REESE ALEXANDER é músico, compositor, multi-instrumentista e produtor. Ele lançou dois álbuns em agosto de 2018, que gravou entre os tempos de escola e o trabalho regular. Esses discos são resultado de 1 ano e meio de trabalho com a ajuda de músicos convidados. Você pode ouvir a influência de DEER HUNTER e HAKEN.
Biografia de Alex's Hand ALEX'S HAND é um grupo de rock experimental poliestilístico de vanguarda centrado no baixista Kellen Mills e no baterista Nic Barnes. Foi lançado em Seattle, Washington, em 2011, e atualmente está sediado em Berlim, Alemanha. Mergulhando em tudo, desde rock, metal, jazz, música de vanguarda, clássica, progressiva e experimental, ALEX'S HAND lançou por conta própria três álbuns de estúdio completos, dois EPs, um álbum ao vivo e um álbum de improvisações espontâneas ao vivo. Além de suas ambições de estúdio, a banda fez extensas turnês pelos Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, organizou festivais (incluindo o Avant Garden em Seattle) e tocou em vários festivais (incluindo o famoso SeaProg em Seattle). ALEX'S HAND escreveu e executou produções teatrais (incluindo Moldy Pony encenadas em Cube, Berlim).
A mudança para a Europa abriu à ALEX'S HAND ainda mais oportunidades e perspectivas para o futuro, incluindo a orquestração e encenação de Zombie (uma produção teatral em grande escala a ser realizada em Berlim), Moldy Pony 2: The Horse (uma gravação de 2 horas projeto com uma orquestra de 23 integrantes), KatataK (um álbum de jazz-rock composto pelo guitarrista Ben Reece), além de turnês pela Europa Ocidental e Oriental. A atual formação ao vivo da banda é: Kellen Mills (baixo), Nic Barnes (bateria, percussão), Kenny Stanger (guitarra), Matt Kennon (sax tenor), Roberto Vicchio (trompete), Davide Piersanti (trombone).
A impressão inicial ao ouvir MDNA é que trata-se de um álbum irregular, cujas canções funcionam muito melhor ao vivo do que nas versões presentes no álbum – o show da turnê, memorável e repleto de efeitos e coreografias, como convém à Madonna, reforça essa sensação (assista ao concerto completo aqui).
Décimo álbum de Madonna, MDNA foi lançado em março de 2012 e traz uma sonoridade totalmente focada na música eletrônica. O fato da dupla italiana de DJs Alle e Benny Benassi, que são primos, participarem da produção e composição, acentua esse fato. É um trabalho pop em sua essência, e que veio cercado de expectativa por ser o o primeiro álbum de Madonna em quatro anos, desde Hard Candy (2008), e pela artista vir de uma sequência de trabalhos aclamados como Ray of Light (1998), Music (2000), American Life (2003) e Confessions on a Dance Floor (2006).
Contando com doze faixas, MDNA abre de forma animadora com “Girl Gone Wild”, que deixa clara a pegada EDM do disco e possui um refrão super forte. Desde o início percebe-se Madonna cantando em tons mais agudos, priorizando as notas mais altas ao invés do espectro mais grave de seu timbre, o que imprime um clima mais acessível e menos denso para as canções. “Gang Bang” é uma das minhas preferidas, uma deliciosa gema pop feita sob medida para as pistas de dança e que contou com uma performance antológica na turnê de lançamento do álbum. “I’m Addicted” traz elementos de disco music, já explorados por Madonna em Confessions on a Dance Floor, e é uma das faixas mais fortes de MDNA, com um refrão explosivo. O clima continua no alto com “Turn up the Radio”, mais uma vez com um refrão contagiante.
Já “Give Me All Your Luvin’”, primeiro single, traz a participação de Nicki Minaj e M.I.A. e parece uma música de uma cantora teen como Britney Spears, que pertence à outra geração e foi influenciada pela própria Madonna. As intervenções das convidadas parecem muito mais uma tentativa de conversar com o público mais jovem do que qualquer outra coisa, e soam um tanto fora de tom. A letra, extremamente simplista, é a cereja do bolo. “Some Girls” vem a seguir e é bastante descartável, com nada digno de nota. “Superstar”, que foi lançada como single exclusivamente no Brasil em uma ação promovida pelo whisky Johnnie Walker e a Folha de São Paulo, é outro momento nada memorável.
“I Don’t Give A” a princípio teria tudo para seguir o mesmo caminho equivocado do trio anterior, mas acaba convencendo ao mostrar Madonna trilhando um caminho que ela nunca mais revisitou, ao levar a sua música o mais próximo possível do rap, mais uma vez com a participação de Nicki Minaj. A letra exterioriza a frustração pelo fim do relacionamento com o diretor Guy Ritchie, com quem teve um filho, Rocco, além de David, adotado pelo casal. A estrutura da canção, com andamento super marcado e vocais que conduzem o arranjo em diversos momentos – inclusive nos mais dramáticos -, é um dos pontos altos da faixa.
“I’m a Sinner” é outra que ganhou muito mais força ao ser apresentada ao vivo, muito por conta do refrão, feito na medida para ser cantado a plenos pulmões pelos fãs. “Love Spent” é genérica, apesar das intervenções acústicas que dão um certo ar étnico para a faixa. O álbum retorna aos trilhos com a bonita “Masterpiece”, balada que é uma das melhores canções gravadas por Madonna na década de 2010. “Falling Free” fecha o disco e é um exemplo do grande domínio melódico que Madonna sempre apresentou, com linhas vocais que deslizam sobre orquestrações quase minimalistas.
O tracklist irregular e o apelo descaradamente pop, intensificado pela predominância EDM das músicas, faz com MDNA transmita a sensação de ser um trabalho bastante descartável em detrimento às abordagens mais profundas exploradas em álbuns anteriores, notadamente em Ray of Light e American Life. Mas, indo além da impressão inicial e apesar dos pontos problemáticos, é um disco que possui excelentes momentos e pérolas que merecem ser revisitadas, notadamente “Gang Bang”, “I’m Addicted” e “Masterpiece”.
Quando Stevie Nicks e Lindsey Buckingham chegaram ao Fleetwood Mac, no início de 1975, o então casal tinha apenas um disco no currículo, Buckingham Nicks (1973). Mas foi o suficiente para impressionar Mick Fleetwood, que imediatamente chamou Lindsey para assumir o posto de Bob Welch, que deixou o grupo em dezembro de 1974. O guitarrista, no entanto, bateu o pé e impôs uma condição: só aceitaria o convite se Stevie fosse junto.
O resto todo mundo sabe: com a chegada da dupla, o Fleetwood Mac mudou o seu som, empilhou hits e se transformou em uma das maiores bandas do rock, com direito a um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos no caminho – Rumours, lançado em fevereiro de 1977. O guitarrista logo se transformou não apenas em um dos grandes compositores do quinteto, como também realizou um trabalho meticuloso no estúdio, trabalhando de maneira quase obsessiva em arranjos e harmonias vocais, alcançando um resultado que foi fundamental para o sucesso alcançado pelo Fleetwood Mac.
Lindsey e Stevie se separaram durante as gravações de Rumours, e desde então viveram uma relação marcada por aproximações e momentos de absoluto conflito. O ponto final foi dado em janeiro de 2018, quando diferenças inconciliáveis levaram Stevie Nicks a dar um ultimato: ou o Fleetwood Mac ficava com ela ou com Lindsey. Buckingham então retomou a sua carreira solo e seguiu em frente.
A compilação Solo Anthology: The Best of Lindsey Buckingham é fruto do fim da relação com o Fleetwood Mac e chegou às lojas em outubro de 2018. O material cobre todos os seis discos solo do vocalista e guitarrista, além de trazer canções ao vivo e faixas presentes em trilhas sonoras. O material foi lançado em uma edição tripla em CD trazendo 53 faixas, e uma edição simples com 21 canções. A que possuo em minha coleção é a segunda.
O fato é que Lindsey Buckingham é um dos maiores compositores da história do rock e um gênio da música pop. Seu preciosismo se traduz em canções com tudo no lugar certo, sem exageros ou partes necessárias. E, mais importante: sempre acessíveis, porém com arranjos criativos e um trabalho vocal de primeira. O maior exemplo disso é “Trouble”, música presente em Law and Order (1981), seu primeiro álbum solo, e que também foi o seu primeiro single. “Trouble” apresenta o preciosismo característico de Lindsey Buckingham, com direito a um brilhante solo de violão – sim, ainda por cima ele é um guitarrista incrível -, e poderia figurar com destaque tanto em Mirage (1982) quanto em Tango in the Night (1987), os álbuns da fase oitentista do Fleetwood Mac e que acentuaram ainda mais a sonoridade pop rock do quinteto.
O tracklist de Solo Anthology entrega outras canções incríveis além de “Trouble”, é claro. Pérolas pop como “Don’t Look Down”, “Rock Away Blind”, “Doing What I Can”, “Slow Dancing”, “In Our Own Time” e “Illumination” mostram a qualidade de uma obra que vai muito além do Fleetwood Mac. E, ainda que a escolha das faixas presentes na compilação, feita pelo próprio Buckingham, seja um tanto desigual – Law and Order conta apenas com “Trouble”, enquanto Out of the Cradle, lançado em 1992, tem seis canções incluídas no tracklist -, o resultado final é extremamente positivo.
Dono de um talento proporcional ao seu temperamento, Lindsey Buckingham é um dos músicos mais influentes do século XX, e sua marca está em canções imortais como “Monday Morning”, “I’m So Afraid”, “Go Your Own Way”, “The Chain”, “Big Love” e inúmeros outros clássicos do Fleetwood Mac. Sua carreira solo mostra que ele nunca deixou de produzir música de qualidade, e, ainda que elas não tenham sido disparadas pelo canhão de longo alcance da banda que o tornou conhecido em todo o mundo, são canções que trazem muita qualidade e agradarão facilmente os fãs do grupo.
O poder de comunicação de uma capa pode ser determinante para à imagem juntar a vontade de escutar o que ali se guarda. E, mesmo sem um nome grafado, aquela pintura de casario de Crail, uma aldeia piscatória na Escócia, assinada por Dale Bissland, foi estímulo suficiente para o passo seguinte. Que disco era este? E logo aí uma primeira resposta promissora: “Iechyd Da” (que em galês quer dizer “de boa saúde”) não é mais nem menos do que o novo álbum a solo de Bill Ryder-Jones, que foi guitarrista dos The Coral de 1996 a 2008 e que, desde então, tem vindo a criar uma obra em nome próprio, usando ainda frequentemente o seu estúdio, instalado em cenário rural, em West Kirby, como espaço de trabalho também ao serviço de discos dos outros. De resto, é da soma de vivências já ensaiadas em discos anteriores e das experiências com outros que nasce a capacidade de encontrar unidade num mapa feito de diversidade que caracteriza “Iechyd Da”, um álbum melancólico mas nem por isso menos luminoso, no qual Bill Ryder-Jones parece ter fixado o melhor momento até aqui de toda a sua obra fixada em disco.
Ciente tanto das possibilidades cénicas da música com eloquência orquestral que em tempos levou a “If” (disco de estreia a solo, em 2011, inspirado pela escrita de Italo Calvino) como das capacidades de storytelling das descendências da canção folk (que foi ensaiando, com mais ou menos ingredientes elétricos e/ou indie em discos seguintes), Bill Ryder-Jones vence um hiato de quase cinco anos face ao álbum anterior com um disco que lida com ecos de dor (os tempos vividos em pandemia, o recente desfecho infeliz de um relacionamento) e de instabilidade mental, embora procurando caminhos que não os do isolamento ou desespero. Pelo contrário, a luz que brota dos arranjos que, com travo a memórias dos sessentas, convocam violinos, metais, flautas e até mesmo um coro escolar, as citações que e faz a “Baby” (de Caetano Veloso, imortalizada na voz de Gal Costa em “I Know That It’s Like This (Baby)”) ou de James Joyce (com um excerto de “Ulisses” no quase instrumental “…And the Sea…”), fazem do alinhamento de “Iechyd Da” uma experiência capaz de nos levar a caminhos que, mesmo moldados pela dor, podem ser coisa feita de esperança e luz. Isto sem esquecer que podemos estar aqui perante um dos mais belos discos que vamos escutar este ano.
“Iechyd Da”, de Bill Ryder-Jones, está disponível em LP, CD e nas plataformas digitais, numa edição da Domino.