizando o álbum clássico dos Beatles.

Edgard Varèse: influência sobre a obra de
Frank Zappa.
Musicalmente, o álbum é uma salada maluca bem ao estilo Zappa, que envolve doo-wop, rock, surf music, colagens sonoras e música concreta. Zappa era um profundo conhecedor das vanguardas dentro da música erudita. Desde a adolescência era fã de ícones da música de vanguarda como Edgard Varèse (1883-1965), com o qual chegou a se corresponder quando tinha 15 anos. O compositor franco-americano exerceria uma forte influência na obra de Frank Zappa.

We're Only In It For The Money começa com “Are You Hung Up”, uma faixa de curta duração que traz uma montagem de diálogos. Dentre as vozes está a do guitarrista Eric Clapton, que foi convidado para o álbum não para tocar guitarra, mas para fazer alguns diálogos. Em “Who Needs The Peace Corps?” é uma zombaria à cultura hippie e àqueles que adotaram a sua estética por modismo. “Concentration Moon” alterna valsa e rock, e centra sua crítica ao american way of life, o estilo americano de levar a vida. “Mom & Dad” trata da superficialidade e da indiferença dos pais conservadores ao que acontece fora do mundo deles. A curtíssima “Telephone Conversation” é uma conversa telefônica, praticamente uma vinheta que antecede a faixa “Bow Tie Daddy” que lembra que velhice não é impedimento para aproveitar a vida. A polêmica “Harry, You’re A Beast” se refere a um estupro por parte de um marido insatisfeito com a esposa, mais preocupada com a vaidade estética.

Imagem interna da capa que por algum tempo figurou na frente e fundo da capa do álbum.

“What’s The Ugliest Part Of Your Body?” começa como uma baladinha doo-wop bem ao estilo anos 1950, mas que muda drasticamente para um rock psicodélico. Assim como em “Mom & Dad”, os pais conservadores são alvo das críticas em “What’s The Ugliest Part Of Your Body?”. A canção reflete sobre a influência da mentalidade retrógrada dos pais sobre os seus filhos.

Misto de valsa e pop barroco, “Absolutely Free” debocha do conteúdo surreal das letras canções das bandas psicodélicas, cheias de fantasias, ecos, ruídos, motivados pelo consumo de drogas para expandir a consciência. O deboche com a cultura hippie prossegue em “Flower Punk” que fala de um garoto que sonha em ir para San Francisco e juntar-se a uma banda psicodélica. A voz alterada em alta rotação dando um caráter imbecilizado ao personagem da música ilustra muito bem como Zappa enxergava os hippies.

“Hot Poop” é uma vinheta com diálogos sussurrados que encerra o lado A do álbum.

Hippies: na mira satírica de Frank Zappa e os Mothers Of Invention.

“Nasal Retentive Calliope Music” abre o lado B de We're Only In It For The Money. Os ruídos e efeitos sonoros presentes nessa faixa, são mais uma prova da influência da música concreta na arte de Frank Zappa. “Let’s Make The Water Turn Black” é inspirada em dois amigos de infância de Zappa que costumavam fazer brincadeiras escatológicas. “The Idiot Bastard Son” fala de um filho bastardo que tem um pai nazista e uma mãe prostituta em Los Angeles. A faixa traz mais uma participação de Eric Clapton fazendo a voz do diálogo.

“Lonely Little Girl” trata sobre uma menina solitária que não tem a atenção dos pais. Com vocais infantilizados em “Take Your Clothes Off When You Dance”, Zappa e a Mothers Of Invention segue a linha do pop descartável do final dos anos 1960 para falar que devemos desapegar das vaidades e dançar. “What’s The Ugliest Part Of Your Body? (Reprise)” reaparece na reta final do álbum, mas num dado momento a faixa tem a sua rotação acelerada até emendar-se à faixa seguinte, “Mother People”.

Jovem Eric Clapton: embarcando na loucura sonora
de Frank Zappa.

O álbum se encerra com a “The Chrome Plated Megaphone Of Destiny”, mais uma faixa extremamente experimental do álbum, inspirada na música concreta. A faixa é construída através de sucessão de ruídos, vozes, gargalhadas nas mais diversas rotações, sons de instrumentos musicais. Participação especial da Abnuceals Emuuka Electric Symphony Orchestra And Choru, regida pelo maestro Sid Sharp.

We're Only In It For The Money foi 30º lugar na parade norte-americana da BillboardA recepção da crítica foi positive. As associações com  Sgt.Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, foram inevitáveis. Mesmo não tendo a pompa do álbum dos Beatles, We're Only In It For The Money mereceu críticas elogiosas por parte do jornalismo musical da época, destacando o conteúdo ácido e direto das letras, mostrando que se artisticamente Frank Zappa era um doido varrido, na maneira ver o mundo ele era muito lúcido.

Faixas

Lado A
  1. "Are You Hung Up?" 
  2. "Who Needs The Peace Corps?" 
  3. "Concentration Moon" 
  4. "Mom And Dad" 
  5. "Telephone Conversation" 
  6. "Bow Tie Daddy"
  7. "Harry, You're A Beast" 
  8. "What's The Ugliest Part Of Your Body?" 
  9. "Absolutely Free" 
  10. "Flower Punk" 
  11. "Hot Poop" 


Lado B
  1. "Nasal Retentive Calliope Music" 
  2. "Let's Make The Water Turn Black" 
  3. "The Idiot Bastard Son"
  4. "Lonely Little Girl" 
  5. "Take Your Clothes Off When You Dance" 
  6. "What's The Ugliest Part Of Your Body? (Reprise)" 
  7. "Mother People" 
  8. "The Chrome Plated Megaphone Of Destiny"


Todas as faixas são de autoria de Frank Zappa.

The Mothers Of Invention: Frank Zappa (composições, vocais, guitarra, piano e edição de fitas), Roy Estrada (baixo e vocais), Bunk Gardener (instrumentos de sopro e sussurros), Jimmy Carl Black (bateria, trompete e vocais) e Motorhead Sherwood (sax soprano e barítono), Billy Mundi (bateria e vocais).



Crítica: "The Orb" de Gorod, uma poderosa carga de energia com golpes técnicos dos franceses. (2023)

 

Originalmente formado em 1997 com o nome de Gorgasm , diretamente de Bordeaux, na França, o Gorod – nome adquirido desde 2005 – nos presenteou no dia 10 de março deste ano com seu sétimo álbum de estúdio: “The Orb”. 

Gorod, atualmente formado por Mathieu Pascal e Nicolas Alberny nas guitarras, Benoit Claus no baixo, Julien "Nutz" Deyre nos vocais e Karol Diers na bateria, é uma banda que vem constantemente nos mostrando uma roupagem extrema e técnica. 100% death-growls, ou em suma e preciso, montando death metal técnico com djent progressivo. 

Gorod é uma daquelas bandas que para mim faz sentido ligar a outras que são algo contemporâneas como Meshuggah, Lamb of God, Cattle Decapitation ou Cannibal Corpse; um daqueles que priorizam a entrega de cartas cheias de fúria e com pausas mínimas “The Orb”, por sua vez, é talvez o álbum do Gorod onde eles levam essas características extremas e “hardcore” ainda mais ao limite e com maior força do que em seus álbuns anteriores, como Jinjer e seu último trabalho, “Wallflowers” , onde também levam o metal extremo ao limite em comparação com seus álbuns anteriores.


“The Orb” é um álbum composto por 8 músicas e duração total de 39 minutos:

“ Chremateism ”, sua carta introdutória, nos apresenta “The Orb” com golpes imediatos e constantes no rosto “bem na cara” em uma roupa de death metal no estilo de Cannibal Corpse, incorporando grunhidos de morte brutais do início ao fim , e pelas semelhanças citadas, pelo seu tecnicismo em andamento rápido me faz pensar em “Mediator” de Jinjer.

“ We Are The Sun Gods ”, em seus aspectos instrumentais, é apresentada como uma versão extrema de uma música no estilo Animals As Leaders junto com uma ponte sutilmente melódica que dá destaque ao violão.


“ The Orb – Remix ” abre com toques de synthwave mas imediatamente se transforma em uma típica música de groove metal que cruza com arranjos vocais que me levam a pensar que se trata de uma colaboração com Joe Duplantier do Gojira . 


Em “ Savitri ” a voz é o instrumento que parece ditar o andamento da música, as melodias instrumentais e sua potência aparecendo ao som dela e depois dialogando em djent com espaços harmônicos que acalmam as revoluções no ouvinte, como se de alguma forma Eles te acalmam diante daquele caos, talvez, naquela harmonia, remetendo a “Damnation” do Opeth e uma voz com luzes de decepção. 

“ Breeding Silence – Remix ” em suas características mais extremas aparece como um pretensioso outtake de “Kin” de Whitechapel. e uma possível peça de metalcore progressivo.

“ Victory – Remix ” refere-se ao clímax do álbum, onde todo aquele caráter hardcore se concentra diretamente e em sua expressão máxima, lendo-nos uma carta de death metal brutal com nuances de djentcore e um sabor de andamento rápido que retoma essa mesma energia de “Chremateism”. ”, agora com luzes de hardcore punk e Serration. É sobre aquela dose de café expresso que você precisava para começar o dia ou também aquela tempestade que ataca com muita força, mas que passa rapidamente.

E embora mais tarde continuemos com aquela ferocidade clássica do álbum, o fantasma descolado de “ Waltz of Shades ” revela o selo teatral de Avatar no que diz respeito àquele andamento mais lúdico que dá sensações de pausas e tréguas; sendo vagamente a calmaria depois da tempestade.

“ Scale of Sorrows ” é a carta de despedida de “The Orb”, totalmente vestido de death metal técnico que o direciona para uma intersecção entre death rosnados e poderosos blast beats que ao mesmo tempo sugerem seus contemporâneos Decapitated com influências da Periphery e como sempre, nos dando fortes golpes na cara sem descanso do primeiro ao último segundo da pista. 

“The Orb”, assim como “ Gorod ” em suas extensas características, é um daqueles álbuns e bandas, respectivamente, que do começo ao fim te dão uma poderosa dose de energia, mas que de alguma forma te deixam exausto depois de terminar de ouvi-lo ., talvez por causa dos poucos espaços em branco. * De qualquer forma, o álbum é uma bela reafirmação da afirmação a que GorodClings, é um álbum fiel ao selo da banda, mas também corajoso diante do quão extremos eles podem ser; nesses aspectos, indo um pouco além do que já haviam vivenciado. “The Orb” é um álbum que, tal como “[m]other” de Veil of Maya, também te dá aquela poderosa carga de energia porque aparece cheio de golpes técnicos que inevitavelmente te deixam à espera do que pode acontecer. 

Resenha exclusiva: «Lotus Unfolding» de Ozric Tentacles, a conexão espiritual e divina. (2023)

 

Quando os deuses da psicodelia e do progressivo retornarem ao plano terreno, teremos que estar presentes. Ozric Tentacles, grupo inglês, está de volta com seu novo material chamado Lotus Unfolding e continua demonstrando o alto nível que possui. Este trabalho levou dois anos de trabalho e, na Nación Progresiva, temos o prazer de compartilhar a análise antes que chegue às lojas e ao seu serviço de streaming favorito.

A banda que nasceu em 1984, no âmbito do Stonehenge Free Festival, e que chamou a atenção de muitos pelos seus sons psicodélicos, electrónicos, dub, ambientes e com uma gestão complexa de tempo e ritmos, tem sido um dos cavalos de batalha no que podemos classificar como música de vanguarda. A alta criatividade que Ozric Tentacles não tem limites.

Em seus trabalhos anteriores é possível sentir muito aquela energia divina que percorre as barras de cada instrumento. Uma viagem pelo interior e exterior da música, assim como de nós.

Porém, há apenas um integrante que se mantém constante desde 1990, é Edd Wyne, que domina a guitarra e os teclados, parte fundamental do que é Ozric Tentacles. Atualmente há Brandi Wynne (sintetizador modular, teclados, baixo), Saskia Maxwell (flauta), Tim Wallander (bateria) e Paul Hankin (percussões).

Nas palavras de Edd Wyne, esta obra “está aberta à interpretação, mas é uma excursão sonoramente ilustrada por alguns dos reinos musicais que encontramos nesta época”. Como diz o nome da obra, Lotus Unfolding, sendo esta a descrição de uma abertura de lótus, muitas vezes podemos sentir como algo em nós realmente se abre ao ouvir esta tremenda obra. A seguir vamos com a revisão.

Tempestade em uma xícara de chá (09:37)Uma palavra: prolixidade. É como navegar no espaço. As notas nos aproximam das estrelas, enquanto, ao fundo, Ozric Tentacles nos conduz por uma trilha bacana em que nenhuma de suas faixas instrumentais passará despercebida. Rock espacial e sons eletrônicos são a raiz de Storm In A Teacup. A bateria e a percussão, de Wallander e Hankin, respectivamente, convergem em ritmos que realçam a pulsação, enquanto a linha de baixo de Brandi é uma montanha-russa que descansa em pouquíssimos momentos. Além disso, a guitarra não fica muito atrás. As notas tocadas por Edd Wynne são cheias de velocidade e uma sonoridade rock que gera uma grande mistura de estilos. A mudança de velocidade por volta do minuto 8 é maravilhosa, uma pausa de tantas subidas e descidas nesta viagem sideral. Esta carta de apresentação sobre o que o álbum se tornará é uma loucura.

Sombra Azul Profundo (05:09) . Uma atmosfera eletrônica começa até o ponto onde a bateria entra acompanhando o ritmo. Por sua vez, o violão começa a tocar sons limpos. É uma música que transmite serenidade, algo que se reflete perfeitamente no conceito original do álbum, podemos apreciar reverbs, phasers ou similares.

Desdobramento do Lótus (08:13) . A música que dá nome ao álbum começa calmamente. Aqui a protagonista principal no início é Saskia Maxwell com sua flauta. Um ambiente que busca nossa própria conexão graças ao sintetizador tocando ao fundo. A bateria entra com um ritmo groovie, nada complexo, mas o produto é de alto nível sem desconsiderar seu estilo de pura psicodelia. É um trabalho que nos convida a nos conectar tanto física quanto espiritualmente. Ouvir e não perder tempo prestando atenção aos detalhes é difícil.

Crumplepenny (09:54) . Uma fase de transição começou. As bases eletrônicas junto com as percussões convergem muito bem por um minuto e meio. A guitarra entra com um grande passeio pelas cordas com sons limpos, mas depois de um tempo a distorção entra para entregar um solo cheio de rock e psicodelia. Um baixo que soa requintado junto com o sintetizador que lhe confere presença e hierarquia. Durante a ponte a intensidade cai. Recarregamos nossas energias. As mudanças de tempo na bateria entregam muito virtuosismo, mas não podemos ignorar todas as peças que resultam em uma das músicas mais sólidas e poderosas do álbum.

Encantamento Verde (07:37) . A percussão nesta obra é um encanto total. Do menos para o mais, o eixo central desta faixa assenta tanto na bateria como nas restantes percussões que as acompanham. Numa viagem que passa por diferentes momentos, com diferentes sonoridades, o que permanece firme e sólido, como um carvalho. Os sons dos sintetizadores levam-nos numa viagem sonora que não para. Porém, sentimos uma mudança quando entra a guitarra mais distorcida, onde permite que a bateria descanse um pouco, mas ainda é essa que rouba a atenção dos ouvidos. O baixo também aparece com um som limpo e polido. É uma música trabalhada que denota todo o virtuosismo que caracteriza a banda.

Espaçoporto do Burundi (05:08)Esta última música entra pelas cordas, com acordes e arpejos com delay. Isso nos mantém na expectativa, mas o ritmo não para. A batida da bateria concentra-se no chimbal, entre as cordas e o chocalhar das baquetas no prato para dar lugar a um baixo que une as diferentes faixas. 5 minutos de intensidade. 5 minutos de viagem espacial. 5 minutos de talento que condensam a essência do que tem sido este álbum do Ozric Tentacles.

Lotus Unfolding é uma obra mais mística que rock. É um trabalho que reúne tudo o que Ozric Tentacles fez ao longo dos anos para nos proporcionar uma viagem, uma experiência, uma ligação connosco próprios. Uma obra que não deixa ninguém indiferente. A criatividade da banda é um dos pontos mais fortes que demonstraram em sua carreira. Já os vimos em épocas que podem desencantar-se com certos aspectos, mas hoje, numa época tão crítica, rápida e em mudança, é um prazer poder ouvi-los e dar-nos tempo para nos reconectarmos com a música.



SUFJAN STEVENS PARTILHA NOVO SINGLE… “WILL ANYBODY EVER LOVE ME?”

 

Sufjan Stevens partilhou um novo single chamado “Will Anybody Ever Love Me?”

A canção faz parte do 10º álbum de estúdio do cantor e compositor de Detroit, “Javelin“, que será lançado a 6 de outubro pela Asthmatic Kitty Records

DECLAN MCKENNA ANUNCIA NOVO ÁLBUM… WHAT HAPPENED TO THE BEACH?”

 

Declan McKenna acaba de anunciar o lançamento do seu terceiro LP “What Happened To The Beach?”.

Juntamente com o anuncio do novo disco partilhou o single “Nothing Works”. “Nothing Works” segue-se ao single anterior de Mckenna, “Sympathy“, que foi lançado no início deste verão.

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