Subsignal é uma das bandas carro-chefe do rock progressivo alemão que sem dúvida deixou uma marca duradoura no cenário musical com sua criatividade e maestria na fusão de gêneros. Em 2023 eles retornam com seu último lançamento, “A Poetry of Rain”, o sexto álbum de estúdio de sua carreira.
A formação do Subsignal neste álbum é Markus Steffen nas guitarras, Arno Menses nos vocais, MartijnHorsten no baixo, Markus Maichel nos teclados e Dirk Brand na bateria. Nove músicas e uma faixa bônus constituem destaque na discografia da banda.
A primeira música que partilha o nome do álbum, "A Poetryof Rain", mergulha-nos numa atmosfera evocativa com sons etéreos que despertam gradualmente. Um violão lança timidamente suas notas, criando uma introdução que serve como potencializador do que está por vir.
Na segunda faixa, “The Art of Giving In”, vivenciamos um desenvolvimento musical sólido e com dinâmica ascendente. Um refrão cativante se destaca, e o mito de Ícaro, fazendo uma metáfora para o comportamento autodestrutivo da humanidade, empresta essência à letra da música, adicionando uma nuance intrigante à experiência auditiva.
A terceira faixa, “Marigold”, nos é apresentada com percussão hipnótica, que flui e recua com maestria, exemplificando a habilidade da banda de tecer dinâmicas emocionais em sua música. Esta balada marca um dos momentos mais marcantes do álbum, onde a instrumentação é simplesmente linda nos deixando com um solo de guitarra excepcional. Uma despedida emocionante do autor para sua mãe.
"Silver (TheSheltered Garden)", o primeiro single do álbum, exibe uma dualidade intrigante. Um riff pesado inicia a jornada, criando um contraste marcante com a voz melodiosa do vocalista, que é acentuada por arranjos de teclado. Esta combinação única de elementos confere à música uma identidade distinta no álbum.
“Impasse” passa por uma transformação notável. Começa como uma delicada peça acústica em que uma guitarra solitária dá o tom. À medida que avança, os demais instrumentos vão sendo incorporados gradativamente, elevando a densidade sonora da composição. Os coros, somando-se à orquestração, acrescentam riqueza e profundidade a uma música que explora o tema do isolamento.
Doze anos após o lançamento da primeira parte, “EmbersPart I: YourSecretIsSafeWith Me”, do álbum “Touchstones” de 2011, Subsignal nos traz a tão esperada sequência: “EmbersPart II: WaterWings”. Nesta ocasião contamos mais uma vez com a participação de David Bertok, o arranjador da primeira parte, que acrescenta o seu toque distintivo. Mais do que uma continuação, a segunda parte acrescenta uma nova abordagem à história apresentada no capítulo anterior. Do ponto de vista musical, esta música é intrigante, levando-nos numa viagem por diferentes paisagens sonoras.
Seguindo a linha de «Silver», “Melencolia One” combina elementos das diferentes facetas da banda, acentuando, desta vez, o seu lado progressivo. A letra se inspira na pintura homônima de Albrecht Dürer, que traz como protagonista uma enigmática figura alada, personificando a própria melancolia.
Em “A Woundi sa Place to Let the Light In”, encontramos um trabalho excepcional da banda. Ele destaca um solo de guitarra impressionante e teclados superlativos que são magistralmente fundidos e acompanhados por um trabalho de bateria que não conflita. Com tom edificante, o encerramento que parece um hino, deixa uma sensação ótima no ouvinte.
Penúltima faixa, “The Last of its Kind” é construída sobre uma intrincada rede de camadas sonoras, nas quais sons distintos são habilmente alinhados. Destaque para o solo de saxofone, com contribuição do conhecido colaborador da banda, Marek Arnold. O resultado final é uma música em que a experimentação sonora goza de maior liberdade. O tema da música gira em torno da situação trágica dos rinocerontes brancos ameaçados de extinção, o que adiciona uma mensagem reflexiva ao álbum.
A faixa bônus que fecha o álbum, “A Room on the Edge of Tomorrow”, traz uma delicada combinação de vocais adornados com notas de piano que apimentam a música. Os coros vocais enriquecem ainda mais esta peça, composta dois anos antes, durante o período pandémico, como forma de manter a criatividade ativa em tempos desafiantes. Mais uma vez, a colaboração de David Bertok nos arranjos musicais acrescenta um toque adicional de maestria a esta composição final do álbum.
“A Poetry of Rain” marca o retorno triunfante do Subsignal com seu primeiro álbum de estúdio desde “La Muerta”, de 2018. Os alemães estão em uma forma criativa excepcional e sua capacidade de fundir diversos elementos em sua música tornou-se sua marca registrada distintiva. O som limpo e a produção excepcional, com os quais os ouvintes já estão acostumados, estabelecem um alto padrão para o álbum.
“A Poetry of Rain” é um testemunho da potência e versatilidade do rock progressivo, constituindo sem dúvida um grande contributo para a discografia da banda. Este trabalho certamente não irá decepcionar os fãs da banda, ao mesmo tempo que oferece uma emocionante porta de entrada para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de vivenciar o cativante trabalho de Subsignal.